Ignaz Philipp Semmelweis Viena 01/jul/1818 - 13/ago/1865 foi médico de ancestrais alemães, conhecido como um pioneiro dos procedimentos antissépticos. Descrito como o "salvador das mães", Semmelweis descobriu que a incidência de infecção pós-parto (também conhecida como febre do parto) poderia ser drasticamente reduzida pelo uso da desinfecção das mãos em clínicas obstétricas.
A infecção pós-parto era comum nos hospitais na metade do século XIX e frequentemente fatal. Semmelweis propôs a prática de lavar as mãos com hipoclorito de cálcio 1847, quando trabalhava no Hospital Geral de Viena, onde as enfermarias dos médicos tinham o triplo da mortalidade das enfermarias da obstetrícia. Publicou o livro Etiology, Concept and Prophylaxis of Childbed Fever.
A despeito de várias publicações de resultados onde lavar as mãos reduziu a mortalidade para menos de 1%, as observações de Semmelweis entraram em conflito com as opiniões científicas e médicas estabelecidas da época e suas ideias foram rejeitadas pela comunidade médica. Semmelweis não forneceu nenhuma explicação científica aceitável para suas descobertas, e alguns médicos ficaram ofendidos com a sugestão de que deveriam lavar as mãos. A prática de Semmelweis ganhou ampla aceitação apenas anos após sua morte, quando Louis Pasteur confirmou a teoria microbiana das doenças e Joseph Lister, trabalhando sobre a pesquisa do microbiologista francês, praticou e operou usando métodos higiênicos com grande sucesso. Em 1865 Semmelweis foi internado em um manicômio, onde morreu aos 47 anos de idade.
Os antissépticos (do grego ἀντί, anti = contra e σηπτικός, sēptikos = putrefativo) são substâncias antimicrobianas aplicadas ao tecido vivo/pele para reduzir a possibilidade de infecção, sepse ou putrefação.
Os antissépticos geralmente se distinguem dos antibióticos pela capacidade destes últimos de destruir com segurança as bactérias no interior do corpo e dos desinfetantes, que destroem os microrganismos encontrados em objetos não-vivos.
Alguns antissépticos são verdadeiros germicidas, capazes de destruir micróbios (bactericidas), enquanto outros são bacteriostáticos e apenas impedem ou inibem seu crescimento. Os antibacterianos incluem antissépticos que têm a capacidade comprovada de agir contra bactérias. Microbicidas que destroem partículas virais são chamados viricidas ou antivirais.
Os antifúngicos, também conhecidos como antimicóticos, são fungicidas farmacêuticos usados para tratar e prevenir micose (infecção por fungos).
Higienize-se
A higiene constante das mãos com água e sabão e a etiqueta respiratória são as principais recomendações para evitar a contaminação por qualquer doença causada por microrganismos.
Lave e higienize suas mãos com água e sabão até a metade do punho, após tocar em qualquer objeto e superfície;
Usar álcool 70% ou álcool gel para limpar as mãos antes de encostar no rosto e em áreas como olhos, nariz e boca;
Ao entrar em casa tirar os calçados e colocá-los em uma caixa ao lado da porta.
Ao entrar em casa não toque em nada antes de se higienizar;
Desinfete as patinhas de seu pet após passear com ele;
Ao chegar em casa troque de roupa e coloque em um saco plástico dentro do cesto ou na máquina de lavar roupa.
Deixe bolsa, carteira e chaves em uma caixa na entrada
Tome banho e se não puder, lave bem com água e sabão todas as áreas expostas de seu corpo;
Limpe seu celular com água e sabão ou álcool;
Tossir ou espirrar levando o rosto à parte interna do cotovelo;
Evitar concentrações humanas e multidões;
Usar máscaras caso apresente sintomas;
Evitar tocar nariz, olhos e boca antes de lavar bem as mãos;
Manter a distância de um metro de pessoas (ou que estejam espirrando ou tossindo ou falando);
Limpar com álcool (mínimo álcool 70%) objetos tocados frequentemente;
Nunca cumprimentar com aperto de mão, abraço ou beijo no rosto (ou evitar ao máximo);
Evitar sair de casa caso apresente algum sintoma da síndrome-gripal;
Utilizar lenço descartável quando estiver com coriza (nariz escorrendo);
Usar lenços de papel para abrir portas de elevadores e apertar botões de elevadores;
Se voce vive com pessoas idosas ou grupos de risco (pessoas com doenças cardíacas, hipertensão, diabetes ...): não compartilhe toalhas, talheres, copos etc.
Limpe e desinfete diariamente as superfícies de frequente contato;
Lave roupas lençóis e toalhas (de rosto e de banho) com mais frequência;
Manter a casa e os quartos ventilados;
Não quebre a quarentena por duas semanas, toda saída de casa é uma reinicialização do contador;
Ao sair de casa, coloque uma jaqueta ou camiseta de manga longa;
Prenda o cabelo e evite usar brincos, anéis e correntinhas;
Se estiver com gripe ou tosse coloque uma máscara pouco antes de sair;
Evite utilizar transporte público (táxi, aplicativos e ônibus);
Leve lencinhos descartáveis para tocar nas superfícies, depois de usado amasse o lenço e e jogue-o em um saco fechado dentro da lata do lixo;
Ao tossir ou espirrar não utilize as mãos ou o ar ambiente;
Evite usar dinheiro. Se necessário, imediatamente após o manuseio, higienize suas mãos com água e sabão;
Lembrando: não é possível fazer uma desinfecção total, o objetivo dessas recomendações é reduzir o risco;
Informar-se sobre os métodos de prevenção e passar as informações corretas.
É importantíssimo que se tome como hábito lavar constantemente as mãos e o pulso, com água e sabão, ou com álcool em gel. O álcool e a água sanitária podem ser utilizados também para a limpeza de superfícies como mesas, cadeiras, maçanetas das portas e corrimãos e portas de elevadores.
Ignaz Semmelweis, o médico internado em manicômio por insistir na importância de lavar as mãos
Em 1825, os parentes de um paciente que estava se recuperando de uma fratura no Hospital St. George, em Londres, viram o familiar deitado em lençóis molhados e sujos, cheios de fungos e vermes. Segundo o relato, nem o homem aflito, nem os outros com quem dividia o espaço, se queixaram das condições do local, comuns aos hospitais da época.
Tudo cheirava a urina, vômito e outros fluidos corporais. O odor era tão intenso que a equipe, às vezes, caminhava com lenços pressionados contra o nariz. Os médicos, entretanto, também não tinham aroma de rosas. Esses profissionais raramente lavavam as mãos ou seus instrumentos de trabalho – exalavam o que era chamado, de forma elogiosa, de "fedor tradicional do hospital". As salas de cirurgia eram tão sujas quanto os cirurgiões que trabalhavam nelas. Conforme o relato, no meio da sala, havia uma mesa de madeira manchada com traços que revelavam os corpos que haviam passado por ali, enquanto o chão estava coberto de serragem para absorver o sangue que escorria.
"A Clínica Gross" foi pintada pelo americano Thomas Eakins em 1875, pouco antes da adoção de um ambiente cirúrgico higiênico, e é por isso que é frequentemente contrastada com a pintura posterior de Eakins, "A Clínica Agnew" (1889).
E havia alguém que tinha salário maior do que o dos médicos: o "caçador de insetos". Seu trabalho era livrar os colchões dos piolhos. Os hospitais eram um terreno fértil para a infecção. Muitos doentes e moribundos eram alojados em salas com pouca ventilação ou acesso a água limpa. Nesse período, era mais seguro ser tratado em casa do que em um hospital, onde as taxas de mortalidade eram de três a cinco vezes maiores do que em ambientes domésticos.
Embora Semmelweis concluísse que os médicos devem lavar as mãos entre os procedimentos por meio de uma análise estatística vigorosa, ele não conseguia explicar o porquê: nada se sabia sobre os germes.
No meio daquele mundo que ainda não entendia os germes, um homem tentou aplicar métodos científicos para impedir a propagação de infecções. Ele se chamava Ignaz Semmelweis. Este médico húngaro tentou implementar um sistema de lavagem das mãos em hospitais de Viena na década de 1840 para reduzir as taxas de mortalidade nas maternidades. Foi uma tentativa digna, mas fracassada. Semmelweis acabou sendo demonizado por seus colegas. Depois, no entanto, ele ficou conhecido como o "Salvador das Mães".
Essa pintura óleo é "A Clínica Agnew" (1889), também de Thomas Eakins, representa uma sala de operações mais limpa, com participantes de jalecos brancos. Mais tarde, medidas higiênicas seriam maiores, até chegarmos às salas de operações que conhecemos hoje.
Um mundo sem germes
Semmelweis trabalhava no Hospital Geral de Viena, onde a morte perseguia os doentes tão regularmente quanto em qualquer outro hospital da época. Antes do triunfo da teoria dos germes, na segunda metade do século 19, a ideia de que as más condições dos hospitais desempenhavam um papel importante na disseminação de infecções e de doenças não passava pela cabeça de muitos médicos. "Para nós, é difícil imaginar um mundo em que as pessoas não sabiam da existência de germes ou bactérias", diz Barron H. Lerner, da Faculdade de Medicina Langone da Universidade de Nova York. "Em meados do século 19, acreditava-se que as doenças se espalhavam por meio das nuvens de um vapor venenoso, no qual partículas de matéria em decomposição chamadas 'miasmas' eram jogadas no ar".
Desequilíbrio
Entre as pessoas em maior risco estavam as mulheres grávidas, particularmente as que sofreram com problemas durante o parto, pois as feridas abertas eram o habitat ideal para bactérias que médicos e cirurgiões carregavam de um lado para o outro. A primeira coisa que Semmelweis notou foi uma discrepância interessante entre o atendimento em duas salas obstétricas do Hospital Geral de Viena, cujas instalações eram idênticas. Uma delas era ocupada por estudantes de medicina do sexo masculino, enquanto a outra estava sob os cuidados de parteiras. A sala atendida por estudantes de medicina tinha uma taxa de mortalidade de mulheres três vezes maior do que o local supervisionado pelas parteiras. Anteriormente, funcionários do hospital já haviam percebido o desequilíbrio, mas atribuíram a discrepância aos estudantes homens, que seriam mais severos no trato com as pacientes do que as parteiras. Acreditava-se que esse fator comprometia a vitalidade das mães, tornando-as mais suscetíveis ao desenvolvimento da febre puerperal. Porém, Semmelweis não se convencia com essa explicação.
Esta
era a causa das altas taxas de mortalidade, que naquela época não podia ser
vista: a bactéria Streptococcus pyogenes.
O padre ou a sujeira
Pouco depois, o médico percebeu que toda vez que uma mulher morria de febre, um padre caminhava lentamente pela sala médica com um assistente tocando uma campainha. Inicialmente, Semmelweis acreditou que esse ritual aterrorizava tanto as mulheres após o parto que elas acabavam por desenvolver a febre, morrendo em seguida. Depois de pedir para o padre deixar a campainha de lado, ele descobriu, frustrado, que a mudança não teve qualquer efeito. Em 1847, ele teve uma pista precisa depois de analisar um exame post mortem do corpo de um de seus colegas, que havia morrido após cortar a mão.
Os médicos, como podem ser vistos neste desenho de Jacques-Pierre Maygrier, de 1840, usavam as mãos ao fazer os partos, mas geralmente não eram tão limpas quanto nesta ilustração.
Uma leve ferida mortal
Naquela época, cortar cadáveres envolvia riscos físicos, muitos deles fatais.
Qualquer ferida ou fissura na pele causada pela faca de dissecção, por menor que fosse, era um perigo sempre presente, mesmo para pessoas mais experientes – como aconteceu com o tio de Charles Darwin (que tinha o mesmo nome do sobrinho), morto em 1778 após sofrer uma lesão ao dissecar uma criança.
Enquanto seu colega estava morrendo, Semmelweis observou que seus sintomas eram muito semelhantes aos das mulheres com febre puerperal.
Será que os médicos que trabalham na sala de autópsia levavam "partículas cadavéricas" para as salas de parto?
Afinal, Semmelweis observou que muitos dos jovens saíram diretamente de uma autópsia para cuidar de mulheres grávidas.
Como luvas ou outras formas de equipamento de proteção não eram usadas na sala de necropsia, não era incomum ver estudantes de medicina com pedaços de carne, tripas ou cérebros presos às roupas após o término das aulas.
Então, percebeu Semmelweis, que a grande diferença entre a sala dos médicos e a das parteiras era que os médicos realizavam autópsias, e as parteiras, não.
Seria essa a chave do mistério que explicava a diferença na taxa de mortalidade?
Demolir e reconstruir
Antes de entender bem a questão dos germes, era difícil encontrar um remédio para a sujeira em hospitais.
O obstetra James Y. Simpson (1811-1870), o primeiro médico a demonstrar as propriedades anestésicas do clorofórmio em humanos, argumentou que, se a contaminação não pudesse ser controlada, os hospitais deveriam ser periodicamente destruídos e reconstruídos.
O cirurgião John Eric Erichsen (1818-1896), autor de um livro sobre cirurgia no século 19, concordou: "Uma vez que um hospital se torna incuravelmente afetado pela piemia (infecção purulenta), é impossível desinfetá-lo por quaisquer meios higiênicos conhecidos, como também é impossível desinfetar um queijo velho dos vermes que foram gerados nele", escreveu ele.
Para a dupla, a única solução era a mesma: a demolição do hospital.
Semmelweiss, porém, acreditava que havia medidas menos drásticas.
Três palavras simples
Depois de concluir que a febre puerperal foi causada pelo "material infeccioso" de um cadáver, ele instalou uma bacia cheia de solução de cal e cloro no hospital e começou a salvar a vida das mulheres com três palavras simples: "lave as mãos".
Aqueles que passaram da sala de autópsia para as salas de parto tiveram que usar a solução antisséptica antes de atender pacientes vivos.
As taxas de mortalidade na sala de estudantes de medicina despencaram. Em abril de 1847, o índice era de 18,3% dos pacientes. Um mês depois do início da lavagem das mãos ser instituída, em maio do mesmo ano, as taxas caíram para pouco mais de 2%.
Ganhos
O experimento continuou: os resultados de Semmelweis foram muito convincentes, seus dados foram coletados e certamente salvaram a vida de muitas mães durante o período.
No entanto, ele não conseguiu convencer todos os colegas dos méritos de sua teoria de que os incidentes de febre puerperal estavam relacionados à contaminação causada pelo contato com cadáveres.
Aqueles dispostos a testar seus métodos frequentemente o faziam de maneira inadequada, produzindo resultados desanimadores.
"Você deve ter em mente que o que ele estava dizendo – embora não com essas palavras – era que estudantes de medicina estavam matando mulheres, e isso era muito difícil de aceitar", explica Lerner.
Depois de várias resenhas negativas de um livro que ele publicou sobre o assunto, Semmelweis criticou seus algozes e chegou a rotular médicos que não lavavam as mãos de "assassinos".
O futuro que ele não chegou a ver
Quando seu contrato não foi renovado no hospital de Viena, Semmelweis retornou à Hungria, sua terra natal, onde assumiu o cargo de médico honorário, cadeira de pouco prestígio e não remunerada na enfermaria obstétrica do pequeno Hospital Szent Rókus, em Budapeste.
No local e também na maternidade da Universidade de Budapeste, onde mais tarde ele deu aulas, a propagação da febre puerperal era desenfreada, até que Semmelweis praticamente a eliminou.
Mas nem a crítica contra sua teoria nem a raiva de Semmelweis contra a falta de boa vontade de seus colegas em adotar seus métodos de lavar as mãos diminuíram.
Seu comportamento se tornou irregular. A partir de 1861, ele começou a sofrer de depressão severa. E sempre voltava à questão da febre puerperal.
Um dia, um colega o levou para um asilo de doentes mentais em Viena, sob o pretexto de que eles visitariam um novo instituto médico.
Quando Semmelweis percebeu o que estava acontecendo e tentou sair, os guardas o espancaram severamente, vestiram-lhe uma camisa de força e o colocaram em uma cela escura.
Duas semanas depois, ele morreu devido a um ferimento na mão direita que gangrenou. Semmelweis tinha apenas 47 anos.
Infelizmente, ele não teve papel nas mudanças que seriam realizadas pelos pioneiros antes da teoria dos germes, como Louis Pasteur, Joseph Lister e Robert Koch.
Uma das últimas coisas que Semmelweis escreveu é perturbadora:
"Quando revejo o passado, só posso dissipar a tristeza que me invade imaginando o futuro feliz em que a infecção será banida... A convicção de que esse momento deve chegar inevitavelmente mais cedo ou mais tarde alegrará o momento de minha morte".
Mapa interativo que mostra em tempo real a escalada do COVID19 no mundo.
O COVID-19, conhecido como Coronavírus, que tem atacado a China e outros países, esta chegando no Brasil, e em toda a América do sul, central e do Norte, ajudou o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo a reduzir sua pegada de carbono em um quarto em apenas duas semanas. De acordo com um estudo do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA), a redução nas emissões de gases de efeito estufa na China deve-se à demanda de energia e à produção industrial atingindo seu nível mais baixo. Foram registradas reduções de 15% a 40% na produção nos principais setores. Só na China, estima-se que o COVID-19 tenha reduzido as emissões de carbono em 400 milhões de toneladas, o que é considerado a mesma quantidade de carbono emitida pelo país nas duas primeiras semanas após o ano lunar de 2019. Em escala global, o COVID-19 reduziu até agora as emissões de carbono com efeito de estufa em 100Mt CO2.
Outros fatores que impulsionam o declínio nas emissões incluem:
Uso de carvão em usinas de energia, relatando dados diários com uma baixa de quatro anos.
Taxas de operação da refinaria de petróleo na província de Shandong, no nível mais baixo desde 2015.
Produção das principais linhas de produtos de aço no nível mais baixo por cinco anos.
Os níveis de poluição do ar NO2 sobre a China caíram 36% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os voos domésticos caíram até 70% em comparação com o mês passado.
O consumo de carvão nas usinas caiu 36%.
As taxas operacionais dos principais produtos siderúrgicos caíram mais de 15%, enquanto a produção de aço bruto ficou praticamente inalterada.
A produção de carvão no maior porto de carvão caiu 29%.
A utilização da coqueria caiu 23% Os níveis de NO2 por satélite foram 37% menores A utilização da capacidade de refino de petróleo foi reduzida em 34%.
No auge, os cancelamentos de vôos estavam reduzindo o volume global da aviação de passageiros em 10%, mas o setor parece estar se recuperando, com a capacidade global caindo 5% no ano em fevereiro como um todo. Enquanto isso, as emissões de dióxido de nitrogênio da China, um subproduto da combustão de combustíveis fósseis em veículos e usinas de energia, caíram 36% na semana seguinte às férias do Ano Novo Lunar, em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com outro estudo do CREA que usou dados de satélite.
OUTRAS NOTICIAS SOBRE O CORONAVÍRUS
Um estudo recentemente publicado do Chinese Center for Disease Control and Prevention (Centro Chinês para Controle e Prevenção de Doenças em tradução livre, com a sigla oficial sendo CCDC) está oferecendo uma visão do novo surto de coronavírus em andamento.
O artigo examina mais de 44 mil pacientes confirmados, encontrando mais de 80% dos casos com gravidade leve.
Como os casos do recém nomeado Covid-19 ultrapassam 70 mil, o Diretor Geral da Organização Mundial da Saúde diz que esses novos dados podem colaborar para o entendimento geral sobre o vírus.
“Esses dados nos permitem entender melhor a faixa etária das pessoas afetadas, a gravidade da doença e a taxa de mortalidade”, diz o diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Dessa forma, são muito importantes para permitir que a OMS forneça conselhos aos países, baseados nas evidências", aponta.
O relatório sinaliza uma taxa de mortalidade de 2,3%, e maioria das mortes tendo ocorrido em pacientes com mais de 50 anos de idade.
Embora quase 20 mil dos casos confirmados tenham ocorrido em pacientes com 49 anos ou menos, apenas 64 desses pacientes morreram.
Não foram observadas mortes em crianças até os nove anos de idade, apesar de 416 casos confirmados, enquanto a taxa de mortalidade em pacientes acima de 80 anos é de 14,8%.
Um dos mistérios predominantes em torno deste surto é o motivo pelo qual as taxas de infecção têm sido tão baixas em crianças.
Os especialistas ainda não têm certeza das razões por trás disso e, embora possa haver uma razão fisiológica pela qual as crianças tenham menos probabilidade de contrair o vírus, também é igualmente provável que essas baixas taxas de infecção sejam devido a medidas eficazes de quarentena.
Em termos de gravidade da doença, mais de 80% dos casos confirmados foram classificados como leves. Isso significa que a grande maioria das pessoas que contraem o vírus está sofrendo apenas sintomas leves e não progredindo para condições semelhantes à pneumonia.
Partícula de β-coronavírus e seu genoma (A) A partícula de β-coronavírus. O β-coronavírus é um genoma do vírus de RNA de fita simples de sentido positivo, não segmentado e com envelope, em um tamanho que varia de 29,9 kb. O virion possui um nucleocapsídio composto de RNA genômico e proteína nucleocapsídio fosforilado (N), que é enterrada dentro de bicamadas fosfolipídicas e coberta pelas glicoproteína "spike" trímeras (S). A proteína de membrana (M) hemaglutinina esterase (HE) e a proteína do envelope (E) estão localizadas entre as proteínas S no envelope do vírus. (B) sequências terminais 5' e 3' do genoma SARS-CoV-2. A ordem dos gene da é 5' replicase ORF1ab-S-envelope (E) -membrana (M) -N-3'. ORF3ab, ORF6, ORF7ab, ORF8, ORF9ab e ORF10 estão localizados nas posições previstas.
β-coronavirus particle and genome [9] (A) The β-coronavirus particle. β-coronavirus is an enveloped, nonsegmented, positive-sense single-stranded RNA virus genome in a size ranging from 29.9 kb. The virion has a nucleocapsid composed of genomic RNA and phosphorylated nucleocapsid (N) protein, which is buried inside phospholipid bilayers and covered by the spike glycoprotein trimmer (S). The membrane (M) protein hemagglutinin esterase (HE) and the envelope (E) protein are located among the S proteins in the virus envelope. (B) 5 ′ and 3 ′ terminal sequences of the SARS-CoV-2 genome. The order gene is 5′-replicase ORF1ab-S-envelope (E) -membrane (M) -N-3′. ORF3ab, ORF6, ORF7ab, ORF8, ORF9ab, and ORF10 are located at the predicted positions shown in the picture.
Os coronavírus tem uma grande diversidade de hospedeiros entre aves e mamíferos. Esses vírus estão associados com doenças respiratórias, entéricas, hepáticas e neurológicas. É um vírus envelopado
Genoma: possui o maior genoma entre os vírus de RNA (~27 a 32 mil bases) de fita simples de sentido positivo (ssRNA).
Esse vírus usa uma enzima de replicase de DNA (ou uma polimerase de RNA dependente de RNA) em sua replicação (não apresentando uma transcriptase reversa).
Foi identificado pela primeira vez na década de 60, infectando humanos (cepa HCoV-229E), e sabe-se que pode infectar um grande número de animais, principalmente mamíferos e aves (mas não são limitados a esses, há registro de que repteis também são infectados).
Ordem: Nidovirales
Família: Coronaviridae
subfamília: Orthocoronavirinae
Gêneros:
Alphacoronavirus, Betacoronavirus: predomina em mamíferos
Gammacoronavirus, Deltacoronavirus: predominante em aves.
