26.3.22

USE MÁSCARA

 USE MÁSCARA 

Mamis e eu de máscara 

As infecções respiratórias acontecem através da transmissão de gotículas contendo vírus e aerossóis exalados por indivíduos infectados. 

Por aerossóis entende-se a dissipação de fluidos, que no caso de algumas doenças, como a COVID-19, se dá pela transmissão de partículas menores do que gotículas, emitidas pela tosse, espirro e até mesmo a fala, e que podem permanecer no ar por horas e, assim, serem facilmente inaladas.

Segundo afirma o artigo “Reducing transmission of SARS-CoV-2” (Reduzindo a transmissão de SARS-CoV-2) publicado, em 27 de maio de 2020, na Revista Sciense, os seres humanos produzem gotículas respiratórias que variam de 0,1 a 1000 μm (micrômetros – 1000 micrômetros equivalem e 1 milímetro). 

O tamanho, a inércia, a gravidade e a evaporação das gotículas determina a distância que as gotículas e aerossóis emitidos percorrerão no ar. 

As gotículas respiratórias sofrem sedimentação gravitacional mais rapidamente do que evaporam, contaminando, assim, as superfícies e levando à transmissão por contato. Ou seja caem sob todas as superfícies contaminando-as, assim, qualquer pessoa que toque nessas superfícies levará os vírus em suas mãos. 

As máscaras reduzem a transmissão aérea Partículas de aerossol infecciosas podem ser liberadas durante a respiração e a fala por indivíduos infectados assintomáticos. Nenhum mascaramento maximiza a exposição, enquanto o mascaramento universal resulta na menor exposição. Gráfico: V. Altounian/Science.

O artigo revela que uma grande proporção de propagação da COVID-19 está acontecendo através da transmissão aérea por aerossóis. 

Para isso, os autores mostram dados de algumas localidades como Taiwan, Hong Kong, Japão, Cingapura, Coreia do Sul e Nova Iorque, para comparar que em locais como Taiwan, apesar de possuir uma população de 24 milhões de habitantes e sem ter adotado o lockdown (confinamento), a incidência da doença foi extremamente baixa, com 441 casos e 7 mortes, em comparação à Nova Iorque, por exemplo, que tem uma população menor, 20 milhões de habitantes e um registro de 353 mil casos e 24 mil mortes. Entre os planos adotados pelo governo de Taiwan, desde o início, que contemplava disponibilização, fácil acesso, preços razoáveis, aumento da produção, proibição da exportação e campanhas para uso contínuo das máscaras pela população, provavelmente influenciou o baixo número de casos da doença.

Em ambientes externos, vários fatores determinarão as concentrações e a distância percorrida e se os vírus respiratórios permanecem infecciosos em aerossóis. Brisas e ventos ocorrem com frequência e podem transportar gotículas e aerossóis infecciosos por longas distâncias. 

Indivíduos assintomáticos que falam durante o exercício podem liberar aerossóis infecciosos que podem ser captados pelas correntes de ar. As concentrações virais serão diluídas mais rapidamente ao ar livre, mas poucos estudos foram realizados sobre a transmissão externa do SARS-CoV-2. Além disso, o SARS-CoV-2 pode ser inativado pela radiação ultravioleta da luz solar e provavelmente é sensível à temperatura ambiente e à umidade relativa, bem como à presença de aerossóis atmosféricos que ocorrem em áreas altamente poluídas. 

Os vírus podem aderir a outras partículas, como poeira e poluição, o que pode modificar as características aerodinâmicas e aumentar a dispersão.

Dado o quão pouco se sabe sobre a produção e o comportamento aéreo de gotículas respiratórias infecciosas, é difícil definir uma distância segura para o distanciamento social. 

Supondo que os vírions SARS-CoV-2 estejam contidos em aerossóis submicrônicos, como é o caso do vírus influenza A, uma boa comparação é a fumaça de cigarro exalada, que também contém partículas submicrônicas e provavelmente seguirá fluxos e padrões de diluição comparáveis. A distância de um fumante em que se sente o cheiro de fumaça de cigarro indica a distância naqueles ambientes em que se pode inalar aerossóis infecciosos. 

Em uma sala fechada com indivíduos assintomáticos, as concentrações de aerossóis infecciosos podem aumentar com o tempo. 

No geral, a probabilidade de se infectar em ambientes fechados dependerá da quantidade total de SARS-CoV-2 inalada. 

Em última análise, a quantidade de ventilação, o número de pessoas, quanto tempo se permanece dentro da sala com indivíduos assintomáticos; i.e., quanto tempo  se visita uma instalação interna, e as atividades que afetam o fluxo de ar modulam as vias de transmissão viral e a exposição aos virus. 

Por essas razões, é importante usar máscaras adequadamente ajustadas em ambientes fechados, mesmo a 6 pés (1,82 m) de distância. A transmissão aérea pode explicar, em parte, as altas taxas de transmissão secundária para a equipe médica, bem como grandes surtos em instalações de enfermagem. 

A dose mínima de SARS-CoV-2 que leva à infecção é desconhecida, mas a transmissão aérea através de aerossóis foi bem documentada para outros vírus respiratórios, incluindo sarampo, SARS e varicela (measles, SARS, and chickenpox).


Use máscara 
Por Miguel Nicolelis

Em uma série de tweets compilados em forma de texto, o cientista Miguel Nicolelis recomenda que a população siga usando máscaras. Ele diz que desobrigar o uso de máscaras agora é tentar confundir a sociedade sobre o estado real da pandemia no Brasil. Nicolelis diz ainda que “esta narrativa perversa e irresponsável continua levando a mais mortes e a mais casos crônicos de Covid.”

Por Miguel Nicolelis

Acabo de dar um retweete numa sequência de tweets que confirma a seguinte máxima sobre a COVID-19:

Este é um vírus para não se ter! Nunca. Nem de forma assintomática, branda ou leve.

Este vírus pode causar múltiplas complicações crônica graves que reduzem a qualidade de vida e podem ser fatais.

Portanto, remover máscaras e tentar mascarar a verdade, seja sobre o estado real da pandemia no Brasil e no mundo, ou tentar confundir a sociedade com a falsa dicotomia epidemia x endemia é literalmente atentar contra a saúde e bem-estar de dezenas de milhões de brasileiros.

Todo o mundo vai ter que lidar nos próximos anos e décadas com milhões de pessoas sofrendo de consequências graves desta pandemia. Como ela não acabou de forma alguma, quanto mais pessoas se infectarem pelo descaso das autoridades, mais casos de COVID crônica ocorrerão no futuro.

Com isso, mais vidas serão arruinadas por problemas médicos de todas as variedades, inclusive a possibilidade de uma “pandemia” de demência precoce em todo mundo, como também mais vidas serão encurtadas pelo aumento da mortalidade a longo prazo. Se isso não fosse suficiente

A COVID-19 crônica também pode afetar o sistema reprodutor de homens e mulheres com consequências ainda desconhecidas a longo prazo. Ou seja, podemos ter uma redução significativa de nascimentos em decorrência destes efeitos crônicos

Resumo da Ópera: não acredite de forma alguma nos arautos do otimismo que pregam aos 4 ventos que a pandemia acabou ou está por acabar. Ninguém pode afirmar isso com certeza. Esta narrativa perversa e irresponsável continua levando a mais mortes e a mais casos crônicos de COVID.

Ignore gestores que apenas jogam para a torcida num ano eleitoral. Pelo seu bem e pelo bem dos seus familiares e da sociedade como um todo, mantenha o uso das máscaras, evite ao máximo aglomerações, vacine-se e não ceda à tentação de achar que o normal voltou só porque alguns “experts” apoiadosqq por gestores incompetentes/irresponsáveis e uma mídia que se rendeu ao poder dos “cliques e likes” assim decretaram.

O preço desta rendição incondicional é caro demais: a qualidade da sua vida futura, ou a falta dela, está em jogo.

Use máscaras e diga não ao absurdo.




Fonte


24.3.22

DOENÇAS BACTERIANAS

DOENÇAS BACTERIANAS


As doenças bacterianas são aquelas causadas por bactérias (Eubacterias) e também podem aparecer com o nome “bacterioses”. Apesar de serem causadas por seres semelhantes, cada uma delas é bem única.

Algumas dessas enfermidades podem ser muito simples, as vezes assintomáticas e até curadas naturalmente pelo próprio organismo, ou precisar de uma intervenção simples. Exemplo disso são as cáries.

