3/20/2024

EQUINÓCIOS E SOLSTÍCIOS

EQUINÓCIOS E SOLSTÍCIOS 



Segundo pesquisadores da UFMG, o nosso calendário, chamado de Gregoriano, foi elaborado com base no tempo em que o nosso planeta gasta para dar uma volta completa em torno do Sol. Esse movimento, denominado de translação, tem uma duração aproximada de 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 56 segundos.

Nesse período de quase 366 dias, convencionou-se dividir o ano em quatro estações: Verão, Outono, Inverno e Primavera

Dividindo essas estações, existem datas muito especiais, os famosos Equinócios e Solstícios, que são celebrados em muitas culturas em todo mundo.


O que são Equinócios e Solstícios?

No dia do Equinócio, o período diurno tem a mesma duração do período noturno, ou seja, as 24 horas de um dia são divididas igualmente em duas partes de 12 horas exatamente. O fenômeno ocorre quando os raios solares incidem diretamente sobre a Linha do Equador, fazendo com que os dois hemisférios do planeta recebam a mesma quantidade de luz e de escuridão. No total, são dois por ano, sendo eles o Equinócio de Primavera ou equinócio de setembro e o Equinócio de Outono ou equinócio de março.

Já nos Solstícios, ocorre o contrário. A distribuição da luminosidade ao redor do globo não é uniforme, isso ocorre devido a inclinação do eixo da Terra em relação ao plano da eclíptica, tendo como consequência dias maiores que noites, ou vice-versa. Quando acontece o Solstício de Verão (por volta de 21 de dezembro para o hemisfério sul), temos o dia mais longo para o hemisfério sul e o dia mais curto para o hemisfério norte, analogamente, quando ocorre o Solstício de Inverno ou solstício de junho (no hemisfério sul), temos a noite mais longa, nesse mesmo dia ocorre o solstício de verão no hemisfério norte e lá eles tem o dia mais longo (modif. UFMG)

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Solstício e equinócios são fenômenos astronômicos que estão relacionados com o início de cada uma das quatro estações do ano.

Há dois solstícios, o solstício de verão e o solstício de inverno. E há dois equinócios, o equinócio de primavera e o equinócio de outono.

Tanto os solstícios como os equinócios acontecem em consequência do eixo de rotação da Terra e do movimento que ela faz em torno do Sol, que é chamado de translação e dura cerca de 365 dias, ou seja, 1 ano.

À medida que a Terra vai girando, como o seu eixo é inclinado, apontando sempre para a estrela Polaris (alpha da Ursa Menor), uma parte do hemisfério recebe mais calor do Sol do que o outro hemisfério.

Estrela Polar
(Fonte: cienciaviva)
Devido a precessão dos equinócios a estrela polar varia ao longe de um período longo de tempo, de aproximadamente 25780 anos.

Estrelas polares ao longo do tempo
(WP)


Estrela Polar 

Quando o eixo da Terra atinge a sua inclinação máxima, ou seja, quando um dos hemisférios está mais direcionado para o Sol, essa parte recebe mais calor. É quando acontece o solstício de verão, o primeiro dia da estação mais quente do ano (calendarr).

Por sua vez, a parte que recebe menos calor está mais afastada do Sol. É quando acontece o solstício do inverno - o primeiro dia da estação mais fria do ano.

No dia em que o hemisfério sul e o hemisfério norte recebem a mais quantidade de luz do sol, acontecem os equinócios. Por esse motivo, no dia do equinócio o dia e a noite têm quase a mesma duração (calendarr).

Vem daí o significado da palavra equinócio, que é “noite igual ao dia”. Ela surge da junção de duas palavras do latim equi (aequi), que significa “igual”, e nocio (nox, nocte), que significa “noite” (calendarr).

Depois do dia em que acontece o equinócio de outono, os dias vão diminuindo e as noites vão aumentando, até chegar ao dia em que acontece o solstício de inverno, que é a noite mais longa do ano, e assim sucessivamente.