SISTEMÁTICA, CARACTERÍSTICAS
E REPLICAÇÃO VIRAL
SARS-CoV-2
Ordem: Nidovirales
Família: Coronaviridae
subfamília: Orthocoronavirinae
O Sars-CoV-2, como foi chamado oficialmente esse novo vírus faz parte da família Coronavíride, conhecida pelo menos desde meados dos anos 1960 e que circula em animais mamíferos, especialmente em morcegos.
SARS-CoV-2 (também conhecido como 2019-nCoV) consiste em um genoma de RNA de fita simples de sentido positivo, abrangendo mais de 29.000 nucleotídeos de comprimento e 4 tipos diferentes de proteínas estruturais.
O genoma de vírus de RNA de fita positiva, como coronavírus, pode atuar como mRNA e ser diretamente traduzido em proteína dentro de suas células hospedeiras. Os intermediários de RNA de fita negativa também são produzidos por coronavírus que servem como modelos para: síntese de fita positiva de RNA genômico, que é então empacotado pelas proteínas estruturais para montar a prole do vírion; e transcritos de RNA subgenômicos.
Vários Open Reading Frame “quadros de leitura aberta” (ORFs) foram distinguidos dentro da sequência do "corpo" do genoma SARS-CoV-2, correspondendo a elementos estruturais virais (proteínas N, S, E e M) e genes acessórios. A proteína N, ou nucleocapsídeo, encapsula o genoma, enquanto as proteínas S (spike), E (envelope) e M (membrana) constituem o envelope de bicamada lipídica circundante, possivelmente reduzido a canais iônicos.
De particular importância é a proteína S, que permite a infecção viral através do reconhecimento do receptor ACE-2 do hospedeiro e fusão do envelope viral com a membrana celular. O ORF mais 5', ORF 1a/1b (também conhecido como o gene replicase/transcriptase) é relatado em coronavírus para codificar polimerases para a síntese de RNA viral e outras proteínas não estruturais (nsps) (por exemplo, para cauda poli (A)).
Se esses produtos de tradução nsp e suas funções biológicas são ou não conservados nas espécies de coronavírus SARS-CoV-2 ainda não foi totalmente determinado. (A)
Estes vírus têm uma grande capacidade de sofrer mutações, por serem vírus de RNA. Como é sabido, vírus de RNA podem sofrer mutações a uma taxa muito mais elevada do que vírus de DNA, assim, através dessas mutações produzem novas cepas que infectam outras espécies, entre elas, os seres humanos.
O coronavírus (Sars-CoV-2) SARS é um vírus de RNA de cadeia simples, positivo, i.e., serve diretamente para a síntese proteica ao penetrar numa célula. Do ponto de vista da taxonomia esses vírus pertencem ordem a ordem Nidovirales, família Coronaviridae, subfamília Orthocoronavirinae.
O genoma dos coronaviridae apresenta cerca de 29,7kb, sendo assim, um dos maiores entre os vírus de RNA.
Isso significa dizer que o Sars-CoV-2, compartilha com outros 29 tipos de vírus algumas características como:
RNA de fita simples positiva, (+) ssRNA,
São os mais abundantes do planeta, com um genoma linear que varia entre 2,3 e 32 kb (pares de bases),
O genoma viral poder ser constituído por um único segmento ou por até 5 moléculas de RNA.
São também vírus com capsídeos de simetria icosaédrica ou helicoidal.
Os vírions deste grupo podem ser envelopados ou não (vírus nus).
No envelope apresentam peplômeros ou espículas (que em imagens de microscopia eletrônica assemelham-se a coroa solar).
As extremidades 5' e 3' do seu genoma possuem um cap 5' e uma cauda poli A, respectivamente.
Seu envelope (adquirido ao brotar da membrana do retículo endoplasmático e do complexo de Golgi), invariavelmente apresenta glicoproteínas específicas do vírus, chamadas de S e M.
A glicoproteína S constitui as grandes projeções superficiais do envelope (que forma a coroa nas fotos),
A glicoproteína transmembranar M é uma proteína que atravessa três vezes a membrana do envelope;
Além da fosfoproteína N do nucleocapsídio;
Alguns vírus tem peplômeros HE com atividade de hemaglutinina mais acetilesterase.
Esta família de vírus é conhecidos desde meados dos anos 1960.
Todo o ciclo de replicação ocorre no citoplasma e é relativamente lento. Após a adsorção, a penetração e o desnudamento, a molécula de RNA do vírion que entra é traduzida diretamente, um dos produtos sendo uma polimerase de RNA que, em seguida, transcreve um RNA completo de sentido negativo, do qual é transcrito um "conjunto aninhado" 3'-coterminal de mRNAs subgenômicos.
O conjunto aninhado compreende cinco a sete espécies sobrepostas de mRNAs que se estendem por diferentes comprimentos a partir de um terminal 3' comum. O RNA genômico e todos os mRNAs têm uma sequência líder de 5' idêntica de cerca de 72 nucleotídeos.
Consequentemente,
o conjunto aninhado de mRNAs é formado pelo mecanismo incomum de unir dois RNAs
não contíguos.
A união da sequência líder 5' com a parte restante de cada mRNA ocorre durante a transcrição.
Provavelmente, várias cópias do RNA líder 5 'são sintetizadas independentemente, após o que se ligam a locais de iniciação intragênicos complementares no RNA da cadeia (-) onde estão ligados para formar cada membro do conjunto aninhado.
Somente a sequência exclusiva na extremidade 5', que não é compartilhada com o próximo menor RNAm do conjunto aninhado, é traduzida, cada produto sendo, portanto, uma proteína única.
A tradução das proteínas estruturais M, S e N está associada à maturação dos vírions por brotamento em vesículas formadas a partir do retículo endoplasmático rugoso e do aparelho de Golgi.
A proteína S, que é glicosilada co-translacionalmente, e a proteína M, que é glicosilada no aparelho de Golgi, são inseridas na membrana da vesícula e servem como locais de associação com o nucleocapsídio.
Os vírions são liberados por exocitose quando as vesículas cheias de vírion se fundem com a membrana plasmática.
Transcrição e tradução do Coronavírus
Modified from K. V. Holmes, In "Fields Virology" (B. N. Fields et al., eds.), 2nd Ed., p. 847. Raven, New York, 1990.1
Após a liberação do RNA genômico da fita (+) no citoplasma, é sintetizada uma RNA polimerase dependente de RNA, que transcreve um RNA de fita (-) completo, a partir do qual são sintetizados (a) novo RNA genômico, (b) uma série sobreposta de mRNAs subgenômicos e (c) RNA líder.
O RNA genômico e os mRNAs são limitados e poliadenilados (linha em ziguezague) e formam um "conjunto aninhado" com extremidades 3 'comuns e uma sequência líder comum na extremidade 5'.
Apenas a sequência única dos mRNAs na extremidade 5' é traduzida, para produzir várias proteínas não estruturais (NS) e quatro proteínas estruturais: M (EI), glicoproteína transmembranar; S (E2), glicoproteína peplomérica; N, nucleoproteína; e em alguns coronavírus HE (E3), glicoproteína hemaglutinina-esterase.
A maturação e a montagem ocorrem no retículo endoplasmático rugoso e no Golgi, e os vírions são liberados por exocitose.
VÍRUS: A CLASSIFICAÇÃO DE DAVID BALTIMORE
Apesar de não serem seres vivos, os vírus também são classificados de acordo com características e modos de interação com os seres vivos.
Algumas dessas características que permitem classificar os vírus são:
Genoma, podem ser do tipo RNA ou DNA.
E na Classificação de David Baltimore (Prêmio Nobel de 1975) existem 3 grupos principais (vírus RNA, vírus DNA e vírus de Transcrição Reversa) dependendo de seu genoma e de seu modo de replicação do DNA.
Sua estrutura também apresenta diferenças.
Quanto aos seus hospedeiros: eles podem se hospedar em bactérias, plantas ou animais. Podem causar infecções em diferentes tipos celulares.
Deste modo, os Coronavírus são um grupo de vírus com algumas semelhanças que foram agrupados na Família Coronaviridae. Todos são do tipo RNA, e podem se hospedar em diferentes animais e causar infecções no sistema respiratório.
Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia ao microscópio eletrônico. O nome corona (coroa ) vem das imagens da microscopia eletrônica uma vez que eles possuem uma coroa (como a coroa do Sol) ao redor da partícula viral.
Até maio de 2020, havia sete Coronavírus Humanos (HCoV) conhecidos de casos graves, entre eles o SARS-COV (que causa síndrome respiratória aguda grave), o MERS-COV (síndrome respiratória do Oriente Médio) e o SARS-CoV-2 (vírus que causa a doença COVID-19) (cienciaviva).
David Baltimore
A classificação de Baltimore para os vírus foi proposta em 1971 pelo virologista David Baltimore em um artigo intitulado Expression of Animal Virus Genomes.
Inicialmente, continha os primeiros seis grupos, mas foi posteriormente expandida para incluir o grupo VII. Devido à utilidade da classificação de Baltimore, ela passou a ser usada junto com a taxonomia padrão para os vírus, que é baseada em relações evolutivas e governada pelo Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV).
De 1990 a 2010, a taxonomia de vírus usou um sistema de 5 classificações que varia de ordem a espécie com a classificação de Baltimore usada em conjunto. Fora da estrutura oficial do ICTV, vários supergrupos de vírus unindo famílias e ordens diferentes foram criados ao longo do tempo com base em evidências crescentes de relações evolutivas mais profundas entre eles. Consequentemente, em 2016, o ICTV começou a considerar o estabelecimento de classificações acima da ordem, bem como a forma como os grupos de Baltimore seriam tratados entre os táxons mais elevados.
A Classificação de Baltimore é um sistema de classificação viral baseada na síntese viral de RNA mensageiro (mRNA) (Baltimore, 1971). O sistema agrupa os vírus em sete classes dependendo do seu genoma (DNA, RNA, cadeia dupla, cadeia simples), de sua replicação de DNA e se o sentido de um genoma de RNA de fita simples é positivo ou negativo.
A classificação de Baltimore também tem íntima correspondência com a maneira de replicação o genoma viral, portanto, a classificação de Baltimore é útil para agrupar vírus em critérios de transcrição e replicação.
Certos assuntos relativos a vírus estão associados a vários grupos específicos de Baltimore, como formas específicas de tradução de mRNA e a variedade de hospedeiros de diferentes tipos de vírus. Características estruturais, como a forma do capsídeo viral, que armazena o genoma viral, e a história evolutiva dos vírus não estão necessariamente relacionadas aos grupos de Baltimore.
A classificação de Baltimore tornou-se comum entre os virologistas e atualmente é usada em conjunto com a taxonomia de vírus padrão, que é baseada na história evolutiva. Em 2018 e 2019, a classificação de Baltimore foi parcialmente integrada à taxonomia do vírus com base na evidência de que certos grupos descendiam de ancestrais comuns. Vários reinos e filos agora correspondem a grupos específicos de Baltimore.
Resumindo a classificação de Baltimore é um sistema de classificação que coloca os vírus em um dos sete grupos, dependendo de uma combinação de seu ácido nucleico (DNA ou RNA), fita (fita simples ou fita dupla), sentido e método de replicação. Nomeados em homenagem a David Baltimore, um biólogo ganhador do Prêmio Nobel, esses grupos são designados por algarismos romanos e discriminam vírus dependendo de seu modo de replicação e tipo de genoma. Outras classificações são determinadas pela doença causada pelo vírus ou sua morfologia, nenhuma das quais é satisfatória devido a vírus diferentes causar a mesma doença ou serem muito semelhantes. Além disso, as estruturas virais são frequentemente difíceis de determinar ao microscópio (bio).
Categorias da classificação de Baltimore (1971)
Life cycle of some viruses classified by Baltimore group: HSV (group I), HCV (group IV), IAV (group V), and HIV-1 (group VI).
Classificar os vírus de acordo com seu genoma significa que aqueles em uma determinada categoria se comportarão de maneira semelhante, oferecendo alguma indicação de como prosseguir com pesquisas futuras. Os vírus podem ser colocados em um dos sete grupos a seguir:
O novo corona vírus SARS-CoV-2, possui um genoma de fita simples de RNA
O SARS-CoV-2 causa uma doença infecciosa grave chamada COVID-19 (do inglês Coronavirus Disease 2019) que provoca uma Síndrome Respiratória Aguda Grave.
A nova enfermidade foi Identificada pela primeira vez em Wuhan, na China, em dezembro de 2019, em um grupo de pacientes que apresentavam uma forma não identificada de pneumonia viral 1. (Binsfeld e Colonello, 2020)
O vírus foi posteriormente identificado em pacientes que apresentavam pneumonia viral, dos quais foi coletado líquido broncoalveolar.
O isolado das amostras biológicas revelou que era um novo vírus que pertencia ao Gênero Betacoronavírus, colocando-o ao lado de outras síndromes respiratórias graves como, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS).
Estudos recentes em diversos países relatam que o quadro clínico em humanos infectados com o SARS-CoV-2 varia de leve (sem ou poucos sintomas) à grave, incluindo a morte. A letalidade média global gira em torno de 3,5% (variando entre 0,9 a 9%), dos casos identificados.
Os indicadores acima mostram a necessidade que estes profissionais necessitam adotar medidas eficazes de contenção e proteção pessoal, pois além da exposição pessoal, podem ser veículos de disseminação acidental do SARS-CoV-2 para ambientes profissionais, familiares e para a comunidade (Binsfeld e Colonello, 2020).
DESCRIÇÃO DO VÍRUS
O Coronavírus SARS-CoV-2 é um vírus de RNA de cadeia simples, com cerca de 29.903 nucleotídeos, ~ 29,9 kB, na qual se reconhece 13 genes que codificam para 14 proteínas conhecidas.
Apresenta uma longa ORF1ab (ORF: Open Reading Frame) na posição 5’ que codifica proteínas ORF não estruturais, seguido de quatro genes para proteínas estruturais: proteína de superfície (S), proteína do envelope (E), proteína da membrana (M) e proteína do nucleocapsídeo (N).
Adicionalmente, apresenta 6 genes acessórios que codificam as proteínas ORF3a, ORF6, ORF7a, ORF7b e ORF8 (figura 2) (Khailany et al. 2020; Phan, 2020).
A partícula viral (vírion) é esférica pleomórfica (πλέω, pleiōn: várias, μορφή, morphē formas, várias formas) com projeções bulbosas na superfície formando uma coroa em torno das partículas, com tamanho entre 70 e 140 nanômetros. (Binsfeld e Colonello, 2020)
Pertence à família Coronaviridae que é formada por cinco gêneros, segundo o Comitê Internacional de Taxonomia Viral, sendo dois deles de relevância para a saúde humana, os quais encontram-se na lista oficial da Classificação de risco dos agentes biológicos do Ministério da Saúde. (Binsfeld e Colonello, 2020)
Os gêneros Alphacoronavirus, contém o Coronavirus Humano 229 e o gênero Betacoronavirus, no qual encontra-se o vírus OC43, que foram classificados como sendo da classe de risco 2, com exceção de MERS-CoV e SARS-CoV relacionados à Síndromes Respiratórias Agudas Graves que foram incluídos na classe de risco 3.
Todavia, o SARS-CoV-2, ainda não consta na lista oficial da Classificação de risco dos agentes biológicos do MS (Binsfeld e Colonello, 2020).
Estudos recentes indicam que a patogenicidade e a virulência do SARS-CoV-2, está associada a alta afinidade com os receptores de enzima conversora da angiotensina 2 (ACE2), uma aminopeptidase ligada à membrana que é altamente expressa no coração e nos pulmões, mas encontrada na superfície de vários tipos de células humanas, sendo que esta ligação, eficiente e estável, parece também facilitar a dispersão viral de pessoa-para-pessoa.
A ACE2 é uma proteína transmembrana expressa na superfície de diversas células do corpo, como o epitélio do sistema respiratório. Certamente, vários estudos já demonstraram a relação entre a proteína ACE2 com os mecanismos de entrada de alguns coronavírus, como o HCoV-NL63, o SARS-CoV e o novo SARS-CoV-2 (causador da COVID-19). (Damasio, 2020).
Qual a função do gene ACE2 em nosso organismo?
A princípio, o gene é responsável pela expressão da proteína de mesmo nome, ACE2 (da sigla em inglês: Angiotensin-Converting Enzyme 2). Essa proteína está expressa na superfície das células, ela nada mais é, do que um homólogo da já conhecida ACE (em português: ECA), responsável pela regulação da pressão arterial dentro do Sistema Renina-Angiotensina.(Damasio, 2020)
A proteína variante ACE2, descoberta no ano 2000, é muito semelhante em estrutura (cerca de 42%) mas faz o papel inverso da ACE.
Enquanto a ACE faz vasoconstrição e consequentemente o aumento da pressão arterial, a ACE2 promove a vasodilatação e diminui a pressão arterial. Dessa forma é feita a regulação do Sistema Renina-Angiotensina.
Apesar de a ACE2 ser a porta de entrada do vírus nas células, foi mostrado em alguns artigos que a ação da ACE2 tem efeito protetor contra danos pulmonares causados por infecções virais. Consequentemente, os estudos mostraram que a diminuição nos níveis dessa proteína pode causar ainda mais danos aos pulmões de quem está infectado. (Damasio, 2020)
Qualquer diminuição na expressão de ACE2 pode levar ao aumento da permeabilidade vascular, do edema pulmonar e do acúmulo de neutrófilos, além da piora na função pulmonar. (Damasio, 2020)
INFECÇÃO
A infecção ocorre primariamente no trato respiratório superior por meio do contato direto com secreções respiratórias infecciosas, formadas por aerossóis, gotículas produzidas por pessoa infectada ou pelo contato com amostras, objetos ou superfícies contaminadas. (Binsfeld e Colonello, 2020).
Além da patogenicidade e virulência, outros fatores importantes são a persistência e a viabilidade do SARS-CoV-2 no ambiente. Van Doremalen e colaboradores (2020) observaram que a meia vida do vírus foi de 7 h, porém, observaram persistência e viabilidade em objetos ou superfícies inanimadas variando de 5 h até 7 dias, considerando a umidade relativa e a temperatura similares aos ambientes domiciliares, laboratoriais e hospitalares. O SARS-CoV-2 foi mais estável em plástico e aço inoxidável do que em cobre e papelão. (Binsfeld e Colonello, 2020)
Os vírus CoVs, causam principalmente infecções enzoóticas, doenças de animais de criação constantes em uma determinada área ou região, em aves e mamíferos, mas, nas últimas décadas, demonstraram ser capazes de infectar também humanos.
O surto da síndrome respiratória aguda grave (SARS) em 2003 e, mais recentemente, a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) em 2012 a 2015,nesta epidemia local, no oriente médio, a taxa de mortalidade foi de 35%.
Em 16 de abril de 2014, casos de Mers-CoV foram relatados em vários países, como Arábia Saudita, Malásia, Jordânia, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Tunísia e Filipinas. O número de casos da doença chegou a 238, com 92 mortes.
Estes dois surtos evidenciaram a letalidade dos CoVs quando atravessam a barreira das espécies e infectam seres humanos.
Um interesse renovado na pesquisa coronaviral levou à descoberta de vários novos CoVs humanos e, desde então, muito progresso foi feito na compreensão do ciclo de vida do CoV.
Proteínas do Corona vírus
Proteína E
A proteína do envelope do vírus CoV chamada proteínaE é uma pequena proteínaintegral de membrana(do envelope viral) envolvida em vários aspectos do ciclo de vida do vírus, como: montagem, brotamento, formação de envelope e patogênese.
Coronavírus em tecidos humanos
Imagem microscópica eletrônica de transmissão do primeiro caso americano de COVID-19, anteriormente conhecido como 2019-nCoV. As partículas virais extracelulares esféricas contêm seções transversais através do genoma viral, vistas como pontos pretos. Imagem livre CDC, (c) CS Goldsmith e A. Tamin.
As proteínas estruturais codificadas pelo genoma de CoV-2 facilitam a entrada e a montagem dos vírus na célula hospedeira e a proteína de superfície spike S (1.273 aminoácidos) parece ser essencial para a entrada na célula.
A proteína spike guia a entrada do vírus na célula através do receptor ACE2 do hospedeiro. A importância do gene spike para a interação vírus-célula o fez ser considerado o gene do mês de maio/2020 (Pillay, 2020). ACE2 é o receptor humano para a SARS-CoV-2, sugerindo que a proteína S representa papel importante na infectividade e que poderá ser alvo de estudos para o desenvolvimento de insumos à prevenção e tratamento da COVID-19 (Pillay, 2020).
Estudos recentes expandiram seus motivos estruturais e topologia, suas funções como a viroporina de canalização de íons, e suas interações com outras proteínas virais (CoV) e proteínas de células hospedeiras.
(As viroporinas são proteínas virais multifuncionais pequenas e geralmente hidrofóbicas que modificam as membranas celulares, facilitando a liberação do vírus pelas células infectadas.As viroporinas são capazes de se agrupar em canais de íons oligoméricos ou poros na membrana da célula hospedeira, tornando-a mais permeável e, assim, facilitando a saída de vírions da célula. Muitas viroporinas também têm efeitos adicionais no metabolismo celular e na homeostase mediados por interações proteína-proteína com proteínas da célula hospedeira. As viroporinas não são necessariamente essenciais para a replicação viral, mas aumentam as taxas de crescimento. Eles são encontrados em uma variedade de genomas virais, mas são particularmente comuns em vírus de RNA. Muitos vírus que causam doenças humanas expressam viroporinas, como vírus da hepatite C, HIV-1, vírus influenza A, Poliovírus, vírus sincicial respiratório e SARS-CoV.
O vírus SARS possui 13 genes conhecidos e 14 proteínas conhecidas.
Existem 265 nucleotídeos no 5'UTR e 342 nucleotídeos no 3'UTR.
A SARS é semelhante a outros coronavírus já descritos, pois sua expressão do genoma começa com a tradução de duas ORFs grandes, 1a e 1b, ambas poliproteínas. (Uma ORF ou sequência de leitura aberta; em Genética e Biologia molecular, chama-se fase de leitura aberta (Open reading frame) a cada uma das sequências de DNA compreendidas entre um códon de início (AUG) da tradução e um códon de terminação, descontando as sequências que correspondem aos introns no caso de os haver. Encontram-se delimitados pelos UTRs ou sequências não traduzidas.
Já as UTRs, são: untranslated region, ou regiões não traduzidas, são regiões não codantes de uma molécula de mRNA, as quais, como o próprio nome sugere, são regiões não traduzidas (não codificam proteínas). O 5' UTR inicia-se no cap5' e se estende até o códon de iniciação (que indica o início da síntese proteica). A região 3' UTR se estende do códon de terminação (sinal para o fim da síntese proteica) até a cauda poli-A).
O receptor humano primário do vírus é a enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), identificada pela primeira vez em 2000.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas e pessoas idosas os indivíduos com maior probabilidade de desenvolverem a doença. O coronavírus são uma causa comum de infecções respiratórias brandas a moderadas de curta duração normalmente no período de abril a novembro (no sul do Brasil), durante todo ano no resto do pais. Crianças são as mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.(2)
Entre os coronavírus encontra-se também o vírus causador de uma forma de pneumonia atípica a Síndrome Respiratória Aguda Grave, conhecida como SARS (Severe Acute Respiratory Syndrome). Em 16 de abril de 2003, após o surto de SARS na Ásia e em casos secundários em outras partes do mundo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou um comunicado afirmando que o coronavírus identificado por vários laboratórios era a causa oficial da SARS. Amostras do vírus foram então mantidas em laboratórios nas cidades de Nova York, São Francisco, Manila, Hong Kong e Toronto.