Porém, elas também são causadoras de doenças muito antigas como a Lepra, e até doenças que devastaram a humanidade, como a Peste Negra. Ainda hoje, as doenças bacterianas são as responsáveis por infecções que podem levar à morte, como a Tuberculose, ou que deixam sequelas gravíssimas, como a Meningite.

Contudo, se não tratadas, até as doenças mais simples podem gerar complicações desconfortantes, isso porque as bactérias podem se reproduzir de forma muito rápida e viver em forma de colônias. 

BACTÉRIAS 

As bactérias são seres microscópicos do Reino Eubactéria que vivem em quase todos os ambientes, estão em florestas, oceanos, esgotos, centro urbanos e até dentro e fora dos animais e do ser humano (na pele, nas mãos, nos olhos, na boca, no trato gástrico, na vagina, no pênis e no anus e nos pés).

Bactérias são seres procariontes e unicelulares do Domínio Bacteria e do reino Eubactaria. Apresentam uma estrutura simples quando comparadas com os Eukarya, mas suficientes para causar ações impactantes. Elas podem ser encontradas tanto vivendo de forma isolada quanto formando colônias.

Apesar de termos algumas impressões negativas sobre elas, nem todas causam doenças. Talvez, para sua surpresa, muitas delas tem funções importantes para nossa vida: vivem no nosso intestino auxiliando na degradação dos alimentos, e produzindo vitaminas B e K, servem para fabricar alimentos (ex.: queijos, bebidas, alimentos fermentados: lactobacilos...)  e são utilizadas na biotecnologia para produção de medicamentos e vacinas.

As bactérias do nosso organismo, conhecida como microbiota, estimulam o nosso sistema imunológico, decompõem compostos alimentares potencialmente tóxicos e sintetizam certas vitaminas e aminoácidos, incluindo as vitaminas B e vitamina K. Por exemplo, as principais enzimas necessárias para formar a vitamina B12 são encontradas apenas em bactérias, não em plantas e animais.

INSTITUTO OSVALDO CRUZ

ANTIBIÓTICOS O QUE SÃO ONDE AGEM E COMO

MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS



Doenças bacterianas ou bacterioses

Causas, sintomas, transmissão, tratamento e diagnóstico 

As doenças causadas por bactérias são muito diversas. 

A seguir veremos o nome das principais bacterioses e um resumo com causas, sintomas, transmissão, tratamento e diagnóstico dessas doenças.
 
De modo geral, as bacterioses podem ser transmitidas por gotículas de saliva (tuberculose, lepra, difteria, coqueluche), contato com alimento ou objeto contaminado (disenteria bacilar, tétano, tracoma) ou por contato sexual desprotegido (sem uso de preservativo) com um paciente (gonorreia, sífilis). Sua melhor forma de prevenção são as vacinas.

Ainda que cada uma tenha suas próprias características, todas elas costumam ser tratadas com antibióticos, visto que eles são remédios descobertos e criados exclusivamente para matar bactérias. Porém, como cada uma tem seu nível de gravidade e sintomas variados, elas exigem outros tratamentos específicos para complementar a cura.

É importante ressaltar que o uso desse medicamento só pode ser feito com recomendação médica e seguindo rigorosamente suas orientações. Isso porque o uso inadequado pode selecionar cepas resistentes, fazendo com que a cura perca sua eficácia.


Salmonella spp: Intoxicação alimentar
Vibrio spp:  Intoxicação alimentar
Campylobacter jejuni: Gastroenterite
Edwardsiella tarda: Diarreia 
Aeromonas hydrophila: Diarreia e septicemia
Mycobacterium mairinum: Micobacteriose
Leptospira interrogans: Leptospirose
Clostridium botulinum:  Botulismo

Edwardsiella tarda causadora da diarreia bacteriana (researchgate)


Outas doenças bacterianas

1) Tuberculose
2) Difteria
3) Coqueluche
4) Sífilis
5) Gonorreia ou Blenorragia
6) Cárie
7) Meningite Meningocócica
8) Pneumonia
9) Lepra ou Hanseníase
10) Leptospirose
11) Tétano
12) Tracoma
13) Disenteria
14) Botulismo
15) Cólera
16) Clamídia
17) Febre Maculosa
18)Terçol


Tuberculose

A tuberculose é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também chamada de Bacilo de Koch, que ataca os pulmões.
 
Bacilo de Koch (fiocruz)

Ela é transmitida quando uma pessoa saudável se aproxima de doentes, ou em locais fechados, pois há exposição às gotículas da saliva e das vias respiratórias.

Transmissão 


Os principais sintomas são fadiga, febre, tosse, emagrecimento, falta de apetite, sudorese, rouquidão e expectoração com sangue. Essa doença pode levar à morte se não for tratada, o que é feito utilizando um conjunto de três medicamentos. A melhor forma de prevenção é a vacinação infantil, alimentação adequada, cuidados de higiene e evitar contato com pessoas doentes.

De acordo com a pneumologista Dalcolmo (2014), os países do grupo dos Brics, grupo do qual o Brasil faz parte, concentram 60% da incidência de tuberculose no mundo. A China tem 1 milhão de casos por ano; a Índia, 2,2 milhões, com uma alta taxa de resistência aos principais fármacos; e os países da antiga União Soviética, por sua vez, concentram as mais altas taxas de resistência primária, decorrente de maus tratamentos prévios (fiocruz).

Difteria

A difteria é uma doença infectocontagiosa causada pelo bacilo Corynebacterium diphtheriae. Sua principal característica é a inflamação da garganta, principalmente em crianças. A sua transmissão se dá pelo contato com pessoas infectadas, através da saliva ou lesões da pele. 

Os principais sintomas são dor de garganta, aparecimento de placas nas amígdalas, febre, mal-estar, tosse, calafrios e coriza nasal. O agravamento da doença pode levar à morte por asfixia. O tratamento é por antibióticos e a melhor prevenção é a vacina tríplice.

Coqueluche

A coqueluche é uma doença respiratória infectocontagiosa causada pela bactéria Bordetella pertussis. É muito comum em crianças e o contágio se dá por contato com espirro, saliva e tosse de pessoas infectadas.

Os principais sintomas são febre, espirro, mal-estar, tosse seca prolongada e falta de ar.

O tratamento costuma ser repouso, beber muitos líquidos, analgésicos e anti-inflamatórios. Se for necessário, o médico indica antibiótico. A melhor prevenção é a vacinação infantil.


Sífilis

A Sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST ou DST) provocada pela bactéria Treponema pallidium, é uma das doenças bacterianas que também faz parte das doenças sexuais. Como o próprio nome indica, é transmitida ao ter relação sexual desprotegida com um parceiro já contaminado.

A doença tem vários estágios, mas um dos sinais característicos é o aparecimento de cancro duro, uma ferida de bordas endurecidas, indolor, próxima aos órgãos sexuais. Se não tratada, a doença tem sérias consequências, atacando diversos órgãos inclusive o sistema nervoso. Sua prevenção mais comum é o uso de preservativos.


Gonorreia ou blenorragia

A gonorreia é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST ou DST), causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. Como o próprio nome indica, é transmitida ao ter relação sexual desprotegida com um parceiro já contaminado ou no parto, da mãe para o filho.

Os principais sintomas são dor e ardor ao urinar, sangramentos, corrimento amarelado e com forte odor. O tratamento deve ser administrado pelo médico, e utiliza de antibióticos. Sua prevenção mais comum é o uso de preservativos.


Cárie

A cárie é uma infecção que afeta os dentes, causada pelas bactérias principalmente Streptococcus mutans e S. sobrinus, naturalmente presentes na boca que se acumulam formando placas duras e difíceis de serem removidas em casa pela escovação. Esse acúmulo se dá pelo excesso de matéria orgânica nos dentes, quando não há boa alimentação ou escovação (beduca, apcd).

Uma das principais bactérias causadoras da cárie é a Streptococcus mutans. Os pesquisadores sabem, no entanto, que existe uma segunda bactéria nociva chamada Streptococcus sobrinus que acelera a cárie dentária em algumas pessoas, mas muito pouco se sabe sobre esse micróbio. Uma equipe de pesquisadores da Illinois Bioengineering, liderada pelo professor assistente Paul Jensen, conseguiu sequenciar com sucesso os genomas completos de três cepas de S. sobrinus. De acordo com Jensen, o S. sobrinus é difícil de trabalhar em laboratório e não está presente em todas as pessoas, então os pesquisadores concentraram seus esforços ao longo dos anos na compreensão do S. mutans mais estável e prevalente, que foi sequenciado em 2002 (apcd).