Equinócio de outono

20 de março de 2024, às 00h06 (todos os anos acontece em 20 ou 21 de março)
Dia e noite iguais. Depois dessa data, as noites começam a aumentar dia após dia.(calendarr)

Solstício de inverno

20 de junho de 2024, às 17h51 (todos os anos acontece em 20 ou 21 de junho)
Noite maior do que o dia. Depois dessa data, o dia começa a aumentar dia após dia até ficarem com a mesma duração.(calendarr)


Equinócio de primavera

22 de setembro de 2024, às 09h44 (todos os anos acontece 22 ou 23 de setembro). Dia e noite iguais. Depois dessa data, o dia começa a aumentar dia após dia.


Solstício de verão

21 de dezembro de 2024, a 07h20 (todos os anos acontece 21 ou 22 de dezembro). Dia maior do que a noite. Depois dessa data, a noite começa a aumentar dia após dia até ficarem com a mesma duração.
Diferença entre solstício e equinócio

O solstício e o equinócio são fenômenos astronômicos que dão início às estações do ano.

Enquanto o solstício acontece em junho e em dezembro, dando início ao inverno e ao verão, respectivamente, o equinócio acontece em março e em setembro, dando início ao outono e à primavera.(calendarr)

Isso acontece porque no solstício de verão, o eixo da Terra está virado para o Sol, por isso, está mais quente, e começa o verão. No solstício de inverno, o eixo da Terra está mais afastado do Sol do que em qualquer outro dia do ano, por isso, está mais frio, e começa o inverno.(calendarr)

Nos equinócios, o Sol está virado para a linha do equador, que é a linha imaginária que divide a Terra em hemisfério norte e hemisfério sul. Por esse motivo, os dois hemisférios recebem a mesma proporção de luz do sol. No equinócio de primavera começa a primavera, e no equinócio de outono começa o outono.(calendarr).

Animação das estações do ano.






O MECANISMO DE ANTIKYTHERA

O mecanismo 

O mecanismo de 2.000 anos é uma calculadora astronômica, usada para prever as posições do Sol, da Lua e dos planetas conhecidos, quando ocorreriam os jogos ístmico, pan-helênico, e os jogos olímpicos, bem como eclipses lunares e solares, além do tipo de eclipse lunar. Além disso previa o início e a duração das estações do ano. 

Até a descoberta desse mecanismo, os historiadores  consideravam que a tecnologia da época seria incapaz de produzir qualquer instrumento parecido, pois não há registro na literatura histórica direta que claramente aponte para a existência de um tal mecanismo semelhante ao de Antikythera, datada daquele período, século II ou I a.C. Entretanto, esse exemplar foi encontrado, datado com alguma precisão, e o relato de Plínio sobre o mecanismo atestam sua veracidade.   
 
A revelação de inscrições de nomes de meses usados nas colônias de Corinto indica que sua origem pode estar além da ilha de Rodes, um importante centro de desenvolvimento científico e tecnológico na época, e onde se acreditava tenha sido construído o mecanismo. Pode ainda apontar na direção de Siracusa, na Sicília. Siracusa foi uma cidade estado aliada de Corinto e onde viveu e morreu Arquimedes. Embora Arquimedes tenha falecido muito antes (212 a.C.), este instrumento pode ser um descendente de um invento similar atribuído a Arquimedes e relatado pelo filósofo romano Cícero em 54 a.C. 