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Coronavírus mais comuns
que infectam humanos
Alpha coronavírus 229E
Alpha coronavírus NL63 Gama coronavírus JF89452
Beta coronavírus OC43
Beta coronavírus HKU1
Delta coronavírus HKU196918
Phylogenetic tree constructed on the basis of the whole-genome sequences of virus strains from 4 coronavirus genera (Alphacoronavirus, Betacoronavirus, Gammacoronavirus, and Deltacoronavirus), including the porcine coronavirus HKU15 OH1987 strain (indicated with triangle)The dendrogram was constructed by using the neighbor-joining method in the MEGA software package, version 6.05 (http://www.megasoftware.net/)Bootstrap resampling (1,000 replications) was performed, and bootstrap values are indicated for each nodeReference sequences obtained from GenBank are indicated by strain name and accession numberScale bar represents 0.1 nt substitutions per sitePEDV, virus and porcine epidemic diarrhea virus; PRCV, porcine respiratory coronavirus; TGEV, transmissible gastroenteritis virus; SARS, severe acute respiratory syndrome PHEV, porcine hemagglutinating encephalomyelitis virus.
Wang L, Byrum B, Zhang Y. Detection and Genetic Characterization of Deltacoronavirus in Pigs, Ohio, USA, 2014. Emerg Infect Dis. 2014;20(7):1227-1230. https://dx.doi.org/10.3201/eid2007.140296.
Alguns coronavírus podem causar síndromes respiratórias graves, como a síndrome respiratória aguda grave que ficou conhecida pela sigla SARS da síndrome em inglês “Severe Acute Respiratory Syndrome”.
A SARS é causada pelo coronavírus associado à SARS (SARS-CoV), sendo os primeiros relatos na China em 2002. O SARS-CoV se disseminou rapidamente para mais de doze países, na América do Norte, América do Sul, Europa e Asia, infectando mais de 8.000 pessoas e causando entorno de 800 mortes, antes da epidemia global de SARS ser controlada em 2003.
Desde então (2004 até hoje), nenhum caso de SARS tem sido relatado mundialmente.
Em 2012, foi isolado outro novo coronavírus, distinto daquele que causou a SARS no começo da década passada. Esse novo coronavírus era desconhecido como agente de doença humana até sua identificação, inicialmente na Arábia Saudita e, posteriormente, em outros países do Oriente Médio, na Europa e na África.
Todos os casos identificados fora da Península Arábica tinham histórico de viagem ou contato recente com viajantes procedentes de países do Oriente Médio: Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes e Jordânia.
Pela localização dos casos, a doença passou a ser designada como síndrome respiratória do Oriente Médio, cuja sigla é MERS, do inglês “Middle East Respiratory Syndrome” e o novo vírus nomeado coronavírus associado à MERS (MERS-CoV).
Conclusão
Até a descoberta do SARS-CoV em 2002 não era conhecido a relação entre coronavírus e morcegos.
Após a epidemia de SARS novos coronavírus humanos foram descobertos, sendo dois endêmicos e não zoonóticos e dois zoonóticos emergentes (MERS- CoV e New CoV 2019).
Atualmente 7 CoV são capazes de infectar humanos.
Estudos de vigilância de CoV em morcegos foram realizados em diferentes morcegos do mundo e atualmente estes são reconhecidos como hospedeiros reservatórios de CoV e certamente comportaram CoV ancestrais de diferentes mamíferos.
Morcegos apresentam a maior diversidade genética de coronavírus quando comparado a todos os outros mamíferos e são, provavelmente, os reservatórios naturais e ancestrais de todos coronavírus de mamíferos.
Alguns coronavírus de morcegos evoluem e infectam novas espécies.
Uma grande diversidade de CoV similares ao SARS-CoV circulam em morcegos da China e Europa e mutações em seu gene Spike permite a infecção de novos hospedeiros
Alguns Coronavírus de morcegos similares ao SARS-CoV utilizam o mesmo receptor deste (ex: New CoV 2019), o que pode permitir uma transmissão direta destes vírus para humanos e outros animais.
Morcegos são os prováveis reservatórios do CoV-MERS e do novo Coronavírus 2019 (batizado como SARS-CoV-2).
Uma grande diversidade de CoV com potencial zoonótico desconhecido já foram detectados em morcegos de diferentes espécies por todo o globo, incluindo no Brasil e um número maior aguarda ser descoberto.
A transmissão de coronavírus animais para humanos vai continuar ocorrendo. Estudos de vigilância e entendimento de eventos de “spillover”, assim como estratégias de diagnóstico rápido e avaliação da ocorrência destes eventos devem ser estimulados, inclusive em território nacional.
Schematic diagram showing the replication cycle of coronavirus and the stages in which ER stress may be induced during coronavirus infection. Infection starts with receptor binding and entry by membrane fusion. After uncoating, the genomic RNA is used as a template to synthesize progeny genomes and a nested set of subgenomic RNAs. The replication transcription centers are closely associated with DMVs, which are proposed to be adopted from the modified ER, possibly by the combined activities of non-structural proteins nsp3, nsp4, and nsp6. The S, E, and M proteins are synthesized and anchored on the ER, whereas the N protein is translated in the cytosol. Assembly takes place in the ERGIC and mature virions are released via smooth-walled vesicles by exocytosis. The three stages that presumably induce ER stress are highlighted with numbered star signs, namely: (1) formation of DMVs, (2) massive production and modification of structural proteins, and (3) depletion of ER membrane during budding.
Segundo o Boletim Epidemiológico 03 da Secretaria da Vigilância em Saúde (Ministério da Saúde), os coronavírus causam infecções respiratórias e intestinais em humanos e animais, sendo que a maioria das infecções por coronavírus em humanos são causadas por espécies de baixa patogenicidade, levando ao desenvolvimento de sintomas do resfriado comum, no entanto, podem eventualmente levar a infecções graves em grupos de risco, indivíduos com sistema imune comprometidos, hipertensos, diabéticos, idosos e crianças. Previamente a 2019, duas espécies de coronavírus altamente patogênicos e provenientes de animais (SARS e MERS) foram responsáveis por surtos de síndromes respiratórias agudas graves.
Essas infecções respiratórias brandas a moderadas são de curta duração e tem por sintomas: coriza, tosse, dor de garganta e febre. Esses vírus algumas vezes podem causar infecção das vias respiratórias inferiores, como pneumonia.
Esse quadro é mais comum em pessoas com doenças cardiopulmonares, com sistema imunológico comprometido, hipertensão, diabetes, crianças ou em idosos.
O MERS-CoV, assim como o SARS-CoV, causam graves infecções no sistema respiratório.
O primeiro registro do chamado novo coronavírus foi relatado em setembro de 2012, após o sequenciamento do genoma de um vírus isolado de amostras de escarro de pacientes que ficaram doentes em um surto de uma nova gripe no ano de 2012.
Em 16 de abril de 2014, casos de MERS-CoV foram relatados em vários países, como Arábia Saudita, Malásia, Jordânia, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Tunísia e Filipinas. O número de casos da doença chegou a 238, com 92 mortes (um índice de mortalidade de 38,9%).
A Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) é uma doença causada por um vírus (mais especificamente, um subtipo de coronavírus). A MERS-CoV afeta o sistema respiratório (pulmões e brônquios e alvéolos). A maioria dos pacientes com MERS-CoV desenvolveu a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com sintomas de febre, tosse seca e falta de ar.
Através de investigações retrospectivas, as autoridades de saúde identificaram mais tarde que os primeiros casos conhecidos de MERS ocorreram na Jordânia em Abril de 2012. Até agora, todos os casos relatados têm sido associados a países dentro e perto da Península Arábica. O maior surto conhecido de MERS fora da Península Arábica ocorreu na República da Coréia em 2015. O surto foi associado a um viajante que retornara da Península Arábica.
MERS-CoV se espalhou a partir de pessoas doentes para os outros através de contato direto, como cuidar ou residir com uma pessoa infectada.
Desde setembro de 2012, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi notificada de 1.733 casos confirmados em laboratório, 628 mortes relacionadas (índice de mortalidade de 36%), e 27 países têm relatado casos da infecção com MERS-CoV.
Aprendendo a diferenciar
COVID-19, GRIPE E RESFRIADO
https://youtu.be/X_HC8aCrHdA
Principais sintomas da COVID-19, comparando com gripe e resfriado.
OUTROS SINTOMAS
Sintomas comparativos entre resfriado, gripe e COVID-19
Tabela comparativa entre três doenças do sistema respiratório
A COVID-19 afeta diferentes pessoas de diferentes maneiras. A maioria das pessoas infectadas apresentará sintomas leves a moderados da doença e não precisarão ser hospitalizadas. Veja a seguir sintomas comuns e sintomas menos comuns e sintomas graves da COVID-19.
Sintomas mais comuns: febre tosse seca cansaço
Sintomas menos comuns: dores e desconfortos dor de garganta diarreia conjuntivite dor de cabeça perda de paladar ou olfato erupção cutânea na pele ou descoloração dos dedos das mãos ou dos pés
Sintomas graves: dificuldade de respirar ou falta de ar dor ou pressão no peito perda de fala ou movimento
Procure atendimento médico imediato se tiver sintomas graves. Sempre ligue antes de ir ao médico ou posto de saúde, clínicas ou hospitais. Pessoas saudáveis que apresentarem os sintomas leves devem acompanhar seus sintomas em casa. Em média, os sintomas aparecem após 5 ou 6 dias depois de ser infectado com o vírus. Porém, isso pode levar até 14 dias.
Gripe: Os sintomas mais comuns da gripe (causada pelo Influenza vírus A, B, C) são febre, calafrios, coriza, dores de garganta, dores musculares, dores de cabeça, tosse, fadiga e sensação geral de desconforto. Em crianças pode ainda provocar diarreia e dores abdominais. Resfriado: Os sintomas típicos de um resfriado comum aparecem após dois a três dias de incubação, por vezes menos, e começam habitualmente por desconforto ou dor na faringe, espirros e posteriormente congestão nasal, coriza, tosse, calafrios e garganta inflamada, sendo por vezes acompanhada de dores musculares, fadiga, dores de cabeça e perda de apetite. A inflamação da garganta verifica-se em cerca de 40% dos casos e a tosse e dores musculares em cerca de 50%. Em adultos, raramente se observa febre, sendo, no entanto, um sintoma comum entre as crianças. A tosse é normalmente de fraca intensidade quando comparada com a da gripe. Embora a ocorrência de tosse e febre em adultos seja um indicador da probabilidade de se tratar de uma gripe, é notável o grande nível de semelhança entre ambas as doenças na medida em que o início da síndrome gripal é em tudo sobreponível ao resfriado e só a evolução e a gravidade da doença os distinguem.
CORONAVÍRUS O novo coronavírus (Sars-CoV-2, que provoca a COVID-19) tem sintomas correlatos a outras patogenias virais que ocorrem no sistema respiratório, como resfriado e gripe, todavia não é uma gripe, já que não são produzidas por vírus Influenza A, embora apresentem sintomatologia semelhante. Apenas apresentam uma síndrome-gripal do covid-19.
Devido essa semelhança entre os sintomas dessas três patologias podemos confundir uma manifestação do corona vírus com uma gripe ou com um resfriado comum. A gripe produzida pelo Influenza A Entretanto a gripe tem uma uma taxa de mortalidade de 1,4 % enquanto o novo corona vírus tem uma taxa de mortalidade igual a 3,4 %, quando produzir quadros de pneumonia. Já essa taxa de mortalidade sobe muito (para 15%) quando se trata de pessoas idosas acima de 80 anos.
Assim, muitas vezes podemos nos confundir em relação à condição patológica, o que pode gerar um grave problema. Isso pode acarretar um erro de classificação do tipo: descartar a doença quando de fato é a própria doença COVID-19.
O Ministério da Saúde elaborou materiais que esclarecem os sintomas de cada uma das três doenças: COVID-19, resfriado e gripe.
Com relação à febre, sua ocorrência é comum em casos de Covid-19 (febre baixa) e de gripe, mas rara em resfriados. Os espirros são raros em COVID-19, comuns em resfriados, mas raros em gripes.
A tosse é frequente em COVID-19, tosse seca, e menos frequente em resfriado e gripe, embora possam aparecer.
A congestão nasal (nariz entupido) aparece frequentemente em resfriados, às vezes em gripes e, raramente, em casos do novo coronavírus.
A dor de cabeça é rara em resfriados, comum em gripes e pode surgir em infecções pelo novo coronavírus.
Quando uma pessoa estiver com sintomas correspondentes à Covid-19, é importante seguir as orientações do Ministério da Saúde e procurar um posto de saúde para obter orientação médica quanto às medidas.
PESQUISADORES BRASILEIROS
(ESPECIALISTAS EM BALBÚRDIA) SEQUENCIAM O GENOMA DO COVID-19
EM TEMPO RECORD
(Fonte: Jornal O Estadão)
Pesquisadores nos Estados Unidos fizeram uma descoberta sobre a estrutura do novo coronavírus que pode ajudar no desenvolvimento de vacinas contra o 2019 nCoVID. As novidades foram publicadas nesta quarta (19/II/2020) na revista científica "Science", uma das mais importantes do mundo.
Os cientistas, da Universidade do Texas em Austin e dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), em Maryland, decifraram a estrutura de uma proteína que o novo coronavírus usa para entrar nas células do corpo, e publicaram uma ilustração dela.
Estrutura da proteína S encontrada no 2019nCoVID
A proteína mostrada pelos cientistas, do tipo S (e que também aparece em outros vírus, como o da SARS), é usada pelo vírus para reconhecer a célula hospedeira e se fundir a ela para poder entrar (Asorção). Por isso, explicam, ela representa um alvo importante para tratamentos.
Proteínas do 2019nCoV
Com a imagem que foi feita em alta resolução usando uma técnica chamada de microscopia crio-eletrônica, pode ficar mais fácil desenvolver medidas para combater o vírus, segundo o estudo.
Os cientistas também acharam evidências estruturais, físicas e biológicas de que o novo coronavírus se liga com mais facilidade a uma proteína humana do que o vírus que causa a síndrome respiratória aguda grave (SARS). Por isso, apesar de semelhanças na estrutura dos dois, o novo coronavírus parece ser transmitido mais facilmente entre as pessoas do que o vírus que causa a SARS.
Como surgiu o atual surto
A origem do atual surto ainda não está totalmente clara, mas acredita-se que a fonte primária do vírus seja em um mercado de frutos do mar e animais vivos em Wuhan, na China. O agente foi identificado neste país após notificações de casos de pneumonia de causa desconhecida no final de dezembro do ano passado.
Sintomas
casos leves
Febre alta (acima de 37,5 indo a 39 ºC);
Tosse seca ou com secreção;
Cansaço geral;
Dificuldade de respirar Diarreia
casos mais graves
Dificuldade respiratória aguda, Falta de ar
Pneumonia bilateral,
Insuficiência renal.
SINTOMAS
Entretanto podem existir casos assintomáticos, onde o paciente não manifesta sintomas mas esta transmitindo o vírus.
Transmissão
De pessoa para pessoa pelo ar através de secreções aéreas da pessoa infectada ou pelo contato pessoal com esses fluidos. Atenção para profissionais de saúde, membros da família ou outras pessoas que tenham permanecido no mesmo local que um paciente doente. Ainda não está clara a facilidade com que o vírus é transmitido.
Período de incubação
Até duas semanas (7 a 14). A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) alerta que o coronavírus pode ser transmitido de animais para humanos e de humanos para humanos. No primeiro caso, já foram registrados casos com gatos selvagens, dromedários, morcegos, aves, porcos, macacos, cães e roedores.
Tratamento
Tratamento sintomático, indica-se repouso e ingestão de líquidos, além de medidas para aliviar os sintomas, como analgésicos e antitérmicos (em caso de febre). Nos casos de maior gravidade como pneumonia e insuficiência respiratória, podem ser necessários suplemento de oxigênio e ventilação mecânica (o que será feito em um hospital).
Vacina
Trata-se de uma doença viral nova, portanto ainda não existe uma vacina.
Veja como reduzir o risco de infecção
1. Evitar contato próximo com pessoas com infecções respiratórias agudas; 2. Lavar frequentemente as mãos antes de se alimentar e, especialmente, após contato direto com pessoas doentes; 3. Usar lenço descartável para higiene nasal; 4. Cobrir (com o braço) nariz e boca ao espirrar ou tossir; 5. Evitar tocar nas mucosas dos olhos, boca e nariz; 6. Higienizar as mãos após tossir ou espirrar; 7. Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas; nem cadernos, lápis, borracha, garrafa d'água; 8. Manter os ambientes bem ventilados; 9. Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
10. Distanciamento social, especialmente para idosos, pois a doença pode levar ao óbito pessoas com mais de 80 anos que apresentem hipertensão, diabetes descontrolada, doenças cardíacas, doenças respiratórias. Ou seja, a COVID-19 pode ser fatal dependendo da comorbidade da pessoa.
Fonte: Sociedade Brasileira de Infectologia e Anvisa
O novo coronavírus, que causa a doença do COVID19, pode ser "morto" por produtos de limpeza como: desinfetantes de fácil acesso, álcool 70%, água sanitária e até com a combinação de água e sabão.
Por isso, é de grande importância e eficácia que se tome como hábito lavar constantemente as mãos e o pulso, com água e sabão, ou com álcool em gel.
O álcool e a água sanitária podem ser utilizados também para a limpeza de superfícies, como mesas, maçanetas, bancos etc.
De acordo com Rosana Richtmann, medica infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, e membro da sociedade Brasileira de Infectologia, não há grandes dificuldades de se matar o vírus, que não é resistente ao ambiente.
"O vírus possui uma cápsula de gordura protetora (envelope), e a limpeza com estes produtos retira a cápsula e mata o vírus", afirma Wladimir Queiroz, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, especialista em doenças infecciosas e parasitárias e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Ainda é incerto como a doença se comportará por aqui. Isso porque temos clima tropical e estamos atualmente no verão, ou seja, condição distinta da verificada nos países do hemisfério norte onde a doença Covid-19 tem se espalhado, como China e Itália. Na Austrália, que também está no verão, 11 das 15 pessoas que tiveram diagnóstico positivo já se curaram, de acordo com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de outros órgãos internacionais de saúde, compilados pela Universidade Johns Hopkins.
Apesar disso, o diretor-executivo do programa de emergências da OMS, Michael Ryan, alertou contra o que chamou de "suposições" quando questionado sobre se o clima do país ajudaria no combate ao novo vírus.
"Acho que precisamos ter cuidado ao fazer suposições sobre a propagação ou não de um vírus devido a condições climáticas ou outras [condições]", alertou Ryan.
Também de acordo com infectologistas e especialistas ouvidos pelo G1, o clima e a temperatura podem não ter um papel tão fundamental assim na disseminação de uma doença.
"Vírus não respeita temperatura. O H1N1 atingiu os Estados Unidos em pleno verão. A Influenza é um vírus de inverno e tem todo ano no Caribe [região tropical]. No ano passado, teve surto de H1N1 no Amazonas", disse a infectologista Nancy Bellei, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
De acordo com ela, a temperatura não bloqueia o vírus, mas o frio pode piorar transmissões já que as pessoas ficam em ambientes fechados.
Para Rosana Richtmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, e também da SBI, a propagação tem menos relação com o clima do que com a movimentação de pessoas.
Imagens do novo coronavírus (causador da COVID-19) (Fonte: Google images)
SARS-CoV-2
A Organização Mundial da Saúde (OMS) corrigiu, hoje (27/II/2020), sua avaliação de risco do vírus, considerando elevado ao nível internacional, isso depois de tê-lo descrito, anteriormente, como moderado. Em seu último relatório sobre a situação, a instituição o descreve como "muito alto na China, alto em nível regional e em todo o mundo." Para organizar todos os dados e fontes sobre o tema, pesquisadores da Johns Hopkins University construíram e atualizam regularmente um painel online que rastreia a disseminação mundial do surto de coronavírus, conhecido provisoriamente como 2019-nCoV, agora chamado de COVID-19. A OMS declarou dia 11/março/2020, que essa doença constitui-se numa pandemia, uma vez que está presente em todos os paises e em praticamente todos os continentes. Atualmente, o site registrou 81 mortes relacionadas ao novo coronavírus e 2.886 casos confirmados, incluindo cinco casos nos Estados Unidos, três na França e um no Canadá. De acordo com o que pode ser visto, a maioria das infecções ainda se concentra na Ásia. Confira o mapa (AQUI) e (aqui).
As comorbidades mais distintas de 32 não sobreviventes de um grupo de 52 pacientes de unidade de terapia intensiva com nova doença de coronavírus 2019 (COVID-19) no estudo de Xiaobo Yang e colegas foram doenças cerebrovasculares (22%) e diabetes (22%). Outro estudo incluiu 1099 pacientes com COVID-19 confirmado, dos quais 173 tinham doença grave com comorbidades de hipertensão arterial (23,7%), diabetes mellitus (16,2%), doenças coronárias (5,8%) e doença cerebrovascular (2,3%).
Em um terceiro estudo, 3 de 140 pacientes que foram admitidos no hospital com COVID-19, 30% tinham hipertensão e 12% tinham diabetes. Notavelmente, as comorbidades mais frequentes relatadas nesses três estudos de pacientes com COVID-19 são freqüentemente tratadas com inibidores da enzima de conversão da angiotensina (ECA); no entanto, o tratamento não foi avaliado em nenhum dos estudos.
Os coronavírus patogênicos humanos (coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV e SARS-CoV-2) se ligam às células-alvo através da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), que é expressa pelas células epiteliais do pulmão, intestino, rim, e vasos sanguíneos.
A expressão da ECA2 é substancialmente aumentada em pacientes com diabetes tipo 1 ou tipo 2, que são tratados com inibidores da ECA e bloqueadores dos receptores da angiotensina II tipo I (BRA). A hipertensão também é tratada com inibidores da ECA e BRA, o que resulta em uma regulação positiva da ACE2. A ACE2 também pode ser aumentada por tiazolidinedionas e ibuprofeno. Esses dados sugerem que a expressão da ACE2 é aumentada no diabetes e o tratamento com inibidores da ECA e BRA aumenta a expressão da ACE2. Consequentemente, o aumento da expressão de ACE2 facilitaria a infecção por COVID-19. Portanto, supomos que o tratamento do diabetes e da hipertensão com medicamentos estimulantes da ECA2 aumente o risco de desenvolver COVID-19 grave e fatal.