Com a fonte de alimento abundante, as bactérias vão produzindo ácidos que perfuram o esmalte do dente, causando dor e desconforto, atingindo partes profundas do dente e chegando até o nervo (neurônio) do dente. Não é facilmente transmitida porque depende da fisiologia e da alimentação de cada pessoa. O modo de prevenção é boa alimentação e escovação adequada dos dentes.


Meningite meningocócica

A meningite é uma inflamação das meninges, as membranas que envolvem e protegem o Sistema nervoso central. Ela pode ser provocada por vários seres mas a bacteriana pode levar à morte se não for diagnosticada e tratada a tempo. 

Transmite-se através de espirro, saliva e tosse e os principais sintomas são dor de cabeça e no pescoço, rigidez na nuca, febre alta e manchas vermelhas. Deve ser administrado antibiótico aos doentes, na veia, o mais rápido possível, porque a doença pode resultar em surdez ou até na morte. A melhor prevenção é a vacinação.

Essa doença é muito cobrada em vestibulares, então fizemos um artigo completo sobre Meningite!
O que é pneumonia?
A Pneumonia é uma infecção pulmonar causada por bactérias, vírus, fungos ou outros parasitas. A forma mais comum ocorre pela bactéria Streptococcus pneumoniae. A transmissão se dá através de espirro, saliva e tosse de pessoas infectadas.

Os sintomas são dor no corpo, falta de ar persistente, febre alta, tosse, fraqueza e cansaço. No tratamento deve ser administrado antibiótico e com a evolução da doença, é necessário o internamento. A Prevenção é evitar o excesso de exposição ao ar-condicionado e cuidar adequadamente dos resfriados para que não evoluam.


Lepra ou hanseníase

A hanseníase é uma doença crônica, conhecida antigamente como lepra. É causada pela bactéria Mycobacterium leprae, também conhecido como bacilo de Hansen. Quando o tratamento é feito a tempo, a recuperação é total. A transmissão se dá através de espirro, saliva e tosse de pessoas infectadas.

Os sintomas são manchas e lesões na pele, surgem também caroços nos cotovelos, nas mãos e nas orelhas, inchaço nas mãos e pés, perda de força muscular e dor nas articulações. O tratamento depende do tipo de lepra e deve-se ir ao médico para fazer diagnóstico quando houver contato com pessoas doentes.


Leptospirose

A leptospirose é uma doença bacteriana que afeta animais e humanos, causada por bactérias do gênero Leptospira. Existe risco de morte em 40% caso não seja tratada adequadamente. Seu vetor são roedores e é possível adquiri-la por meio do contato com água, alimentos ou animais contaminados.

Os sintomas são febre alta, dor muscular, mal-estar, tosse, olhos vermelhos e manchas vermelhas pelo corpo, danos aos rins, fígado e membrana do cérebro. Os doentes devem ser hidratados e tomar antibióticos e a prevenção é lavar bem os alimentos antes de consumi-los, fechar caixas d’água e vacinar os animais.


Tétano

O tétano é uma doença infecciosa causada pela bactéria Clostridium tetani, ataca o sistema nervoso central, nervos e músculos. Se não for tratada, pode levar a pessoa à morte. A transmissão se dá através de pequenos cortes ou feridas que entrem em contato com fezes, plantas, objetos enferrujados e que podem ter a bactéria.

Os sintomas são rigidez dos músculos, febre, dor de cabeça, espasmos musculares e dificuldade para abrir a boca. O tratamento se dá pela administração de relaxante muscular e antibióticos, até o uso do soro antitetânico. A prevenção é a vacinação e a limpar feridas com água oxigenada, por causa da bactéria ser anaeróbica.


Tracoma

O Tracoma é uma inflamação da conjuntiva e da córnea que pode levar à cegueira. A doença é causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, sorotipos A, B, Ba e C. Esse micro-organismo é responsável também por outros quadros infecciosos, como a conjuntivite de inclusão (sorotipos D e K) e algumas infecções sexualmente transmissíveis. 

Tracoma

É uma de estrutura muito simples, semelhante a um vírus, e a transmissão se dá por contato com objetos contaminados. A prevenção se dá com boa higiene pessoal e o tratamento é feito com antibióticos.

O tracoma não existia nas Américas. Os focos da doença surgiram no Brasil em dois momentos e lugares diferentes: no Nordeste, durante a colonização portuguesa e, em meados do século 19, trazidos pelos imigrantes europeus que se dirigiram para o Sul e o Sudeste. Atualmente, apesar das medidas de controle, o tracoma é considerado uma enfermidade endêmica em grande parte do território nacional.

O período de incubação varia entre cinco e doze dias. Nas fases iniciais, quando os sinais se manifestam, o tracoma assume a forma de uma ceratoconjuntivite folicular bilateral crônica com hiperplasia papilar (papilas aumentadas).

Os principais sintomas são:Sensação de corpo estranho nos olhos;
Prurido (coceira);
Lacrimejamento;
Irritação;
Ardor;
Secreção mucopurulenta;
Hiperemia (olhos vermelhos);
Edema palpebral (inchaço).

A repetição das infecções provoca cicatrizes especialmente na conjuntiva que reveste a pálpebra superior, que a deformam. A evolução do quadro é marcada por complicações como o entrópio (margem da pálpebra voltada para dentro do olho), a triquíase (inversão dos cílios que tocam o globo ocular), a opacificação da córnea e a obstrução lacrimal. O atrito provocado por essas deformações pode produzir úlceras na córnea responsáveis pela perda progressiva da visão e cegueira. (drauziovarella).


Disenteria

A disenteria é uma das principais causas de mortalidade infantil nos países subdesenvolvidos, onde vivem em péssimas condições sanitárias. São causadas por diversas bactérias, como a Shigella e a Salmonella. São transmitidas pela ingestão de água e alimentos contaminados, exigindo todas pronto atendimento médico. 

Os sintomas são de infecção gastrointestinal, como dor de barriga, desidratação, vômitos, fraqueza e febre. Sua prevenção só pode ser feita por meio de medidas de saneamento e melhoria das condições socioeconômicas.


Botulismo

O botulismo é uma doença neuroparalítica grave, não contagiosa, causada pela ação da toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Os primeiros casos da doença foram registrados pelo consumo de salsichas contaminadas e outros derivados da carne enlatados.

Os sintomas são prisão de ventre, tontura, visão distorcida e dificuldade de abrir os olhos na claridade. O agravamento da doença pode levar o doente à morte na sequência da paralisia dos músculos respiratórios. Deve haver internação e a prevenção é o cuidado na escolha de alimentos enlatados.

Cólera 

O que é cólera? A cólera é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Vibrio cholerae. Caso não seja tratada, pode levar o paciente à morte por conta da intensa desidratação. A transmissão se dá pela ingestão de água ou alimentos contaminados.

Os sintomas são diarreia, desidratação, vômitos, fraqueza, perda de peso e cólicas abdominais. O tratamento é por meio da hidratação e do uso de antibióticos e a prevenção é lavar muito bem frutas e legumes antes de consumi-los, bem como lavar muito bem as mãos antes das refeições e melhoria do saneamento básico.


Clamídia

A clamídia é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. Como o próprio nome indica, é transmitida ao ter relação sexiual desprotegida com um parceiro já contaminado e no parto de mãe para filho.

Os sintomas são ardor ao urinar; vontade frequente de urinar; testículos doloridos e inchados, em homens; dor no baixo ventre, no caso das mulheres. Há administração de antibióticos para o casal, evitando a reinfecção e a prevenção é pelo uso de preservativos.


Terçol, Hordéolo ou Tercolho

Terçol ou hordéolo é uma inflamação das glândulas sebáceas de Zeiss e Moll, localizadas na pálpebra, perto das raízes dos cílios. Ocorre devido a infecção de bactérias, geralmente estafilococos e a transmissão é através do toque na lesão ou contato com a lágrima do doente.
O Staphylococcus epidermidis é uma bactéria Gram positiva, do filo firmicute, que é parte da nossa flora normal das partes úmidas da pele. O microrganismo coloniza a pele humana e mucosas, notadamente as superfícies úmidas como as axilas, narinas, vagina, pênis e anus. 

Por muito tempo foi considerada uma espécie comensal, porém sabe-se, hoje, que ela é um patógeno oportunista responsável principalmente por infecções hospitalares, através de cateteres, sondas (material de plástico) bem como próteses devida sua capacidade de formar biofilmes. Os biofilmes dificultam a chegada de drogas antimicrobianas e até mesmo de células fagocíticas (leucócitos) ao foco de infecção (WP).