O parágrafo extraído do manuscrito de “De Republica” de Cícero, é o seguinte:

Philus: Posso oferecer-lhe, …… Ouvindo um dia o recital de um prodígio semelhante, na casa de Marcellus, que havia sido seu colega no consulado; ele pediu para ver um globo celeste, que o avô de Marcellus havia salvo após a captura de Siracusa, desta cidade magnífica e opulenta, sem trazer para casa nenhum outro memorial de tão grande vitória. Muitas vezes eu tinha ouvido falar desse globo ou esfera celeste devido à grande fama de Arquimedes. Sua aparência, no entanto, não me pareceu particularmente impressionante.
Há outro, de forma mais elegante e mais conhecido, moldado pelo mesmo Arquimedes e depositado pelo mesmo Marcellus no Templo da Virtude em Roma. 
Mas assim que Gallus começou a explicar, por sua sublime ciência, a composição dessa máquina, senti que o geômetra siciliano devia possuir um gênio superior a qualquer coisa que normalmente concebemos como pertencente à nossa natureza. 
Gallus nos assegurou que o globo sólido e compacto era uma invenção muito antiga, e que o primeiro modelo havia sido apresentado por Thales de Mileto. E depois Eudoxo de Cnido, um discípulo de Platão, traçou em sua superfície as estrelas que aparecem no céu, e muitos anos depois, tomando emprestado de Eudoxo esse belo desenho e representação, Aratus os ilustrou em seus versos, não por qualquer ciência da astronomia, mas pelo ornamento da descrição poética. Ele acrescentou que a figura da esfera, que mostrava os movimentos do Sol e da Lua, e os cinco planetas, ou estrelas errantes, não poderia ser representada pelo globo sólido primitivo. E que nisso a invenção de Arquimedes era admirável, porque ele havia calculado como uma única revolução deveria manter progressões desiguais e diversificadas em movimentos diferentes. De fato, quando Gallus moveu esta esfera ou planetário, observamos que a Lua se distanciou o Sol tantos graus por uma volta da roda na máquina quanto ela faz em tantos dias nos céus. Daí resultou que o progresso do Sol foi marcado como nos céus, e que a Lua tocou o ponto onde ela é obscurecida pela sombra da terra no instante em que o Sol aparece acima do horizonte. (26, 27).

FUNCIONAMENTO DO MECANISMO 

Existe ainda muito debate sobre a função e o modo de funcionamento do artefato de Anticítera, porque apenas cerca de um terço dele sobreviveu, dividido em 82 fragmentos.

Está claro hoje que o mecanismo de Antikythera consta de pelo menos 37 rodas dentadas de precisão, feitas em bronze, com as quais era possível calcular com exatidão as posições e movimentos astronômicos, recriar a órbita irregular da Lua e, estabelecer a posição dos planetas no céu contra o fundo das estrelas fixas, onde estão as constelações do zodíaco.

Segundo relata, Tony Freeth, pesquisador do University College of London, em seus inúmeros trabalhos a respeito do mecanismo:

O nosso é o primeiro modelo que está em conformidade com todas as evidências físicas e corresponde às descrições nas inscrições científicas gravadas no próprio mecanismo. O Sol, a Lua e os planetas são exibidos em uma impressionante obra-prima da Grécia Antiga.” 

O primeiro a analisar em detalhes os 82 fragmentos recuperados foi o físico inglês Derek John de Solla Price (1922-1983). Ele começou o trabalho nos anos 1950 e em 1971, juntamente com o físico nuclear grego Charalampos Karakalos, fez imagens das peças com raios-X e raios gama.

Derek John de Solla Price (1922-1983)

Eles descobriram que o mecanismo era extremamente complexo, com 27 rodas de engrenagem em seu interior. Os especialistas conseguiram datar algumas outras peças com precisão, entre os anos 70 A.C. e 50 A.C.

Mas um objeto tão extraordinário não podia ser daquela época, pensavam os especialistas. Talvez fosse mais moderno e tivesse caído no mesmo local por casualidade.


FUNÇÃO CALÊNDRICA 

Havia numerosos calendários desenvolvidos e ciclos astronômicos conhecidos em quase todas as civilizações desde a Mesopotâmia e os sumérios. Esses calendários foram referidos, no seu tempo, como os padrões de tempo, e foram a realização notável de observações astronômicas acuradas e sistemáticas ao longo de centenas e até milhares de anos (Lin & Yan, 2016).

