15.9.23

MÚSCULO E MOVIMENTO

MÚSCULOS

A musculatura (o sistema muscular) é formada por músculos. Mas nem todos os músculos do corpo são componentes da musculatura: apenas os músculos voluntários, efetores do movimento. São órgãos contrateis, capazes de mover o esqueleto axial e apendicular. 

O músculo vivo é um tecido altamente especializado, capaz de converter energia química em energia mecânica durante sua contração. A habilidade de contrair e relaxar, é a  característica essencial do músculo vivo.

Nestas aulas discutiremos a estrutura, a composição do músculo (do que é constituído o músculo), os tipos de músculos, os tipos de fibras, como interagem com os ossos do esqueleto, suas propriedades e o movimento.

Discutiremos também o mecanismo de contração e relaxamento muscular, bem como, as reações químicas e os processos envolvidos no fornecimento de energia para o músculo.


O sistema muscular é o único sistema capaz de transformar energia química em energia mecânica. Em nossas aulas vamos aprender mais sobre esse processo fascinante e que ocorre diariamente.

Como vimos o músculo e suas estruturas são capazes de se contrair e de se relaxar, gerando movimentos que nos permitem:

andar
saltar
dançar,
equilibrar-se
escrever
falar (boca e língua)
impulsionar o alimento ao longo do tubo digestório (peristalse);
promover a circulação do sangue no organismo (músculo cardíaco);
piscar os olhos;
respirar, etc.

Devemos lembrar que a nossa capacidade de locomoção depende da ação conjunta de ossos, articulações e músculos, sob a supervisão, coordenação e controle do sistema nervoso.

Funções dos músculos

1) Produção dos movimentos corporais: movimentos globais do corpo, como andar e correr.

2) Estabilização das posições corporais: a contração dos músculos esqueléticos estabilizam as articulações e participam da manutenção das posições corporais, como a de ficar em pé ou sentar.

3) Regulação do volume dos órgãos: a contração sustentada das faixas anelares dos músculos lisos (esfíncteres) pode impedir a saída do conteúdo de um órgão oco.

4) Movimento de substâncias dentro do corpo: as contrações dos músculos lisos das paredes vasos sanguíneos regulam a intensidade do fluxo. Esse tipo de músculo também pode mover alimentos, urina e gametas do sistema reprodutivo. Os músculos esqueléticos promovem o fluxo de linfa e o retorno do sangue para o coração.

5) Produção de calor: Quando o tecido muscular se contrai ele produz calor e grande parte desse calor liberado pelo músculo é usado na manutenção da nossa temperatura corporal, tornando-nos animais endotérmico (Soares, 2022).

Componentes Anatômicos dos Músculos Estriados

A) Ventre Muscular é a porção contrátil do músculo, constituída por fibras musculares que se contraem. Constitui o corpo do músculo (porção carnosa).
B) Tendão é um elemento de tecido conjuntivo, ricos em fibras colágenas e que serve para fixação do ventre, em ossos, no tecido subcutâneo e em cápsulas articulares. Possuem aspecto morfológico de fitas ou de cilindros.
C) Aponeurose é uma estrutura formada por tecido conjuntivo. Membrana que envolve grupos musculares. Geralmente apresenta-se em forma de lâminas ou em leques. 
D) Bainhas Tendíneas são estruturas que formam pontes ou túneis entre as superfícies ósseas sobre as quais deslizam os tendões. Sua função é conter o tendão, permitindo-lhe um deslizamento fácil.
E) Bolsas Sinoviais são encontradas entre os músculos ou entre um músculo e um osso. São pequenas bolsas forradas por uma membrana serosa que possibilitam o deslizamento muscular.


Os músculos são constituídos de duas partes: o ventre muscular e os tendões. 

Ventre Muscular 
O ventre muscular é a parte carnosa da musculatura e é responsável pela contração muscular, que, como já vimos, é o que produz os movimentos e movem os pesos que carregamos. Podemos afirmar que o ventre é o componente  ativo e a estrutura que permite e executa o movimento humano.

Tendões

Os tendões são formados por tecido conjuntivo rico em fibras colágenas. A função dos tendões é conectar os músculos aos ossos do nosso esqueleto.
O colágeno é um componente essencial de vários tecidos conjuntivos, sendo encontrado na pele, nas cartilagens, nos ossos e nos tendões. Apresenta a função de contribuir com a resistência, coesão e elasticidade dos tecidos em que está presente. Essa proteína é responsável por garantir a integridade da matriz extracelular ou ainda atuar na fixação de células nessa matriz. Também apresenta papel importante na cicatrização e regeneração.
Existem diferentes tipos de colágeno, os quais variam, por exemplo, em composição, comprimento e estrutura molecular. Já foram identificados quase 30 tipos distintos de colágeno, sendo o tipo I o mais comum, estando presente na pele, tendão e ossos, por exemplo. 