Os sintomas são inchaço nas pálpebras, coceira, vermelhidão, sensibilidade à luz e dor ao piscar. O tratamento é com colírio ou pomada e prevenção é lavar bem as mãos ao ter contato com os olhos, não dormir com maquiagens, falta de higiene em lentes de contato e evitar passar as mãos no local da lesão.

Aspecto do terçol

Partes do olho (redeolhos)


Febre maculosa

A febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável, é causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato. O tratamento precoce da Febre Maculosa é essencial para evitar formas mais graves da doença e até mesmo a morte da pessoa. 

O sintoma são dor de cabeça, náuseas e vômitos, diarreia e dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés, gangrena nos dedos e orelhas, paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando paragem respiratória (beduca).

Atualmente não existe nenhuma vacina mas é possível adotar medidas como usar roupas claras quando em ambiente rural para facilitar reconhecer o carrapato, usar calças, botas e blusas com mangas nesse ambientes, evitar andar em locais de mato alto, usar repelentes de insetos e verificar os animais de estimação.




Exercícios


Compare uma doença bacteriana com uma doença causada por protozoa.
Use a tuberculose, doença de chagas e malária (use os esquemas abaixo).




Doença de chagas: tripanosoma



Malária, Plasmodium 






Fontes










16.3.22

BACTÉRIAS


DOMÍNIO BACTERIA
REINO EUBACTERIA


Nestas aulas deveremos:
D2BIO025 – Identificar as características gerais de bactérias, com base em desenhos esquemáticos, fotos de microscopia eletrônica.
D2BIO026 – Identificar as principais diferenças entre bactérias e árqueas.
D2BIO027 – Diferenciar bactérias Gram-positivas de Gram-negativas, relacionando essa característica à ação de antibióticos.
D2BIO028 – Compreender os mecanismos reprodutivos das bactérias.
D2BIO029 – Compreender a diversidade metabólica apresentada pelas bactérias, associando-a aos diversos ambientes ocupados por esses organismos.
D2BIO030 – Reconhecer a importância ecológica e/ou econômica das bactérias, em diversos processos (ecológicos, econômicos, industriais e farmacêuticos).

CARACTERÍSTICAS GERAIS 

1. Tamanho
O tamanho das bactérias é geralmente muito pequeno, menor que 1 µm (1 µm = 0,001 mm) a 5µm ou menores. Com uma notável exceção da Thiomargarita namibiensis que tem 0,1 mm (0,75 mm a 1,0 mm) (Paim).

2. Organismos unicelulares
As bactérias apresentam-se constituídas por apenas uma única célula, embora possam formar colônias de milhares de indivíduos.

3. Procariotos
As bactérias são organismos procarióticos, i.e., não possuem núcleo. O material genético das bactérias (cromossomo bacteriano) esta em contato direto com o citoplasma da céula, não apresentando membrana (carioteca) que o proteja.

4. Genoma bacteriano
As bactérias geralmente apresentam um cromossomo principal.
O material genético bacteriano é um cromossomo constituído por um único filamento longo de DNA circular, ancorado em uma invaginação da membrana plasmática chamada mesossomo. Ao conjunto de cromossomo bacteriano e mesossomo, damos o nome nucleoide.

Visualization of DNA configurations by EM. Model replication forks were prepared for EM by mounting on carbon-coated EM grids and rotary shadowcasting with tungsten (Materials and Methods). Examples of linear molecules seen include replication fork templates comprising telomeric (A–D) or CTG (E–H) repeats and containing only a single ds tail (A, C, E and G) or two shorter ds tails (B, D, F and H). Bar is equivalent to 150 bp in panels showing full-length molecules. (FOUCHE et alii, 2006).

Plasmídeos
Além desse cromossomo, ela possui outras moléculas de DNA, os plasmídios, que são pequenos DNAs circulares dispersos no citoplasma, onde há também muitos ribossomos. Os plasmídios possuem genes que não são essenciais para a sobrevivência da bactéria, bem como genes de resistência a antibióticos.

São pequenos cromossomos circulares dispensáveis à célula hospedeira bacteriana.
Podem ser transferidos entre bactérias até mesmo de gêneros diferentes pelos mecanismos geradores de variabilidade (ver adiante).
Carregam genes que podem conferir vantagens adaptativas, como por exemplo resistência a antibióticos.
Podem ser usado como vetores de genes.

Importância dos plasmídeos para as bactérias

Apresentam funções relacionadas com a sobrevivência das bactérias, garantindo vantagem seletiva. Os plasmídeos podem possuir genes que garantam resistência a antibióticos (genes que produzem proteínas que degradam os antibióticos). Existem os plasmídeos de virulência, que aumentam a capacidade da bactéria de causar doença; plasmídeos que protegem contra substâncias que possam causar dano e aqueles que possibilitam a metabolização de vários substratos
Os plasmídeos também possuem uma região com genes que são responsáveis por funções como sua replicação, manutenção e transferência (de uma bactéria para outra). Essa região é constante, mas as regiões relacionadas com adaptação são variáveis.

Plasmídio
Classificação dos plasmídeos

Existem várias formas de se classificar os plasmídeos, sendo a principal a divisão em dois grupos: conjugativos (ou conjuntivos) e não conjugativos (ou não conjuntivos). Denominam-se de conjugativos aqueles que fornecem à célula a capacidade de realizar a conjugação pela presença de um gene conhecido como tra-gene. Os não conjugativos são aqueles que não apresentam genes para a iniciação da conjugação.

Os plasmídeos também podem ser classificados de acordo com a função desempenhada por eles:

Plasmídeos de Fertilidade (F): Plasmídeos com a função de iniciar a conjugação;
Plasmídeos de Resistência (R): Plasmídeos relacionados com a resistência a antibióticos;
Plasmídeos de degradação: Plasmídeos que garantem à célula a capacidade de produzir enzimas degradativas;
Plasmídeos de virulência: Garantem à célula a capacidade de causar doenças;
Plasmídeos Col: Plasmídeos que possuem genes que determinam a síntese de inibidores (colicinas) de bactérias.  (mundoeducação).

Principais tipos de plasmídios bacterianos

5. Estrutura básica das bactérias

1) Cápsula bacteriana,
2) Parede celular,
3) Membrana plasmática,
4) Citoplasma,
5) Ribossomos,
6) DNA e RNA,
7) Fimbrias, Pili e Flagelos.

A maioria das células bacterianas possui parede celular, localizada externamente à membrana plasmática, formada por peptideoglicano ou mureína, que garante proteção e forma à célula. Além da parede, algumas bactérias possuem uma cápsula polissacarídica que envolve essa estrutura.

No citoplasma observa-se a ausência de organelas membranosas e a presença de ribossomos, estruturas relacionadas com a síntese de proteínas. Os ribossomos estão presentes em grande quantidade e são menores que aqueles encontrados nas células eucarióticas. Nas células bacterianas podemos encontrar também grânulos de reserva, que variam de natureza química.

1. Cápsula bacteriana
Geralmente contém glicoproteínas (proteínas ligadas a açúcares) e um grande número de polissacarídeos (açúcares) polipeptídios (proteínas). A cápsula é uma camada protetora resistente à fagocitose por células do sistema imunológico. Também é utilizada como depósito de alimentos e como lugar de eliminação de substâncias do metabolismo bacteriano. Protege a bactéia contra a desidratação pois possui grande quantidade de água.


Estrutura de uma célula bacteriana mostrando um plasmídio. Plasmídio é um DNA circular, extracromossomal, que porta genes e pode conferir resistência a antibióticos além de outros fatores.

Esquema de uma bactéria mostrando sua estrutura básica

2. Parede celular de peptidioglicano

Segundo BASTOS (2012) a parede celular é uma estrutura composta por uma rede macromolecular de peptideoglicano, cuja parte sacarídica é constituída de dois açúcares, N-acetilglicosamina (NAG) e N-acetilmurâmico (NAM), ligados um ao outro e formando uma fileira de dissacarídeos repetidos. As fileiras adjacentes são ligadas por polipeptídeos e esses polipeptídeos, ainda, podem estar ligados a uma ponte interpeptídica em algumas espécies. As paredes Gram positivas possuem ácidos teicóicos e muitas camadas de peptideoglicano, enquanto as paredes Gram negativas não possuem ácidos teicóicos, mas possuem uma ou poucas camadas de peptideoglicano, além de possuírem a camada de lipopolissacarídeo (LPS) e o periplasma.


