29.5.25

ANTIKYTHERA MECHANISM

 O MECANISMO DE ANTIKYTHERA

O mecanismo computacional mais antigo 

O mecanismo de 2.000 anos é uma calculadora astronômica, usada para prever as posições do Sol, da Lua e dos planetas conhecidos, quando ocorreriam os jogos ístmico, pan-helênico, e os jogos olímpicos, bem como eclipses lunares e solares, além do tipo de eclipse lunar. Além disso previa o início e a duração das estações do ano. 

Visão externa do mecanismo de Antikythera (makeagif).

Até a descoberta desse mecanismo, os historiadores  consideravam que a tecnologia da época seria incapaz de produzir qualquer instrumento parecido, pois não há registro na literatura histórica direta que claramente aponte para a existência de um tal mecanismo semelhante ao de Antikythera, datada daquele período, século II ou I a.C. Entretanto, esse exemplar foi encontrado, datado com alguma precisão, e o relato de Plínio sobre o mecanismo atestam sua veracidade.   
A revelação de inscrições de nomes de meses usados nas colônias de Corinto indica que sua origem pode estar além da ilha de Rodes, um importante centro de desenvolvimento científico e tecnológico na época, e onde se acreditava tenha sido construído o mecanismo. Pode ainda apontar na direção de Siracusa, na Sicília. Siracusa foi uma cidade estado aliada de Corinto e onde viveu e morreu Arquimedes. Embora Arquimedes tenha falecido muito antes (212 a.C.), este instrumento pode ser um descendente de um invento similar atribuído a Arquimedes e relatado pelo filósofo romano Cícero em 54 a.C. 

O parágrafo extraído do manuscrito de “De Republica” de Cícero, é o seguinte:

Philus: Posso oferecer-lhe, …… Ouvindo um dia o recital de um prodígio semelhante, na casa de Marcellus, que havia sido seu colega no consulado; ele pediu para ver um globo celeste, que o avô de Marcellus havia salvo após a captura de Siracusa, desta cidade magnífica e opulenta, sem trazer para casa nenhum outro memorial de tão grande vitória. Muitas vezes eu tinha ouvido falar desse globo ou esfera celeste devido à grande fama de Arquimedes. Sua aparência, no entanto, não me pareceu particularmente impressionante.
Há outro, de forma mais elegante e mais conhecido, moldado pelo mesmo Arquimedes e depositado pelo mesmo Marcellus no Templo da Virtude em Roma. 
Mas assim que Gallus começou a explicar, por sua sublime ciência, a composição dessa máquina, senti que o geômetra siciliano devia possuir um gênio superior a qualquer coisa que normalmente concebemos como pertencente à nossa natureza. 
Gallus nos assegurou que o globo sólido e compacto era uma invenção muito antiga, e que o primeiro modelo havia sido apresentado por Thales de Mileto. E depois Eudoxo de Cnido, um discípulo de Platão, traçou em sua superfície as estrelas que aparecem no céu, e muitos anos depois, tomando emprestado de Eudoxo esse belo desenho e representação, Aratus os ilustrou em seus versos, não por qualquer ciência da astronomia, mas pelo ornamento da descrição poética. Ele acrescentou que a figura da esfera, que mostrava os movimentos do Sol e da Lua, e os cinco planetas, ou estrelas errantes, não poderia ser representada pelo globo sólido primitivo. E que nisso a invenção de Arquimedes era admirável, porque ele havia calculado como uma única revolução deveria manter progressões desiguais e diversificadas em movimentos diferentes. De fato, quando Gallus moveu esta esfera ou planetário, observamos que a Lua se distanciou o Sol tantos graus por uma volta da roda na máquina quanto ela faz em tantos dias nos céus. Daí resultou que o progresso do Sol foi marcado como nos céus, e que a Lua tocou o ponto onde ela é obscurecida pela sombra da terra no instante em que o Sol aparece acima do horizonte. (26, 27).

FUNCIONAMENTO DO MECANISMO 

Existe ainda muito debate sobre a função e o modo de funcionamento do artefato de Anticítera, porque apenas cerca de um terço dele sobreviveu, dividido em 82 fragmentos.

Está claro hoje que o mecanismo de Antikythera consta de pelo menos 37 rodas dentadas de precisão, feitas em bronze, com as quais era possível calcular com exatidão as posições e movimentos astronômicos, recriar a órbita irregular da Lua e, estabelecer a posição dos planetas no céu contra o fundo das estrelas fixas, onde estão as constelações do zodíaco.

Segundo relata, Tony Freeth, pesquisador do University College of London, em seus inúmeros trabalhos a respeito do mecanismo:

O nosso é o primeiro modelo que está em conformidade com todas as evidências físicas e corresponde às descrições nas inscrições científicas gravadas no próprio mecanismo. O Sol, a Lua e os planetas são exibidos em uma impressionante obra-prima da Grécia Antiga.” 

O primeiro a analisar em detalhes os 82 fragmentos recuperados foi o físico inglês Derek John de Solla Price (1922-1983). Ele começou o trabalho nos anos 1950 e em 1971, juntamente com o físico nuclear grego Charalampos Karakalos, fez imagens das peças com raios-X e raios gama.

Derek John de Solla Price (1922-1983)

Eles descobriram que o mecanismo era extremamente complexo, com 27 rodas de engrenagem em seu interior. Os especialistas conseguiram datar algumas outras peças com precisão, entre os anos 70 A.C. e 50 A.C.

Mas um objeto tão extraordinário não podia ser daquela época, pensavam os especialistas. Talvez fosse mais moderno e tivesse caído no mesmo local por casualidade.