Os coronavírus patogênicos humanos (coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV e SARS-CoV-2) se ligam às células-alvo através da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), que é expressa pelas células epiteliais do pulmão, intestino, rim, e vasos sanguíneos.
a) Os genomas de RNA de fita simples (ssRNA) do coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV) e do coronavírus da síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) codificam duas grandes poliproteínas, pp1a e pp1ab, que são proteoliticamente clivadas em 16 proteínas estruturais (nsps), incluindo protease do tipo papaína (PLpro), protease do tipo 3C (3CLpro), RNA polimerase dependente de RNA (RdRp), helicase (Hel) e exonuclease (ExoN). Outros 9-12 ORFs são codificados através da transcrição de um conjunto aninhado de RNAs subgenômicos. SARS-CoV e MERS-CoV formam partículas esféricas que consistem em quatro proteínas estruturais. O pico da glicoproteína do envelope (S) forma uma camada de glicoproteínas que se projetam do envelope. Duas glicoproteínas transmembranares adicionais são incorporadas no virião: envelope (E) e membrana (M). Dentro do envelope viral reside o nucleocápside helicoidal, que consiste no genoma do RNA de sentido positivo viral ((+) RNA) encapsidado pela proteína nucleocapsídeo (N).
b) Após a entrada do vírus na célula hospedeira, o RNA viral não é revestido no citoplasma. ORF1a e ORF1ab são traduzidos para produzir pp1a e pp1ab, que são clivados pelas proteases que são codificadas por ORF1a para produzir 16 nsps que formam o complexo RNA replicase-transcriptase. Esse complexo localiza-se nas membranas intracelulares modificadas que são derivadas do retículo endoplasmático áspero (ER) na região perinuclear e direciona a produção de RNAs de sentido negativo (RNAs (-)) por meio de replicação e transcrição. Durante a replicação, cópias de RNA de comprimento total (-) do genoma são produzidas e usadas como modelos para genomas de RNA de comprimento total (+). Durante a transcrição, um subconjunto de 7 a 9 RNAs subgenômicos, incluindo aqueles que codificam todas as proteínas estruturais, é produzido através da transcrição descontínua. Nesse processo, os RNAs subgenômicos (-) são sintetizados combinando comprimentos variados da extremidade 3 'do genoma com a sequência líder 5' necessária para a tradução. Esses RNAs subgenômicos (-) são então transcritos em mRNAs subgenômicos (+). Embora os diferentes mRNAs subgenômicos possam conter várias ORFs, apenas a primeira ORF (a mais próxima da extremidade 5 ') é traduzida. As proteínas estruturais resultantes são montadas no envelope nucleocapsídeo e viral no compartimento intermediário ER-Golgi (ERGIC), seguido pela liberação do virião nascente da célula infectada.
a) The single-stranded RNA (ssRNA) genomes of severe acute respiratory syndrome coronavirus (SARS-CoV) and Middle East respiratory syndrome coronavirus (MERS-CoV) encode two large polyproteins, pp1a and pp1ab, which are proteolytically cleaved into 16 non-structural proteins (nsps), including papain-like protease (PLpro), 3C-like protease (3CLpro), RNA-dependent RNA polymerase (RdRp), helicase (Hel) and exonuclease (ExoN). An additional 9–12 ORFs are encoded through the transcription of a nested set of subgenomic RNAs. SARS-CoV and MERS-CoV form spherical particles that consist of four structural proteins. The envelope glycoprotein spike (S) forms a layer of glycoproteins that protrude from the envelope. Two additional transmembrane glycoproteins are incorporated in the virion: envelope (E) and membrane (M). Inside the viral envelope resides the helical nucleocapsid, which consists of the viral positive-sense RNA ((+)RNA) genome encapsidated by protein nucleocapsid (N). b) Following entry of the virus into the host cell, the viral RNA is uncoated in the cytoplasm. ORF1a and ORF1ab are translated to produce pp1a and pp1ab, which are cleaved by the proteases that are encoded by ORF1a to yield 16 nsps that form the RNA replicase–transcriptase complex. This complex localizes to modified intracellular membranes that are derived from the rough endoplasmic reticulum (ER) in the perinuclear region, and it drives the production of negative-sense RNAs ((−)RNAs) through both replication and transcription. During replication, full-length (−)RNA copies of the genome are produced and used as templates for full-length (+)RNA genomes. During transcription, a subset of 7–9 subgenomic RNAs, including those encoding all structural proteins, is produced through discontinuous transcription. In this process, subgenomic (−)RNAs are synthesized by combining varying lengths of the 3′ end of the genome with the 5′ leader sequence necessary for translation. These subgenomic (−)RNAs are then transcribed into subgenomic (+)mRNAs. Although the different subgenomic mRNAs may contain several ORFs, only the first ORF (that closest to the 5′ end) is translated. The resulting structural proteins are assembled into the nucleocapsid and viral envelope at the ER–Golgi intermediate compartment (ERGIC), followed by release of the nascent virion from the infected cell.
A seguir reproduzo na íntegra o artigo do The Intercept Brasil, que fala que devemos abandonar nosso egoísmo em prol do bem comum de nossa sociedade e de nossa espécie como um todo.
Coronavírus: seu egoísmo pode matar
É
um crime gritar "fogo!" num teatro cheio. O resultado é criar um pânico
em que pessoas inocentes, particularmente as mais vulneráveis, podem
ser pisoteadas e mortas. Mas também deveria ser um crime gritar "está
tudo ok, fiquem sentados e assistam à peça!" num teatro que está sendo
consumido por chamas. As pessoas precisam saber do risco, levantar e
caminhar com calma, mas rapidamente, para a saída.
Na pandemia de coronavírus que está se espalhando pelo mundo, estamos
vendo respostas de todos os tipos. Sim, temos casos de pessoas
irracionalmente empilhando papel higiênico. Mas, ao meu ver, a resposta
ainda mais comum e perigosa é a negação do forte cheiro de fumaça que já
podemos sentir. O teatro está, sim, em chamas.
O balanço entre pânico e inércia é difícil de acertar, pois nunca
vivemos uma situação assim na era contemporânea. Mas o importante é que
todo mundo reconheça: desta vez não é como nas últimas vezes. Não é
dengue, nem H1N1, nem febre amarela, e precisamos estar dispostos a
mudar radicalmente nossos modos de vida – e talvez até o jeito que
pensamos sobre a sociedade em que vivemos. E a razão, provavelmente, não
é para proteger a si mesmo, mas para ajudar a sociedade como um todo e
as pessoas mais frágeis e expostas. É hora de pensar nos outros de fato.
Em momentos de crise, as fissuras sociais e o caráter de todos nós são
acentuados. Vivemos em tempos de extremo capitalismo em que os Guedes,
Temers e Trumps querem sucatear os serviços sociais e glorificar a
privatização e o livre mercado – mas, concordando com eles ou não, o
individualismo que é a base do nosso sistema socioeconômico já impregnou
a consciência de todos nós. Vamos ter que repensar isso agora.
É socialmente irresponsável – uma negligência absurda – dizer e pensar
"isso não vai me afetar", "eu não vou mudar a minha vida por causa
disso" ou "não faço parte de grupos de alto risco, então estou de boas".
É responsabilidade de todos levantar nossas vozes quando vemos esse
tipo de discurso e corrigi-lo. Do mesmo jeito que ficar calado quando
presenciamos racismo, sexismo, classismo e fascismo é compactuar com
estes comportamentos, fechar os olhos para esse tipo de individualismo
agora também é contribuir para sua existência.
Um exemplo horrível disso foi relatado na coluna
do Lauro Jardim sobre o primeiro caso de transmissão local do novo
coronavírus no Rio de Janeiro. Um "empresário" e sua esposa foram
infectados e se colocaram em quarentena no seu apartamento em São
Conrado, bairro de classe alta da zona sul. "A empregada do casal, cujo
exame deu negativo, está trabalhando de avental, luvas e máscara",
revelou a coluna.
Este casal exigiu que a empregada arrisque a vida dela e de sua família
para trabalhar num ambiente infectado, usando medidas de prevenção que
não impedem a transmissão. Se eles próprios não estivessem doentes, você
acha que aceitariam trabalhar em um ambiente cheio de pessoas
infectadas? Ou isso só é aceitável para as pessoas que os servem? Se a
empregada ou alguém que mora com ela estivesse doente, eles manteriam
ela trabalhando? Deixariam seus filhos fazerem isso? Será que a
empregada realmente pôde fazer uma escolha livre ou estava preocupada
com a possibilidade de perder o emprego caso se recusasse a servir o
casal doente?
Todo mundo que tem um salário, que tem uma poupança, que tem um trabalho
que pode ser feito remotamente, que vive em uma casa que comporta
confortavelmente seus moradores, que tem um carro para não precisar usar
transporte público – essas pessoas são privilegiadas neste cenário. Não
por acaso, provavelmente são os mais privilegiados na sociedade também.
Enquanto escrevo isso, 126 mil pessoas foram confirmadas com o novo
coronavírus no mundo (e muito mais gente assintomática está andando nas
ruas sem perceber que precisa de um teste), incluindo 151 casos no
Brasil. O número por aqui vai aumentar dramaticamente nos próximos dias e
a pressão no sistema de saúde também. O único método que temos para
conter os estragos e as mortes é a conscientização e a pressão para que
os líderes de governos, empresas e movimentos sociais façam de tudo para
as pessoas ficarem em casa e reduzir seu contato social – e isso é algo
que todos nós podemos fazer.
Após o secretário de comunicação Fábio Wajngarten testar positivo para o novo coronavírus, foi muito correto
que sua mulher retirasse seus filhos da escola e avisasse as outras
mães do colégio. Por outro lado, foi extremamente irresponsável da parte
de Bolsonaro, que viajou com Wajngarten e mais três pessoas que
mostravam sintomas (como nós contamos aqui), parar em frente ao Palácio da Alvorada para apertar as mãos de apoiadores e tirar selfies com eles.
Mas, depois que a ficha caiu – quando bateu o medo de estar infectado –,
Bolsonaro se submeteu a exames e fez sua live semanal no Facebook, ao
lado do Ministro de Saúde, com máscaras e álcool em gel. Finalmente
falou em medidas de prevenção de transmissão. Antes, o presidente havia
se espelhado na negação de realidade do seu ídolo Donald Trump, chamando
a reação ao novo coronavírus de "exagerada" e a pandemia de "uma
fantasia".
Mas o comportamento do Bolsonaro é o da maioria das pessoas, na verdade:
ele prefere viver negando os fatos até que alguém próximo ou ele mesmo
tenha contato com o vírus. O problema é que se todo mundo espera para
ter contato com o vírus para tomar medidas preventivas, elas já não
serão mais preventivas. Já era. Seria o equivalente a só começar a usar
camisinha depois de ficar grávida.
A Organização Mundial da Saúde declarou
na sexta-feira que a Europa agora é o epicentro do vírus, e não a Ásia.
Isso porque a China foi muito eficaz e organizada em suas medidas de
contenção, e a Coreia do Sul também reagiu rapidamente para providenciar
muitos testes e identificar casos logo, antes que a doença se
espalhasse ainda mais. Japão, Taiwan, Singapura, Tailândia e Hong Kong
foram ainda mais preparados.
Esses países asiáticos, devemos lembrar, foram muito afetados pela
Síndrome Aguda Respiratória Grave, a SARS, em 2003. Por isso, se
prepararam para a próxima crise. Em comparação, europeus e americanos
estão sendo extremamente lentos na tomada de medidas percebidas como
"drásticas". Os governos não queriam assustar os mercados financeiros, e
os indivíduos não queriam acreditar que esse problema os envolvia.
Agora, todos estão correndo atrás de novos testes e fechando
escritórios, escolas, espaços públicos e, em alguns casos, até cidades
inteiras. Tudo isso só depois que perceberam que estavam perdendo o
controle. Parece o mesmo erro do Brasil agora.
Uma boa reportagem do BuzzFeed News nos EUA explica,
com jeito de anedota, que as pessoas mais velhas, muitas vezes, são as
mais propensas a negar os riscos de adoecer e a se recusar a mudar seus
hábitos, mesmo que sejam também quem corre mais risco. Isso, explica a
matéria, pode acontecer porque elas não querem se enxergar como "velhas", mas é a obrigação dos mais jovens abrir os olhos delas sem
assustá-las.
Então, o que você pode fazer para combater o novo coronavírus?
1. Insista que sua empresa ou escola tome medidas para prevenir o contato social;
2.
Pense e exija que essas medidas também protejam as pessoas mais
expostas, como seguranças, faxineiros e prestadores de serviços
terceirizados;
3. Pare de ir a eventos e espaços cheios;
4. Pratique boa higiene;
5. Fique em casa por até 14 dias se você teve contato com alguém suspeito de ter coronavírus ou se você tem sintomas;
6. Só vá para o hospital se tiver sintomas graves ou tiver tido contato com alguém infectado;
7. Pare de apertar a mão e dar beijos de cumprimento nas pessoas;
8. Corrija todo mundo ao seu redor que não fizer isso.
Mas qual é o efeito de tudo isso? O vírus vai se espalhar de qualquer forma, né?
Vai, mas olha esse gráfico mostra
a taxa de mortalidade pelo surto de gripe espanhola de 1918 em duas
cidades dos EUA. Saint Louis imediatamente fechou todos os espaços
públicos após descobrir que a doença tinha chegado. Enquanto isso, a
Filadélfia decidiu realizar uma grande festa de rua. Veja a diferença
das taxas de mortalidade:
Gráfico: Proceedings of the National Academy of Sciences
O outro efeito é limitar a pressão sobre o sistema de saúde. Veja esse gráfico tuitado por Max Roser:
Diminuir a taxa de infecção significa que o número de pessoas que estão doentes ao mesmo tempo não excede a capacidade do sistema de saúde. (Gostaria que mais pessoas entendessem a intenção de contenção.)
Porque devemos achatar a curva de uma epidemia logo no início.
(Gráfico: Proceedings of the National Academy of Sciences)
Numa cidade como a Filadélfia em 1918, o
sistema simplesmente não conseguiu tratar todos os casos graves, porque,
além de o número ser maior, eles chegaram como uma inundação, todos ao
mesmo tempo. O mesmo vale para a situação de agora: mais pessoas podem
morrer desnecessariamente por falta de atendimento se muitas ficarem
doentes num mesmo período. Estamos juntos nisso, goste você ou não. Isso significa que uma manifestação em memória de Marielle precisa ser (e foi) cancelada, assim como o ato pró-Bolsonaro (que também foi),
porque o vírus pode começar se espalhando nesses eventos – e, depois,
ele não reconhece lado político. Agora temos um inimigo maior em comum. The Intercept Brasil.
Solução barata e acessível adapta equipamento para higienizar os pés no combate ao coronavírus: pedilúvio
O pedilúvio é uma caixa que abriga uma esponja embebida em uma solução desinfetante que tem o objetivo de higienizar os pés, ideal para inativar a Covid-19 (24/03/2020 13:00)
Uma solução fácil, barata e acessível. O professor do Centro de Diagnóstico e Pesquisa em Patologia Aviária (CDPA) da UFRGS, Vladimir Pinheiro do Nascimento, propõe uma adaptação de equipamento utilizado em ambientes avícolas que visa reduzir os riscos de contaminação por vírus em ambientes de grande, médio e pequeno fluxo.
O pedilúvio é uma caixa que abriga uma esponja embebida em uma solução desinfetante que tem o objetivo de higienizar os pés, ideal para inativar a Covid-19. “Esse equipamento é usado por muito tempo pela indústria avícola. A nossa proposta é trazer algo que já funciona na biossegurança de granjas e abatedouros para ser usado na entrada de hospitais, supermercados e condomínios”, explica o pesquisador.
A Covid-19 é um vírus que possui um envelope lipídico que, em contato com desinfetantes, é inativado. “Os desinfetantes atuam sobre a gordura, como o sabão por exemplo. Com a higienização adequada é possível inativar o vírus”, salienta ele, revelando que o pedilúvio foi utilizado na entrada da Expointer durante a crise da aftosa no Rio Grande do Sul.
Essa tecnologia é aberta, gratuita e não é nova. Pode ser confeccionada e adaptada a diversos ambientes, se utilizando de uma caixa retangular de metal ou de plástico rígido suficiente para abrigar os pés ao entrar nos ambientes. “Há uma outra proposta que seria trocar a esponja por roletes, como os rolos de pintura, que possibilitariam retirar o material orgânico e desinfetar a sola dos calçados em um efeito mecânico, como se usa nas quadras de tênis”.
A solução criativa e viável pode ser adaptada da indústria para o dia-a-dia da população neste momento de crise e enfretamento ao coronavírus (Covid-19). “Isso pode ajudar as pessoas a reduzirem a carga viral na entrada de ambientes. Estamos cuidando muitos das mãos, o que é correto, mas precisamos pensar nos pés também. É algo barato, de fácil acesso, uma solução típica de um país que tem a avicultura forte. Precisamos de soluções viáveis neste momento”, reforça Vladimir.
Pedilúvio
Uma caixa metálica ou de plástico rígido que pode ser feita em serralheria. O tamanho deve ser ajustado à entrada do local, suficiente para passar os pés. Dentro desta caixa deve ser colocada uma esponja, ou adaptados roletes de fibra de poliéster ou lã sintética, preenchida com uma solução desinfetante.
Pode ser usado na entrada de hospitais, supermercados, condomínios, casas e apartamentos. O objetivo é diminuir a carga viral nos ambientes, reduzindo os riscos de contaminação das pessoas pela Covid-19.
O custo de confecção pode variar entre R$ 100 a R$ 300, dependendo do material usado e da quantidade. Você também pode fazer uma busca na Internet e verificar a comercialização ou a sua confecção.
O papel da ciência
A biossegurança é muito importante em avicultura. Na UFRGS, a redução de riscos de contaminação em ambientes é pesquisada a muitos anos pela Faculdade de Veterinária. No decorrer dos anos, estudantes, professores e técnicos têm pesquisado o uso do pedilúvio, por exemplo.
O CDPA tem mais de 30 anos de atuação com pesquisas envolvendo doenças entéricas, salmoneloses, campilobacterioses, viroses e os modelos matemáticos, que são doenças que afetam as aves e os humanos, como a intoxicação alimentar, por exemplo. “Esse tipo de equipamento sempre foi usado para evitar, por exemplo, a contaminação bacteriana e também de vírus. O fato de nós passarmos alguns anos pesquisando o efeito de desinfetantes e de substâncias antimicrobianas em cima de agentes infecciosos só foi possível porque tivemos recursos públicos para a pesquisa”, enaltece o professor.
Por isso, pensar em soluções para reduzir os riscos de contaminação por Covid-19 é um dos papeis das universidades públicas federais. “Nós, como servidores públicos, temos intrínseca a possibilidade do apoio público da formação das pessoas como também no auxílio em momentos de crise como o que estamos passando agora. Temos na ciência a condição de desenvolver vacinas, sequenciar o vírus, propor tratamento, pesquisar soluções e adaptações. Tudo isso só pode ser feito se tivermos um sistema de pesquisa forte dentro das universidades, em especial as públicas. É uma maneira de justificarmos o nosso trabalho para a sociedade, nos mostrarmos como realmente somos”, finaliza ele.
MAIS
Vladimir Pinheiro do Nascimento é médico veterinário e Ph.D. em Medicina Veterinária pela Universidade de Glasgow (Grã-Bretanha). Professor Titular de Medicina de Aves do Departamento de Medicina Animal da Faculdade de Veterinária (FAVET/UFRGS). Atualmente exerce o cargo de Pró-Reitor de Graduação da UFRGS. Realiza pesquisas no Centro de Diagnóstico e Pesquisa em Patologia Aviária (FAVET/UFRGS).
Por que os homens têm mais risco de morte por covid-19?
A taxa de letalidade tem sido mais alta entre os homens do que entre as mulheres, mas pesquisadores ainda não sabem os motivos exatos
Um estudo publicado na China mostra que a taxa de mortalidade para homens contagiados pelo novo coronavírus é de 2,8%, maior do que a das mulheres, que é de 1,7%. Esse dado representa uma associal ligada ao sexo.
Dados de outros países confirmam a tendência de vulnerabilidade maior no sexo masculino: Itália, Espanha, França, Alemanha, Coreia do Sul e Irã.
Na Itália, um dos países com mais mortos pela covid-19, reportou que os homens foram 71% das vítimas.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, especialistas ainda não sabem ao certo qual é o motivo da mortalidade ser mais alta para homens do que para mulheres. A hipótese é uma combinação de três fatores: hábitos, higiene e hormônios.
Estudos recentes (Klein, 2016) mostraram que o estrogênio pode dificultar a replicação de vírus, incluindo HIV, Ebola e hepatite, o que pode diminuir a gravidade de uma infecção e diminuir a probabilidade de uma infecção se espalhar para outras pessoas numa população. Entretanto, ainda não se sabe se o mesmo acontece com o virus da gripe (flu virus).
Estudos iniciais relacionavam a letalidade mais alta entre o público masculino com o tabagismo, baixo entre as mulheres chinesas e alto entre os homens. No entanto, com o avanço da doença para outros países, com taxas mais equilibradas de fumantes, os homens continuaram a ser os mais vulneráveis à covid-19, indicando que essa variável não tem uma atuação preponderante.
Apesar de não terem sido estudados os efeitos especificamente do hormônio estrogênio sobre o novo coronavírus, o hormônio apresentou resultado positivo na redução de infecção pelo Influenza, da gripe comum, em mulheres, mas não em homens. Fora isso, o sistema imunológico masculino também pode demorar mais para confrontar vírus, o que já foi observado no HIV e na hepatite C.
Outro fator é a higiene entre os homens, que é pior do que nas mulheres, como alguns estudos já mostraram. Os homens nem sempre lavam as mãos ou usam sabonete, por exemplo. Em uma pandemia, como a atual, os hábitos de higiene são cruciais para evitar o contágio, segundo a Organização Mundial da Saúde.
O CDC recomenda lavar as mãos com água e sabão para evitar a propagação de germes, mas nem todo mundo está seguindo esse conselho. Uma pesquisa da YouGov com mais de 24.000 adultos americanos descobriu que muitos americanos nem sempre lavam as mãos com sabão depois de irem ao banheiro. Mais da metade (58%) dos adultos nos EUA diz que sempre lava as mãos com sabão depois de ir ao banheiro em casa. Um quarto (25%) diz que lava com sabão a maior parte do tempo após uma ida ao banheiro em casa, enquanto 10% faz isso algumas vezes e 4% raramente faz.
Para descobrir os motivos exatos para a maior taxa de mortalidade entre os homens com covid-19, os governos e hospitais do mundo todo precisariam compartilhar mais dados sobre os mortos pela doença. Países como os Estados Unidos e Reino Unido, por exemplo, ainda não reportam esses dados.
O novo coronavírus contagiou globalmente cerca de 500 mil pessoas e, considerando os números da Universidade John Hopkins, 22.295 morreram por complicações da covid-19.
Higiene 1
Essa é uma pergunta que nos fazemos todo dia toda hora, com as compras do supermercado, com as mãos, com a máscara, com as superfícies nos consultórios odontológicos e em casa. Para gerenciar e manter tudo seguro limpeza é fundamental. Mas a depender da superfície e do local outros cuidados devem ser tomados.
O que fazer para descontaminar os ambientes e as superfícies?
Em primeiro, antes de lugar de tudo é: higiene das mãos.
Água e sabonete líquido por pelo menos 20 segundos ou álcool em gel, se as mãos não estiverem visivelmente contaminadas. É importante destacar que não pode ser qualquer álcool, de limpar vidros ou a casa e, nem em qualquer concentração. Precisa ser na concentração próxima de 70% e especial para as mãos para que tenha emolientes e não as resseque.
Veja os resultados de duas pesquisa diferentes que foram organizadas pela publicação da OMS (Organização Mundial da Saúde)
Cobre – 4 horas
Papelão – 24 horas
Madeira – 24 horas
Tecido – 24 horas
Vidro – 48 horas
Plástico – 72 horas a 96 horas
Aço inoxidável – 72 horas a 96 horas
Camada externa da máscara cirúrgica – 7 dias!
O dado que foi mais diferente no segundo estudo, foi a sobrevida muito longa na parte externa da máscara cirúrgica o que reforça os cuidados com o descarte dos resíduos de saúde. (Donatelli, 2020).
Higiene 2
A higiene constante das mãos com água e sabão e a etiqueta respiratória, e o uso de máscaras (mesmo que caseiras) são as principais recomendações para evitar a contaminação por qualquer doença causada por microrganismos (que podem ser transmitidos pelo ar).
Lave e higienize suas mãos com água e sabão até a metade do punho, após tocar em qualquer objeto e superfície;
Usar álcool 70% ou álcool gel para limpar as mãos antes de encostar no rosto e em áreas como olhos, nariz e boca;
Ao entrar em casa tirar os calçados e colocá-los em uma caixa ao lado da porta.
Ao entrar em casa não toque em nada antes de se higienizar;
Desinfete as patinhas de seu pet após passear com ele;
Ao chegar em casa troque de roupa e coloque em um saco plástico dentro do cesto ou na máquina de lavar roupa.