Sabe-se, através do estudo dos restos do mecanismo de Antinythera, que nele havia um mostrador  do calendário egípcio, o ciclo metônico, o ciclo calípico, o ciclo Saros e o ciclo Exeligmos. 

Calendário Egípcio 

Calendários são sistemas de tempo que incluem dias, meses, anos e alguns períodos específicos definidos pela humanidade para fins agrícolas, sociais, religiosos, comerciais ou administrativos.   

Os calendários são estabelecidos de acordo com os registros observacionais de vários fenômenos astronômicos. Por exemplo, um calendário solar é baseado no movimento aparente do Sol na esfera celeste, na duração dos dias e na inclinação do eixo da Terra ao longo do ano, o que nos dá datas datas importantes como o dia dos equinócios e dos solstícios. Já um calendário lunar é sincronizado com o movimento da Lua; enquanto que um calendário lunissolar é baseado na combinação dos movimentos solar e lunar; e alguns calendários particulares parecem estar sincronizados com os movimentos de outros corpos celestes, como Vênus e Sirius.

Nos primeiros tempos, os egípcios observaram que uma vez que Sirius aparece no céu oriental ao nascer do sol, o rio Nilo transbordava e inundava uma grande faixa ao longo de suas margens. Então, eles construíram a conexão entre o início do ano e o ciclo de Sirius. No calendário deles, um ano tinha 365 dias, divididos em 12 meses com 30 dias e 5 dias extras no final do ano. 

De acordo com as mudanças das estações, um ano egípcio também foi dividido em 3 estações, incluindo a estação de akht (inundação), a estação de peret (inverno) e a estação de shemu (verão) [1, 4-6] .
Sabe-se nos tempos modernos que a duração de um ano é um pouco mais de 365 dias. Como o Sirius levou uma revolução de 1.460 anos para retornar à mesma posição, a diferença entre um ano civil e um ano verdadeiro foi de 365 dias em 1.460 anos, ou seja, um dia em 4 anos. Isso é chamado de ciclo de Sirius no calendário egípcio. Na verdade, os egípcios entendiam a diferença de duração do ano, um quarto de dia, entre o tempo real e seu calendário. Portanto, eles definiram uma regra de ano bissexto no calendário para reduzir essa diferença de tempo.

127 e 235 dentes

Price deduziu que contar os dentes em cada roda poderia fornecer pistas sobre as funções da máquina. Com imagens bidimensionais, as rodas se sobrepunham, o que dificultava a tarefa, mas ele conseguiu chegar a dois números: 127 e 235.

"Esses dois números eram muito importantes na Grécia antiga", diz o astrônomo Mike Edmunds.

Seria possível que os gregos antigos estivessem usando a máquina para seguir o movimento da Lua? A ideia era revolucionária e tão avançada que Price chegou a questionar a autenticidade daquele objeto.

"Se cientistas gregos antigos podiam produzir esses sistemas de engrenagens há dois milênios, toda a história da tecnologia do Ocidente teria que ser reescrita", diz o matemático Freeth.

A cultura grega de dois milênios atrás é uma das mais criativas da humanidade, e os investigadores daquele objeto não questionavam o desenvolvimento da civilização grega, inclusive na astronomia.

Os gregos sabiam, por exemplo, como os corpos celestes se moviam no espaço, podiam calcular suas distâncias da Terra e a geometria de suas órbitas.

Mas teriam sido capazes de fundir astronomia e matemática em um artefato e programá-lo, fisicamente, para seguir o movimento da Lua? 

O número 235 que Price havia encontrado era a chave do mecanismo para computar os ciclos da Lua.

"Os gregos sabiam que de uma nova Lua a outra se passavam, em média, 29,5 dias. Mas isso era problemático para seu calendário de 12 meses no ano, porque 12 x 29,5 = 354 dias, 11 dias a menos do que o necessário", afirmou à BBC Alexander Jones, historiador especializado em astronomia antiga.