FUNÇÃO CALÊNDRICA 

Havia numerosos calendários desenvolvidos e ciclos astronômicos conhecidos em quase todas as civilizações desde a Mesopotâmia e os sumérios. Esses calendários foram referidos, no seu tempo, como os padrões de tempo, e foram a realização notável de observações astronômicas acuradas e sistemáticas ao longo de centenas e até milhares de anos (Lin & Yan, 2016).

Sabe-se, através do estudo dos restos do mecanismo de Antinythera, que nele havia um mostrador  do calendário egípcio, o ciclo metônico, o ciclo calípico, o ciclo Saros e o ciclo Exeligmos. 

Calendário Egípcio 

Calendários são sistemas de tempo que incluem dias, meses, anos e alguns períodos específicos definidos pela humanidade para fins agrícolas, sociais, religiosos, comerciais ou administrativos.   

Os calendários são estabelecidos de acordo com os registros observacionais de vários fenômenos astronômicos. Por exemplo, um calendário solar é baseado no movimento aparente do Sol na esfera celeste, na duração dos dias e na inclinação do eixo da Terra ao longo do ano, o que nos dá datas datas importantes como o dia dos equinócios e dos solstícios. Já um calendário lunar é sincronizado com o movimento da Lua; enquanto que um calendário lunissolar é baseado na combinação dos movimentos solar e lunar; e alguns calendários particulares parecem estar sincronizados com os movimentos de outros corpos celestes, como Vênus e Sirius.

Nos primeiros tempos, os egípcios observaram que uma vez que Sirius aparece no céu oriental ao nascer do sol, o rio Nilo transbordava e inundava uma grande faixa ao longo de suas margens. Então, eles construíram a conexão entre o início do ano e o ciclo de Sirius. No calendário deles, um ano tinha 365 dias, divididos em 12 meses com 30 dias e 5 dias extras no final do ano. 

De acordo com as mudanças das estações, um ano egípcio também foi dividido em 3 estações, incluindo a estação de akht (inundação), a estação de peret (inverno) e a estação de shemu (verão) [1, 4-6] .
Sabe-se nos tempos modernos que a duração de um ano é um pouco mais de 365 dias. Como o Sirius levou uma revolução de 1.460 anos para retornar à mesma posição, a diferença entre um ano civil e um ano verdadeiro foi de 365 dias em 1.460 anos, ou seja, um dia em 4 anos. Isso é chamado de ciclo de Sirius no calendário egípcio. Na verdade, os egípcios entendiam a diferença de duração do ano, um quarto de dia, entre o tempo real e seu calendário. Portanto, eles definiram uma regra de ano bissexto no calendário para reduzir essa diferença de tempo.

127 e 235 dentes

Price deduziu que contar os dentes em cada roda poderia fornecer pistas sobre as funções da máquina. Com imagens bidimensionais, as rodas se sobrepunham, o que dificultava a tarefa, mas ele conseguiu chegar a dois números: 127 e 235.

"Esses dois números eram muito importantes na Grécia antiga", diz o astrônomo Mike Edmunds.

Seria possível que os gregos antigos estivessem usando a máquina para seguir o movimento da Lua? A ideia era revolucionária e tão avançada que Price chegou a questionar a autenticidade daquele objeto.

"Se cientistas gregos antigos podiam produzir esses sistemas de engrenagens há dois milênios, toda a história da tecnologia do Ocidente teria que ser reescrita", diz o matemático Freeth.

A cultura grega de dois milênios atrás é uma das mais criativas da humanidade, e os investigadores daquele objeto não questionavam o desenvolvimento da civilização grega, inclusive na astronomia.

Os gregos sabiam, por exemplo, como os corpos celestes se moviam no espaço, podiam calcular suas distâncias da Terra e a geometria de suas órbitas.

Mas teriam sido capazes de fundir astronomia e matemática em um artefato e programá-lo, fisicamente, para seguir o movimento da Lua? 

O número 235 que Price havia encontrado era a chave do mecanismo para computar os ciclos da Lua.

"Os gregos sabiam que de uma nova Lua a outra se passavam, em média, 29,5 dias. Mas isso era problemático para seu calendário de 12 meses no ano, porque 12 x 29,5 = 354 dias, 11 dias a menos do que o necessário", afirmou à BBC Alexander Jones, historiador especializado em astronomia antiga.

"O ano natural, com as estações, e o ano-calendário perderiam a sincronia." Os gregos, contudo, sabiam que 19 anos solares são exatamente 235 meses lunares, o chamado ciclo Metônico.

Méton de Athenas, Μέτων ὁ Ἀθηναῖος, foi um geômetra, matemático, astrônomo, e engenheiro grego que viveu em Atenas no século V a.C. Meton estabeleceu um observatório (Αστεροσκοπείο) na colina Pnyx, λοφος πνύκας, de onde podia observar o nascer do Sol, nos equinócios e solstícios, e onde construiu seu relógio de Sol. 

Ele ficou conhecido pelos cálculos dos meses lunares para elaboração do calendário grego, e pela descoberta original de que 235 meses lunares equivalem quase exatamente 19 anos. Esse período de 19 anos ficou conhecido como ciclo metônico, que ele introduziu em 432 a.C. no calendário ático lunisolar. Isso significa que se você tem um ciclo de 19 anos, a longo prazo seu calendário estará em sintonia com as estações do ano.

O calendário metônico incorpora o conhecimento de que 19 anos solares e 235 meses lunares têm quase a mesma duração, i.e., 6.932,5 dias. Conseqüentemente, um determinado dia de um mês lunar geralmente ocorre no mesmo dia do ano solar, como ocorreu 19 anos antes. As observações de Meton foram feitas em colaboração com Euctemon, sobre quem nada mais se sabe. O astrônomo grego Calipo expandiu o trabalho de Meton, propondo o que hoje é chamado de ciclo Calípico. Um ciclo calípico dura 76 anos, ou quatro ciclos metônicos. Calipo refinou o calendário lunissolar, deduzindo um dia do quarto ciclo metônico em cada ciclo calípico (ou seja, após 940 períodos lunares sinódicos terem decorrido), de modo a manter o calendário lunisolar sincronizado com as estações do ano solar.