Deixe bolsa, carteira e chaves em uma caixa na entrada
Tome banho e se não puder, lave bem com água e sabão todas as áreas expostas de seu corpo;
Limpe seu celular com água e sabão ou álcool;
Tossir ou espirrar levando o rosto à parte interna do cotovelo;
Evitar concentrações humanas e multidões;
Usar máscaras caso apresente sintomas;
Evitar tocar nariz, olhos e boca antes de lavar bem as mãos;
Manter a distância de um metro de pessoas (ou que estejam espirrando ou tossindo ou falando);
Limpar com álcool (mínimo álcool 70%) objetos tocados frequentemente;
Nunca cumprimentar com aperto de mão, abraço ou beijo no rosto (ou evitar ao máximo);
Evitar sair de casa caso apresente algum sintoma da síndrome-gripal;
Utilizar lenço descartável quando estiver com coriza (nariz escorrendo);
Usar lenços de papel para abrir portas de elevadores e apertar botões de elevadores;
Se voce vive com pessoas idosas ou grupos de risco (pessoas com doenças cardíacas, hipertensão, diabetes ...): não compartilhe toalhas, talheres, copos etc.
Limpe e desinfete diariamente as superfícies de frequente contato;
Lave roupas lençóis e toalhas (de rosto e de banho) com mais frequência;
Manter a casa e os quartos ventilados;
Não quebre a quarentena por duas semanas, toda saída de casa é uma reinicialização do contador;
Ao sair de casa, coloque uma jaqueta ou camiseta de manga longa;
Prenda o cabelo e evite usar brincos, anéis e correntinhas;
Se estiver com gripe ou tosse coloque uma máscara pouco antes de sair;
Evite utilizar transporte público (táxi, aplicativos e ônibus);
Leve lencinhos descartáveis para tocar nas superfícies, depois de usado amasse o lenço e e jogue-o em um saco fechado dentro da lata do lixo;
Ao tossir ou espirrar não utilize as mãos ou o ar ambiente;
Evite usar dinheiro. Se necessário, imediatamente após o manuseio, higienize suas mãos com água e sabão;
Lembrando: não é possível fazer uma desinfecção total, o objetivo dessas recomendações é reduzir o risco;
Informar-se sobre os métodos de prevenção e passar as informações corretas.
É importantíssimo que se tome como hábito lavar constantemente as mãos e o pulso, com água e sabão, ou com álcool em gel. O álcool e a água sanitária podem ser utilizados também para a limpeza de superfícies como mesas, cadeiras, maçanetas das portas e corrimãos e portas de elevadores.
SABÃO
Você já se perguntou quem inventou o sabão ou mesmo o sabonete? Ou quem o nomeou como sabão? Eles estavam pensando no que estavam inventando ou isso aconteceu aleatoriamente?
Segundo uma lenda romana, um local antigo do Monte Sapo, onde eram feitos sacrifícios de animais, depois de um sacrifício de animais, eles queimavam o restante e a chuva lavava gordura e cinzas de animais coletadas sob os altares cerimoniais, até as margens do rio Tibre. As mulheres que lavavam roupas mais abaixo, no rio notavam que, se lavassem suas roupas em certas partes do rio após uma chuva, suas roupas ficariam muito mais limpas. Esta é a história lendária do primeiro uso de sabão.
O sabão recebe o nome do Monte Sapo e a palavra latina sapo significa simplesmente "sabão".
Segundo a história real, os sabonetes são usados desde 2800 a.C. pelos sumérios. As inscrições nos antigos tabletes de argila sumérios mostram os registros do processo de fabricação de sabão pela mistura de gordura animal e cinzas, iniciada por volta de 2800 a.C.
Desde então, óleos gordurosos e vegetais foram usados e misturados com sais ou cinzas alcalinos pelos sumérios, gregos antigos e romanos para produzir sabão.
O uso de sabão na história
Os sumérios usavam sabão para têxteis para lavar lã e pano, assim, a lã ficava livre de gorduras e da lanolina, permitindo tingir mais facilmente o tecido depois.
Os egípcios costumavam usar o sabão como medicamento para curar feridas e problemas de pele e também lavar roupas, pelo menos nos últimos cinco mil anos.
Os gregos antigos não usavam sabão para fins de higienização corporal.
Eles costumavam lavar e limpar seu corpo com numa mistura de azeite de oliva, areia, argila ou cinza, e usavam azeite para hidratar o corpo.
Já os romanos limpavam seus corpos esfregando areia ou cinza, mas em algum momento em sua história o sabão se tornou muito popular.
Os químicos árabes produziram sabão com óleo vegetal pela primeira vez, como azeite e outros óleos essenciais, e fizeram sabonetes perfumados e sabonetes líquidos por volta do século VII d.C.
Antes do século XI, os turcos usavam métodos diferentes para limpar e lavar, como cinzas, diferentes tipos de vegetais que contêm saponina, que são vários glicosídeos esteróides encontrados em tecidos vegetais que se dissolvem na água para produzir espuma e sabão.
No Império Otomano o sabão também era conhecido e eles produziam sabão de vários tipos.
Algumas pessoas tomavam banho usando sabão, mesmo durante a idade média. Por exemplo, os cruzados desenvolveram um gosto por sabão e trouxeram a receita para fazer sabão de Alepo a partir de azeite, quando voltaram para a Europa, do Oriente Médio. Como resultado, a fabricação de sabão floresceu na Espanha durante os séculos XI e XII, onde os muçulmanos espanhóis faziam sabão em Castela.
Da mesma forma, o sabão feito de cinzas de madeira foi produzido em algumas das maiores cidades da Inglaterra durante o século XIII.
Durante o mesmo período, os franceses começaram a usar o azeite para produzir sabão.
O aumento da produção comercial de sabão começou após duas descobertas dos químicos franceses Nicholas Leblanc e Michael Chevreul na virada do século XIX. Em 1791, Leblanc patenteou um método para produzir carbonato de sódio ou carbonato de sódio a partir de sal comumente disponível. Em 1811, Chevreul descobriu a relação e a natureza química dos ácidos graxos, glicerina e gorduras.
Outro centro de sabão bem conhecido foi a região de Castela, na Espanha, responsável por fazer as primeiras barras duras e brancas de sabão de azeite.
O sabão de Castela ainda hoje é conhecido como sabonetes feitos todo somente de azeite ou quase todo azeite.
Hoje, a Turquia e a Grécia também são famosos pelos sabonetes de azeite que são cultivados em jardins de oliveiras na costa do Mediterrâneo.
Parece que os sumérios inventaram o sabão pela primeira vez com base nos registros históricos encontrados, mas não sabemos como e quando exatamente o sabão foi inventado. Sabemos uma coisa com certeza: devemos um grande obrigado a quem fez isso.
Tablete de argila ca. terceiro milênio a. C. mostrando uma receita para preparar sabão natural usando gordura ou azeite e cinzas. Penn Museum.
Quem descobriu o sabão?
O que há para saber sobre as origens dessa substância que salva vidas
Desde que o fabricante de vidro holandês Antoine Philips van Leeuwenhoek olhou através de seu microscópio em 1668 e viu um organismo vivo em suas lentes, lentamente chegamos a um acordo sobre quantas bactérias habitam nosso mundo. As bactérias estão no travesseiro em que dormimos à noite e na colher de cereal que usamos de manhã. Os biólogos estimam que uma única mão humana hospeda 150 espécies diferentes a qualquer momento. A maioria é inofensiva, algumas são benéficas e outras são assassinas se pudessem encontrar um caminho além da pele. Em cidades densamente povoadas, onde essas bactérias e doenças perigosas podem ser transmitidas de uma a centenas com um toque de maçaneta, não é exagero dizer que o sabão não apenas torna as cidades mais saudáveis, mas também as torna possíveis.
Graças à sua antiguidade, provavelmente nunca saberemos exatamente quantas vidas o sabão salvou, mas mesmo estimativas conservadoras chegam a centenas de milhões. E, no entanto, poderia salvar muito mais. De acordo com um relatório da UNICEF, se cada cozinheiro usasse sabão, reduziria a taxa mundial de infecções respiratórias em 25% e reduziria as doenças diarréicas pela metade. Só isso salvaria mais de um milhão de vidas a cada ano.
O sabão é subestimado e subutilizado em série porque sofre de um problema fundamental de RP: limpa algo que você não pode ver. Esse é um salto conceitual difícil até para os mais instruídos entre nós. De acordo com os Centros dos EUA para Controle e Proteção de Doenças, os médicos lavam as mãos com a metade da frequência que deveriam. O sabão também salva a vida de uma pessoa saudável alheia à bala que ela evitou. Portanto, apesar de não apenas salvar mais vidas que a penicilina, mas possibilitar nossa existência urbana moderna, ainda subestimamos o que talvez seja a maior descoberta médica da história da humanidade.
A receita do sabão
Vou chamá-la de Nini, em homenagem à deusa suméria da medicina Ninisina. E vou chamá-la de "ela" porque o descobridor de sabão provavelmente trabalhou na florescente indústria têxtil da Suméria, que a antropóloga Joy McCorriston me disse que era uma indústria dominada por mulheres.
Nini nasceu há 4.500 anos, no que hoje é o sul do Iraque, talvez na antiga cidade suméria de Girsu, onde se origina a mais antiga tabuleta escrita detalhando a fabricação de sabão. Nini nasceu na época da construção da Grande Pirâmide de Gizé, e além de ser um pouco mais baixa do que a pessoa comum hoje em dia, era completamente moderna em sua aparência. Nini cresceu em uma sociedade desoladoramente (sombria) patriarcal, de acordo com a estudiosa da Mesopotâmia e autora de “Women in Ancient Mesopotamia”, Karen Nemet-Nejat. Seu pai era o chefe de sua família e exercia autoridade sobre ela até ele morrer ou até ela se casar, o que pode ter acontecido quando ela era adolescente ou, às vezes, até mais jovem.
Em um hino, a deusa Eula, descreve a vida de uma mulher sumeriana em termos sumples:
"Eu sou uma filha, eu sou uma noiva, eu sou uma esposa, eu sou uma dona de casa".
"I am a daughter, I am a bride, I am a spouse, I am a housekeeper".
Nini provavelmente cresceu na classe baixa porque, além de ser empregada doméstica, tinha um papel muito mais moderno. Os mesopotâmicos, entre seus muitos presentes para a humanidade, inventaram a labuta entorpecente do trabalho de fábrica nas fábricas têxteis. Essas grandes indústrias estatais dependiam de mão-de-obra escravizada, devedores, e quase-funcionários, para cortar, costurar, tingir e produzir têxteis de lã, uma exportação crítica para muitas cidades da Mesopotâmia.
Na época da contratação de Nini, as fábricas têxteis de Girsu eram centros de produção em larga escala impressionantes até para os padrões modernos.
O arqueólogo Daniel Potts calcula que, em um período de três meses, 203.310 ovelhas foram tosadas apenas em Girsu, esse número fica ainda mais impressionante, quando sabemos que foi alcançado antes da invenção das tesouras para ovelhas. Segundo o assiriologista Benjamin Studevent-Hickman, graças a dez mil trabalhadores, uma única fábrica têxtil em Ur produziu mais de quatrocentas toneladas de lã em um único ano. Nini, ao que parece, era um desses trabalhadores.
O primeiro uso documentado de sabão é descrito em um tablete de escrita cuneiforme encontrado em Girsu. Segundo o arqueólogo químico Martin Levy, o tablete foi escrito há 4.500 anos e diz respeito à lavagem e tingimento da lã.
Para tingir adequadamente a lã, um tecelão deve remover as gorduras e a lanolina dos tecidos, além das impurezas e sujeiras, o que é realizado com muito mais facilidade com sabão. Ainda hoje, os tecelões lavam a lã recém-cortada em água com sabão (soapy water) para remover a lanolina e as gorduras e as impurezas da lã.
Nini estava longe de ser a primeira pessoa a tirar proveito da reação química entre álcalis e gorduras, o que os químicos chamam de saponificação.
Os ingredientes são comuns o suficiente para que a maioria dos estudiosos suspeite de que alguém muito antes de Nini tenha produzido a reação acidentalmente, de acordo com Seth Rasmussen, professor de química da Universidade Estadual da Dakota do Norte. Os álcalis são encontrados nas cinzas da madeira queimada, e muitos estudiosos acreditam que os primeiros seres humanos usavam cinzas úmidas para limpar ferramentas engorduradas do açougue (depois do abate dos animais). Sem o conhecimento do limpador, as cinzas combinadas com a graxa para criar um sabão, simples e impuro.
O sabão, a maior invenção da humanidade por ser capaz de salvar vidas.
O fato de a cinza úmida remover a graxa provavelmente também foi entendido pelos primeiros tecelões, que provavelmente a usaram para limpar seus tecidos, de acordo com Hugh Salzberg, autor de “From Caveman to Chemist”. As cinzas teriam se combinado com a lanolina e a gordura da lã para criar saponificação.
No entanto, há razões para acreditar que ninguém descobriu que alguém poderia fazer sabão, com o qual se poderia lavar as mãos, antes de 5.000 anos atrás, segundo Rasmussen. Como não há menção de sabão nos primeiros milênios da escrita na Mesopotâmia, a maioria dos estudiosos acredita que o sabão foi descoberto próximo à sua primeira menção nos tabletes por volta de 4.500 anos atrás. "Se soubessem muito antes dos tempos sumérios, esperaríamos ver referências a ele nos registros sumérios anteriores, o que não vemos", diz Rasmussen.
O golpe de genialidade de Nini foi provavelmente no momento em que ela descobriu que a lanolina gordurosa ou a graxa animal, era a razão pela qual a cinza funcionou tão bem como um agente de limpeza, e pode ser adicionada à água com cinza para criar um balde de sabão líquido.
Pode parecer um pequeno passo, mas significava que Nini não confiava mais na graxa do que quer que estivesse lavando para ajudar na reação. Em vez disso, ela poderia criar a mistura ideal de gorduras e álcalis e lavar qualquer coisa, especialmente, e mais criticamente, as mãos humanas.
Salzberg teoriza que o primeiro sabão de Nini pode ter sido simplesmente um balde de água com cinza e gordurosa. Um pote de água cinzenta com o poder de remover gorduras e sujeira.
Mais tarde, Nini ou outra pessoa percebeu que podiam retirar (coar) as cinzas e os glóbulos da gordura, pois a água absorve o álcali das cinzas em um processo chamado "lixiviação". Como poucas pessoas se interessariam em se lavar com água e cinza, a lixiviação foi outro passo importante para incentivar as pessoas a usarem sabão para seus fins mais úteis. Eventualmente, e até a Idade Média, os fabricantes de sabão pularam a etapa do coador e mergulharam sacos de cinzas na água como saquinhos de chá.
A primeira receita conhecida para sabão exige aproximadamente um litro de óleo e seis litros de potássio (potássio retirado de cinzas). Segundo Rasmussen, isso teria se combinado para criar um sabão líquido impuro, mas muito útil. Usando esta fórmula bruta (using this crude formula) para produzir sua água com cinza engordurada, Nini teria feito o produto médico mais salvador de vidas já desenvolvido pela humanidade.
(Atualmente uma fórmula usada para fazer sabão caseiro usa um quilo de soda caustica e cinco litros de óleo vegetal ou gordura animal).
Exceto que ela não saberia desse poder incrível do sabão. Como o efeito salva-vidas do sabão é tão difícil de observar, é improvável que Nini tenha recebido muito reconhecimento ou agradecimentos em sua vida, e provavelmente nem teria ideia do que havia feito.
Os sumérios quase certamente não lavaram as mãos com sabão pela mesma razão que os médicos modernos geralmente falham em fazê-lo, porque suas mãos já parecem limpas.
Por centenas de anos após sua invenção, não há evidências de que alguém tenha usado sabão para limpar seus corpos. Em vez disso, era usado em itens como pratos ou roupas que tinham manchas óbvias de graxa. A primeira prova de que alguém usou sabão para limpar a pele vem de um tablete com escrita cuneiforme encontrado na capital hitita de Boghazkoi e escrito quase mil anos depois de Nini.
Todas as tecnologias, por mais significativas que sejam, levam tempo para se espalhar pela população. Os economistas chamam esse atraso de "difusão tecnológica", e a descoberta de Nini sofreu um particularmente prolongado.
A adoção global de sabão como vimos, ainda está em andamento.
Tablete Sumério de 2200 a.C. proveniente da cidade de Zábala (hoje sul do Iraque), indicando a quantidade de 18 jarras de gordura de porco e 4 jarras de gordura de porco, provavelmente para ser usado para produzir sabão para lavar a lã da indústria têxtil.
Empregado levando um copo de sabão líquido para alguem no banho
Os tablete de escrita cuneiforme de argila da região da Suméria contam a mistura que consistia na fervura de óleos com álcalis, potássio, sódio, resinas e sal. Essa mistura foi usada principalmente para tratar tecidos, como lã e pele. Essa mistura conta um pouco da história e fabricação de sabão.
O azeite virgem (de oliva) é um dos três principais ingredientes para fazer sabão caseiro.
Existe testemunhos do uso de sabão pelo fenícios, do século sétimo a.C., especialmente para lavar algodão e lã para indústria têxtil.
Como em todas as outras sociedades antigas, a civilização da clássica também usava sabão. Ainda se pode testemunhar a descoberta de restos arqueológicos encontrados na cidade romana de Pompéia, que foram interpretados como uma fábrica de sabão, datada do II milênio a.C. De acordo com o testemunho de Plínio, o Velho, autor do primeiro século d.C., ele atesta o uso de sabão em um de seus textos sobre os diferentes tipos de sabonetes que as mulheres usavam para tratar seus cabelos. Este autor afirmou que foram os gauleses que inventaram o sabão no século IV a.C. Consistia em um líquido espumoso obtido por ebulição de óleos com a água da lavagem de cinzas. Outro autor clássico que nomeia sabão em seus textos é Galeno, do século II a.C. Este autor identifica-o como um produto usado para lavar roupas e para higiene pessoal. Apesar dessas menções, os gregos e romanos, mais do que sabão, costumavam usar azeite de oliva para sua higiene pessoal. Eles espalharam o azeite e areia em seus corpos e depois removiam a mistura junto com a sujeira com um raspador chamado "strigil".
Com a queda do Império Romano e as invasões bárbaras na Europa, o uso do sabão entrou em declínio. No entanto, o mundo muçulmano continuou as investigações no campo da saponificação e eles foram os primeiros a introduzir cal na lixívia, de fato, a palavra alcalino deriva do árabe "al-qali", que significa cinzas.
Desde o século VIII-IX, em toda a bacia do Mediterrâneo, e ainda mais focada nas regiões de Marselha, Gênova, Savona e Veneza, a indústria de sabão começou a florescer. Durante o século XV, sabonetes feitos com azeite aumentaram, espalhando-se por toda a Europa, tornando-se a melhor forma de cuidar do corpo. Esses sabões foram os precursores dos sabonetes de hoje.
Os sabonetes tem uma menor capacidade de saponificação devido ao menor conteúdo de álcali.
A reação química que produz o sabão é conhecida como saponificação: a gordura e as bases são hidrolisadas em água; os gliceróis livres ligam-se com grupos livres de hidroxila para formar glicerina, e os íons livres de sódio ligam-se com ácidos graxos para formar o sabão. O sabão tem mais álcalis livres em sua composição do que os sabonetes, consequência de levar mais soda cáustica/barrilha/bicarbonato do que gordura no processo de fabricação.
Os sabões produzidos com o hidróxido de sódio são mais duros. Já os produzidos com hidróxido de potássio (KOH) são mais moles ou até mesmo líquidos. Surgiu então o índice de saponificação, que é a quantidade em miligramas de KOH que é necessária para saponificar 1g de óleo ou de gordura. Veja alguns exemplos a seguir:
Óleos e gorduras Índice de saponificação (mg)
Manteiga 210 a 235
Banha de porco 190 a 200
Óleo de algodão 190 a 200
Óleo de linhaça 190 a 195
Quanto maior é o índice de saponificação, menor é a massa molar do triglicerídeo.
Na reação de saponificação de triglicerídeos, é produzida, além do sabão, a glicerina, que é aproveitada pela indústria para ser usada na fabricação de cosméticos, como cremes e sabonetes. (manualdaquimica).
A reação básica de saponificação pode ser representada pela seguinte equação:
Éster de ácido graxo + base forte → álcool + sal de ácido graxo (sabão)
No exemplo abaixo, a reação ocorre com a soda cáustica (hidróxido de sódio, NaOH), sendo um processo muito usado industrialmente e em nível doméstico. Os radicais R1, R2 e R3 representam cadeias carbônicas longas, características de ácidos graxos.
RECEITAS MAIS COMUNS DE SABÃO CASEIRO
RECEITA 01
5 litros de água quente 1 kg de soda cáustica 5 litros de óleo de cozinha usado e coado Colher de madeira Balde – de material grosso e resistente Recipiente para o molde do sabão (bandejas de plástico, caixas de leite cortadas ou gavetas velhas forradas com um pano ou papel manteiga).
Passo a Passo de como fazer sabão caseiro em barra
1. Coloque a soda cáustica no balde e adicione a água fervente aos poucos, com muito cuidado.
2. Junte o óleo e continue mexendo. Dica: Mexa com a colher de madeira, sempre com a mesma intensidade e para a mesma direção para não coalhar, até que o sabão se torne pegajoso. Esse processo leva de 20 a 30 minutos.
3. Quando o sabão já estiver com uma consistência pastosa, despeje-o no recipiente para o molde do sabão. Deixe-o secar de um dia para o outro, corte-o em pedaços do tamanho desejado e desenforme.
RECEITA 02
Ingredientes para fazer sabão caseiro em barra 2 litros de água quente. 1 kg de soda cáustica em flocos. 1 litro de álcool absoluto. 4 litros de óleo de cozinha de sua preferência. Óleo essencial de sua preferência.
Passo a Passo de como fazer sabão caseiro em barra
1. Utilize um balde para colocar a soda cáustica em flocos. 2. Vá adicionando de maneira delicada e bem devagar os 2 litros de água quente sobre a soda cáustica que está no balde. 3. Com o auxílio de uma colher de pau, mexa bem essa mistura até que a soda cáustica esteja totalmente dissolvida. 4. Adicione os 4 litros de óleo de cozinha a essa mistura do balde e mexa por cerca de 20 minutos. 5. Após os 20 minutos, adicione o álcool e o óleo essencial de sua preferência. 6. Mexa bem essa mistura, até ficar uma pasta bem consistente. 7. Coloque a pasta em formas e deixe secar bem, por cerca de 24 horas ou mais. 8. Depois basta cortar o sabão do tamanho e formato que você quiser.
OBS: Se você quiser que o seu sabão em barra fique ainda mais bonito e atraente e decorativo, utilize folhas aromáticas e ervas secas, conchas ou pétalas de flores quando for transportá-los para a forma que irão ficar até estarem totalmente secos, arrumando os itens decorativos da maneira que você achar mais bonito.
LEITURA EXTRA
Back in the days before soap was invented, it is said that when the ancient Egyptians wanted to clean themselves, they spread olive oil on their skin. The olive oil stuck to the dirt, and could then be scraped away. Other civilisations in Mesopotamia learned to put soda ash in olive oil and this became the first soap.
Olive oil has been used in soap making for thousands of years. Olive oil, like all fats and oils, is transformed into soap by adding lye (soda ash is very similar to lye). Over the centuries, the process of making soap from olive oil was improved, different oils were mixed with olive oil, and additives – from algae to minerals – were utilised.
An olive oil soap factory was established in Marseilles in the 6th century, and eventually other soap factories followed in Genoa, Lisbon and Constantinople (later Istanbul). The quality of such soaps was not consistent; it was only in 1792 that the purity and quality of the soap was stabilised, using a process developed by a French chemist.