"O ano natural, com as estações, e o ano-calendário perderiam a sincronia." Os gregos, contudo, sabiam que 19 anos solares são exatamente 235 meses lunares, o chamado ciclo Metônico.

Méton de Athenas, Μέτων ὁ Ἀθηναῖος, foi um geômetra, matemático, astrônomo, e engenheiro grego que viveu em Atenas no século V a.C. Meton estabeleceu um observatório (Αστεροσκοπείο) na colina Pnyx, λοφος πνύκας, de onde podia observar o nascer do Sol, nos equinócios e solstícios, e onde construiu seu relógio de Sol. 

Ele ficou conhecido pelos cálculos dos meses lunares para elaboração do calendário grego, e pela descoberta original de que 235 meses lunares equivalem quase exatamente 19 anos. Esse período de 19 anos ficou conhecido como ciclo metônico, que ele introduziu em 432 a.C. no calendário ático lunisolar. Isso significa que se você tem um ciclo de 19 anos, a longo prazo seu calendário estará em sintonia com as estações do ano.

O calendário metônico incorpora o conhecimento de que 19 anos solares e 235 meses lunares têm quase a mesma duração, i.e., 6.932,5 dias. Conseqüentemente, um determinado dia de um mês lunar geralmente ocorre no mesmo dia do ano solar, como ocorreu 19 anos antes. As observações de Meton foram feitas em colaboração com Euctemon, sobre quem nada mais se sabe. O astrônomo grego Calipo expandiu o trabalho de Meton, propondo o que hoje é chamado de ciclo Calípico. Um ciclo calípico dura 76 anos, ou quatro ciclos metônicos. Calipo refinou o calendário lunissolar, deduzindo um dia do quarto ciclo metônico em cada ciclo calípico (ou seja, após 940 períodos lunares sinódicos terem decorrido), de modo a manter o calendário lunisolar sincronizado com as estações do ano solar.

Fontes históricas relatam que Méton, junto com seu assistente Euktemon, colocaram um instrumento de observação, chamado de “heliotrópio” ou “helioscopion”, ou relógio de Sol, logo acima do pódio na colina Pnyx, onde os antigos atenienses realizavam suas assembléias públicas. O local do Observatório de Meton está localizado na colina de Pnyx, perto do atual Observatório Nacional de Atenas (Spathopoulos, 2019).

Ainda hoje pode-se ver o local, na colina Pnykas, onde Méton fazia suas observações em 432 a.C. (séc. V a.C.)
(Foto de Spathopoulos, 2019).

As fundações do observatório de Meton (Αστεροσκοπείο) em Atenas ainda são visíveis logo atrás do pódio do Pnyx, o antigo parlamento. Meton descobriu as datas dos equinócios e solstícios observando o nascer do sol a partir de seu observatório. A partir desse ponto de observação privilegiado, durante o solstício de verão, o nascer do sol estava alinhado com a colina local do Monte Lycabetus, enquanto seis meses depois, durante o solstício de inverno, o nascer do sol ocorre sobre a alta colina do Monte Hymettus, no sudeste. 

Assim, do observatório de Meton, o Sol parece se mover ao longo de um arco de 60° entre esses dois pontos no horizonte a cada seis meses. A bissetriz do arco solsticial do observatório está alinhada com a Acrópole, o monte onte se situa o Parthenon. 
Essas características topológicas são importantes porque o solstício de verão era o ponto no tempo a partir do qual os atenienses mediam o início de seus anos civis.

O primeiro mês do ano novo, Hekatombaion, começava com a primeira lua nova após o solstício de verão.