Fontes históricas relatam que Méton, junto com seu assistente Euktemon, colocaram um instrumento de observação, chamado de “heliotrópio” ou “helioscopion”, ou relógio de Sol, logo acima do pódio na colina Pnyx, onde os antigos atenienses realizavam suas assembléias públicas. O local do Observatório de Meton está localizado na colina de Pnyx, perto do atual Observatório Nacional de Atenas (Spathopoulos, 2019).

Mapa de Athenas com a localização dos montes Lycabettus e Hymettos.

Ainda hoje pode-se ver o local, na colina Pnyx (Pnykas) (prineiro plano) onde Méton instalou seu observatório e fazia suas observações em 432 a.C. (séc. V a.C.). (Foto de Spathopoulos, 2019).

As fundações do observatório de Meton (Αστεροσκοπείο) em Atenas ainda são visíveis logo atrás do pódio do Pnyx, o antigo parlamento. Meton descobriu as datas dos equinócios e solstícios observando o nascer do sol a partir de seu observatório. A partir desse ponto de observação privilegiado, durante o solstício de verão, o nascer do sol estava alinhado com a colina local do Monte Lycabetus, enquanto seis meses depois, durante o solstício de inverno, o nascer do sol ocorre sobre a alta colina do Monte Hymettus, no sudeste.

Assim, do observatório de Meton, o Sol parece se mover ao longo de um arco de 60° entre esses dois pontos no horizonte a cada seis meses. A bissetriz do arco solsticial do observatório está alinhada com a Acrópole, o monte onte se situa o Parthenon.
Essas características topológicas são importantes porque o solstício de verão era o ponto no tempo a partir do qual os atenienses mediam o início de seus anos civis.

O primeiro mês do ano novo, Hekatombaion, começava com a primeira lua nova após o solstício de verão.

No inverno, o sol nasce sobre a alta crista do Monte Hymettos, que fica a sudeste da Colina Pnyx, em Atenas. Durante o solstício de verão, o nascer do sol estaria alinhado com a colina local do Monte Lycabetto, enquanto no solstício de inverno, o nascer do sol está sobre a alta crista do Monte Hymettos.
Explicação:
A Colina Pnyx era um local histórico importante em Atenas, onde a assembleia democrática ateniense se reunia. A posição do nascer do sol varia ao longo do ano devido à inclinação do eixo da Terra. No inverno, o sol nasce mais ao sul, e no verão, nasce mais ao norte.

Monte Hymettos: É uma montanha que fica a sudeste de Atenas e é visível da Colina Pnyx.
Monte Licabeto: É uma colina mais próxima da Colina Pnyx e fica ao norte.
Solstícios: São dois momentos do ano em que o sol atinge a sua posição mais extrema no céu (norte no verão e sul no inverno), marcando o início da estação.

Visão de Meton do nascer do sol nos solstícios e equinócios, em seu observatório na colina Pnykas, Λοφος Πνύκας.

Heliotrópio de Meton de Athenas.
Fontes históricas relatam que Meton de Athenas, Μέτων ὁ Ἀθηναῖος, junto com seu assistente Euktemon, colocou um instrumento de observação chamado de heliotrópio ou helioscópio, logo acima do pódio na colina Pnyx (Pnikas), onde os antigos atenienses realizavam suas assembléias públicas. Nesse local está o vértice do ângulo de 60 graus, do monte Lycabettus ao monte Hymettus, vértice do arco solsticial. Esse arco vai do solstício de verão ao solstício de inverno. Méton, foi um matemático, astrônomo, geômetra e engenheiro grego perspicaz que viveu em Atenas no século V a.C. Ele é mais conhecido pelos cálculos envolvendo o ciclo metônico de 19 anos, batizado em sua homenagem, que ele descobriu e introduziu em 432 a.C. no calendário lunisolar da região Ática. Euphronios diz que Colonus era o deme de Meton.

Construção do ângulo de 60° e a determinação do norte no dia do equinócio em Athenas. A bissetriz do arco solsticial entre o Monte Lycabettus e o Monte Hymettus, passa exatamente pelo sítio da Acrópole, o Partenon, templo da deusa Athena, talvez por isso o ângulo de 60° era dedicado à deusa.

Local onde Meton montou seu relógio de Sol e instrumentos para determinar os dias do equinócio e solstício (Foto de Spathopoulos, 2019).

A mais antiga calculadora astronômica conhecida do mundo, o Mecanismo de Antikythera (século II a.C), realiza cálculos com base nos ciclos do calendário metônico e calípico, com mostradores separados para cada um.

Revoluções

Graças aos dentes das engrenagens, a máquina começou a revelar seus segredos. As fases da Lua eram extremamente úteis na época dos gregos antigos.

De acordo com elas determinavam-se épocas de plantio, estratégias de batalha, festas religiosas, momentos de pagar dívidas e autorizações para viagens noturnas.

O outro número, 127, serviu para Price entender outra função da máquina relacionada com nosso satélite natural: o aparelho também mostrava as revoluções da Lua ao redor da Terra.

Após 20 anos de investigação intensa. Price concluiu que havia desvendado aquele artefato. Mas ainda havia peças do quebra-cabeças por encaixar.

O futuro 223

O passo seguinte demandou tecnologia feita sob encomenda para aquele desafio. Uma equipe internacional dedicada a estudar a máquina conseguiu convencer o engenheiro de raios-X Roger Hadland a criar um equipamento especial para fazer imagens do mecanismo.