As a result of this discovery, the government of France issued an edict on “Savon de Marseille” (Marseilles soap), ordering that all soap should conform to this manufacturing process. Only soap made in this manner would earn a certification of purity.
Marseilles soap factories usually tapped the olive production in Provence, France for their manufactures. But due to disastrous olive harvests in France at the end of the 17th century, French merchants came to Crete seeking olive oil to supply the soap factories of Marseilles. At this time, the Ottoman Empire had already occupied Crete.
During the eighteenth century, the amount of olive oil exported from Crete almost doubled. However, the quality of the olive oil exported was unregulated, and for much of the 18th and 19th centuries European observers remarked that the quality of the olive oil coming out of Crete was suitable only for soap manufacture. The quantity and quality of Cretan olive oil would have been improved by better refining techniques and more efficient Ottoman administration, but since the market for the oil was largely the soap factories anyway, there was no economic impetus for improvement and even crude manufacturing techniques were considered adequate.
Though soap made from olive oil was known as Marseilles soap, for the better part of two centuries a large section of the olive oil soap industry depended on olive oil from Crete.
At the same time, soap making became an important industry in Crete, Mytilene and Volos in the 18th and 19th centuries, with major exports of soap from these regions of Greece.
There were 45 soap factories in Crete, using 2,200,000 okes (a unit measuring 1280 gr) of olive oil per year. Large ships of 150-170 tons were built in Sfakia to transport soap to Constantinople, Salonica, Smyrna and Syria.
A visitor to Heraklion, Crete in 1881 writes: “The Heraklion Soap Factory produces excellent scented soap. Linen washed with Heraklion soap is not only cleaner than using any other soap, but also gives off a pleasant scent, even if the soap is not mixed with any perfume…”
Olive Oil Soap made in Crete
Cretan or Greek olive oil still forms a good base for soap. In Crete today, small family businesses and olive oil processing companies still make olive oil soap. Only the inferior grades of olive oil, like pomace, are preferred in soap making, not only because of their lower price but also because their chemical properties are better suited to soap manufacture.
Olive oil soap is very mild, long-lasting and can be used full strength on any skin type to help retain moisture and elasticity. It is no surprise that olive oil soap soothes and nourishes the skin because it takes advantage of the natural moisturising properties of olive oil.
A limpeza era motivo de orgulho para os gregos
ADENDUM
VACINAS
TIPOS DE VACINA
A origem dos projetos de vacinas que estão na fase clínica dos testes reflete a importancia crescente da China, em relação ao conhecimento de imunologia, e ao conhecimento básico, primeiro epicentro da pandemia, no cenário da pesquisa internacional. Desse grupo de 17 imunizantes, oito saíram de trabalhos feitos no gigante asiático (um deles em parceria com outros países) e três nos Estados Unidos.
Aparecem ainda duas iniciativas do Reino Unido, duas da Alemanha (uma com sócios internacionais), uma da Rússia e uma da Coreia do Sul. No estado de São Paulo, há seis iniciativas que buscam o desenvolvimento de candidatas a vacina contra a doença, sem contar projetos de outras unidades da federação. Por ser o segundo país do mundo em casos confirmados (1,4 milhão) e mortes (60 mil) por Covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos, o Brasil se tornou um bom campo de provas da viabilidade dos possíveis imunizantes contra a doença. Duas vacinas, uma de origem britânica, da Universidade de Oxford em conjunto com a empresa AstraZeneca, e outra chinesa, da companhia privada Sinovac Biotech, estão iniciando testes clínicos no Brasil (2020). Se forem capazes de conferir um nível satisfatório de proteção contra a Covid-19, devem ser primeiramente importadas e, depois, produzidas no país por meio de acordos de transferência de tecnologia firmados com os dois principais centros de produção de imunizantes no país.
O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), do Rio de Janeiro, associou-se ao projeto britânico, e o Instituto Butantan, de São Paulo, à iniciativa chinesa.
Pelo menos oito estratégias diferentes estão sendo usadas para desenvolver candidatas a vacinas contra a Covid-19. As mais tradicionais usam formulações baseadas em versões atenuadas ou inativadas do Sars-CoV-2. As mais modernas têm como objetivo usar o código genético do vírus para estimular uma resposta imunológica ao patógeno.
Quando os cientistas estavam desenvolvendo a vacina contra a hepatite B na década de 1980, eles descobriram que podiam cultivar a proteína de superfície do vírus por conta própria em um laboratório.
Usando essa ideia os pesquisadores agora estão tentando fazer algo semelhante com o coronavírus.
Tanto a Novavax quanto a Sanofi-GSK estão desenvolvendo vacinas usando uma versão sintetizada da proteína spike, que são cultivadas em células de insetos.
A proteína é então purificada e injetada no corpo. O Dr. Francis Collins, diretor do National Institutes of Health, disse em uma audiência no Senado norte-americano em setembro que o processo é "testado e aprovado". Mas é um pouco mais lento do que as tecnologias usadas por outros candidatos.
A Novavax e a Sanofi-GSK ainda não iniciaram os testes de fase três nos EUA para suas vacinas à base de proteínas. O primeiro planeja iniciar um estudo de fase três apoiado pela Warp Speed em novembro, enquanto a Sanofi-GSK espera iniciar seu estudo de fase três em dezembro.
Ambas as vacinas requerem um adjuvante, um agente químico que aumenta a resposta imunológica. Mas a vantagem das injeções é que podem ser armazenadas na temperatura normal da geladeira, o que as torna mais fáceis de enviar do que outros candidatos importantes. (C)
TIPOS DE VACINAS EM DESENVOLVIMIENTO NO MUNDO CONTRA O CORONAVIRUS (Nature)
(Artigo publicado pela Nature 28 APRIL 2020)
QUESTÕES
A vacina da Moderna (Modified RNA) funciona?
A vacina da Moderna foi eficaz na prevenção de casos de Covid-19 no total e na limitação de Covid-19 grave durante os testes. A eficácia da vacina contra a Covid-19 foi de 94,1%, ocorrendo pelo menos 14 dias após a segunda dose, de acordo com um documento informativo divulgado por um comitê consultivo da FDA.
No ensaio da Moderna, 15 mil participantes do estudo receberam um placebo, que é uma injeção de solução salina sem efeito. Ao longo de vários meses, 185 deles desenvolveram Covid-19, com 30 desenvolvendo formas graves da doença. Um deles morreu.
Outros 15 mil participantes receberam a vacina, e apenas 11 deles desenvolveram Covid-19. Nenhum dos 11 ficou gravemente doente.
A vacina foi eficaz em todas as faixas etárias, sexos, grupos raciais e étnicos e participantes com comorbidades médicas associadas ao alto risco de Covid-19 grave, de acordo com o documento informativo. Cerca de 10% dos participantes do estudo eram negros e 20% eram hispânicos ou latinos.
METODOLOGIA DA VACINA
Assim como a vacina da Pfizer, a da Moderna é feita usando o RNA mensageiro, ou mRNA, que é uma receita genética para fazer um pedaço dos espinhos que caracterizam o aspecto externo do coronavírus. Uma vez injetado, o sistema imunológico da pessoa vacina produz anticorpos contra os espinhos. Se uma pessoa vacinada for exposta posteriormente ao coronavírus, esses anticorpos devem estar prontos para atacar o vírus.
A vacina da Moderna, em particular, contém um mRNA sintético que codifica uma estrutura chamada “glicoproteína de espinho estabilizada em pré-fusão” do vírus.
A vacina também contém materiais gordurosos chamados lipídios, trometamina, cloridrato de trometamina, ácido acético, acetato de sódio e sacarose.
Qual a diferença entre a vacina da Moderna e a da Pfizer?
As duas vacinas são muito semelhantes, mas têm algumas diferenças importantes que tornam a vacina da Moderna “mais flexível”, segundo o Secretário de Saúde e Serviços Humanos (HHS) dos Estados Unidos, Alex Azar, disse no mês passado.
Eficácia: Tanto a vacina da Moderna quanto a da Pfizer-BioNTech mostraram níveis de eficácia semelhantes de quase 95%.
“Elas parecem ser mais ou menos equivalentes”, afirmou o doutor Paul Offit, membro do comitê consultivo de vacinas da FDA, durante uma aparição no programa “New Day” da CNN norte-americana na terça-feira (15).
Estrutura: Ambas as vacinas dependem do mRNA, ou RNA mensageiro, para funcionar, embora com estruturas e composições ligeiramente diferentes.
“Embora ambas sejam vacinas de RNA mensageiro, são moléculas de RNA mensageiro bem diferentes, com diferentes sistemas de entrega de lipídios, ou seja, o tipo de gota de gordura na qual o RNA mensageiro está localizado”, disse Offit. “É por isso que elas têm diferentes características de armazenamento e manuseio”.
Armazenamento a frio: Mais importante ainda, a vacina da Moderna não precisa ser mantida em temperaturas superfrias, como a da Pfizer.
A vacina da Pfizer precisa ser armazenada a cerca de -75 graus Celsius, cerca de 50 graus abaixo do que qualquer vacina atualmente usada nos Estados Unidos. A vacina pode ser colocada no geladeira por apenas até cinco dias antes que expire. Para acomodar isso, o CDC criou um conjunto complexo de requisitos de manuseio e armazenamento conhecidos como “cadeia de frio”, que incluem congeladores ultrafrios caros e muito gelo seco.
Em contraste, a vacina da Moderna pode ser mantida em cerca de -20 graus Celsius, valor próximo da temperatura de um freezer doméstico, de acordo com Moncef Slaoui, chefe do esforço dos EUA para desenvolver uma vacina para Covid-19. A vacina da Moderna também pode ser mantida na geladeira por 30 dias antes de expirar.
“Isso é mais administrável e muito mais comumente disponível”, afirmou Slaoui na terça-feira.
Essas diferenças sugerem que a vacina da Pfizer pode ser usada mais para grandes instituições com infraestrutura estabelecida, como hospitais, enquanto a da Moderna pode ser mais útil para instalações menores, como uma rede local ou as farmácias.
Dosagem e tempo: A vacina da Moderna é administrada em duas doses de 100 microgramas aplicadas com 28 dias de intervalo. A vacina da Pfizer é administrada em duas doses de 30 microgramas, aplicadas com 21 dias de intervalo.
Idade: Se autorizada, a vacina da Moderna seria usada em pessoas com 18 anos ou mais, enquanto a vacina Pfizer é autorizada para pessoas com 16 anos ou mais.
Essas são apenas uma parte das possibilidades para uma vacina, apesar de serem reconhecidamente as mais tradicionais, com resultados comprovados ao longo de décadas de estudos. Com a Covid-19, no entanto, as empresas decidiram abrir a caixa de ferramentas e apostar em novas abordagens, como as genéticas.
Em vez de injetar um vírus no paciente, essas vacinas contam com um método diferente de “enganar” o organismo. Elas contêm apenas uma série de instruções em uma sequência de RNA sintético envolta por nanopartículas lipídicas (ou uma pequena capa de gordura, para usarmos termos mais próximos do cotidiano).
Esse RNA sintético é absorvido pelas células, que interpretam as instruções e começam a produzir proteínas virais. Ou seja: um pedacinho do vírus é gerado pelo organismo do paciente vacinado. O sistema imunológico então entende que as partículas são uma ameaça e começa a produzir a resposta, que também será válida para neutralizar um ataque real.
Não afeta o seu genoma
A expressão “genética” vinculada a esse tipo de vacina cria alguma confusão, mas é necessário que fique claro: ela não afeta o genoma dos pacientes. Ela não chega nem perto de alterar seu código genético, e se mantém dentro das células por apenas algumas horas antes de se desfazer.
Neste período, a única coisa que ele fará será alterar o funcionamento de algumas células diretamente afetadas por um tempo, permitindo a produção de proteínas virais. Ela não afeta todo o organismo, nem traz alterações permanentes, como explica Brent R. Stockwell, professor de biologia e química na Universidade de Columbia nos Estados Unidos, em entrevista à Associated Press. Ela não vai invadir o núcleo da célula para afetar o código genético, e se a célula se duplicar, apenas o material original será multiplicado.
A utilização do mRNA replica o processo de uma infecção viral. Quando um vírus entra nas células, ele não afeta o material genético do hospedeiro (pelo menos na maioria dos casos), mas apenas “sequestra” seus sistemas para produzir cópias. No caso da vacina, não há instruções para a multiplicação do vírus, apenas da sua proteína externa.
Não há risco de desenvolver a doença
Como mencionado acima, as vacinas de mRNA contam apenas com instruções para produção da “casca” do coronavírus, como explica Alta Charo, professora de bioética na Universidade de Wisconsin em Madison, nos Estados Unidos, em entrevista à Deutsche Welle. Mais especificamente as proteínas que formam os espinhos que você pode ver em qualquer ilustração do vírus.
Os espinhos do vírus são produzidos pelas células e passam a ser alvo do sistema imunológico
Isso significa que a pessoa vacinada não corre o risco de produzir o vírus por conta própria, já que não há instruções para que suas células façam isso.
Neste ponto, as vacinas de mRNA são seguras. Existem outras técnicas, mais especificamente a de vírus atenuados, que não estão totalmente inativos, que trazem algum risco para pessoas com imunodeficiência, crianças e idosos. Em casos raríssimos, nestas pessoas que já tem o sistema imunológico prejudicado, é possível haver uma mutação que pode fazer com que a vacina induza o desenvolvimento da doença que deveria evitar. Não é um risco que exista com a técnica de mRNA.
Questões técnicas
Uma dificuldade que precisará ser enfrentada para a distribuição em grande escala da vacina da Pfizer é a logística. A tecnologia de RNA depende de armazenamento muito frio para que o composto não se degrade, com temperaturas abaixo de -75 graus Celsius, o que depende de equipamento potente e especializado.
Esse requisito deve dificultar bastante a distribuição da vacina em regiões com pouca infraestrutura, como acontece em boa parte do interior do Brasil.
A empresa diz em entrevista à revista brasileira Veja que tem trabalhado na embalagem da vacina para facilitar a distribuição. A caixa é projetada para manter a temperatura estável por um período de 15 dias; após o prazo, é possível renovar o gelo seco na embalagem por mais 15 dias e repetir o procedimento mais uma vez, garantindo até 45 dias de estabilidade. A empresa também diz que o composto consegue se manter por até 5 dias em condições normais de refrigeração.
Já a Moderna, outra companhia que está liderando os esforços de vacinas com mRNA diz que o seu composto pode manter a estabilidade com temperaturas de -20 graus. É menos complicado, mas também não é simples.
Arma poderosa contra outras pandemias
Se a vacina de mRNA se provar tão eficaz quanto a análise preliminar da Pfizer índica, será uma boa notícia não só para o combate à Covid-19, mas também para outras pandemias que podem ocorrer no futuro. Isso porque seu desenvolvimento tem potencial para ser mais rápido, permitindo uma resposta mais ágil contra a ameaça.
Primeiro, porque essas vacinas são relativamente simples de serem produzidas, encurtando o período de ensaios pré-clínicos, antes dos testes com humanos, permitindo selecionar múltiplas cadeias de mRNA e testar rapidamente se elas produzem o resultado que se espera.
Robin Shattock, pesquisador do Imperial College, explica à Wired que, quando o coronavírus apareceu, após a publicação do sequenciamento genético do vírus, sua equipe se comprometeu a experimentar a tecnologia de mRNA e ele define o processo como “plug-and-play”. Os pesquisadores já trabalhavam com a plataforma para pesquisar outras vacinas, como Ebola e HIV. Quando decidiram atacar o Sars-Cov-2, bastou trocar as informações genéticas do vírus do Ebola para as do coronavírus. O mesmo aconteceu com a Moderna, uma companhia que pegou o mundo de surpresa no início do ano pela agilidade com que seus testes pré-clínicos avançaram para os testes com humanos.
Também é mais fácil de escalar sua produção, já que se trata apenas um produto químico sintético, e não um vírus que precisa ser produzido em ovos ou células. Pensando na urgência da vacina em uma situação como a atual, não é um ponto que pode ser ignorado.
Busca pela vacina
Governos em todo o mundo estão fazendo uma grande aposta de que as primeiras vacinas para COVID-19 poderiam ser feitas com vírus geneticamente modificados. Os vírus projetados, chamados de vetores adenovirais, são projetados para transportar um gene do SARS-CoV-2, o novo coronavírus que causa o COVID-19, para dentro de nossos corpos, onde nossas células irão lê-lo e produzir proteínas de de ligação do coronavírus, as proteínas S (spike protein).
Como acontece com todas as vacinas, a ideia é fazer nosso corpo pensar que foi infectado. Essas proteínas de ligação (proteínas spike) fabricadas pelo nosso próprio corpo treinariam nosso organismo para detectar e destruir qualquer infecção real de SARS-CoV-2 antes que o vírus cause estragos. A técnica está em desenvolvimento há mais de 3 décadas, mas graças ao COVID-19, ela está prestes a ser posta à prova como nunca antes.
Assim que a sequência genética de SARS-CoV-2 foi postada online em janeiro, três grupos começaram a trabalhar independentemente em vacinas de vetor adenoviral para COVID-19: CanSino Biologics, da Universidade de Oxford e Johnson & Johnson. Todas as três equipes estão abarrotadas de veteranos de vacinas e seus programas COVID-19 têm atraído atenção global por sua escala e velocidade.
Muitos cientistas acreditam que uma vacina COVID-19 será necessária para impedir a propagação do coronavírus e acabar com a pandemia, que já ceifou mais de 270.000 vidas até agora. Nos últimos 4 meses, mais de 100 grupos aderiram à corrida para desenvolver as vacinas COVID-19. Seus esforços cobrem um espectro de tecnologias, incluindo vírus convencionais, inativados e novas tecnologias não comprovadas, como vacinas de RNA mensageiro (mRNA).
Em meio a essa corrida, as vacinas de vetor adenoviral têm a distinção de chegar primeiro aos humanos.
A vacina de vetor adenoviral da CanSino foi testada em humanos na China em março. Mais tarde naquele mês, o governo dos EUA prometeu mais de US $ 500 milhões para ajudar a J&J a preparar até 1 bilhão de doses de sua vacina, que não deve entrar em testes clínicos até setembro. A Universidade de Oxford, por sua vez, está adotando a abordagem mais ambiciosa: no final de abril, ela começou um teste de 1.100 pessoas para provar a segurança de sua vacina enquanto procurava sinais de que ela funcionava. Seu objetivo é concluir esse estudo em apenas um mês e, em seguida, iniciar um estudo de Fase III com 5.000 pessoas já em junho. Se for bem-sucedido, o programa de Oxford ultrapassará todas as outras vacinas COVID-19 em desenvolvimento.
“Eles têm o cronograma mais agressivo de qualquer grupo”, diz Thomas G. Evans, diretor científico da Vaccitech, uma empresa fundada em 2016 para comercializar a tecnologia de vetor adenoviral de Oxford. Em abril, a Vaccitech e a grande empresa farmacêutica AstraZeneca anunciaram uma parceria para desenvolver e comercializar a vacina Oxford. “Oxford provavelmente terá os primeiros dados de eficácia do mundo” para uma vacina COVID-19, possivelmente já em agosto, o que significa que a distribuição da vacina pode começar no outono, Evans diz.
Alguns cientistas dizem que as vacinas de vetores adenovirais, e a vacina de Oxford em particular, podem ser a melhor chance da sociedade para um retorno à normalidade. “Pelo que vi por aí, eles são provavelmente a plataforma mais promissora”, diz Hildegund Ertl, que estuda vacinas de vetores adenovirais no Instituto Wistar na Filadélfia.
As vacinas de adenovírus podem estar ganhando destaque em meio à pandemia de coronavírus, mas têm um passado confuso.
Quando os cientistas começaram a criar vetores adenovirais na década de 1980, a maioria trabalhava com um tipo específico de adenovírus chamado Ad5, que infecta humanos de forma ubíqua e causa o resfriado comum. Os pesquisadores retiraram do Ad5 os genes necessários para replicar e inseriram esses genes em linhas celulares geneticamente modificadas. Isso garantiu que os vírus modificados pudessem ser cultivados apenas nessas células especiais do laboratório. Também abriu espaço no genoma do Ad5 para os cientistas costurarem novos genes de sua escolha.
Muitos cientistas esperavam usar o Ad5 para entregar um gene humano que pudesse corrigir mutações genéticas raras - uma abordagem chamada terapia genética. Esses esforços foram interrompidos em 1999, quando um adolescente com uma rara doença genética do fígado morreu após receber uma injeção de uma terapia genética baseada em Ad5, que havia sido projetada no laboratório de James Wilson na Universidade da Pensilvânia.
A grande dose de 38 trilhões de vírus que o paciente recebeu provocou uma inflamação maciça em todo o corpo e deixou seu sistema imunológico acelerado. Depois disso, os cientistas pararam de usar vetores adenovirais para terapia genética, em que a dose precisa ser alta para atingir muitas células do corpo.
Mas os desenvolvedores de vacinas viram a inflamação induzida por adenovírus como um ativo.
“Existe uma expressão por aí que uma terapia gênica fracassada torna uma boa vacina”, diz Luk Vandenberghe, um especialista em vetores virais na Harvard Medical School.
Uma característica atraente é que os efeitos inflamatórios dos adenovírus significam que os desenvolvedores não precisam usar adjuvantes, moléculas adicionadas a vacinas convencionais para direcionar a atenção do sistema imunológico para a proteína viral. Os próprios adenovírus estimulam a inflamação, que é mantida sob controle com a administração de vacinas em doses baixas.
E todas as vacinas genéticas: vacinas de DNA, vacinas de mRNA e vacinas de vetor adenoviral, imitam uma infecção viral natural, forçando nossos corpos a produzir proteínas virais dentro de nossas células. Isso estimula as células T do nosso sistema imunológico a atacar essas células vacinadas e, no processo, elas aprendem a procurar e destruir células infectadas com o vírus real no futuro.
As vacinas tradicionais, feitas de vírus enfraquecidos, inativados ou proteínas virais, estimulam as células B a produzir anticorpos contra o vírus. Esses anticorpos se prendem aos vírus invasores e os impedem de entrar em nossas células, causando a doença.
O problema é que, uma vez que o vírus se infiltra em nossas células, os anticorpos de uma vacina tradicional são inúteis. É nessa fase que as células T precisam se lançar. Os vetores de adenovírus "são as melhores de todas as vacinas na indução de uma resposta de células T", diz Ertl da Wistar.
É por isso que alguns desenvolvedores de vacinas se voltaram para vetores adenovirais no início de 2000 para combater doenças, como AIDS, malária e tuberculose, causadas por patógenos que se escondem nas células. O maior e mais infame esforço foi liderado pela Merck & Co., que desenvolveu uma vacina baseada em Ad5 para o HIV. Dois grandes ensaios clínicos foram interrompidos no início de 2007, quando ficou claro que a vacina não estava funcionando - e, de forma alarmante, pode até ter aumentado o risco de infecções por HIV em um subconjunto de pessoas com imunidade preexistente ao Ad5.
“Isso acabou com os adenovírus pelos próximos 5 anos”, diz Evans, da Vaccitech.
O National Institutes of Health, que financiou parcialmente os testes, convocou uma reunião para decidir se deve prosseguir com os testes de vacinas baseadas em Ad5. Em 2009, decidiu avançar com uma versão modificada de um ensaio planejado de vacina contra o HIV, desde que os participantes não tivessem imunidade preexistente ao Ad5. Os resultados do estudo de 2.500 pessoas mostraram que a vacina era segura, mas ainda não funcionou.