Visão de Meton do nascer do sol nos solstícios e equinócios, em seu observatório na colina Pnykas, Λοφος Πνύκας

Heliotrópio de Meton de Athenas.
Fontes históricas relatam que Meton de Athenas, Μέτων ὁ Ἀθηναῖος, junto com seu assistente Euktemon, colocou um instrumento de observação chamado de heliotrópio ou helioscópio, logo acima do pódio na colina Pnyx (Pnikas), onde os antigos atenienses realizavam suas assembléias públicas. Nesse local está o vértice do ângulo de 60 graus, do monte Lycabettus ao monte Hymettus, vértice do arco solsticial. Esse arco vai do solstício de verão ao solstício de inverno. Méton, foi um matemático, astrônomo, geômetra e engenheiro grego perspicaz que viveu em Atenas no século V a.C. Ele é mais conhecido pelos cálculos envolvendo o ciclo metônico de 19 anos, batizado em sua homenagem, que ele descobriu e introduziu em 432 a.C. no calendário lunisolar da região Ática. Euphronios diz que Colonus era o deme de Meton.


Construção do ângulo de 60° e a determinação do norte no dia do equinócio em Athenas. A bissetriz do arco solsticial entre o Monte Lycabettus e o Monte Hymettus, passa exatamente pelo sítio da Acrópole, o Partenon, templo da deusa Athena, talvez por isso o ângulo de 60° era dedicado à deusa.

Local onde Meton montou seu relógio de Sol e instrumentos para determinar os dias do equinócio e solstício (Foto de Spathopoulos, 2019).

A mais antiga calculadora astronômica conhecida do mundo, o Mecanismo de Antikythera (século II a.C), realiza cálculos com base nos ciclos do calendário metônico e calípico, com mostradores separados para cada um.

Revoluções

Graças aos dentes das engrenagens, a máquina começou a revelar seus segredos. As fases da Lua eram extremamente úteis na época dos gregos antigos.

De acordo com elas determinavam-se épocas de plantio, estratégias de batalha, festas religiosas, momentos de pagar dívidas e autorizações para viagens noturnas.

O outro número, 127, serviu para Price entender outra função da máquina relacionada com nosso satélite natural: o aparelho também mostrava as revoluções da Lua ao redor da Terra.

Após 20 anos de investigação intensa. Price concluiu que havia desvendado aquele artefato. Mas ainda havia peças do quebra-cabeças por encaixar.

O futuro 223

O passo seguinte demandou tecnologia feita sob encomenda para aquele desafio. Uma equipe internacional dedicada a estudar a máquina conseguiu convencer o engenheiro de raios-X Roger Hadland a criar um equipamento especial para fazer imagens do mecanismo.

E usando outro aparelho que havia realçado os escritos que cobrem boa parte dos fragmentos, encontraram uma referência às engrenagens e a outro número chave: 223.

O ciclo de Saros

Três séculos antes da idade de ouro de Atenas, astrônomos babilônios antigos descobriram que 223 luas após um eclipse, a Lua e a Terra voltavam para a mesma posição, esse período é conhecido por ciclo de Saros. O ciclo de Saros é um período de exatamente 223 meses sinódicos, aproximadamente 6.585,3211 dias, ou 18 anos, 10, 11 ou 12 dias e 8 horas, que podem ser usados para prever eclipses do Sol e da Lua. Depois desse período, 223 meses sinódicos, a Terra e a Lua voltavam para a mesma posição e o ciclo de eclipses reiniciava. 

Um período saros após um eclipse, o Sol, a Terra e a Lua retornam aproximadamente à mesma geometria relativa, uma linha (quase) reta (une novamente o Sol, a lua e a Terra), e um eclipse quase idêntico ocorrerá, no que é chamado de ciclo de eclipse. 
Um sar é a metade de um saros.

Uma série de eclipses separados por um saros é chamada de série saros, e corresponde a:

6.585,321347 dias solares
18.029 anos
223 meses sinódicos
241.999 meses dracônicos
18.999 anos de eclipse (38 estações de eclipse)
238.992 meses anomalísticos
241.029 meses siderais

Os 19 anos de eclipse significam que, se houver um eclipse solar (ou eclipse lunar), depois de um saros, uma lua nova ocorrerá no mesmo nó (modo) da órbita da Lua e, nessas circunstâncias, outro eclipse pode ocorrer.

O registro histórico descoberto mais antigo do que é conhecido como saros foi feito por astrônomos caldeus (neo-babilônicos) nos últimos séculos aC. Posteriormente, foi conhecido por Hiparco, Plínio e Ptolemeu.

O nome "saros", em grego: σάρος, foi aplicado ao ciclo de eclipse por Edmond Halley em 1686, que o tirou do Suda, um léxico bizantino do século XI. 

O Suda diz: “O saros é uma medida e um número entre os caldeus. Pois 120 saroi perfazem 2220 anos (anos de 12 meses lunares) de acordo com o cálculo dos caldeus, se de fato o saros perfaz 222 meses lunares, que são 18 anos e 6 meses (i.e., anos de 12 meses lunares).” (Guillaume Le Gentil afirmou que o uso de Halley estava incorreto em 1756, mas o nome continua a ser usado.) 

A palavra grega aparentemente vem da palavra babilônica “sāru” que significa o número 3600 ou do verbo grego “saro”, σαρῶ, que significa varrer (o céu com a série de eclipses).

O período Saros de 223 meses lunares, em numerais gregos, ΣΚΓ′ está no manual do usuário do Mecanismo de Antikythera deste instrumento, construído por volta de 150 a 100 a.C. na Grécia, como pode ser visto na foto. 

(The Saros period of 223 lunar months (in Greek numerals, ΣΚΓ′) is in the Antikythera Mechanism user manual of this instrument, made around 150 to 100 BC in Greece, as seen in the picture. This number is one of a few inscriptions of the mechanism that are visible with unaided eye.[12][13] Above it the period of Metonic cycle and Callippic cycle are visible too).(WP)

Fragmento 19, fotografado usando PTM com realce especular. Estão destacados os números 76, 19 e 223, que representam os ciclos Lua-Sol identificados por Rehm. (Imagem: Hewlett-Packard 2005) (world-archaeology).

 
Ciclo de Saros do mecanismo de Antikythera para a previsão de eclipses ΣΚΓ′ (223 meses lunares), no retângulo vermelho, e significa 223 meses. Escrito entre 150 e 100 a.C.
(Antikythera Mechanism Saros cycle for the prediction of eclipses ΣΚΓ′, in the red rectangle, and means 223 months. Written between 150 and 100 BC.(WP).

Visualizações mostrando como os pesquisadores aprimoraram as imagens das inscrições erodidas no Mecanismo de Anticítera. (Projeto de Pesquisa do Mecanismo de Antikythera. (isaw,2016)

Este número é uma das poucas inscrições do mecanismo de Antikythera que são visíveis a olho nu. Acima dele, o período do ciclo metônico e do ciclo calípico também são visíveis.

Segundo John Steele, especialista em Babilônia do Museu Britânico, “Quando ocorria um eclipse lunar, o rei babilônio deixava o posto e um substituto assumia o poder, de modo que os maus agouros fossem para esse substituto. Logo o substituto era morto e o rei voltava a assumir sua posição”. E o 223 era o número de dentes de outra roda do mecanismo.

A máquina de Anticítera podia prever eclipses. Não apenas o dia, mas a hora, direção da sombra e cor com a qual a Lua apareceria. 

Durante o eclipse lunar total, a Lua não desaparece. Na verdade, ela fica com uma cor avermelhada. O fenômeno acontece graças à interação da luz solar com a atmosfera terrestre. A luz vermelha, uma dentre as muitas que compõem o espectro da luz do Sol, é desviada ao redor do planeta Terra, iluminando a Lua com sua cor. É por isso que o eclipse total também é conhecido como “Lua de Sangue”.






Mecanismo de Antikythera (Fonte: addpmp s/d)












Fonte











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