Os colágenos podem ser classificados em grupos de acordo com sua estrutura e função:

1) Colágenos que formam longas fibrilas: capazes de agregar-se e formar fibrilas longas que podem ser vistas ao microscópio eletrônico. As moléculas de colágeno dos tipos I, II, III, V e XI são classificadas dessa forma.

2) Colágenos associados a fibrilas: responsáveis por ligar as fibrilas de colágeno umas às outras e também a outros componentes da matriz extracelular. Os colágenos dos tipos IX, XII e XIV são classificados dessa forma.

3) Colágeno que forma rede: associa-se de forma a criar uma espécie de rede. É classificado dessa forma o colágeno tipo IV.

4) Colágeno de ancoragem: encontrado nas fibrilas que ancoram as fibras de colágeno tipo I na lâmina basal. É classificado nesse grupo o colágeno tipo VII.


Tipos de colágeno

Colágeno Tipo I
É o mais comum; aparece nos tendões, na cartilagem fibrosa, no tecido conjuntivo frouxo comum, no tecido conjuntivo denso (onde é predominante sobre os outros tipos), sempre formando fibras e feixes, ou seja, está presente nos ossos, tendões e pele. As espessas fibras de colágeno organizadas paralelamente são responsáveis pela grande resistência dos tendões.

Colágeno Tipo II
É produzido por condrócitos, aparece na cartilagem hialina e na cartilagem elástica. Não produz feixes. Presente nos discos intervertebrais, olhos e cartilagem. A suplementação de Colágeno tipo II é indicado para tratamento de artrose, por ajudar a recompor a cartilagem das articulações.

Colágeno Tipo III
Presentes em músculo liso, endoneuro e nas trabéculas dos órgãos hematopoieticos (baço, nódulos linfáticos, medula óssea vermelha); artérias, fígado, útero e camadas musculares do intestino. É abundante no tecido conjuntivo frouxo, é encontrado na artéria aorta do coração, nos pulmões, nos músculos dos intestinos, fígado, no útero; e constitui as fibras reticulares. As fibras reticulares são constituídas por um tipo especial de colágeno e são mais finas que as outras fibras. Elas são ramificadas e formam um trançado firme que liga o tecido conjuntivo aos tecidos vizinhos. Ocorrem em abundância em órgãos que tem relação com o sangue e hemolinfopoeticos, como a medula óssea vermelha, baço, timo e os linfonodos.

São extremamente delicadas e possuem diâmetro semelhante ao das fibrilas colágenas. Ficam interligadas aos feixes de fibras colágenas.

Colágeno Tipo IV
Aparece na lâmina basal, um dos componentes da membrana basal dos epitélios. Presente nas lentes da cápsula ocular, glomérulos.

Colágeno Tipo V
Está presente na maioria dos tecidos localizados no interior, especialmente na cobertura de vários elementos funcionais do corpo, tais como órgãos. Sua missão é dar a essas partes do corpo o poder de esticar e resistir a todos os tipos de fatores.

Colágeno Tipo VI
Está presente no sangue, camada íntima da placenta.

Colágeno Tipo VII
Está presente nas membranas corioaminióticas e na placenta.

Colágeno Tipo VIII
Está presente no endodélio.

Colágeno Tipo IX
Esse tipo de colágeno tem a função de manter as células unidas e é o principal componente proteico de órgãos.

Colágeno Tipo X, XI e XII
Está presente na cartilagem.



Grupos Conhecidos de Colágenos

Colágenos fibrilares: tipos I, II, III, V, XI, XXIV e XXVII. Esses colágenos são os predominantes, formam agregados fibrilares, e são encontrados, especialmente, em matrizes fibrosas, como na derme, ossos, tendões e ligamentos, cápsulas de órgãos, entre vários outros sítios.

Colágenos FACIT (Fibril Associated Collagens with Interrupted Triple-helices): tipos IX, XII, XIV, XVI, XIX, XX, XXI e XXII. Estes colágenos associam-se com os colágenos fibrilares constituindo pontes entre eles. Assim, os colágenos XII, XVI, XIX e XXI associam-se com o colágeno fibrilar tipo I e os colágenos IX, XVI e XIX associam-se com o colágeno fibrilar tipo II. Tais colágenos promovem e asseguram a integridade e a estabilidade da MEC, regulando a formação e o tamanho dos colágenos fibrilares.

Colágeno de membrana basal: tipo IV. Forma uma estrutura em rede, associando-se com outras proteínas da membrana basal, como a laminina, entre outras (veja abaixo).

Colágeno de cadeia longa: tipo VII. Constitui as fibrilas ancorantes que unem a membrana basal, onde se apoia o epitélio, com a matriz extracelular do estroma conjuntivo associado.

Colágenos filamentosos com contas (glóbulos): tipos VI, XXVI, XXVIII e XXIX. Caracterizam-se por formarem microfibrilas com domínios globulares.