E usando outro aparelho que havia realçado os escritos que cobrem boa parte dos fragmentos, encontraram uma referência às engrenagens e a outro número chave: 223.

O ciclo de Saros

Três séculos antes da idade de ouro de Atenas, astrônomos babilônios antigos descobriram que 223 luas após um eclipse, a Lua e a Terra voltavam para a mesma posição, esse período é conhecido por ciclo de Saros. O ciclo de Saros é um período de exatamente 223 meses sinódicos, aproximadamente 6.585,3211 dias, ou 18 anos, 10, 11 ou 12 dias e 8 horas, que podem ser usados para prever eclipses do Sol e da Lua. Depois desse período, 223 meses sinódicos, a Terra e a Lua voltavam para a mesma posição e o ciclo de eclipses reiniciava. 

Um período saros após um eclipse, o Sol, a Terra e a Lua retornam aproximadamente à mesma geometria relativa, uma linha (quase) reta (une novamente o Sol, a lua e a Terra), e um eclipse quase idêntico ocorrerá, no que é chamado de ciclo de eclipse. 
Um sar é a metade de um saros.

Uma série de eclipses separados por um saros é chamada de série saros, e corresponde a:

6.585,321347 dias solares
18.029 anos
223 meses sinódicos
241.999 meses dracônicos
18.999 anos de eclipse (38 estações de eclipse)
238.992 meses anomalísticos
241.029 meses siderais

Os 19 anos de eclipse significam que, se houver um eclipse solar (ou eclipse lunar), depois de um saros, uma lua nova ocorrerá no mesmo nó (modo) da órbita da Lua e, nessas circunstâncias, outro eclipse pode ocorrer.

O registro histórico descoberto mais antigo do que é conhecido como saros foi feito por astrônomos caldeus (neo-babilônicos) nos últimos séculos aC. Posteriormente, foi conhecido por Hiparco, Plínio e Ptolemeu.

O nome "saros", em grego: σάρος, foi aplicado ao ciclo de eclipse por Edmond Halley em 1686, que o tirou do Suda, um léxico bizantino do século XI. 

O Suda diz: “O saros é uma medida e um número entre os caldeus. Pois 120 saroi perfazem 2220 anos (anos de 12 meses lunares) de acordo com o cálculo dos caldeus, se de fato o saros perfaz 222 meses lunares, que são 18 anos e 6 meses (i.e., anos de 12 meses lunares).” (Guillaume Le Gentil afirmou que o uso de Halley estava incorreto em 1756, mas o nome continua a ser usado.) 

A palavra grega aparentemente vem da palavra babilônica “sāru” que significa o número 3600 ou do verbo grego “saro”, σαρῶ, que significa varrer (o céu com a série de eclipses).

O período Saros de 223 meses lunares, em numerais gregos, ΣΚΓ′ está no manual do usuário do Mecanismo de Antikythera deste instrumento, construído por volta de 150 a 100 a.C. na Grécia, como pode ser visto na foto. 

(The Saros period of 223 lunar months (in Greek numerals, ΣΚΓ′) is in the Antikythera Mechanism user manual of this instrument, made around 150 to 100 BC in Greece, as seen in the picture. This number is one of a few inscriptions of the mechanism that are visible with unaided eye.[12][13] Above it the period of Metonic cycle and Callippic cycle are visible too).(WP)

Fragmento 19, fotografado usando PTM com realce especular. Estão destacados os números 76, 19 e 223, que representam os ciclos Lua-Sol identificados por Rehm. (Imagem: Hewlett-Packard 2005) (world-archaeology).

 
Ciclo de Saros do mecanismo de Antikythera para a previsão de eclipses ΣΚΓ′ (223 meses lunares), no retângulo vermelho, e significa 223 meses. Escrito entre 150 e 100 a.C.
(Antikythera Mechanism Saros cycle for the prediction of eclipses ΣΚΓ′, in the red rectangle, and means 223 months. Written between 150 and 100 BC.(WP).

Visualizações mostrando como os pesquisadores aprimoraram as imagens das inscrições erodidas no Mecanismo de Anticítera. (Projeto de Pesquisa do Mecanismo de Antikythera. (isaw,2016)

Este número é uma das poucas inscrições do mecanismo de Antikythera que são visíveis a olho nu. Acima dele, o período do ciclo metônico e do ciclo calípico também são visíveis.

Segundo John Steele, especialista em Babilônia do Museu Britânico, “Quando ocorria um eclipse lunar, o rei babilônio deixava o posto e um substituto assumia o poder, de modo que os maus agouros fossem para esse substituto. Logo o substituto era morto e o rei voltava a assumir sua posição”. E o 223 era o número de dentes de outra roda do mecanismo.

A máquina de Anticítera podia prever eclipses. Não apenas o dia, mas a hora, direção da sombra e cor com a qual a Lua apareceria. 

Durante o eclipse lunar total, a Lua não desaparece. Na verdade, ela fica com uma cor avermelhada. O fenômeno acontece graças à interação da luz solar com a atmosfera terrestre. A luz vermelha, uma dentre as muitas que compõem o espectro da luz do Sol, é desviada ao redor do planeta Terra, iluminando a Lua com sua cor. É por isso que o eclipse total também é conhecido como “Lua de Sangue”.






Mecanismo de Antikythera (Fonte: addpmp s/d)


Em Atenas, os montes Hymettos (Ύμηττος) e Lycabettus (Λυκαβηττός) têm orientações diferentes, o que influencia a posição do nascer do sol durante os solstícios.  

Solstício de Verão (junho, no Hemisfério Norte)
- O sol nasce no nordeste, entre o Monte Hymettos (a leste de Atenas) e o Monte Pentélico (mais ao norte).  
- No Lycabettus, o sol nasce atrás do Hymettos, pois este último está posicionado mais a leste.  