Esse estudo restringiu o entusiasmo pelo Ad5, mas não o eliminou completamente. CanSino, uma empresa chinesa fundada por ex-desenvolvedores de vacinas da Sanofi, desenvolveu uma vacina baseada em Ad5 para Ebola durante o surto de 2014, e um estudo de Fase II mostrou que a vacina induziu uma resposta de anticorpos 4 semanas após a injeção.
Em 2017, a China aprovou a vacina, mas apenas para uso emergencial e estocagem nacional. Isso a tornou a primeira, e ainda a única, vacina de vetor adenoviral aprovada para humanos, com a grande ressalva de que o estudo de Fase II não provou que a vacina preveniu infecções por Ebola. Além disso, os níveis de anticorpos caíram drasticamente em 6 meses após a vacinação. A maioria dos participantes tinha imunidade preexistente ao Ad5, que alguns cientistas acreditam que pode ter reduzido a capacidade da vacina de induzir uma resposta imunológica de longa duração.
A experiência da empresa com o Ebola permitiu que ela adotasse rapidamente uma vacina COVID-19 usando Ad5. Em 16 de março, a CanSino se tornou a primeira empresa a iniciar um ensaio clínico de uma vacina COVID-19. O estudo de segurança de Fase I com 108 pessoas foi concluído, embora os resultados ainda não tenham sido divulgados. Um estudo de Fase II de 500 pessoas está em andamento.
Alguns cientistas lançaram dúvidas sobre as chances de sucesso do CanSino, mas os veteranos da indústria dizem que a imunidade preexistente ao Ad5 pode ser superada com uma dose mais alta da vacina, o que exigirá um monitoramento mais rigoroso dos efeitos colaterais.
“Eles têm mais chance nisso do que ninguém, porque têm uma enorme instalação de fabricação, grande experiência e o apoio financeiro e de mão de obra do governo chinês”, diz Evans. “Se você está descontando o CanSino, está cometendo um grande erro.”
Várias empresas menores também estão desenvolvendo vacinas COVID-19 com base no Ad5. Um deles é o ImmunityBio, que usa vetores Ad5 com deleções adicionais de genes. O CEO Patrick Soon-Shiong diz que a modificação reduz drasticamente as respostas imunológicas tóxicas do corpo ao vírus e até permite que o vetor seja dosado várias vezes. A empresa testou o vetor em cerca de 200 pessoas em vários pequenos ensaios clínicos, principalmente para câncer.
Outras empresas, incluindo Altimmune, Stabilitech BioPharma e Vaxart, acreditam que podem contornar a imunidade preexistente ao Ad5 na corrente sanguínea administrando suas vacinas como sprays nasais ou pílulas em vez de injeções. As formulações experimentais também podem ser mais fáceis de fabricar, armazenar, distribuir e usar.
“Em uma pandemia como essa, não é apenas conveniente, mas quase essencial, ter algo que você possa administrar facilmente”, disse o diretor científico da Altimmune, Scot Roberts. “Você pode até imaginar mandar a vacina pelo correio para alguém.”
ALTERNATIVAS PARA AD5
Mesmo antes do fracasso dos testes de HIV, alguns cientistas acreditavam que a imunidade preexistente ao Ad5 seria um problema, então eles procuraram na natureza por adenovírus menos comuns aos quais menos pessoas teriam sido expostas. A empresa de vacinas Crucell Holland e Dan Barouch, do Beth Israel Deaconess Medical Center e da Harvard Medical School, usaram um dos vírus naturais mais promissores, chamado Ad26, para fazer um novo vetor adenoviral. A J&J, que adquiriu a Crucell em 2011, desenvolveu várias vacinas baseadas em Ad26 para vírus como HIV, vírus sincicial respiratório (RSV), vírus Zika e vírus Ebola.
A J&J desde então administrou milhares de doses de sua vacina experimental contra o Ebola em pessoas na República Democrática do Congo e em Ruanda. A vacina está sendo revisada por reguladores de medicamentos na Europa, o que significa que pode se tornar a primeira vacina de vetor adenoviral comercial comprovada para prevenir uma doença em humanos.
Em janeiro, Barouch começou a trabalhar com a J&J em uma vacina COVID-19 baseada em Ad26. Embora a J&J não vá iniciar os estudos em humanos de sua vacina até o outono, ela tem uma vantagem na capacidade de fabricação. Além de suas próprias instalações de produção, recrutou a Emergent BioSolutions e a Catalent para ajudar a preparar até 1 bilhão de doses da vacina.
Mas a vacina da J&J tem desvantagens potenciais. Os regimes de vacinas de Ebola, HIV e RSV da empresa usam uma injeção de uma vacina baseada em Ad26 mais uma injeção de reforço de uma vacina diferente. Essa combinação torna difícil fazer comparações com sua vacina COVID-19, que usa apenas Ad26. E Barouch descobriu que cerca de metade dos adultos em alguns países da África Subsaariana e do Sudeste Asiático têm imunidade preexistente ao Ad26, o que significa que a vacina pode não funcionar bem para essas pessoas.
Alguns laboratórios têm procurado evitar o problema da imunidade preexistente usando adenovírus que normalmente não infectam humanos, mas infectam nossos parentes mais próximos. No início dos anos 2000, o laboratório de Wilson em Penn começou a caçar adenovírus de chimpanzés, que os pesquisadores isolaram das fezes do animal. Logo depois, o laboratório de Ertl em Wistar começou a colaborar com Wilson para usar os adenovírus de chimpanzé como um novo vetor de vacina.
Outros grupos também adotaram a ideia. “Os chimpanzés são muito protegidos, mas as fezes podem ser facilmente coletadas”, diz Stefano Colloca, que trabalhou em vetores adenovirais no centro de Laboratórios de Pesquisa da Merck em Roma no início dos anos 2000. Posteriormente, ele ajudou a formar uma empresa, a Okairos, que foi desmembrada desse trabalho quando a Merck interrompeu seus programas Ad5 em 2007.
Okairos se concentrou no desenvolvimento de vetores adenovirais de chimpanzés que se assemelhavam muito ao Ad5 humano e logo formou uma colaboração com um centro de vacinas recém-fundado na Universidade de Oxford, chamado Jenner Institut. A equipe de Oxford usou um dos vetores derivados do chimpanzé da Okairos para desenvolver uma vacina contra a malária, que se tornou o primeiro vetor derivado do chimpanzé a ser testado em humanos.
Em 2012, o grupo Oxford desenvolveu seu próprio vetor derivado de chimpanzé, denominado ChAdOx1, (O adenovírus usado pela Universidade de Oxford costuma infectar chimpanzés e tem o nome de ChAdOx1 (acrônimo de Chimpanzee Adenovirus Oxford 1), com base em um adenovírus descoberto nas fezes de chimpanzé.
A equipe de Oxford criou a empresa Vaccitech em 2016 e desenvolveu vacinas experimentais para uma série de doenças, incluindo AIDS, malária, tuberculose e Middle East respiratory syndrome (síndrome respiratória do Oriente Médio), que é causada pelo coronavírus MERS.
Esse adenovírus é modificado (no caso da vacina Oxford/AstraZeneca) e leva para dentro das células humanas material genético do SARS-CoV-2 que produz uma proteína (proteína de ligação) usada pelo coronavírus para se ligar às céluas e invadí-las, provocando a Covid-19. Essa proteína se chama proteína S (de "spike", espícula). Quando o adenovius ChAdOx1 entra no corpo de quem foi vacinado, (ele) induz as células humanas a produzirem somente a proteína S. Por ser um material estranho, a proteína ativa o sistema de defesa, que cria barreiras imunológicas contra essa proteína.
A vacina da Oxford é eficiente?
Estudo publicado na revista científica Lancet indica que a vacina é segura e tem eficácia de 70% para proteger contra a doença pessoas abaixo de 55 anos.
O número supera a eficácia mínima de 50% estabelecida pela Anvisa para dar aprovação a um imunizante contra a Covid-19.
Um artigo publicado em 19 de novembro indicou que a vacina é segura para todas as faixas etárias, inclusive para idosos, e gerou menos reações adversas nos voluntários mais velhos. As reações mais comuns à aplicação da substância foram dor no local da vacinação, febre e dor de cabeça, todas de intensidade leve ou moderada. Nenhuma reação grave relacionada à imunização foi registrada.
Dá para confiar em uma vacina desenvolvida em tão pouco tempo?
Sim. Para serem aplicadas na população, as vacinas precisam passar por testes de segurança, e essa avaliação continua sendo rígida mesmo na pandemia.
Além disso, as tecnologias-base usadas para os imunizantes já estavam em desenvolvimento há muito tempo. A ideia e a técnica por trás da vacina de Oxford e da AstraZeneca já tinham sido descritas em 2012, em artigo na revista Plos One, segundo Ricardo Parolin Schnekenberg, pesquisador da Universidade de Oxford. (B)
Um pequeno estudo de segurança dessa vacina MERS foi realizado em 2018. Os resultados, publicados em abril deste ano (2020), mostraram que a maioria das 24 pessoas no teste ainda tinha células T direcionadas ao vírus MERS, 12 meses após uma única injeção da vacina. Eles também ainda tinham níveis elevados de anticorpos um ano depois. Mas apenas cerca de metade das pessoas que receberam a dose mais alta da vacina tinham anticorpos que neutralizaram o vírus que produz a MERS em experimentos de laboratório.
Esse trabalho com a MERS permitiu à equipe de Oxford avançar rapidamente em uma vacina COVID-19, que essencialmente troca as instruções genéticas pela proteína spike do SARS-CoV-2. Para melhorar o processo de fabricação de sua vacina, a Oxford contou com a ajuda da MilliporeSigma, que fornecerá equipamentos para vários fabricantes contratados que poderiam desenvolver coletivamente dezenas de milhões de doses da vacina.
Em julho, a Okairos, que desde então se transformou em uma empresa agora chamada ReiThera, planeja iniciar um ensaio clínico de sua própria vacina COVID-19, que é baseada em um adenovírus descoberto nas fezes de gorila.
A maior desvantagem das vacinas de vetor adenoviral de grandes macacos pode ser a falta de testes anteriores em humanos. Antes da pandemia de coronavírus, o vetor ChAdOx1 de Oxford foi dado a apenas cerca de 320 pessoas, e o novo vetor derivado de gorila de ReiThera nunca foi testado em humanos. Embora a imunidade preexistente possa limitar a eficácia das vacinas baseadas em Ad5 e Ad26, pelo menos seus desenvolvedores têm uma ideia melhor da segurança de seus vetores.
E embora a maioria dos cientistas de vacinas concorde que as vacinas de vetor adenoviral são ótimas para estimular a imunidade das células T, eles discordam sobre a importância disso para a prevenção de COVID-19. A maioria das pesquisas se concentrou na resposta de anticorpos do sistema imunológico ao vírus. As vacinas de vetores adenovirais podem induzir respostas de anticorpos, mas geralmente não são tão fortes quanto aquelas induzidas por vacinas mais tradicionais.
Os cientistas estarão observando de perto os testes da vacina do vetor adenoviral nos próximos meses para ver como eles se comparam às vacinas de mRNA e DNA para COVID-19. Se os resultados preliminares forem promissores e tudo correr perfeitamente, um número limitado de vacinas pode estar disponível para grupos selecionados, como profissionais de saúde, já no outono. Muitas empresas esperam que um número maior de vacinas esteja disponível ao longo de 2021.
“É possível que muitas dessas modalidades de vacina funcionem ou que nenhuma delas funcione”, diz Vandenberghe de Harvard. “Quase qualquer modalidade não vai marcar todas as caixas, e nem mesmo sabemos quais caixas precisamos verificar. Todas as apostas podem ser necessárias.”
“Almost any modality is not going to check all the boxes, and we don’t even know what boxes we need to check. All bets may be needed.”
08/DEZ/2020
Dia da Vitória da ciência
Hoje dia 08 de dezembro de 2020, uma mulher de 90 anos se tornou a primeira pessoa a receber uma vacina de Covid-19 como parte do programa de vacinação em massa que está sendo implementado em todo o Reino Unido. Margaret Keenan, que fará 91 anos na próxima semana, disse que foi o "melhor presente de aniversário antecipado".
Ela recebeu a injeção às 06:31 GMT, a primeira das 800.000 doses da vacina Pfizer/BioNTech que serão dadas nas próximas semanas. Até quatro milhões a mais são esperados até o final do mês. Os centros no Reino Unido irão vacinar pessoas com mais de 80 anos e algumas equipes de saúde e cuidados, o programa visa proteger os mais vulneráveis e retornar a vida ao normal.
Margaret Keenan
O secretário de Saúde Matt Hancock (NHS), que apelidou esta terça-feira de dia V, disse que ficou emocionado ao ver as primeiras vacinações acontecerem, mas pediu às pessoas que mantenham sua determinação e sigam as regras nos próximos meses.
Calendário de vacinação
Covid-19 vacina
O primeiro-ministro Boris Johnson, em uma visita a um hospital de Londres para ver algumas das primeiras pessoas recebendo a vacina, disse que ser vacinado era "bom para você e para todo o país".
IRELAND
The vaccine will be rolled out at seven sites across Northern Ireland including the Ulster Hospital's new Emergency Department, the Seven Towers Leisure Centre in Ballymena, Antrim Forum leisure centre and the Foyle Arena in Londonderry.
William Shakespeare se torna o segundo a receber a vacina contra a covid-19
O Reino Unido deu início nesta terça-feira (08/12) ao maior programa de vacinação de sua história, e se tornou o primeiro país a iniciar a aplicação em massa do imunizante contra a covid-19 desenvolvido pela farmacêutica Pfizer em parceria com a empresa alemã Biontech.
As primeiras doses da vacina - que foi amplamente testada e examinada por fontes independentes - estão sendo aplicadas em pessoas com mais de 80 anos de idade, funcionários de casas de repouso e profissionais da saúde e assistentes sociais que atuam na linha de frente.
A inglesa Margaret Keenan, que completará 91 anos na próxima semana, foi a primeira pessoa a receber umas das 800 mil doses disponíveis para a primeira fase de vacinação. O Reino Unido espera ter outras 4 milhões de doses à disposição até final de dezembro.
Margaret keena, 90 anos recebe a primeira dose da vacina
O ministro da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, celebrou o momento histórico e chamou esta terça-feira de Dia V – uma referência ao Dia da Vitória da Segunda Guerra Mundial. As autoridades, porém, pediram paciência à população e que as pessoas aguardem para que primeiro os mais vulneráveis recebam as doses da vacina.
As equipes médicas vão entrar em contato com seus pacientes e agendar as consultas, mas a maioria terá de esperar até o próximo ano, uma vez que a expansão do programa de vacinação ocorrerá apenas quando houver imunizantes em quantidade suficiente.
Maratona pela frente
As 800 mil doses iniciais são apenas uma fração do total necessário para o país. O governo quer vacinar em torno de 25 milhões de pessoas, ou seja, aproximadamente 40% da população, ainda na primeira fase.
Após imunizar os mais vulneráveis, o programa será ampliado para faixas etárias diferentes, começando pelos mais velhos. Os estoques serão distribuídos inicialmente para 50 centros hospitalares e, posteriormente, fornecidos para outros hospitais.
Algumas questões de logística geram atrasos na distribuição da vacina, que deve ser armazenada a uma temperatura de -7 ºC. O diretor médico do Serviço Nacional de Saúde (NHS) da Inglaterra, Stephen Powis, disse que o programa de vacinação será "uma maratona, e não uma corrida de curta distância".
À frente na corrida
Mesmo assim, o Reino Unido largou na frente, após as agências reguladoras do país concederem autorização para a vacina da Pfizer e Biontech em caráter de emergência, no dia 2 de dezembro.
As autoridades da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos também avaliam a eficácia do imunizante, assim como os produzidos pelo laboratório americano Moderna e pela colaboração entre a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, entre outros.
No último sábado, a Rússia iniciou um programa de vacinação para milhares de médicos, professores e outras categorias utilizando a vacina Sputnik V, produzida no país. O programa russo é visto de modo diferenciado, uma vez que o governo autorizou sua aplicação em meados deste ano após testar o imunizante em apenas algumas dezenas de pessoas.
O Reino Unido é o país europeu com mais mortos em decorrência do novo coronavírus, com mais de 61 mil óbitos. O país já registrou mais de 1,7 milhão de casos da doença.
A notícia representa um "grande dia para a ciência e para a humanidade".
A vacina foi testada em 43,5 mil pessoas de seis países e, em setembro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou que seus testes clínicos fossem ampliados no Brasil, de mil para dois mil testes em voluntários.
Segundo as fabricantes, nenhum problema de segurança na vacina foi levantado até o momento.
Como funcionan as vacinas
contra a COVID19?
A maioria das vacinas que usamos desde os primórdios da criação das vacinas mesmo antes de sua invenção no mundo ocidental por Edward Jenner (1749-1823) que criou e usou pela primeira vez o princípio da imunização (usando o pus das lesões provocadas pela varíola) envolve injetar um vírus ou bactéria (mortos ou atenuados ou mesmo partes desses organismos) no nosso corpo para que o sistema imunológico identifique esses corpos estranhos que são uma ameaça e crie formas de defender o corpo contra esses agentes estranhos (not self).
(Como ja estudamos Edward Jenner observou que pessoas que ordenhavam vacas não contraíam a varíola, desde que tivessem adquirido a forma animal da doença (que provocava uma patologia leve, muito semelhante a varíola), Jenner extraiu o pus da mão de uma ordenhadeira que havia contraído a varíola bovina e o inoculou em um menino saudável, James Phipps, de oito anos, no dia 04 de maio de 1796. O menino contraiu a doença que se desenvolveu de forma branda se restabeleceu e logo ficou curado. Posteriormente no dia 1 de julho, Jenner inoculou no mesmo menino líquido extraído de uma pústula de varíola humana. James Phipps não contraiu a doença, o que significava, então, que estava imune à varíola humana, por ter desenvolvido defesa contra o agente causador da varíola. Edward Jenner publicou os resultados de sua pesquisa em uma obra intitulada “An Inquiry into the Causes and Effects of the Variolae Vaccinae, a Disease Known by the Name of Cow Pox").
Para se produzir uma vacina, em se tratando de vírus, podemos enfraquecê-los, inativá-los, ou atenuá-los, ou usar subunidades (partes desses organismos).
Então, as vacinas virais podem ser classificadas como atenuadas, inativadas ou de subunidades. (Vacinas virais).
1) As vacinas atenuadas contêm agentes infecciosos vivos, mas enfraquecidos, que não apresentam a capacidade de produzir a doença.
A vacina atenuada é aquela em que o vírus encontra-se ativo, porém, sem capacidade de produzir a doença; exemplos desse tipo de vacina:
vacina contra caxumba, febre amarela, poliomielite oral - VOP, rubéola, sarampo, varicela). Raras vezes, estes vírus podem reverter para a forma selvagem causando a doença. Estas vacinas são contraindicadas para imunodeprimidos e gestantes. Vírus atenuados são assim chamados pois passam por um processo no qual sua virulência é reduzida a níveis considerados seguros para a aplicação clínica (vacinação) em humanos.
O método mais utilizado para a obtenção de vírus atenuados baseia-se em promover infecções sequenciais de vírus patogênicos em culturas celulares in vitro, ou em ovos embrionados. O que se obtém após a série de passagens são cepas virais menos virulentas (atenuadas), as quais sofreram mutações genéticas pontuais que comprometem o funcionamento de fatores virais necessários à patogenicidade (desenvolvimento da doença), sem, no entanto, gerar prejuízos à capacidade “replicativa” do vírus. (Veja esse protocolo para inativação de vírus SARS-CoV-2). Quando aplicado no corpo de um indivíduo, o vírus atenuado é capaz de se replicar, porém de maneira lenta, sem causar maiores danos ao organismo. A prolongada exposição ao vírus durante a lenta replicação viral induz uma resposta imune. Esta resposta leva à produção de células de memória (linfócito B e T), as quais garantem o estabelecimento de imunidade contra o vírus em questão.
2) Vacinas inativadas e de dsubunidades.
As vacinas inativadas (inativação: alteração e desnaturação das estruturas virais) e de subunidades (partes do virus) usam agentes mortos ou apenas partículas (capsídeo sem o material genético) dos agentes patogênicos, ou (partes do capsídeo viral ou do envelope, i.e., que contenham proteínas específicas do vírus).
Os componentes dessas vacinas são chamados de antígenos e têm como função reduzir ao máximo o risco de infecção ao estimular o nosso sistema imune a produzir anticorpos, de forma semelhante ao que acontece quando somos expostos aos vírus, porém, sem causar doença. Nesse caso nosso corpo não desenvolve a doença mas produz anticorpos contra aquele tipo específico de vírus que foi introduzido no nosso corpo. (WHO 2004 Report)
A vacina inativada contém o vírus inativado por agentes químicos ou físico. Já as vacinas de subunidades são fragmentos do vírus (antígenos) purificados. As vacinas inativadas e de subunidade não chegam a “imitar” a doença como as atenuadas, o que fazem é “enganar” o sistema imune do nosso corpo, pois este acredita que o agente infeccioso morto, ou uma partícula dele, representa perigo real e desencadeia o processo de proteção. Este processo é a produção de anticorpos contra esse fragmento viral.
São vacinas sem risco de causar infecção em pessoas imunodeprimidas ou em gestante e seu feto.
Exemplos de vacinas inativadas: poliomielite injetável (VIP), hepatite A, gripe e raiva. Por trabalhar com microrganismos completamente incapacitados de provocar sintomas de uma doença, as vacinas inativadas, que de modo geral são formuladas com adjuvantes (componentes que ajudam na estimulação do sistema) tendem a ter esquemas vacinais multidoses, como as vacinas de poliomielite injetável (VIP) e de subunidades da hepatite B.
Inativação
Modo de ação dos tratamentos de inativação na partícula de HCV.
Representação esquemática da partícula de HCV, mostrando as glicoproteínas E1 e E2 (azul), o envelope viral (amarelo) e o capsídeo formado pela proteína core (azul claro), que protege o RNA viral (preto). Cada procedimento de inativação afeta o partícula de uma forma única, seja influenciando o RNA viral ou destruindo o envelope viral (linha amarela sólida, envelope intacto; linha amarela tracejada espessa, envelope danificado; linha tracejada fina, envelope fortemente danificado). (A)
Virus inactivation by chemical disinfectants is an important instrument for infection control in medical settings, but the mechanisms involved are poorly understood. In this study, we systematically investigated the effects of several antiviral treatments on hepatitis C virus (HCV) particles as model for enveloped viruses. Studies were performed with authentic cell culture-derived viruses, and the influence of chemical disinfectants, heat, and UV treatment on HCV was analyzed by the determination of infectious particles in a limiting-dilution assay, by quantitative reverse transcription-PCR, by core enzyme-linked immunosorbent assay, and by proteolytic protection assay. All different inactivation methods resulted in a loss of HCV infectivity by targeting different parts of the virus particle. Alcohols such as ethanol and 2-propanol did not affect the viral RNA genome integrity but disrupted the viral envelope membrane in a capsid protection assay. Heat and UV treatment of HCV particles resulted in direct damage of the viral genome since transfection of viral particle-associated RNA into permissive cells did not initiate RNA replication. In addition, heat incubation at 80°C disrupted the HCV envelope, rendering the viral capsid susceptible to proteolytic digest. This study demonstrated the molecular processes of viral inactivation of an enveloped virus and should facilitate the development of effective disinfection strategies in infection control not only against HCV but also against other enveloped viruses. (veja também: Viral inactivation - an overview)(Schatzmayr, H.G (2003). História, Ciências, Saúde Manguinhos, vol. 10 (suplemento 2)).