Funções 
Proteção
Conter a pressão osmótica do citoplasma da célula
Dar forma a célula 
Diferenciar célula Gram positiva e Gram negativa

Representação esquemática de conformações do backbone (espinha dorsal, eixo) de glicano. A) O dissacarídeo de repetição, N-acetilglicosamina NAM (caixa clara) e N-acetilmuramico, NAM (caixa escura), forma a espinha dorsal do PG. B) As hastes PG, representadas como setas, são giradas 180° em relação à haste adjacente. A unidade de dissacarídeo repetido tem uma periodicidade de 20 Å. 
C) As hastes PG são giradas 120° em relação à haste adjacente com a periodicidade da unidade de dissacarídeo de 30 Å. D) As hastes PG são giradas 90° em relação à haste adjacente com a periodicidade da unidade de dissacarídeo de 40 Å. 

[Schematic representation of glycan backbone conformations. A) The repeating disaccharide, NAM (light box)–NAM (dark box), forms the PG backbone. B) The PG stems, represented as arrows, are rotated 180° with respect to the adjacent stem. The repeat disaccharide unit has a periodicity of the 20 Å. C) The PG stems are rotated 120° with respect to the adjacent stem with the disaccharide unit periodicity of 30 Å. D) The PG stems are rotated 90° with respect to the adjacent stem with the disaccharide unit periodicity of 40 Å].

Comparação clássica das paredes de bactérias Gram-positivo e Gram-negativo, imagem do livro “Microbiologia de Brock”. (ELIAN E BASTOS, 2012).

Trabalhos recentes têm demonstrado que a estrutura pode ser mais complexa e diversificada do que supomos e é possivel que não conheçamos a real estrutura da parede ceular bacateriana. Na verdade, existem dois principais modelos que tentam explicar a estrutura da parede celular: O primeiro é conhecido como modelo em camadas e seria exatamente esse que estamos habituados, com a camada de dissacarídeos repetidos sendo paralela ao eixo principal da célula. 
O outro modelo é conhecido como “Scaffold model” ou modelo em andaime. Nesse caso, a camada sacarídica seria perpendicular ao eixo principal da célula. Observações preliminares levam-nos a acreditar que a parede celular do Staphylococcus aureus tenha esssa configuração, todvia os estudos não são conclusivos.

Modelos em camadas e em andaime. Esquerda) No modelo em camadas, as cadeias PG se alongam em um plano paralelo à membrana. O modelo mostra que a transglicosilação de PG (destacada em amarelo) ocorre ao longo da direção da membrana, conforme mostrado pela seta. Direita) No modelo em andaime, as cadeias PG são orientadas perpendicularmente à membrana. O modelo em camadas (esquerda) mostra que as cadeias PG são orientadas paralelamente à membrana citoplasmática bacteriana. As setas mostram a direção do alongamento da cadeia Peptideoglicano. (KIN, CHANG AND SINGH, 2015

[Fig. 2. Left) In the layered model PG chains elongate in a plane parallel to the membrane. The model shows that PG transglycosylation (highlighted in yellow) occurs along the direction of the membrane as shown by the arrow. Right) In scaffold model the PG chains are oriented perpendicularly to the membrane. Layered model (left) shows that the PG chains are oriented parallel to the bacterial cytoplasmic membrane. The arrows show the direction of PG chain elongation.]
Peptidoglicano é um componente essencial da parede celular em bactérias Gram-positivas. O peptidioglicano ainda apresenta uma arquitetura pouco conhecida. Nesta revisão, resumimos as abordagens de RMN de estado sólido para abordar algumas das incógnitas na arquitetura de peptidoglicano de bactérias Gram-positivas: 1) conformação da cadeia principal de peptidoglicano, 2) estrutura de rede PG, 3) variações na arquitetura e composição de peptidoglicano, 4) os efeitos do comprimento da ponte de peptidoglicano na arquitetura de peptidoglicano em mutantes Fem, 5) a orientação das fitas de glicano em relação à membrana e 6) a relação entre a estrutura do peptidoglicano e o modo de ação do antibiótico glicopeptídeo. Análises de RMN em estado sólido da parede celular de Staphylococcus aureus mostram que as cadeias de peptidoglicano são surpreendentemente ordenadas e densamente empacotadas. A estrutura do dissacarídeo de peptidoglicano adota uma simetria helicoidal de 4 vezes com a periodicidade da unidade de dissacarídeo de 40 Å. A rede de peptidoglicano na parede celular de S. aureus é formada por hastes de PG reticuladas que têm orientações paralelas. A caracterização estrutural de Fem-mutantes de S. aureus com comprimentos variados de estruturas de ponte sugere que o comprimento da ponte PG é um importante fator determinante para a arquitetura PG. Este artigo é parte de uma edição especial intitulada: Espectroscopia de RMN para Vistas Atomísticas de Biomembranas e Superfícies Celulares.

[Peptidoglycan is an essential component of cell wall in Gram-positive bacteria with unknown architecture. In this review, we summarize solid-state NMR approaches to address some of the unknowns in the Gram-positive bacteria peptidoglycan architecture: 1) peptidoglycan backbone conformation, 2) PG-lattice structure, 3) variations in the peptidoglycan architecture and composition, 4) the effects of peptidoglycan bridge-length on the peptidoglycan architecture in Fem mutants, 5) the orientation of glycan strands with respect to the membrane, and 6) the relationship between the peptidoglycan structure and the glycopeptide antibiotic mode of action. Solid-state NMR analyses of Staphylococcus aureus cell wall show that peptidoglycan chains are surprisingly ordered and densely packed. The peptidoglycan disaccharide backbone adopts 4-fold screw helical symmetry with the disaccharide unit periodicity of 40 Å. Peptidoglycan lattice in the S. aureus cell wall is formed by cross-linked PG stems that have parallel orientations. The structural characterization of Fem-mutants of S. aureus with varying lengths of bridge structures suggests that the PG-bridge length is an important determining factor for the PG architecture. This article is part of a Special Issue entitled: NMR Spectroscopy for Atomistic Views of Biomembranes and Cell Surfaces.]

[Topo) Arquitetura de peptidoglicano de simetria axial helicoidal de 4 vezes com hastes PG paralelas (esquerda) e simetria axial helicoidal de 3 vezes com hastes PG antiparalelas (direita). As pontes estão representadas em rosa, as espinhas dorsais de glicano em marrom e as hastes em verde. A reticulação máxima possível para o modelo de simetria axial de 4 vezes (esquerda) é de 100% e para o modelo de simetria axial de 3 vezes (direita) é de 50%. Abaixo) Modelos de preenchimento de espaço da arquitetura PG. No modelo de simetria axial de 4 vezes (esquerda), os carbonos glicil-carbonil de (Gly)5 (mostrado em vermelho) estão dentro de 5Å do carbono anomérico do dissacarídeo (mostrado em azul), consistente com o 13C-13C medido pelo CODEX restrição de difusão. No modelo de simetria axial de 3 vezes (à direita), as distâncias entre os carbonos glicil-carbonil e o carbono anomérico excedem 10 Å. As linhas pontilhadas conectando os carbonos anoméricos no modelo de simetria axial de 3 vezes mostram uma grande estrutura de poros (direita), que está ausente no modelo de simetria axial de 4 vezes (esquerda)].(KIM, CHANG E SINGH, 2015)

[Top) Peptidoglycan architecture of helical 4-fold axial symmetry with parallel PG stems (left), and helical 3-fold axial symmetry with antiparallel PG stems (right). The bridges are represented in pink, glycan backbones in brown, and stems in green. The maximum cross-linking possible for the 4-fold axial symmetry model (left) is 100% and for the 3-fold axial symmetry model (right) is 50%. Bottom) Space-filling models of PG architecture. In 4-fold axial symmetry model (left), the glycyl-carbonyl carbons of (Gly)5 (shown in red) are within 5 Å from anomeric carbon of disaccharide (shown in blue), consistent with the CODEX-measured 13C–13C diffusion constraint. In 3-fold axial symmetry model (right), the distances between glycyl-carbonyl carbons to the anomeric carbon exceed 10 Å. The dotted lines connecting the anomeric carbons in 3-fold axial symmetry model show a large pore structure (right), which is absent in 4-fold axial symmetry model (left)].(KIM, CHANG AND SINGH, 2015)]

Segundo BASTOS (2012), além dos modelos em camadas e andaime, outras novidades seriam: 

a) a presença do periplasma (ou um espaço semelhante ao periplasma) em bactérias Gram positivas e 

Espaço periplasmático (periplasma)


b) o fato que a fileira formada pelos dissacarídeos repetidos não é contínua e sim interrompida. 
Essas fileiras, portanto, podem possuir diferentes tamanhos, o que pode indicar se a parede celular de uma determinada bactéria se encaixa em um modelo ou outro. 