Solstício de Inverno (dezembro no Hemisfério Norte)
- O sol nasce no sudeste, mais próximo da direção do Porto de Pireu e da ilha de Aegina.  
- Nessa época, o Lycabettus pode bloquear parcialmente o nascer do sol para quem observa do centro de Atenas, enquanto o Hymettos fica mais alinhado com a trajetória solar.  

Podemos concluir então que:
- Hymettos: Está mais associado ao nascer do sol no solstício de verão, pois fica a leste de Atenas.  
- Lycabettus: Tem menos influência direta nos solstícios, mas no inverno, sua posição a noroeste faz com que o sol nasça mais à sua direita (sudeste).  

Se você estiver observando o nascer do sol em Atenas, o Hymettos é mais relevante para o solstício de verão, enquanto no inverno, o sol surge mais ao sul, próximo à linha costeira.

Plano geral de todas as engrenagens do mecanismo de Antikythera, diagrama composto retirado de De Solla Price, Transactions of the American Philosophical
Society Vol. 64 No. 7 (1974). (ams)


Estas duas imagens apresentam uma versão esquemática do plano geral de engrenagens de De Solla Price; à direita, a cor destaca o subconjunto que conecta o movimento do Sol ao da Lua.

O marcador solar e o marcador lunar eram acionados pelas duas engrenagens centrais (o eixo da Lua entrelaçado ao do Sol), exatamente como os ponteiros das horas e dos minutos de um relógio moderno. O conjunto de engrenagens que conecta o movimento do Sol ao da Lua pode ser descrito pelo padrão de engrenamento e pelo número de dentes.


A engrenagem solar tem 64 dentes. Ela engrena com o menor dos pares de engrenagens 38 e 48. O par de engrenagens 48 engrena com o menor dos pares de engrenagens 24 e 127. O par de engrenagens 127 engrena com os 32 dentes da engrenagem lunar. A razão das velocidades angulares pode então ser calculada como
64  48  127 254
-- X -- X --- = --- = 13.36842..
38 24 32 19

que é uma excelente aproximação da razão astronômica 13,368267...

Como a ligação Sol-Lua envolve um número ímpar de engrenagens, as duas engrenagens giram em direções opostas. Para que a representação seja realista, o Sol e a Lua devem se mover na mesma direção. No dispositivo, isso era feito por uma engrenagem vertical "contrate" (marcada com A no projeto de De Solla Price) que conectava a engrenagem solar a uma engrenagem idêntica acima dela, que girava na mesma velocidade, mas na direção oposta.
Esta imagem pode ser animada em Java. Ela mostra o funcionamento do conjunto Sol-Lua, com uma simulação um tanto fantasiosa do mostrador. No dispositivo real, as constelações do zodíaco eram representadas por seus nomes gregos ("Libra" e a terminação de "Virgem" são decifráveis ​​na relíquia). Os esquemas de constelações usados ​​aqui são imitações das versões mais precisas de "Find the Constellations", de H. A. Rey, Houghton-Mifflin Co., Boston, 1988.






Fonte


















Literatura citada no artigo 
The Antikythera Mechanism: The Prove of the Accuracy of the Astronomical Calculations Based on It Kyriakos Efstathiou, Marianna Efstathiou, Alexandros Basiakoulis and Neofytos Kokkinos 

Seiradakis, J.H.; Edmunds, M. Our current knowledge of the Antikythera Mechanism. Nat. Astron. 2018, 2, 35–42. [Google Scholar] [CrossRef]

Jones, A. A portable Cosmos; Oxford University: New York, NY, USA, 2017. [Google Scholar]

Kaltsas, N.; Vlachoyanni, H.; Bouyia, P. The Antikythera Shipwreck; National Archaeological Museum of Athens: Athens, Greece, 2012. (In Greek) [Google Scholar]

Zafeiropoulou, M. The Antikythera Thesaurus. In Proceedings of the Oral presentation at Symi Festival, Symi, Greece, 31 August 2007. [Google Scholar]
Archaeological Ephemeris, Issue 1 &2, 3rd Period. 1902; 145–173.

Price de Solla, D. Gears from the Greeks: The Antikythera Mechanism—A calendar computer from ca 80 BC. Trans. Am. Phil. Soc. New Ser. 1974, 64, 1–70. [Google Scholar] [CrossRef]

Wright, M.T. Epicyclic Gearing and the Antikythera Mechanism, part 2. Antiqu. Horol. 2005, 29, 51–63. [Google Scholar]

Ramsey, A. The latest techniques reveal the earliest technology – A new inspection of the Antikythera Mechanism. In Proceedings of the International Symposium on Digital industrial Radiology and Computed Tomography, Lyon, France, 25–27 June 2007. [Google Scholar]

Malzbender, T.; Gelb, D.; Wolters, H. Polynomial Texture Maps. Available online: http://www.hpl.hp.com/research/ptm/papers/ptm.pdf (accessed on 15 August 2021).