A proposed novel approach for orthogonally inactivated virus vaccine preparation using detergent insoluble viral protein aggregates. A) Generalized typical pathway for the preparation of “traditional” inactivated split virus vaccine resulting in solubilized proteins. B) Proposed “novel” orthogonal inactivation strategy using reactive oxygen species (ROS) induced protein aggregation to form detergent-resistant viral protein aggregates. Inset of HIV depicts lipids (purple circles with black tails), RNA (light blue squiggles), and various other viral proteins (all other colored circles and sticks) (Belanger et alii, 2011).
Atualmente algumas vacinas são obtidas por engenharia genética, como, por exemplo, a vacina para hepatites B e a vacina preventiva para infecções com vírus do papiloma humano (HPV).
Nessas vacinais, emprega-se a informação genética do patógeno responsável pela codificação de proteínas que representem antígenos relevantes para a proteção; contra o qual se deseja que o nosso corpo produza um anticorpo. Hoje é possível produzir proteínas recombinantes por meio de sistemas de expressão heteróloga usando outros micro-organismos como bactérias e leveduras, ou células de mamíferos ou de insetos, como fonte para os antígenos a serem incorporados nas formulações vacinais.
A vacina atenuada tem sua capacidade de nos deixar doentes reduzida a níveis seguros ou inativados (são incapazes de se reproduzir). Faz parte deste grupo a CoronaVac, que em setembro de 2020 foi testada em 50 mil pessoas. Através desse teste ficou demonstrado que a vacina é segura e pode ser usada na população.
Como vimos previamente existem as chamadas vacinas de subunidades, em que apenas fragmentos característicos de um vírus, como uma proteína, por exemplo, são produzidos em laboratório e purificados para serem usados na vacina. Essa subunidade quando entra em nosso corpo tem é percebido pelo sistema imune como uma ameaça. Quando isso acontece o sistema imune passe a produzir anticorpos para atacar esse invasor.
A proposta das vacinas gênicas, como essa anunciada pela Pfizer, é diferente. Em vez de injetar em nós um vírus atenuado ou parte dele, a ideia é fazer o nosso próprio corpo produzir a proteína do vírus.
Para isso, os pesquisadores identificam a parte do código genético viral que carrega as instruções para a fabricação dessa proteína específica. Uma vez reconhecida ela é injetada em nosso organismo. Uma vez absorvidas por nossas células, ela funciona como um manual de instruções para a produção da proteína do vírus. Com essa informação carregada pelo RNA, nossas células iniciam a produção em massa dessa proteína viral. A célula fabrica essa proteína e a exibe em sua superfície (membrana plasmática) ou a libera na corrente sanguínea, o que alerta as células do sistema imune. Alertadas as células do sistema imune iniciam a produção de células específicas de memória os Linfócitos B e T que garantem imunidade ano nosso corpo.
Tratamento com solvente / detergente para inativação viral
Os métodos de inativação viral com solvente ou detergente são mais comumente usados para vírus com envelope. Os reagentes comumente empregados têm impacto desprezível na labilidade da proteína ou dos anticorpos terapêuticos, que estão sujeitos aos problemas de desnaturação ou desamidação possíveis com alguns métodos de baixo pH. Os métodos de tratamento com solvente ou detergente para inativação viral apresentam muitas das necessidades e determinantes dos métodos de baixo pH; principalmente para definir o escopo da adição do reagente (neste caso, um solvente ou um detergente) e o tempo necessário para o processo. Tal como acontece com a inativação viral de baixo pH, as condições variam entre imunoglobulinas ou outros tipos de drogas. Portanto, estudos devem ser conduzidos para cada molécula para caracterizar e validar o espaço de design ou os limites operacionais nos quais a inativação viral efetiva por solvente ou detergente pode ocorrer. Esses limites e o resultado do processo de inativação viral são definidos de forma semelhante por parâmetros essenciais do processo, incluindo temperatura, conteúdo de proteína ou detergente e tempo sob condições de inativação, bem como eficiência de mistura e homogeneização do solvente ou detergente. Identificar e navegar por esses fatores afetará positivamente a qualidade e a quantidade do produto.
AS VANTAGENS DAS VACINAS GÊNICAS
A imunologista Cristina Bonorino explica que, no caso das vacinas atenuadas ou inativadas, é preciso cultivar uma grande quantidade de vírus para usá-los como matéria prima.
As vacinas gênicas dispensam isso. Basta criar em laboratório só a sequência genética desejada. Isso exige uma estrutura de produção muito mais enxuta. "O custo também é provavelmente menor", diz Bonorino, que é professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e membro do comitê científico da Sociedade Brasileira de Imunologia.
Márjori Dulcine, diretora-médica da Pfizer Brasil, explica que, além desse tipo de vacina ser produzida mais rapidamente em grande escala, ela também é flexível.
"Sabemos que o Sars-Cov-2 tem uma grande capacidade de sofrer mutações. Então, se isso ocorrer, podemos rapidamente adaptar", diz Dulcine.
As vacinas gênicas também eliminam o risco de uma pessoa ficar doente ao ser vacinada, o que pode ocorrer quando são usados os vírus atenuados.
Os vírus neste estado foram manipulados para serem menos perigosos, mas ainda assim eles conseguem se reproduzir lentamente.
Isso dá tempo suficiente para que o sistema imunológico de uma pessoa saudável reaja e, neste processo, aprenda a combater essa ameaça.
Mas, em casos mais raros, se o paciente é imunocomprometido, ele pode perder essa corrida contra o vírus, e a pessoa fica doente.
"Com esse tipo de vacina, não tem isso, porque ela não usa um micro-organismo vivo. É completamente sintética", diz Norbert Pardi, da Universidade da Pensilvânia.
O tempo necessário para desenvolver uma vacina também cai drasticamente.
Normalmente, leva-se meses para ter uma pronta para os primeiros testes. Com a vacinas gênicas, demora semanas.
"A Moderna levou 42 dias do momento em que recebeu a sequência genética do vírus até começar os estudos da vacina contra a covid-19. Isso é quase impossível com outras tecnologias", afirma Pardi.
O cientista diz ainda que os testes mostraram até agora que as vacinas gênicas contra a covid-19 geraram uma reação do sistema imunológico ao menos tão boa quanto a das outras candidatas.
"Então, elas não são apenas mais seguras e relativamente baratas de produzir, mas bastante eficazes. Isso é muito importante."
VACINAS DE DNA VS VACINAS DE RNA
Mas se estas vacinas têm tantas vantagens, por que ainda não há nenhuma aprovada para o uso em humanos? Um dos motivos é que a tecnologia é recente.
A primeira vacina foi criada pelo médico britânico Edward Jenner, em 1796, portanto há 224 anos, no sec. XVIII, para prevenir a varíola.(Como vimos na aula A historia da vacina, nesse blog).
As vacinas gênicas estão sendo desenvolvidas há pouco mais de três décadas, e só mais recentemente começaram a dar resultados mais animadores.
A princípio, acreditava-se que seria melhor fazer esse tipo vacina usando DNA, a molécula que guarda todas as informações genéticas de um organismo, e que são usadas pelas nossas células para fabricar as proteínas que compõem o nosso corpo.
Mas, para que isso aconteça, o DNA necessita ser transcrito em uma molecula intermediária o mRNA, pois a sintese protéica ocorre no citolasma da célula e o DNA está protegido no núcleo. As moléculas de mRNA, são produzidas usando o DNA como molde, e enviadas ao citoplasma. No citoplasma o mRNA é traduzido pelos ribossomos usando aminoácidos carreados por tRNA. No ribossomo acontece então as ligações peptídicas (onde um aminoácido é ligado ao outro linearmente. A ordem dos aminoácidos é determinada pelo gene (DNA) e pela sequencia de ribonucleotídeos do mRNA.
Os cientistas acreditavam que, ao injetar o DNA do vírus em nós, ele poderia ser absorvido por nossas células e, uma vez dentro das células, é transcrito em mRNA para que então a proteína desse micro-organismo fosse fabricada, e esta sendo expressa na superfície das células ou enviada para o sangue o que alertaria o sistema imune produzindo anticorpos contra essas proteínas.
Entretanto testes feitos em laboratório mostraram que as vacinas de DNA não produzem uma resposta imunológica forte o suficiente em humanos. "Não sabemos exatamente por quê", diz Pardi.
Então outra alternativa é usar diretamente o mRNA. O problema é que essa molécula é capaz de gerar uma inflamação muito forte em nós e que pode nos matar. Além disso, o mRNA é muito mais instável do que o DNA e se degrada facilmente quando introduzido no nosso organismo.
"Temos em nós, por tudo quanto é lado, enzimas que atacam RNAs. Se você injetar ele sem que esteja protegido, ele é rapidamente destruído", afirma Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor).
Mas, nos últimos 15 anos, os pesquisadores encontraram uma forma de envelopar essa molécula para impedir que ela se decomponha e chegue até a célula. Também conseguiram reduzir o potencial inflamatório do RNA.
A expectativa é que, daqui a algum tempo, quando a gente domine essa tecnologia, muitas vacinas no futuro sejam desse tipo.
A pandemia criou algumas condições que provavelmente estão acelerando esse processo. O que de certa forma é triste pois o orçamento para a saúde e pesquisa deveria ser sempre mantido mesmo em condições saudáveis. Pois nunca se sabe quando surgirá uma nova doença ou uma pandemia como esta que estamos vivendo agora.
A covid-19 é uma doença nova, muito contagiosa e mortal, contra a qual ainda não existe uma vacina. Criar uma é urgente.
Fazer isso normalmente custa dezenas ou centenas de milhões de dólares, mas agora há muito dinheiro sendo investido por governos e organizações privadas.
E, quando uma vacina estiver pronta, países do mundo todo terão interesse em comprá-la. Segundo a pesquisadora Cristina Bonorino, a maior dificuldade para fazer uma vacina é o orçamento, o dinheiro disponível, porque a técnica é relativamente simples. Já existem vacinas de RNA patenteadas, mas elas ainda não foram colocadas no mercado. A questão é: tem mercado? Agora tem mercado e uma necessidade não atendida urgente.
Segundo a OMS existem hoje 40 vacinas gênicas entre as 187 que estão sendo desenvolvidas contra a covid-19. Dez (10) das quais já são testadas em humanos, e duas (2) estão na última etapa desta parte da pesquisa.
O estudo da vacina da Moderna envolve 30 mil participantes nos Estados Unidos. A pesquisa da Pfizer/BioNTech/Fosun também conta com 30 mil voluntários nos Estados Unidos e em outros países, entre eles o Brasil. Nos dois casos, as empresas já desenvolviam vacinas de mRNA para combater outros vírus.
No caso da Moderna, era o Nipah, que é transmitido por morcegos e pode causar problemas respiratórios e uma inflamação no cérebro que são potencialmente letais.
A Pfizer e a BioNTech estavam criando uma vacina de mRNA contra o vírus influenza, que causa a gripe.
O objetivo é fazer nossas células produzirem a proteína do coronavírus conhecida como espícula (spik), que tem uma grande capacidade de gerar uma resposta do sistema imunológico.
Acho que essas vacinas têm potencial. Os resultados publicados mostram que elas induzem à produção de uma grande quantidade de anticorpos que neutralizam o vírus quando este entra no organismo. O teste final será ver se essa proteção é duradoura, diz o imunologista Jorge Kalil.
O estudo da Pfizer vai durar dois anos, mas a empresa já apresentou resultados positivos nessa segunda-feira. "O momento exige dos pesquisadores e das empresas farmacêuticas ação rápida, com segurança e qualidade. Nosso papel é apresentar dados robustos às autoridades da saúde", diz Márjori Dulcine. "São elas que vão nos dizer se eles são suficientes."
A INPORTÂNCIA DO USO
DA MÁSCARA
Google homenageia no dia 10 de março o médico sanitarista Dr. Wu Lien-Teh criador da máscara percussora da N95 / pff2 durante a peste pneumônica da Manchúria
O Google aproveitou a data para resgatar essa incrível história de um medico sanitarista malaio. A história de Wu Lien Teh e de como usar máscaras salvam vidas. Em época de pandemia por covid-19 ainda observamos um baixo índice de adoção de uso de máscaras de proteção facial no Brasil, desde as máscaras de tecido e até mesmo o uso das mais eficazes contra o coronavírus SARS-CoV-2, e suas variantes, como as máscaras N95 / pff2.
Durante o surto da doença coronavírus em 2019, vários estudiosos argumentaram que o trabalho de Wu tinha relevância contemporânea para o campo da epidemiologia (1).
Covid-19 causada por SARS-CoV-2
(Fonte: Colin D. Funk, Craig Laferrière, and Ali Ardakani - Funk CD, Laferrière C and Ardakani A (2020) A Snapshot of the Global Race for Vaccines Targeting SARS-CoV-2 and the COVID-19 Pandemic (2).
Wu Lien-teh ou Wu Liande (伍連德), nasceu em 10 de março de 1879 e faleceu aos 80 anos em 21 de janeiro de 1960, tera um médico malaio conhecido por seu trabalho em saúde pública e particularmente sua contribuição no combate da praga da Manchúria de 1910-1911. Wu foi o primeiro estudante de medicina de ascendência chinesa a estudar na Universidade de Cambridge.
No inverno de 1910, Wu recebeu instruções do Foreign Office (Ministério das relações exteriores), Pequim, para viajar a Harbin para investigar uma doença desconhecida que matou 99,9% de suas vítimas. Este foi o início da grande pandemia de peste pneumônica da Manchúria e da Mongólia, que acabou ceifando 60.000 vidas.
Wu conseguiu realizar uma autópsia (geralmente não aceita na China na época) em uma mulher japonesa que morreu de peste.
Tendo verificado por meio da autópsia que a peste estava se espalhando pelo ar, Wu desenvolveu máscaras cirúrgicas que ele tinha visto em uso no Ocidente, em máscaras mais substanciais com camadas de gaze e algodão para filtrar o ar, contendo assim a transmissão da peste (1).
Gérald Mesny, um importante médico francês, que veio para substituir Wu, recusou-se a usar uma máscara e morreu dias depois de peste.
A máscara foi amplamente produzida, com Wu supervisionando a produção e distribuição de 60.000 máscaras ao final pandemia posterior, e apareceu em muitas imagens da imprensa. Acredita-se que a máscara N95 seja descendente do design de Wu.
médico Taiwanês ensina o passo-a-passo de como fazer máscara caseira
Wu iniciou uma quarentena, providenciou a desinfecção dos prédios e o incêndio e substituição do antigo hospital contra a peste. A medida pela qual Wu é mais lembrado foi ao pedir sanção imperial para cremar as vítimas da peste.
Era impossível enterrar os mortos porque o solo estava congelado e os corpos só podiam ser descartados embebendo-os em parafina e queimando-os em piras. A cremação dessas vítimas infectadas acabou sendo o ponto de inflexão da epidemia; dias após o início das cremações, a peste começou a diminuir e em poucos meses foi erradicada.
Suas máscaras tiveram grande repercussão na imprensa e acredita-se que a sua invenção foi a percussora da máscara N95.
Como epidemiologista Wu estabeleceu medidas de restrição, orientou a cremação dos mortos ao invés de enterrar, aconselhou as pessoas a usarem sua máscara recém-inventada, criou postos de quarentena e hospitais, restringiu viagens e adotou uma série de medidas para mitigar o contágio da doença. Suas ações foram essenciais para que em quatro meses depois de receber a tarefa de controlar a propagação da peste, ela fosse erradicada em abril de 1911.
Wu também liderou os esforços para combater o surto de cólera de 1920-21 no nordeste da China. Na década de 1930, ele se tornou o primeiro diretor do Serviço Nacional de Quarentena.
Em 1935 ele foi o primeiro malaio nomeado para o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina por seu relevante trabalho no controle da peste pneumônica.
Em 1937, durante a ocupação japonesa da China ele foi forçado a fugir. Sua casa e coleção de livros médicos foram queimados. Em 1943, Wu foi capturado por combatentes da resistência de esquerda malaia e mantido sob custódia. Em seguida, ele quase foi processado pelos japoneses por apoiar o movimento de resistência pagando o resgate, mas foi protegido por ter tratado um oficial japonês.
Por volta de 1939, Wu voltou para a Malásia e continuou a trabalhar como clínico geral em Ipoh. Ele recebeu prêmios do Czar da Rússia e do Presidente da França, e recebeu diplomas honorários da Universidade Johns Hopkins , da Universidade de Pequim , da Universidade de Hong Kong e da Universidade de Tóquio .
Wu foi um verdadeiro sanitarista, percursor de diversas práticas que foram aplicadas no combate a outros surtos e pandemias. Ele praticou a medicina até a morte, aos 80 anos.
Sobre a praga da Manchúria - peste pneumônica
Peste pneumônica é uma infeção pulmonar grave causada pela bactéria Yersinia pestis. Os sintomas mais comuns são febre, dor de cabeça, falta de ar, dor no peito e tosse com sangue. Os sintomas começam-se a manifestar geralmente de três a sete dias após exposição à bactéria.
Os epidemiologistas Danylo Zabolotny e Anna Tchourilina rastrearam a causa inicial do surto e chegaram até os caçadores de marmotas de Tarbagan que contraíram a doença dos animais que caçavam para o comércio de peles.
No entanto, Wu levantou a questão de por que os caçadores de marmotas tradicionais não haviam contraído epidemias mortais antes. Posteriormente, ele publicou um trabalho argumentando que os caçadores tradicionais Mongóis e Buryat estabeleceram práticas que mantinham suas comunidades seguras e ele culpou os caçadores que foram para a área e usaram métodos de caça que capturavam mais animais doentes e aumentavam o risco de exposição.
Uma homenagem ao Homem por trás da máscara
Em sua página do Doogle o Google destacou "Defensor e praticante dedicado dos avanços médicos, os esforços de Wu mudaram não apenas a saúde pública na China, mas em todo o mundo. Feliz aniversário para o homem por trás da máscara, Dr. Wu Lien-teh!"
A empresa também aproveitou a história para conscientizar sobre a importância do uso de máscaras de proteção facial, em seu blog escreveram:
"Usar uma máscara. Salve vidas. Como o COVID-19 continua a impactar as comunidades em todo o mundo, ajude a interromper a propagação seguindo estas etapas"
O Google agradeceu a família "Agradecimentos especiais à família do Dr. Wu Lien-teh, incluindo suas bisnetas, Dr. Shan Woo Liu e Ling Woo Liu, por sua parceria neste projeto. O Dr. Shan Woo Liu, MD, SD, é médico assistente no Massachusetts General Hospital e Professor Associado de Medicina de Emergência na Harvard Medical School.
Ela é autora do livro infantil, Herói Mascarado: A História de Wu Lien-Teh. Abaixo, ela compartilha seus pensamentos sobre o Doodle e o legado de seu bisavô."
E se disseram honrados por poder contar essa história:
"Estamos honrados por o Google estar comemorando o aniversário de nosso bisavô. Há pouco mais de um século, ele ajudou a combater uma praga na China e desenvolveu técnicas como o uso de máscaras, que ainda usamos hoje em nossa batalha contra o COVID-19. Quando crescemos, ouvimos as histórias de nosso pai sobre nosso bisavô - que ele era famoso por controlar a peste pneumônica da Manchúria, uma doença mortal para quase todos que a contraíam, e que ele ocupava um cargo na China equivalente ao de Cirurgião Geral em the US Um livro em nossa mesa de centro com uma capa esfarrapada, Plague Fighter, nos lembrava diariamente de suas realizações.
Sua história mexeu com algo em mim e, desde muito jovem, sonhei em me tornar um médico. No entanto, foi somente em 1995, quando participei da celebração do 80º aniversário de sua fundação da Associação Médica Chinesa, que realmente apreciei seu legado. Centenas de médicos e cientistas lotaram uma sala de conferências em Xangai para ouvir palestras sobre sua vida e carreira. Fiquei sabendo que ele era considerado por muitos o pai da medicina moderna na China. Em 2018, viajei com minha família para Harbin, no nordeste da China, para visitar um museu e instituto de pesquisa construído em homenagem ao meu bisavô. Foi humilhante seguir seus passos na mesma cidade onde reprimiu o surto de peste um século antes. Hoje, como médico de emergência tratando de pacientes com COVID-19, agradeço ainda mais sua bravura.
Um ano atrás, fiquei apavorado com o quão pouco sabíamos sobre o coronavírus. Mesmo agora, tenho dificuldade em imaginar como meu bisavô deve ter se sentido ao cuidar de pacientes que contraíram a peste. Mas também me sinto mais próxima dele do que nunca ao exortar meus pacientes a praticar o distanciamento social e a usar uma máscara - as mesmas técnicas em que ele foi pioneiro ao resgatar a China, e possivelmente o mundo, de um flagelo. Wu Lien-teh continua sendo um herói tanto agora quanto era antes."
Pesquisas científicas feitas por diversas universidades tem demonstrado que o uso de máscaras faciais durante surtos de doenças virais como a causada pelo coronavírus.
Com base nessas evidências, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) recomenda o uso de máscaras faciais para: (pfarma)
• Pessoas que apresentam sintomas respiratórios, como tosse, espirros ou dificuldade em respirar, mesmo quando procuram atendimento médico, para proteger as pessoas ao seu redor.
• Pessoas (incluindo familiares) que prestam atendimento a pessoas com sintomas respiratórios.
• Profissionais de saúde, quando entram em uma sala com pacientes ou quando tratam um indivíduo com sintomas respiratórios e de acordo com o tipo de atendimento que será prestado.
Em nenhuma dessas circunstâncias, o uso somente de uma máscara facial garante a proteção contra infecções e deve ser combinado com outras medidas de proteção pessoal, como higienizar as mãos, manter distância de pessoas com sintomas e praticar a etiqueta respiratória (ao tossir ou espirrar, cobrir a boca e o nariz com o cotovelo flexionado ou com um lenço – em seguida, jogar fora o lenço e higienizar as mãos).
“Nenhuma medida preventiva é 100% eficaz para prevenir infecções, mas praticar todas elas de maneira conjunta pode reduzir as chances de disseminação da infecção”, disse o vice-diretor da OPAS, Jarbas Barbosa.
Recomendações para o público em geral
Os estudos não demonstraram um benefício claro do uso de máscaras para pessoas saudáveis. Algumas pesquisas mostram que as pessoas podem ser infectadas tocando em uma máscara contaminada que estavam usando ou removendo-a incorretamente. (pfarma)
Em um surto como o COVID-19, as seguintes medidas podem ajudar as pessoas a reduzir suas chances de serem infectadas:
• Lave as mãos com frequência ou use um desinfetante para as mãos à base de álcool. Sempre lave com água e sabão quando as mãos estiverem visivelmente sujas.
• Evite tocar o nariz ou a boca, que são vias comuns de infecção.
• Evite multidões e limite suas visitas a espaços fechados com pessoas.
• Evite o aperto de mão e outras formas de contato físico.
• Mantenha uma distância de pelo menos um metro (3 pés) de qualquer pessoa que tenha sintomas respiratórios (por exemplo, tosse ou espirro).
Se a pessoa tiver sintomas como tosse, espirros ou dificuldade para respirar, as recomendações são:
• Usar uma máscara facial, se a pessoa estiver infectada, para evitar a propagação da doença.
• Se não usar máscara, mas estiver tossindo e espirrando, é fundamental cobrir o nariz e a boca com o cotovelo dobrado ou com um lenço de papel – em seguida, jogar fora o lenço e higienizar as mãos.
“Este é um novo vírus”, disse Barbosa, referindo-se ao COVID-19, “então ainda estamos coletando informações sobre ele. Mas as evidências já disponíveis mostram que é semelhante o suficiente a outros vírus e estamos bastante confiantes de que essas recomendações são boas dicas para reduzir as chances de infecção”.
A máscara
A máscara que ele ensinou a fazer possui 3 camadas que compreende materiais como: