3/20/2020

VIROLOGIA: EM TEMPO DE COVID-19: PROCEDIMENTOS ANTISSÉPTICOS


Ignaz Philipp Semmelweis
(1818 - 1865)

Ignaz Philipp Semmelweis (1818 - 1865)


Ignaz Philipp Semmelweis Viena 01/jul/1818 - 13/ago/1865 foi médico de ancestrais alemães, conhecido como um pioneiro dos procedimentos antissépticos. Descrito como o "salvador das mães", Semmelweis descobriu que a incidência de infecção pós-parto (também conhecida como febre do parto) poderia ser drasticamente reduzida pelo uso da desinfecção das mãos em clínicas obstétricas. 
A infecção pós-parto era comum nos hospitais na metade do século XIX e frequentemente fatal. Semmelweis propôs a prática de lavar as mãos com hipoclorito de cálcio 1847, quando trabalhava no Hospital Geral de Viena, onde as enfermarias dos médicos tinham o triplo da mortalidade das enfermarias da obstetrícia. Publicou o livro Etiology, Concept and Prophylaxis of Childbed Fever


A despeito de várias publicações de resultados onde lavar as mãos reduziu a mortalidade para menos de 1%, as observações de Semmelweis entraram em conflito com as opiniões científicas e médicas estabelecidas da época e suas ideias foram rejeitadas pela comunidade médica. Semmelweis não forneceu nenhuma explicação científica aceitável para suas descobertas, e alguns médicos ficaram ofendidos com a sugestão de que deveriam lavar as mãos. A prática de Semmelweis ganhou ampla aceitação apenas anos após sua morte, quando Louis Pasteur confirmou a teoria microbiana das doenças e Joseph Lister, trabalhando sobre a pesquisa do microbiologista francês, praticou e operou usando métodos higiênicos com grande sucesso. Em 1865 Semmelweis foi internado em um manicômio, onde morreu aos 47 anos de idade. 

Os antissépticos (do grego ἀντί, anti = contra e σηπτικός, sēptikos = putrefativo) são substâncias antimicrobianas aplicadas ao tecido vivo/pele para reduzir a possibilidade de infecção, sepse ou putrefação. 
Os antissépticos geralmente se distinguem dos antibióticos pela capacidade destes últimos de destruir com segurança as bactérias no interior do corpo e dos desinfetantes, que destroem os microrganismos encontrados em objetos não-vivos. 
Alguns antissépticos são verdadeiros germicidas, capazes de destruir micróbios (bactericidas), enquanto outros são bacteriostáticos e apenas impedem ou inibem seu crescimento. Os antibacterianos incluem antissépticos que têm a capacidade comprovada de agir contra bactérias. Microbicidas que destroem partículas virais são chamados viricidas ou antivirais. 
Os antifúngicos, também conhecidos como antimicóticos, são fungicidas farmacêuticos usados ​​para tratar e prevenir micose (infecção por fungos).
Higienize-se 


A higiene constante das mãos com água e sabão e a etiqueta respiratória são as principais recomendações para evitar a contaminação por qualquer doença causada por microrganismos. 

  • Lave e higienize suas mãos com água e sabão até a metade do punho, após tocar em qualquer objeto e superfície; 
  • Usar álcool 70% ou álcool gel para limpar as mãos antes de encostar no rosto e em áreas como olhos, nariz e boca; 
  • Ao entrar em casa tirar os calçados e colocá-los em uma caixa ao lado da porta. 
  • Ao entrar em casa não toque em nada antes de se higienizar; 
  • Desinfete as patinhas de seu pet após passear com ele; 
  • Ao chegar em casa troque de roupa e coloque em um saco plástico dentro do cesto ou na máquina de lavar roupa. 
  • Deixe bolsa, carteira e chaves em uma caixa na entrada 
  • Tome banho e se não puder, lave bem com água e sabão todas as áreas expostas de seu corpo; 
  • Limpe seu celular com água e sabão ou álcool; 
  • Tossir ou espirrar levando o rosto à parte interna do cotovelo; 
  • Evitar concentrações humanas e multidões; 
  • Usar máscaras caso apresente sintomas; 
  • Evitar tocar nariz, olhos e boca antes de lavar bem as mãos; 

  • Manter a distância de um metro de pessoas (ou que estejam espirrando ou tossindo ou falando); 
  • Limpar com álcool (mínimo álcool 70%) objetos tocados frequentemente; 
  • Nunca cumprimentar com aperto de mão, abraço ou beijo no rosto (ou evitar ao máximo); 
  • Evitar sair de casa caso apresente algum sintoma da síndrome-gripal; 
  • Utilizar lenço descartável quando estiver com coriza (nariz escorrendo); 
  • Usar lenços de papel para abrir portas de elevadores e apertar botões de elevadores; 
  • Se voce vive com pessoas idosas ou grupos de risco (pessoas com doenças cardíacas, hipertensão, diabetes ...): não compartilhe toalhas, talheres, copos etc. 
  • Limpe e desinfete diariamente as superfícies de frequente contato; 
  • Lave roupas lençóis e toalhas (de rosto e de banho) com mais frequência; 
  • Manter a casa e os quartos ventilados; 
  • Não quebre a quarentena por duas semanas, toda saída de casa é uma reinicialização do contador; 
  • Ao sair de casa, coloque uma jaqueta ou camiseta de manga longa; 
  • Prenda o cabelo e evite usar brincos, anéis e correntinhas; 
  • Se estiver com gripe ou tosse coloque uma máscara pouco antes de sair; 
  • Evite utilizar transporte público (táxi, aplicativos e ônibus); 
  • Leve lencinhos descartáveis para tocar nas superfícies, depois de usado amasse o lenço e e jogue-o em um saco fechado dentro da lata do lixo; 
  • Ao tossir ou espirrar não utilize as mãos ou o ar ambiente; 
  • Evite usar dinheiro. Se necessário, imediatamente após o manuseio, higienize suas mãos com água e sabão; 
  • Lembrando: não é possível fazer uma desinfecção total, o objetivo dessas recomendações é reduzir o risco; 

Informar-se sobre os métodos de prevenção e passar as informações corretas. 
É importantíssimo que se tome como hábito lavar constantemente as mãos e o pulso, com água e sabão, ou com álcool em gel. O álcool e a água sanitária podem ser utilizados também para a limpeza de superfícies como mesas, cadeiras, maçanetas das portas e corrimãos e portas de elevadores.

 
Ignaz Semmelweis, o médico internado em manicômio por insistir na importância de  lavar as mãos

(visitado em 20/mar/2020)

Em 1825, os parentes de um paciente que estava se recuperando de uma fratura no Hospital St. George, em Londres, viram o familiar deitado em lençóis molhados e sujos, cheios de fungos e vermes. Segundo o relato, nem o homem aflito, nem os outros com quem dividia o espaço, se queixaram das condições do local, comuns aos hospitais da época.
Tudo cheirava a urina, vômito e outros fluidos corporais. O odor era tão intenso que a equipe, às vezes, caminhava com lenços pressionados contra o nariz. Os médicos, entretanto, também não tinham aroma de rosas. Esses profissionais raramente lavavam as mãos ou seus instrumentos de trabalho – exalavam o que era chamado, de forma elogiosa, de "fedor tradicional do hospital". As salas de cirurgia eram tão sujas quanto os cirurgiões que trabalhavam nelas. Conforme o relato, no meio da sala, havia uma mesa de madeira manchada com traços que revelavam os corpos que haviam passado por ali, enquanto o chão estava coberto de serragem para absorver o sangue que escorria.

"A Clínica Gross" foi pintada pelo americano Thomas Eakins em 1875, pouco antes da adoção de um ambiente cirúrgico higiênico, e é por isso que é frequentemente contrastada com a pintura posterior de Eakins, "A Clínica Agnew" (1889).


E havia alguém que tinha salário maior do que o dos médicos: o "caçador de insetos". Seu trabalho era livrar os colchões dos piolhos. Os hospitais eram um terreno fértil para a infecção. Muitos doentes e moribundos eram alojados em salas com pouca ventilação ou acesso a água limpa. Nesse período, era mais seguro ser tratado em casa do que em um hospital, onde as taxas de mortalidade eram de três a cinco vezes maiores do que em ambientes domésticos.



Embora Semmelweis concluísse que os médicos devem lavar as mãos entre os procedimentos por meio de uma análise estatística vigorosa, ele não conseguia explicar o porquê: nada se sabia sobre os germes. 

No meio daquele mundo que ainda não entendia os germes, um homem tentou aplicar métodos científicos para impedir a propagação de infecções. Ele se chamava Ignaz Semmelweis. Este médico húngaro tentou implementar um sistema de lavagem das mãos em hospitais de Viena na década de 1840 para reduzir as taxas de mortalidade nas maternidades. Foi uma tentativa digna, mas fracassada. Semmelweis acabou sendo demonizado por seus colegas. Depois, no entanto, ele ficou conhecido como o "Salvador das Mães".

Essa pintura óleo é "A Clínica Agnew" (1889), também de Thomas Eakins, representa uma sala de operações mais limpa, com participantes de jalecos brancos. Mais tarde, medidas higiênicas seriam maiores, até chegarmos às salas de operações que conhecemos hoje.


Um mundo sem germes 

Semmelweis trabalhava no Hospital Geral de Viena, onde a morte perseguia os doentes tão regularmente quanto em qualquer outro hospital da época. Antes do triunfo da teoria dos germes, na segunda metade do século 19, a ideia de que as más condições ​​dos hospitais desempenhavam um papel importante na disseminação de infecções e de doenças não passava pela cabeça de muitos médicos. "Para nós, é difícil imaginar um mundo em que as pessoas não sabiam da existência de germes ou bactérias", diz Barron H. Lerner, da Faculdade de Medicina Langone da Universidade de Nova York. "Em meados do século 19, acreditava-se que as doenças se espalhavam por meio das nuvens de um vapor venenoso, no qual partículas de matéria em decomposição chamadas 'miasmas' eram jogadas no ar". 


Desequilíbrio 

Entre as pessoas em maior risco estavam as mulheres grávidas, particularmente as que sofreram com problemas durante o parto, pois as feridas abertas eram o habitat ideal para bactérias que médicos e cirurgiões carregavam de um lado para o outro. A primeira coisa que Semmelweis notou foi uma discrepância interessante entre o atendimento em duas salas obstétricas do Hospital Geral de Viena, cujas instalações eram idênticas. Uma delas era ocupada por estudantes de medicina do sexo masculino, enquanto a outra estava sob os cuidados de parteiras. A sala atendida por estudantes de medicina tinha uma taxa de mortalidade de mulheres três vezes maior do que o local supervisionado pelas parteiras. Anteriormente, funcionários do hospital já haviam percebido o desequilíbrio, mas atribuíram a discrepância aos estudantes homens, que seriam mais severos no trato com as pacientes do que as parteiras. Acreditava-se que esse fator comprometia a vitalidade das mães, tornando-as mais suscetíveis ao desenvolvimento da febre puerperal. Porém, Semmelweis não se convencia com essa explicação.

Esta era a causa das altas taxas de mortalidade, que naquela época não podia ser vista: a bactéria Streptococcus pyogenes.


O padre ou a sujeira 

Pouco depois, o médico percebeu que toda vez que uma mulher morria de febre, um padre caminhava lentamente pela sala médica com um assistente tocando uma campainha. Inicialmente, Semmelweis acreditou que esse ritual aterrorizava tanto as mulheres após o parto que elas acabavam por desenvolver a febre, morrendo em seguida. Depois de pedir para o padre deixar a campainha de lado, ele descobriu, frustrado, que a mudança não teve qualquer efeito. Em 1847, ele teve uma pista precisa depois de analisar um exame post mortem do corpo de um de seus colegas, que havia morrido após cortar a mão.

Os médicos, como podem ser vistos neste desenho de Jacques-Pierre Maygrier, de 1840, usavam as mãos ao fazer os partos, mas geralmente não eram tão limpas quanto nesta ilustração.

Uma leve ferida mortal 

Naquela época, cortar cadáveres envolvia riscos físicos, muitos deles fatais. 
Qualquer ferida ou fissura na pele causada pela faca de dissecção, por menor que fosse, era um perigo sempre presente, mesmo para pessoas mais experientes – como aconteceu com o tio de Charles Darwin (que tinha o mesmo nome do sobrinho), morto em 1778 após sofrer uma lesão ao dissecar uma criança. 
Enquanto seu colega estava morrendo, Semmelweis observou que seus sintomas eram muito semelhantes aos das mulheres com febre puerperal. 
Será que os médicos que trabalham na sala de autópsia levavam "partículas cadavéricas" para as salas de parto? 
Afinal, Semmelweis observou que muitos dos jovens saíram diretamente de uma autópsia para cuidar de mulheres grávidas. 
Como luvas ou outras formas de equipamento de proteção não eram usadas na sala de necropsia, não era incomum ver estudantes de medicina com pedaços de carne, tripas ou cérebros presos às roupas após o término das aulas. 
Então, percebeu Semmelweis, que a grande diferença entre a sala dos médicos e a das parteiras era que os médicos realizavam autópsias, e as parteiras, não. 
Seria essa a chave do mistério que explicava a diferença na taxa de mortalidade? 


Demolir e reconstruir 

Antes de entender bem a questão dos germes, era difícil encontrar um remédio para a sujeira em hospitais. 
O obstetra James Y. Simpson (1811-1870), o primeiro médico a demonstrar as propriedades anestésicas do clorofórmio em humanos, argumentou que, se a contaminação não pudesse ser controlada, os hospitais deveriam ser periodicamente destruídos e reconstruídos. 
O cirurgião John Eric Erichsen (1818-1896), autor de um livro sobre cirurgia no século 19, concordou: "Uma vez que um hospital se torna incuravelmente afetado pela piemia (infecção purulenta), é impossível desinfetá-lo por quaisquer meios higiênicos conhecidos, como também é impossível desinfetar um queijo velho dos vermes que foram gerados nele", escreveu ele. 
Para a dupla, a única solução era a mesma: a demolição do hospital. 
Semmelweiss, porém, acreditava que havia medidas menos drásticas. 


Três palavras simples 

Depois de concluir que a febre puerperal foi causada pelo "material infeccioso" de um cadáver, ele instalou uma bacia cheia de solução de cal e cloro no hospital e começou a salvar a vida das mulheres com três palavras simples: "lave as mãos". 
Aqueles que passaram da sala de autópsia para as salas de parto tiveram que usar a solução antisséptica antes de atender pacientes vivos. 
As taxas de mortalidade na sala de estudantes de medicina despencaram. Em abril de 1847, o índice era de 18,3% dos pacientes. Um mês depois do início da lavagem das mãos ser instituída, em maio do mesmo ano, as taxas caíram para pouco mais de 2%. 


Ganhos 

O experimento continuou: os resultados de Semmelweis foram muito convincentes, seus dados foram coletados e certamente salvaram a vida de muitas mães durante o período. 
No entanto, ele não conseguiu convencer todos os colegas dos méritos de sua teoria de que os incidentes de febre puerperal estavam relacionados à contaminação causada pelo contato com cadáveres. 
Aqueles dispostos a testar seus métodos frequentemente o faziam de maneira inadequada, produzindo resultados desanimadores. 
"Você deve ter em mente que o que ele estava dizendo – embora não com essas palavras – era que estudantes de medicina estavam matando mulheres, e isso era muito difícil de aceitar", explica Lerner. 
Depois de várias resenhas negativas de um livro que ele publicou sobre o assunto, Semmelweis criticou seus algozes e chegou a rotular médicos que não lavavam as mãos de "assassinos". 


O futuro que ele não chegou a ver 

Quando seu contrato não foi renovado no hospital de Viena, Semmelweis retornou à Hungria, sua terra natal, onde assumiu o cargo de médico honorário, cadeira de pouco prestígio e não remunerada na enfermaria obstétrica do pequeno Hospital Szent Rókus, em Budapeste. 
No local e também na maternidade da Universidade de Budapeste, onde mais tarde ele deu aulas, a propagação da febre puerperal era desenfreada, até que Semmelweis praticamente a eliminou. 
Mas nem a crítica contra sua teoria nem a raiva de Semmelweis contra a falta de boa vontade de seus colegas em adotar seus métodos de lavar as mãos diminuíram. 
Seu comportamento se tornou irregular. A partir de 1861, ele começou a sofrer de depressão severa. E sempre voltava à questão da febre puerperal. 
Um dia, um colega o levou para um asilo de doentes mentais em Viena, sob o pretexto de que eles visitariam um novo instituto médico. 
Quando Semmelweis percebeu o que estava acontecendo e tentou sair, os guardas o espancaram severamente, vestiram-lhe uma camisa de força e o colocaram em uma cela escura. 
Duas semanas depois, ele morreu devido a um ferimento na mão direita que gangrenou. Semmelweis tinha apenas 47 anos. 
Infelizmente, ele não teve papel nas mudanças que seriam realizadas pelos pioneiros antes da teoria dos germes, como Louis Pasteur, Joseph Lister e Robert Koch. 
Uma das últimas coisas que Semmelweis escreveu é perturbadora: 
"Quando revejo o passado, só posso dissipar a tristeza que me invade imaginando o futuro feliz em que a infecção será banida... A convicção de que esse momento deve chegar inevitavelmente mais cedo ou mais tarde alegrará o momento de minha morte". 

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Bibliografia



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