Freeth, T.; Bitsakis, Y.; Moussas, X.; Seiradakis, J.H.; Tselikas, A.; Mangou, H.; Zafeiropoulou, M.; Hadland, R.; Bate, D.; Ramsey, A.; et al. Decoding the ancient Greek astronomical calculator known as the Antikythera Mechanism. Nature 2006, 444, 587–591. [Google Scholar] [CrossRef] [PubMed]

Efstathiou, K.; Basiakoulis, A.; Efstathiou, M.; Anastasiou, M.; Seiradakis, J.H. Determination of the gears geometrical parameters necessary for the construction of an operational model of the Antikythera Mechanism. Mech. Mach. Theory 2012, 52, 219–231. [Google Scholar] [CrossRef]

Efstathiou, M.; Basiakoulis, A.; Efstathiou, K.; Anastasiou, M.; Boutbaras, P.; Seiradakis, J.H.S. The Reconstruction of the Antikythera Mechanism. Int. J. Herit. Digit. Era 2013, 2, 307–334. [Google Scholar] [CrossRef] [Green Version]

Anastasiou, M.; Seiradakis, J.; Carman, C.C.; Efstathiou, K. The Antikythera Mechanism: The structure of the mounting of the back-plate’s pointer and the construction of the spirals. J. Hist. Astron 2014, 45, 418–441. [Google Scholar] [CrossRef]

Efstathiou, K.; Efstathiou, M.; Gearbox, C. The oldest known computer is a mechanism designed to calculate the location of the sun, moon, and planets (Cover Story) Mechanical Engineering. ASME Magazine, September 2018; 31–35. [Google Scholar]

Anastasiou, M.; Seiradakis, J.H.; Evans, J.; Drougou, S.; Efstathiou, K. The astronomical events of the Parapegma of the Antikythera Mechanism. J. Hist. Astron. 2013, 44, 125–138. [Google Scholar] [CrossRef]

Anastasiou, M. The Antikythera Mechanism: Astronomy and Technology in Ancient Greece. Ph.D. Thesis, Aristotle University of Thessaloniki, Thessaloniki, Greece, 2014. (In Greek). [Google Scholar]

Efstathiou, M. The usage of innovative techniques of 3d design, 3d scanning and 3d printing in the investigation of ancient artifacts and other objects so as, among others, to construct their accurate replicas—Case Study of The Antikythera Mechanism. Ph.D. Thesis, School of Mechanical Engineering, Aristotle University of Thessaloniki, Thessaloniki, Greece, 2018. (In Greek). [Google Scholar]

Efstathiou, M.; Skordaris, G.; Basiakoulis, A.; Efstathiou, K. Construction of accurate and operational models of the Antikythera Mechanism using various manufacturing techniques such as conventional cutting, laser cutting and 3D printing technologies. In Proceedings of the 6th International Conference on Manufacturing Engineering ICMEN, Thessaloniki, Greece, 5–6 October 2017; pp. 293–308. [Google Scholar]

Basiakoulis, A.; Efstathiou, M.; Efstathiou, K.; Skordaris, G.; Seiradakis, J.H. The handling of the Antikythera Mechanism. In Proceedings of the 6th International Conference on Manufacturing Engineering ICMEN, Thessaloniki, Greece, 5–6 October 2017; pp. 281–292. [Google Scholar]

Ptolemy III Euergetes. Macedonian king of Egypt. Available online: www.britannica.com/biography/Ptolemy-III-Euergetes (accessed on 15 August 2021).

Egyptian calendar. Available online: https://en.wikipedia.org/wiki/Egyptian_calendar, (accessed on 15 August 2021).
Star Sirius. Available online: https://en.wikipedia.org/wiki/Star_Sirius, (accessed on 15 August 2021).

Nut (goddess). Available online: https://en.wikipedia.org/wiki/Nut_(goddess) (accessed on 15 August 2021).

Parker, R.A. The Calendars of Ancient Egypt; The University Of Chicago Press: Chicago, IL, USA, 1950. 
Available online:

Theodosiou, S.; Danezis, M. The Odyssey of Calendars; Diablos Publications: Athens, Greece, 1995. (In Greek) [Google Scholar]

Spalinger, A. Ancient Egyptian Calendars. In Handbook of Archeoastronomy and Ethnoastronomy; Springer Science and Business Media: New York, NY, USA, 2015; p. 1489. [Google Scholar]

Wright, M.T. Epicyclic gearing and the Antikythera Mechanism, Part I. Antiquar. Horol. 2003, 27, 270–279. [Google Scholar]

Gourtsoyannis, E. Hipparchus vs. Ptolemy and the Antikythera Mechanism: Pin-slot device models lunar motion. J. Adv. Space Res. 2010, 46, 540–544. [Google Scholar] [CrossRef]

Voulgaris, A.; Christophoros, M.; Andreas, V.; George, B. Renumbering of the Antikythera mechanism saros cells, resulting from the saros spiral mechanical apokatastasis. Mediterr. Archaeol. Archaeom. 2021, 21, 107–128. [Google Scholar] [CrossRef]

Gourtsoyannis, E. Science and Culture Promise, Challege and Demand 285–289; Epikentro Publications: Thessaloniki, Greece, 2012. [Google Scholar]

Freeth, T.; Jones, A.; Steele, J.M.; Bitsakis, Y. Calendars with Olympiad display and eclipse prediction on the Antikythera Mechanism. Nature 2008, 454, 614–617. [Google Scholar] [CrossRef] [PubMed]

Vlachogianni, E.; Lagogianni-Georgakarakos, M.; Andrea, B.; Nikos Kaltsas, N. Der Versunkene Shatz—Das Schiffswrack von Antikythera; Andrea Bignasca: Basel, Switzerland, 2015. [Google Scholar]

Spandagos, E. HΜαθηματική Συναγωγή του Πάππου του Aλεξανδρέως, vol Δ’; Aίθρα: Athens, Greece, 2006. (In Greek) [Google Scholar]

Antikythera Mechanism Simulation. 
Available online: 
(accessed on 20 October 2021).

The Antikythera Mechanism. The most accurate and functional replicas of the Antikythera Mechanism ever made! 
Available online: 
(accessed on 20 October 2021).

Publisher’s Note: MDPI stays neutral with regard to jurisdictional claims in published maps and institutional affiliations.

© 2021 by the authors. Licensee MDPI, Basel, Switzerland. This article is an open access article distributed under the terms and conditions of the Creative Commons Attribution (CC BY) license (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).