Colágenos de cadeia curta: tipos VIII e X. O do tipo VIII constitui uma rede hexagonal. O tipo X regula e é regulado nos sítios com hipertrofia da cartilagem (veja abaixo).

Colágenos MULTIPLEXINs (multiple triple-helix domains and interruptions): tipos XV e XVIII. Apresentam múltiplos domínios da tripla-hélice com interrupções, não colagênicas, contendo os glicosaminoglicanos condroitim-sulfato (colágeno XV) ou heparam-sulfato (colágeno XVIII).

Colágenos MACIT (Membrane Associated Collagens with Interrupted Triple-helices): tipos XIII, XVII, XXIII e XXV. Colágenos de membranas celulares com domínios intra- e extracelulares.





Vale destacar que o tecido conjuntivo (alguns autores chamam, inclusive de tecido conectivo, justamente por sua função de conectar, unir) é caracterizado por apresentar células distanciadas entre si, em maior ou menor grau, responsáveis por:
unir;
ligar;
nutrir;
proteger;
e sustentar os outros tecidos (Soares, 2022).

Logo, os tendões não possuem unidade de contração muscular, sendo assim, são elementos passivos do movimento, pois transmitem a tensão gerada no músculo durante a contração muscular para as estruturas onde estão fixados, os ossos.

Podemos dizer que  quando um músculo cruza uma articulação, e a contração é forte o bastante para movimentar as alavancas corporais formadas pelos ossos e suas articulações, presenciamos o movimento, como aquele de “fazer o muque”, que, tecnicamente, é a flexão do cotovelo quando o bíceps braquial entra em ação (Soares, 2022).






Tipos de músculos

Vertebrados e muitos invertebrados possuem dois tipos de músculos, o liso e o esquelético; um terceiro tipo, o músculo cardíaco está restrito ao coração dos vertebrados. Estes três tipos de músculos podem ser classificados quanto ao tipo de controle efetuado pelo Sistema Nervoso Central, sendo que o músculo esquelético age sob controle voluntário e os músculos liso e cardíaco sob controle involuntário. Os músculos esquelético e cardíaco são também chamados estriados por apresentarem bandas claras e escuras quando observados ao microscópio. O músculo liso não apresenta este tipo de bandeamento característico.

O corpo humano é formado por três tipos musculares diferentes: 

1) Músculo estriado esquelético
2) Músculo estriado cardíaco 
3) Músculo não estriado

1) Músculo estriado esquelético 
Os músculos estriados esqueléticos estão associados ao sistema esquelético e possuem apenas movimentação voluntária, ou seja, sua contração é consciente (depende da nossa vontade). O termo estriado está associado ao fato de que esses músculos apresentam bandas claras e escuras, que se dispõem de maneira alternada quando observadas em microscopia óptica.

2) Músculo estriado cardíaco
Os músculos estriados cardíacos, como o próprio nome indica, são exclusivos do coração. Eles possuem aparência estriada, como o esquelético, mas apresentam contrações involuntárias e vigorosas (independem da nossa vontade).

3) Músculo não estriado
Os músculos não estriados, por sua vez, apresentam contração involuntária e lenta e são encontrados no sistema digestório e respiratório, bem como em algumas estruturas ocas, como a bexiga urinária e o intestino delgado. Uma de suas características mais marcantes é a ausência de estriações, o que é observado nos outros tipos musculares.





O MÚSCULO ESQUELÉTICO 

1) Ligado aos ossos por tendões 
2) Função de sustentação e movimentação
3) Controle voluntário
4) Respondem a um neurônio motor somático


Como ossos e músculos se unem?

Nas extremidades dos músculos se encontram as estruturas que os unem aos ossos. Podem ser de dois tipos:

• Os tendões são cilíndricos e encontrados em músculos longos. São formados por fortes fibras de tecido conjuntivo. Não podem se contrair nem relaxar.

• As aponeuroses estão, por exemplo, nas laterais de músculos planos.
Os músculos ancorados ao esqueleto, ao se contraírem, puxam os ossos aos quais estão unidos. Esse trabalho produz o movimento do osso sempre que haja uma articulação móvel.



Propriedades dos músculos 

Excitabilidade
É a sensibilidade que apresentam os músculos diante de um estímulo nervoso que chega à fibra muscular. O músculo também pode ser estimulado por uma pancada, uma corrente elétrica etc.

Elasticidade
É a capacidade que os músculos têm de aumentar seu comprimento e recuperar sua dimensão inicial.

Contratilidade
É o encurtamento do músculo sem que seu volume varie. Cada fibra muscular se contrai inteiramente ou não se contrai. Como o músculo é formado por muitas fibras, sua contração é maior ou menor, dependendo do número de fibras recrutadas na contração.

Tonicidade 
Em repouso, os músculos não estão totalmente relaxados. Sempre têm certo grau de contração ou tônus muscular.














Fonte 











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