2/05/2024

DECÁLOGO DO LIVRE PENSAMENTO

DECÁLOGOS QUE PROMOVEM
A LIBERDADE,
A CRIATIVIDADE,
O CONHECIMENTO
E O LIVRE PENSAMENTO


"Felix, qui potuit rerum cognoscere causas"
(Publius Virgílius Maro, 70 - 19 a.C)
Georgicom Libri ou Gerogicas é um poema composto entre os anos de 36 a 29 a.C. Seu título vem da palavra grega para Agricultor 
(georgos: geo + ergon, terra + trabalho). 

“Afortunado aquele que soube conhecer as causas das coisas”. 
Dryden traduziu: "Feliz o homem que, estudando as leis da natureza,/através dos efeitos conhecidos, pode rastrear a causa secreta" 
(As obras de Virgílio, 1697).


O verso completo diz:

"Felix qui potuit rerum cognoscere causas
Atque metus omnes, et inexorabile fatum
Pedibus sujeito, estrepitumque Acherontis avari"

O que se traduz em:

"Feliz aquele que foi capaz de aprender as causas das coisas,
e colocou todo o medo, e o destino implacável, e o barulho
do ganancioso Aqueronte, sob seus pés."

Verso 490 do Livro 2 das "Geórgicas" escrito em 29 a.C., pelo poeta latino Publius Virgílius Maro, 70 - 19 a.C). 





Ramo de louro
Laurus nobilis L. 1753

Na mitologia grega, ser coroado com ramos de louro, significa ter sido vitorioso na competição, recebeu a glória na competição. O ramo de louros era um dos símbolos usados por Apolo, deus da Luz, da Cura, da Poesia, da Música e da Profecia, protetor dos atletas e dos jovens guerreiros. Em Atenas, a coroa de louros como símbolo de distinção e glória foi substituída pelos ramos de oliveira, considerada a árvore protetora da cidade.
A diadema era um tipo de faixa ornamental usada pelos monarcas como símbolo de realeza. Originalmente ela era apenas uma tira de seda branca amarrada em volta da cabeça. Com o tempo, o objeto começa a ser fabricado com metais preciosos, tomando a forma de uma tiara. A palavra diadema vem do grego antigo. O substantivo διάδημα (diádēma) significa “tira” ou ”faixa”. O verbo διαδέω (diadéō) significa “dar uma volta” ou “apertar”.


No anverso (lado da moeda que aparece a efígie ou a coroa), a moeda grega acima representa o deus Apolo vestindo uma coroa de louros. No reverso (lado da moeda com um símbolo do estado), há a imagem de uma lira antiga, pois Apolo era o deus da música, da poesia e da harmonia.
A coroa de louros indicava um grande mérito, simbolizando a glória de quem a usava! Essa coroa era oferecida aos atletas que se destacavam nas olimpíadas, aos poetas que venciam em competições da cidade e generais que voltavam vitoriosos das batalhas. Várias histórias da mitologia grega contêm esse símbolo. A ninfa Dafne, por exemplo, é transformada em uma árvore de louro quando tenta fugir do amor de Apolo. Em outro mito, a deusa Nike traz na mão uma coroa de louros para premiar os vencedores.
O significado da coroa de louros também era muito conhecido no Império Romano. O símbolo indicava a pessoa que detinha o controle total sobre o exército! Os novos imperadores eram proclamados através de uma coroa dourada no formato de ramos de louro. Em latim, usava-se a expressão “corona triumphalis” para se referir ao símbolo. Por isso, a coroa de louros também pode ser chamada de coroa do triunfo ou coroa triunfal.


DEZ PROPOSIÇÕES PARA NOS APROXIMARMOS DO CONHECIMENTO E DA CRIATIVIDADE




1. Livre-se de todo e qualquer preconceito que você carrega.


2. Abandone o medo de aprender algo novo, o novo não apresenta uma ameaça, é apenas um desafio.


3. Seja sempre aprendiz. Aprenda com os mestres. Siga um mestre. Deseje saber, busque conhecer, procure o conhecimento a todo instante.


4. Este é o lugar de aprender e o momento de iniciar é agora. Aqui (na sala de aula é o momento de mostrar nosso QI (quociente de ignorância), a vida o mundo real não permitirá essa liberdade.