Agradeço muito pela leitura e também por indicar qualquer erro de português ou científico-técnico que tenha encontrado.




18.5.25

O OVO

O OVO COMO ALIMENTO 

O Ovo de Galinha na Alimentação Humana: 
Um Alimento Completo e Versátil

O ovo de galinha é um dos alimentos mais nutritivos e versáteis do mundo, consumido há milênios em diversas culturas. Rico em proteínas de alto valor biológico, vitaminas, minerais e gorduras saudáveis, ele é considerado um super-alimento acessível e fundamental para uma dieta equilibrada.  

Valor Nutricional
Um ovo médio (cerca de 50g) contém:  
- Proteínas (6g): Contém todos os aminoácidos essenciais, importantes para músculos, imunidade e reparo celular.  
- Gorduras boas (5g): Inclui ácidos graxos ômega-3 (em ovos enriquecidos) e colina, vital para o cérebro.  
- Vitaminas: A (visão), D (ossos), E (antioxidante), B12 (energia) e folato (metabolismo).  
- Minerais: Ferro, zinco, selênio e fósforo.  
- Calorias: Apenas 70-80 kcal por unidade.  

Benefícios para a Saúde
✔ Músculos e saciedade: Ideal para atletas e dietas de emagrecimento.  
✔ Saúde cerebral: A colina melhora memória e desenvolvimento cognitivo.  
✔ Olhos: Antioxidantes como luteína e zeaxantina previnem degeneração macular.  
✔ Coração: Estudos recentes mostram que o consumo moderado **não aumenta** o risco cardiovascular em pessoas saudáveis.  

Mitos e Verdades
- Colesterol: Apesar da gema ter colesterol, para a maioria das pessoas, ele não eleva significativamente o colesterol sanguíneo. O fígado regula a produção com base na ingestão.  
- Ovo cru vs. cozido: O cozimento melhora a digestibilidade da proteína e reduz riscos de salmonelose.  

Versatilidade Culinária
O ovo é um coringa na cozinha:  
- Cozido, pochê ou frito: Para café da manhã ou pratos rápidos.  
- Omeletes e farofas: Fonte de proteína em refeições.  
- Confeitaria: Essential em bolos, sobremesas e maionese.  
- Cultural: Presente em pratos como o shakshuka (Oriente Médio), tamagoyaki (Japão) e feijoada (Brasil).  

Armazenamento e Segurança
- Guarde na geladeira (mesmo com casca lavada).  
- Evite consumir crus sem pasteurização (risco de bactérias).  
- A casca porosa não deve ser lavada antes do armazenamento (aumenta a entrada de microrganismos).  

O ovo é um alimento completo, econômico e adaptável a diversas dietas. Quando consumido como parte de uma alimentação balanceada, oferece benefícios que vão desde o desenvolvimento muscular até a proteção contra doenças. Sua história na nutrição humana continua a se reinventar, mantendo-o como um ingrediente insubstituível na gastronomia global. Para quem busca praticidade, ovos cozidos são excelentes lanches proteicos!

O ovo é um alimento especial, riquíssimo em nutrientes essenciais para a saúde, versátil e seguro. A maioria dos ovos não é contaminada por Salmonella spp. ou outros microrganismos, mas seu alto consumo, por vezes associado ao cozimento insuficiente, tornaram este alimento uma recorrente preocupação de saúde pública. Visando reforçar o status de alimento seguro, associamos as boas práticas de produção com informações sobre as vias de contaminação por Salmonella spp. e as barreiras antimicrobianas naturais dos ovos.

Ovo de galinha



Entende-se por Boas Práticas de Produção (BPP) o conjunto de medidas que devem ser adotadas pelo produtor para garantir a sua própria biossegurança, a biosseguridade avícola e a qualidade dos ovos. As boas práticas de higiene no sistema de produção são fundamentais para prevenir a contaminação dos ovos.

Como ocorre a contaminação dos ovos por Salmonella spp?

Em condições saudáveis de reprodução e postura o conteúdo dos ovos geralmente é isento de microrganismos. Entretanto, o interior e a casca dos ovos podem ser contaminados por diferentes sorovares de Salmonella spp. antes da postura, como resultado da infecção dos órgãos reprodutores da galinha, recebendo a denominação de via de transmissão vertical ou transovariana, ou contaminação primária.

Enteritidis

Salmonella enterica sorovar Enteritidis é a bactéria mais associada com infecção dos ovos. Isto pode ser atribuído a três fatores principais:

Sua capacidade efetiva de colonizar o ovário e o oviduto das galinhas poedeiras por um longo período.

A disseminação e persistência em matrizes na maior parte do mundo.

Habilidade diferencial em penetrar, sobrevier e multiplicar no interior do ovo (Baron et al., 2016; EFSA, 2014; Thorns, 2000).

Se a galinha estiver infectada por diferentes cepas, sorovares e subespécies de Salmonella, necessariamente não significa que todos os ovos oriundos desta ave serão contaminados. Galinhas portadoras podem originar ovos livres da bactéria (Gantois et al 2008).

Entretanto, a permanência de portadoras dentro das granjas favorece a adaptação bacteriana naquele ambiente, colocando em risco a manutenção futura da atividade avícola, além dos potenciais impactos em saúde pública.

As cepas que permanecerem naquele ambiente podem paulatinamente adquirir resistência e maior viabilidade de infecção. Sabe-se que as galinhas podem se infectar com Salmonella spp. em qualquer fase da vida, mas infecções nas primeiras horas de vida são epidemiologicamente as mais importantes (AgrawL et al., 2005).

A exposição de pintinhos jovens, altamente suscetíveis a S. Enteritidis pode resultar na colonização do trato intestinal, persistindo até a maturidade (Gast and Holt, 1998; Van Immerseel et al., 2004).

A outra rota de contaminação por Salmonella spp. é pela superfície da casca, com eventual penetração dos microrganismos. Os ovos são particularmente propensos a essa contaminação após a postura, a via de transmissão horizontal ou através da casca, também denominada contaminação secundária.

Em se tratando de contaminação do ar por Salmonella spp., ressalta-se que a bactéria apresenta boa viabilidade no ambiente de produção e excelente adaptação na poeira. Em estudos conduzidos por McWhorter & Chousalkar (2020), Salmonella spp. persistiu em amostras de poeira por 8 semanas. De acordo com os autores o teor de umidade total da poeira (atividade da água) influencia a persistência desta bactéria.

Além da contaminação transovariana, a casca pode adquirir microrganismos de todas as superfícies com as quais entra em contato e do ar ambiente. Fezes, água suja, alimentação contaminada, insetos, mãos sujas, ovos quebrados, sangue, solo ou poeira da cinta da esteira são as fontes mais comuns de contaminação da casca do ovo (Ricke et al., 2001). 
A extensão da contaminação dos ovos está diretamente relacionada a limpeza e higiene dessas superfícies (Board et al., 1995).

Ambientes limpos de armazenamento nas granjas, mesmo em situações onde o ovo será armazenado por um período curto, influenciam na vida útil e qualidade do ovo, além de propiciar maior segurança ao consumidor por minimizar a ocorrência de contaminação da casca do ovo.

Existem barreiras antimicrobianas naturais nos ovos

O ovo possui um sistema de defesa que impede a penetração dos microrganismos e, particularmente a deterioração do seu compartimento vital mais nutritivo, a gema.

A cutícula, a casca e suas membranas constituem a primeira barreira de proteção (Figura 1). A chalaza também atua como barreira física, e em combinação com a viscosidade do albúmen, mantem a gema numa posição central. A última barreira é a membrana vilelina que envolve a gema (EFSA, 2014; Okuno et al., 2019).









Bibliografia





















PLATELMINTOS REVISÃO

 REVISÃO 

PLATELMINTOS
CICLO DE VIDA DOS PLATELMINTOS PARASITAS 

Ciclo de vida da Taenia solium, (solitária do porco) 
(fonte: internet)

CICLO DE VIDA DE UMA TAENIA SAGINATUS 
(Rupert, E. E.& Barnes R.D. Invertebrate Zoology 6th Edition, Saunders College Publ. 1994)



 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PLATELMINTOS
(REVISÃO)

 1. TRIBLÁSTICOS
Os platelmintos foram os primeiros animais a apresentar três folhetos embrionários, i.e., surgiu mais um "estrato ou camada" celular no desenvolvimento de seu embrião. Um grupo de células migrou para o espaço entre os dois folhetos pre-existente (ectoderme e endoderme) e se diferenciou em mesoderme. Esse novo folheto deu origem aos músculos, superando em complexidade os seus ancestrais os cnidários. E isso auxiliou muito na diferenciação e especialização celular do organismo.

2. BILATERALIDADE
Primeiro grupo de animais a apresentar simetria bilateral; essa característica auxiliou muito o movimento e reuniu em uma região do organismo os órgãos sensoriais. Assim o deslocamento se dava em uma direção geralmente se arrastando sobre o substrato (lodo) dentro d'água.
A partir dessa característica o organismo passou a ter  um LADO DIREITO um LADO ESQUERDO uma REGIÃO DORSAL  e uma REGIÃO VENTRAL (sobre a qual desliza).

3. CORPO ACHATADO DORSO-VENTRALMENTE
Essa característica também auxiliou o deslocamento no fundo de seu habitat aquático (deslizando sobre o substrato).

4. SISTEMA DIGESTÓRIO
O sistema digestório dos platelmintos, é muito semelhante ao sistema digestório dos Cnidários que os precederam e dos quais descendem filogeneticamente. O sistema digestório chama-se como nos cnidários: CAVIDADE GASTROVASCULAR ou CELENTÉRIO. Todavia esse intestino primitivo é bem mais ramificada uma vez que tem que digerir e distribuir mais eficientemente os nutrientes para as células musculares e epidérmicas.


Figura mostrando a faringe e o sistema digestório.


5. SISTEMA NERVOSO

Sistema nervoso e excretor de uma planária 

O sistema nervoso dos platelmintos já mostra uma tendência à centralização dos neurônios na região anterior do corpo onde encontram-se os ocelos (ou manchas ocelares) que são células fotossensíveis (reagem ao estímulo da luz) e conduzem aos gânglios nervosos esses estímulos. 



6. SISTEMA EXCRETOR 
Primeiro filo a apresentar um sistema excretor que retira dos tecidos os excretas principalmente amônia (NH3) e joga para fora do corpo e com isso umedecendo a epiderme com esse líquido. Essa célula chama-se PROTONEFRIDIO ou SOLENÓCITO, OU CÉLULA FLAMA.

Sistema excretor nos platelmintos pode ser visto aqui nesse link.



Bibliografia

Exercícios

1) Na abertura desse capítulo é mostrado o ciclo de vida de uma Taenia spp. descreva esse ciclo explicando os pontos onde podemos atuar para evitar que os humanos se infectem com esse parasita. (assista o vídeo e responda a questão)



2) A que filo pertence esse verme? Produza um texto de 15 linhas dissertando sobre as características evolutivas desse filo. 

3) Cite 4 característica desse filo e uma característica apomórfica.

4) Qual a outra doença transmitida pela Taenia solium que não está representada no esquema? E qual a medida profilática evitaria que adquiríssemos essa doença?



 






(Publicado em 20/IV/2022 atualizado em 18/V/2025)