Outro fato que às vezes não está muito claro nos livros didáticos é que a camada mais externa de LPS (LipoPolisdacarídeos) praticamente não possui fosfolipídeo, ao contrário da camada mais interna e das membranas plasmáticas. Essa camada (camada externa da membrana externa) possui apenas lipopolissacarídeos.

Todavia, o mais surpreendente sobre esse assunto é a descoberta feita sobre a parede de Bacillus subtilis. Os pesquisadores descobriram que as fileiras formadas pelos dissacarídeos nessa bactéria eram muito grandes, bem maior que o comprimento e a largura da célula. Dessa forma, ela não se encaixaria em nenhum dos dois modelos já citados (camadas e andaime). 
Através da microscopia de força atômica eles observaram e concluíram que o peptideoglicano de B. subtilis se enrola sobre ele mesmo e circunda toda a célula, semelhante a uma corda, por isso esse modelo ficou conhecido como “modelo em corda”.

A bactéria Bacillus subtilis, é uma espécie de bactéria gram-positiva, saprófita (se alimenta de MO em decomposição) 4–10 micrometro (μm) de comprimento e  0.25–1.0 μm de diâmetro, comum do solo e da água. Organismo esporulado, não patogênico, anaeróbica facultativa, com muitos flagelos, graças à sua termofilia é utilizado no monitoramento e validação de ciclos de esterilização por calor seco e óxido de etileno. Esta bactéria se destaca no controle de doenças do fitoplano (ou filoplano: a superfície das folhas e ramos) e em pós colheita. É um organismo muito versátil e efetivo na prevenção e controle de doenças causadas por várias espécies de patógenos em diversas culturas. Este microorganismo é conhecido também como rizobactéria promotora do crescimento de plantas (RPCPs). 
Habita o solo e com frequência é isolada da rizosfera de diversas plantas cultivadas. 
Além do gênero de bactérias Bacillus, as RPCPs mais estudadas são: Pseudomonas, Azospirillum e Rhizobium.

A parede celular apresenta açúcares modificados ligados a polipetídeos que envolve a membrana plasmática. Sua principal função é dar forma a bactéria, manutenção da forma celular além de proteção.
Parede celular de uma bactéria Mycobacterium sp
(Fonte: modif. de Wikipedia)

Comparação entre parede celular de uma bactéria 
Gram positiva e uma bactéria Gram negativa

Coloração de Gram 
O método da coloração de Gram é baseado na capacidade das paredes celulares de bactérias Gram-positivas de reterem o corante cristal violeta no citoplasma durante um tratamento com etanol-acetona enquanto que as paredes celulares de bactérias Gram-negativas não o fazem.

A técnica de Gram, mundialmente conhecida como coloração de Gram, é um método de coloração de bactérias desenvolvido pelo médico dinamarquês Hans Christian Joachim Gram (1853-1938), em 1884, o qual permite diferenciar bactérias com diferentes estruturas de parede celular a partir das colorações que estas adquirem após tratamento com agentes químicos específicos. O método que consiste em tratar sucessivamente um esfregaço bacteriano, fixado pelo calor, com os reagentes cristal violeta, lugol, etanol-acetona e fucsina básica. As bactérias que adquirem a coloração azul violeta são chamadas de gram-positivas e aquelas que adquirem a coloração vermelho são chamadas de gram-negativas. (WP)

A coloração de Gram é um dos mais importantes métodos de coloração utilizados em laboratórios de microbiologia e de análises clínicas, sendo quase sempre o primeiro passo para a caracterização de amostras de bactérias. 

A técnica tem importância clínica uma vez que muitas das bactérias associadas a infecções (bactérias patogênicas) são prontamente observadas e caracterizadas como Gram-positivas ou Gram-negativas em esfregaços de pus ou de fluidos orgânicos

Essa informação permite ao clínico monitorar a infecção até que dados de cultura estejam disponíveis. É possível a análise de vários esfregaços por lâmina, o que facilita a comparação de espécimes clínicos. As lâminas podem ser montadas de forma permanente e preservadas como documentação. (provida)

O método consiste no tratamento de uma amostra de uma cultura bacteriana crescida em meio sólido ou líquido, com um corante primário, o cristal violeta, seguido de tratamento com um fixador, o lugol

Tanto bactérias Gram-positivas quanto Gram-negativas absorvem de maneira idêntica o corante primário e o fixador, adquirindo uma coloração violeta devido à formação de um complexo cristal violeta-iodo, insolúvel, em seus citoplasmas. 

Segue-se um tratamento com um solvente orgânico, o etanol-acetona (1:1 v:v). O solvente dissolve a porção lipídica das membranas externas das bactérias Gram-negativas e o complexo cristal violeta-iodo é removido, descorando as células

Por outro lado, o solvente desidrata as espessas paredes celulares das bactérias Gram-positivas e provoca a contração dos poros do peptidoglicano, tornando-as impermeáveis ao complexo; o corante primário é retido e as células permanecem coradas. A etapa da descoloração é crítica, pois a exposição prolongada ao solvente provoca a remoção do cristal violeta dos dois tipos de bactérias, podendo produzir resultados falsos. 

A retenção ou não do corante primário é, portanto, dependente das propriedades físicas e químicas das paredes celulares bacterianas tais como espessura, densidade, porosidade e integridade e quantidade de peptidioglicano. (provida)

Em seguida, a amostra é tratada com um corante secundário, a fucsina básica

Ao microscópio, as células Gram-positivas aparecerão coradas em violeta escuro e as Gram-negativas em vermelho ou rosa escuro

Células de bactérias Gram-positivas, células velhas, mortas ou com envelopes danificados por agentes físicos ou químicos, tendem a perder o cristal violeta e uma mesma amostra bacteriana pode exibir parte ou todas as células coradas como Gram-negativas. Portanto, o uso de material fresco é importante. 

Por outro lado, resultados do tipo "falso Gram-positivo" só são obtidos se o tratamento com etanol-acetona for omitido.


Passos da coloração de Gram
(Fonte: provida)


Bactérias coradas com coloração de Gram

Parede de bactérias Gram negativas e Gram positivas

Truque mnemônico para lembrar da ordem dos corantes



Procedimento

1) Confeccionar o esfregaço;
2) Corar com cristal violeta por 60 segundos;
3) Lavar com esguicho de água destilada;
4) Cobrir com Iodo de Gram ou Lugol por 60 segundos;
5) Lavar com esguicho de água destilada;
6) Descorar com álcool a 95%, ou acetona, 10-20 segundos;
7) Lavar com esguicho de água destilada;
8) Corar com safranina ou fuccina por 60 segundos
9) Lavar com água destilada, secar e observar ao microscópio.

3) Membrana plasmática
Camada envoltória do citoplasma celular, constituída de fosfolipídeos, proteínas e estruturas como os lipídeos. Na membrana plasmática encontramos diversas proteinas executanto inúmeras funções entre elas as proteinas respiratórias ligadas a membrana. 


4) Citoplasma 
Líquido de consistência viscosa com presença de enzimas e metabólitos. Grande parte do metabolismo das células bacterianas ocorre no citoplasma.

5) Ribossomos
Os ribossomos bacterianos (procariontes), assim como os ribossomos eucariotos são constituídos RNA + proteínas (constituição Riboproteica).
Os Ribossomos procarióticos ocorrem de forma livre mergulhados no citosol bacteriano.
São menores do que os ribossomos das células dos organismos eucariontes. Estão presentes no citoplasma de forma livre e são numerosos, existindo uma média de 10.000 ribossomos em uma única célula bacteriana.

Há um modelo que explica a evolução da subunidade ribossomal maior, a pequena subunidade ribossomal, tRNA e mRNA. Os ribossomos procarióticos evoluíram em seis fases, adquirindo sequencialmente capacidades para dobramento de RNA, catálise, associação de subunidades, evolução correlacionada, decodificação, translocação orientada por energia e proteinização de sua superfície.

As primeiras seis fases do modelo de acreção da evolução ribossomal. Na Fase 1, os RNAs ancestrais formam alças-tronco e mini-hélices. Na Fase 2, o LSU  (subunidade maior) catalisa a condensação de oligômeros não específicos. O SSU (subunidade menor) pode ter uma função de ligação de RNA de fita simples. Na Fase 3, as subunidades se associam, mediadas pela expansão do tRNA de uma mini-hélice para a forma moderna de L. A evolução de LSU e SSU é independente e não correlacionada durante a Fase 1–3. Na Fase 4, a evolução das subunidades é correlacionada. O ribossomo é uma ribozima difusora não codificante na qual o proto-mRNA e a SSU atuam como cofatores de posicionamento. Na Fase 5, o ribossomo se expande para uma máquina de decodificação, translocação e movida a energia. A fase 6 marca a conclusão do núcleo comum com uma superfície proteinizada (no esquema as proteínas são omitidas para maior clareza). O mRNA é mostrado em verde claro. O tRNA do sítio A é magenta, o tRNA do sítio P é ciano e o tRNA do sítio E é verde escuro.

O ribossomo funcional é responsável por garantir a síntese de proteínas, e, quando o complexo é formado, podemos observar quatro sítios de ligação distintos, um sítio na unidade menor e três sítios na unidade maior (sítios P, A e E):
Sítio para ligação da molécula de RNA mensageiro presente na unidade menor. 
Sítio P: Nesse local observa-se uma molécula de RNA transportador (RNAt) ligada à cadeia polipeptídica que está se formando.
Sítio A: Nesse local observa-se a presença de RNA transportador carregando o próximo aminoácido, que será ligado à cadeia polipeptídica.
Sítio E: Nesse local de saída, os RNA transportadores descarregados deixam o ribossomo (Petrov e cols, 2015).





Quem quiser poderá ver esse vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=lWX88X1naPk, no youtube



6) DNA 
Uma bactéria do tipo Eschericha coli têm entre 2.500 e 3.500 genes em seu cromossomo circular que são responsáveis por todo o funcionamento celular. A identificação exata dos genes essenciais para o desempenho das funções celulares mínimas e construção de um genoma artificial com esses genes é o próximo grande desafio da pesquisa em genética molecular.

O conteúdo de DNA das bactérias geralmente está dividido em dois tipos de estruturas, o cromossomo bacteriano ou nucleóide e os plasmídeos

Essas estruturas não são formadas apenas por DNA, existe associação com proteínas (que garantem dobramento e níveis de condensação adequados). Quando comparadas com as interações DNA-proteínas que existem nos cromossomos eucariontes, o dobramento do cromossomo bacteriano é mais simples.

Cromossomo Bacteriano
1) Contem os genes que codificam para proteínas essenciais para o funcionamento da célula.

2) Geralmente é uma estrutura única e circular, formada por uma molécula de DNA que fica presa á parte interna da membrana plasmática (o mesossomo);

3) Possui poucas regiões que não são genes (poucas regiões não codificantes);

4) É comum que genes relacionados com a mesma função ou via metabólica fiquem agrupados e sejam transcritos juntos (em uma mesma fita de mRNA) constituindo uma "unidade de transcrição". A tradução desse mRNA origina as proteínas codificadas pelos genes que fazem parte da região que foi transcrita.

5) Não contém genes interrompidos (são poucas exceções os genes com íntrons)


Plasmídeos

1) Moléculas de DNA circulares e pequenas que ficam livres no citoplasma;

2) Contêm genes que codificam para proteínas relacionadas com vantagens adaptativas como resistência a antibióticos e capacidade de degradar moléculas que eventualmente apareçam no meio;

3) Geralmente cada célula tem vários plasmídeos (iguais ou diferentes);

4) Podem ser transferidos horizontalmente (sem ser por reprodução).

OBS.: A aquisição de plasmídeos depositados no ambiente após a morte de uma célula é um dos mecanismos relacionados com o rápido desenvolvimento de bactérias com resistências múltiplas a antibióticos. Essa aquisição (denominada de transformação) não respeita barreiras entre espécies (plasmídeos de uma espécie podem ser incorporados ao citoplasma de outra espécie).

7) Fimbrias ou Pili e Flagelos
As fímbrias, algumas vezes também chamadas de pili, são composições formadas por filamentos, onde estão ligadas à função de aderência, e conjugação, pois transportam material genético. Estruturas retilíneas. Formadas por proteínas ex.: pilina. Pili geralmente oco e mais longo que as fimbrias com função de trocar material genético. Geralmente um ou dois por célula. Pili comuns adereência das bactérias às células hospedeiras. Pili sexuais: fixação entre as células doadoras e receptoras de material genético, durante a conjugação.
Fimbrias nos polos das células eu em toda sua superfície, com função de adesão à superfície do substrato e em outras células.
Os flagelos são composições filiformes utilizados na mobilidade da bactéria. 
Estão presos na membrana plasmática pelo corpo basal, e movimentam-se com gasto de energia.



8. Nutrição
Heterotrófica e autotrófica (veja o esquema)


As bactérias decompositoras não decompõem somente corpos ou carcaças de organismos vivos, mas também dejetos e secreções como urina, fezes, matéria orgânica em geral, são processados por bactérias. Estes organismos degradam a matéria orgânica em moléculas simples que são liberadas no ambiente e podem ser novamente utilizadas por outros seres vivos. Assimi, elas atuam na reciclagem de nutrientes importantes para outros organismos.

As bactérias de tipo selvagem são prototróficas, i.e., conseguem sintetizar tudo de que necessitam para se multiplicar e se reproduzir quando têm uma fonte de energia e algumas moléculas inorgânicas.  
As bactérias mutantes auxotróficas necessitam de outros metabólitos para seu desenvolvimento.


NUTRIÇÃO

SAPRÓFITAS
DECOMPOSITORAS
FOTOSSINTETIZANTES

Quando pensamos em fotossíntese, logo lembramos que um dos seus produtos é o oxigênio, certo? Afinal, sem o processo fotossintético, o oxigênio não completaria seu ciclo voltando para a atmosfera e, nós e os outros seres aeróbios, morreríamos sufocados. (blogdoenem)
Porém, em algumas espécies de bactérias autótrofas pode ocorrer o processo fotossintético um pouco diferente da fotossíntese que ocorre em cianobactérias e eucariontes, como protistas e plantas. Este processo diferenciado de fotossíntese ocorre em bactérias extremófilas (que vivem em condições extremas em que outros seres vivos não sobreviveriam), como as bactérias verdes sulfurosas e as púrpuras.(blogdoenem)

Chlorobium tepidum é uma bactéria anaeróbia fototrófica que também é termófila. Como membro da família Chlorobiaceae, é um organismo modelo de bactérias verdes sulfurosas. Os habitats dessa bactéria incluem águas anóxicas e ricas em sulfetoS, lama, sedimentos, esteiras microbianas e até mesmo consórcios microbianos. As células desta bactéria são bastonetes gram-negativos não móveis de comprimentos variados que fotooxidam compostos de enxofre reduzido

C. tepidum foi isolado de certas fontes termais ácidas de alto sulfeto da Nova Zelândia. Em condições fotoautotróficas, a taxa de crescimento desta bactéria é mais rápida do que qualquer outro fototrófico anaeróbico, pois as gerações são produzidas a cada duas horas. Consequentemente, é um candidato ideal para estudar a fotossíntese e autotrofia em bactérias verdes.

Fig. 1 a, b. Phase contrast photomicrographs of cells of Chlorobium tepidum strains a TLS and b S. PTE.-I Cultures were grown at 47C for 48 h at 5400 lux. Marker bar = 5 gm. (WOESE, CASTENHOLZ, MARDIGAN, 1991)

Micrografia eletrônica de varredura (MEV) de Chlorobium tepidum, bactéria Gram-negativa, termofílico, autotrófico obrigatório, sulphur green bacteria. As espécies de Chlorobium crescem em tapetes densos sobre fontes termais e outras águas ricas em sulfeto, lama e sedimentos. C. tepidum é uma bactéria autotrófica que utiliza fotossíntese anoxigênica (não produz oxigênio) e produz enxofre elementar como produto residual. Além disso, pode fotooxidar o hidrogênio, bem como outros compostos de enxofre, como sulfeto, polissulfeto e tiossulfato. 
C. tepidum tem complexos especiais de coleta de luz chamados clorossomos que contêm bacterioclorofilas e carotenóides. C. tepidum também tem a capacidade de fixar o nitrogênio atmosférico. A utilização de compostos de nitrogênio e enxofre por Chlorobium tepidum também é importante nos ciclos globais de ambos os nutrientes. Ampliação: x2.600 quando o eixo mais curto é impresso em 25 milímetros. (Credit DENNIS KUNKEL MICROSCOPY / SCIENCE PHOTO BIBLIOTECA).

Durante a fotossíntese, estas bactérias não utilizam água, mas sim gás sulfídrico (H2S), liberando enxofre em vez de oxigênio. Lembre-se de que durante a fotossíntese comum, o oxigênio gasoso liberado na fase clara é proveniente da fotólise da água.(blogdoenem)

Neste caso, como a água não é utilizada como reagente desta reação de fotossíntese, não será liberado oxigênio. Estas bactérias possuem clorofilas especiais chamadas de bacterioclorofilas que possuem composição diferente da clorofila das plantas. Veja a seguir a equação da quimiossíntese, da Fotossíntese bacteriana:

Comparação do espectro de absorção da clorofila (curva verde) e da bacterioclorofila (curva azul) (COGDELL, GARDINER AND CRONIN, 2014)


As bacterioclorofilas são pigmentos fotossintéticos que ocorrem em várias bactérias fototróficas. São relacionadas com as clorofilas, pigmentos principais nas plantas, algas e cianobactérias. Os grupos que contêm bacterioclorofila realizam fotossíntese, mas não produzem oxigénio. Usam comprimentos de onda que não são absorvidos em plantas. Diferentes grupos possuem diferentes tipos de bacterioclorofilas:

Bacterioclorofila a Bactérias púrpuras
Bacterioclorofila b Bactérias púrpuras

Bacterioclorofila c Bactérias verdes sulfurosas, Chloroflexi (Chloroflexaceae ou Chloroflexi são bactérias verdes não sulfurosas. Obtêm energia mediante fotossíntese. A sua denominação deve-se ao fato de possuírem um pigmento verde, que se encontra geralmente associado a estruturas membranosas internas chamadas clorossomas).

Bacterioclorofila d Bactérias verdes sulfurosas
Bacterioclorofila e Bactérias verdes sulfurosas
Bacterioclorofila g Heliobactérias

As bacterioclorofilas c e d são clorinas, com um anel pirrol reduzido, e as outras são bacterioclorinas, com dois anéis.

Chlorobium tepidum, também conhecida como bactéria verde sulfurosa, é uma espécie de bactéria autotrófica, que possui pigmentos verdes (bacterioclorofila C) agregados numa forma espacial diferente das plantas e são necessários para captar a energia solar. Estes agregados são extremamente eficientes na captação e transmissão da energia luminosa.

A sulfobactéria verde é uma bactéria termófila modelo. Estas bactérias usam compostos reduzidos de enxofre, tal como o sulfato, durante a fotossíntese como fornecedor de potencial redutor e não a água. Neste tipo de bactérias o dióxido de carbono não é fixado pela rubisco (ribulose bifosfato) no ciclo de Calvin que não possuem, mas sim, no ciclo do ácido acético invertido ou ciclo de Krebs invertido.


QUIMIOSSINTETIZANTES

Assim como a fotossíntese, a quimiossíntese é um processo autotrófico de conversão de moléculas de carbono, como dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4), em matéria orgânica que será utilizada como alimento pelo organismo. 

Porém, no lugar da energia luminosa, as reações que compõem a quimiossíntese utilizam a energia liberada pela oxidação de determinadas moléculas inorgânicas. Esta energia esta armazenada nas ligações covalentes dos compostos que serão oxidados. Essa fonte de energia vem de moléculas contendo elementos como enxofre (S), hidrogênio (H), nitrogênio (N), manganês (Mg) ou ferro (Fe). 

Os organismos quimiossintetizantes incluem bactérias e arqueobactérias que vivem em ambientes carentes de luz.

Uma das reações de quimiossíntese mais conhecidas vem de bactérias que utilizam sulfeto de hidrogênio (H2S) como uma fonte de energia, funcionando como base de diversas cadeias alimentares de áreas próximas a fontes termais submarinas. Essas bactérias existem como organismos vivos livres ou formam relações de simbiose com outros organismos dessa região. Um bom exemplo dessas relações é o caso dos poliquetas conhecidos como pogonóforos. Esses animais são anelídeos que formam tubos verticais próximos a fontes termais no fundo dos oceanos e se associam a bactérias quimiossintetizantes, que vivem em um órgão do sistema digestivo do poliqueta. Estas bactérias produzem glicose (C6H12O6) a partir da oxidação do sulfeto de hidrogênio liberado pelas fontes termais, proporcionando assim uma fonte de alimento tanto para si quanto para o hospedeiro pogonóforo. A equação geral do processo de quimiossíntese utilizando sulfeto de hidrogênio é a seguinte:

12 H2S + 6 CO2 = C6H12O6 + 6 H2O + 12 S


Ao observar-se a reação acima, percebrmos a semelhança com a reação que produz glicose através da fotossíntese, exceto o fato que a fotossíntese libera gás oxigênio, enquanto a quimiossíntese produz enxofre sólido. Os grânulos de enxofre amarelo são visíveis no citoplasma de bactérias que realizam a reação.

Além dessa, bactérias que vivem no solo no ambiente terrestre também são capazes de realizar quimiossíntese, sendo mais conhecidas as que utilizam compostos de nitrogênio como fonte de energia. Essas bactérias são chamadas de nitrobactérias e pertencem aos gêneros Nitrosomonas e Nitrobacter, sendo essenciais no ciclo do nitrogênio em nosso planeta (infoescola).

As bactérias do gênero Nitrosomonas oxidam a amônia (NH3) presente no solo, transformando-o em íon nitrito (NO2–) e liberando energia. 

Em seguida, essa energia é utilizada para a produção de glicose a partir do gás carbônico dissolvido na àgua. A seguir estão as equações gerais das reações de quimiossíntese realizadas pelas Nitrosomonas:

2 NH3  + 3 O2 = 2 NO2– + 2 H2O + 2H+ + Energia

6 CO2 + 6 H2O + Energia = C6H12O6 + 6 O2

As bactérias do gênero Nitrobacter, por sua vez, oxidam o íon nitrito (NO2–) transformando-o em íon nitrato (NO3–) em uma reação que também libera energia. 

Da mesma forma que as Nitrossomonas, as Nitrobacter utilizam essa energia para produzir moléculas orgânicas de glicose a partir do CO2, seguindo as seguintes reações:

2 NO2–  + O2 = 2 NO3– + Energia 

6 CO2 + 6 H2O + Energia = C6H12O6 + 6 O2


9) Comparação entre Archaea e Eubacteria






10. Papel das bactérias 
Bactérias são igual a doenças? Normalmente pensamos em patogenias quando ouvimos a palavra bactéria. 

No entanto, bactérias que causam doenças são uma pequena parte das Eubactérias. As bactérias são importantíssimas e essenciais para a manutenção da vida em nosso planeta, uma vez que desempenham o papel de decompositores em todos os ecossistemas, estando portanto na base de todos os ecossistemas existentes.

Foram os primeiros seres vivos a aparecer em nosso planeta por volta de 3,8 bilhões de anos atrás e os primeiros organismos a produzir e liberar oxigênio, reduzindo a concentração de gás carbônico na atmosfera. Um fato inegável é que cloroplastos e mitocôndrias são bactérias que em eventos de endosimbiose "produziram" a célula eucariota ao invadir uma protocélula. 

As bactérias tem papel essencial no ambiente como saprófitas (seres vivos que se nutrem de matéria orgânica em decomposição) e decompositores (que promovem ativamente a deconposição da matéria orgânica; ambas promovendo a ciclagem dos nutrientes (reciclagem da matéria orgânica). Com isso, os nutrientes como N2, CO2, Po4, K, Ca, Zn etc, voltam para os seu respectivos ciclos biogeoquímicos, possibilitando seu uso por outros organismos.

Ciclo do carbono


Ciclo do Nitrogênio 
O Nitrogênio é um elemento químico com símbolo N, número atómico 7 e de massa atómica 14,00674 u (7 prótons e 7 nêutrons, com adição da pequena massa dos 7 elétrons), representado no grupo 7 da tabela periódica. Esse gás foi descoberto pelo médico escocês Daniel Rutherford em 1772, como componente separável do ar. Em condições normais forma um gás diatómico (N2), incolor, inodoro, insípido e principalmente inerte, não participando da combustão e nem da respiração, todavia pode formar bolhas no sangue sob pressão intensa (volta a forma de gás). O grupo do nitrogênio é o décimo quinto (15) grupo da tabela periódica, como todos os elementos dessa família, possui 5 elétrons na camada de valência. Eles são ocasionalmente chamados de pnicogênios ou pnigogênicos, palavra derivadas do grego (πνῑ́γω, pnigo: sufocar; e Γέν, gén: generar) que significam "sufocar". No grupo há uma transição clara do caráter não metálico para metálico quando se percorre a família de cima para baixo.





fontes











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