5. Não se envergonhe do seu fracasso, aprenda com ele e comece de novo.


6. Tudo é um experimento. A vida é um experimento. Imaginar, aprender e criar algo, também. Viver é experimentar.


7. Levante-se e vença a angustia com o ânimo que ganha todas as batalhas e não te deixes abater pelo peso do teu corpo nem das atividades diárias.


8. Coopere com colegas e auxilie a todos que necessitarem. Ensinar significa aprender duas vezes. 


9. Faça perguntas, no inicio, no meio e no fim, sempre; mantenha-se curioso. cultive a dúvida cética. E lembre-se: não existe pergunta tola ou boba. Toda dúvida é um anseio humano por saber mais.


10. Leia, e observe tudo; procure ler sempre, livros, o mundo e a natureza. Mantenha esse fluxo de ideias novas sempre em movimento.


Lembre-se sempre:

Este é o espaço para mostrarmos o nosso QI (quociente de ignorância); então, não se envergonhe de fazer perguntas pois não existe pergunta tola e ninguém possui o conhecimento completo e acabado sobre tudo no universo. Nem mesmo seus professores.
Quero ser entendido por todos, logo, não se abstenham de perguntar. Não devemos colecionar dúvidas, ou deixarmos para depois, isso só aumenta nossa ignorância.

O que vamos estudar não veio de uma criação divina especial, mas de uma longa evolução química e orgânica. Um homem não deve dizer que sabe ou acredita se não tiver evidências claras para afirmar, professar saber ou acreditar.

Tenho um profundo respeito por todos que acreditam e por todas as crenças que cada um possui e professa. Eu quero viver num mundo em que todos possamos acreditar no que quiserem sem desfazer das crenças dos colegas, amigos ou vizinhos, nossos semelhantes. 
Eu acredito que cada um deve ser livre para poder expressar sua religiosidade ou a ausência dela.

Sobretudo não tentem salvar a alma de quem não acredita ou não quer. Respeitem o materialismo e o agnosticismo de quem não tem crenças, ou que acredita apenas nos sentidos e na razão. Eu também não quero transformar ninguém em materialista, agnóstico ou ateu. 
Entretanto nenhum assunto deve ser tratado como sagrado ou já pronto e acabado. Há espaço para dúvida em todo o universo. Não sejam dogmáticos, dogmas são questão de fé; na ciência como na arte devemos sempre seguir os dados e duvidar. (A.C. Paim 29/VIII/2020)

"Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética." É da natureza do jovem ser inovador e revolucionário. Voce vê o mundo com olhos novos, com novos sonhos. Lute por isso.





Um monge supervisionado a produção de pergaminhos ou comprando folhas 
de pergaminhos já curtidas.



Um monge copista preparando um pergaminho




REGRAS DA IRMÃ MARY CORITA KENT
Artista plástica e professora de Arte e História da arte

Sister Corita Kent (20/XI/1918 - 18/IX/1986)



REGRAS DA IRMÃ MARY CORITA KENT


REGRA UM: Encontre um lugar em que confie e tente confiar (permanecer) por um tempo.


REGRA DOIS: Deveres gerais do aluno - retire tudo do seu professor; retire tudo de seus colegas.


REGRA TRÊS: Deveres gerais de um professor - retire tudo de seus alunos.


REGRA QUATRO: Considere tudo um experimento.


REGRA CINCO: Seja autodisciplinado - isso significa encontrar alguém sábio ou inteligente e optar por segui-los. Ser disciplinado é seguir de uma maneira boa. Ser auto-disciplinado é seguir de uma maneira melhor.


REGRA SEIS: Nada é um erro. Não há vitória nem fracasso, apenas faça.


REGRA SETE: A única regra é o trabalho. Se você trabalhar, isso levará a algo. São as pessoas que fazem todo o trabalho o tempo todo que acabam percebendo as coisas.


REGRA OITO: Não tente criar e analisar ao mesmo tempo. São processos diferentes.


REGRA NOVE: Seja feliz sempre que puder gerenciá-lo. Divirta-se. É mais leve do que você pensa.


REGRA DEZ: "Estamos quebrando todas as regras. Até nossas próprias regras. E como nós fazemos isso? Deixando bastante espaço para quantidades X.” ( essa regra é de John Cage(?))


DICAS: Esteja sempre por perto. Venha ou vá a tudo. Sempre vá para as aulas. Leia qualquer coisa que você possa obter. Olhe os filmes com cuidado, frequentemente. Salve tudo, pode ser útil mais tarde.

Em inglês

RULE ONE: Find a place you trust, and then try trusting it for awhile.


RULE TWO: General duties of a student: pull everything out of your teacher; pull everything out of your fellow students.


RULE THREE: General duties of a teacher: pull everything out of your students.


RULE FOUR: Consider everything an experiment.


RULE FIVE: Be self-disciplined: this means finding someone wise or smart and choosing to follow them. To be disciplined is to follow in a good way. To be self-disciplined is to follow in a better way.


RULE SIX: Nothing is a mistake. There’s no win and no fail, there’s only make.


RULE SEVEN: The only rule is work. If you work it will lead to something. It’s the people who do all of the work all of the time who eventually catch on to things.


RULE EIGHT: Dont try to create and analyze at the same time. They’re different processes.


RULE NINE: Be happy whenever you can manage it. Enjoy yourself. It’s lighter than you think.


RULE TEN: We’re breaking all the rules. Even our own rules. And how do we do that? By leaving plenty of room for X quantities.


HINTS: Always be around. Come or go to everything. Always go to classes. Read anything you can get your hands on. Look at movies carefully, often. Save everything—it might come in handy later.


(From Corita Kent’s book Learning by Heart: Teachings to Free the Creative Spirit.)



Alunos em uma escola medieval





DEZ PROPOSIÇÕES DO ENSINO
DE BERTRAND RUSSEL


Bertrand Arthur William Russell
(18 May 1872 – 2 February 1970)

“É a ambição de possuir, mais do que qualquer outra coisa, que impede os homens de viverem de uma maneira livre e nobre.”

Bertrand Arthur William Russell, 3.º Conde Russell OM FRS (Ravenscroft, País de Gales, 18 de Maio de 1872 — Penrhyndeudraeth, País de Gales, 2 de Fevereiro de 1970) foi um dos mais influentes matemáticos, filósofos e lógicos que viveram no século XX.

Em vários momentos na sua vida, ele se considerou um liberal, um socialista e um pacifista. Mas, também admitiu que nunca foi nenhuma dessas coisas em um sentido profundo.

Sendo um popularizador da filosofia, Russell foi respeitado como uma espécie de profeta da vida racional e da criatividade. Até à sua morte, a sua voz deteve sempre autoridade moral, uma vez que ele foi um crítico influente das armas nucleares e da guerra estadunidense no Vietnã. Recebeu o Nobel de Literatura de 1950, “em reconhecimento dos seus variados e significativos escritos, nos quais ele lutou por ideais humanitários e pela liberdade do pensamento“.

Ele nos legou os seus dez mandamentos ou dez proposições do ensino que podemos usar em todos os momentos da vida:


1. Não sinta certeza absoluta sobre nada.

2. Não pense que vale a pena ir adiante escondendo evidências, pois as evidências certamente e inevitavelmente virão à luz.

3. Nunca tente desencorajar o pensamento, o raciocínio, pois você acabará conseguindo fazer justamente isso.

4. Quando você for contrariado por alguém, mesmo que seja do seu parceiro(a) ou seus filhos, esforce-se para vencer por meio de argumentos e não por autoridade, pois uma vitória dependente da autoridade é irreal e ilusória.

5. Não respeite a autoridade dos outros, pois sempre é possível encontrar autoridades que pensam o contrário.

6. Não use o poder para suprimir as opiniões que você acha perniciosas, pois, se você fizer, as opiniões irão suprimir voce.

7. Não tenha medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas.

8. Encontre mais prazer na dissidência inteligente do que na concordância passiva, pois, se você valoriza a inteligência tanto quanto deveria, o primeiro caso implica uma concordância mais profunda do que o segundo.

9. Seja escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois é ainda mais inconveniente quando você tenta escondê-la.

10. Não sinta inveja da felicidade daqueles que vivem no paraíso dos tolos, pois só um tolo pensaria que isso é felicidade.


“O segredo da felicidade é o seguinte: deixar que os nossos interesses sejam tão amplos quanto possível, e deixar que as nossas reações em relação às coisas e às pessoas sejam tão amistosas quanto possam ser.”



Ceticismo



Pyrro de Elis

Pyrro de Elis: Πύρρων ὁ Ἠλεῖος viveu entre 365/360-275/270 a.C., e é considerado o fundador do ceticismo. Segundo ele, não podemos ter posições definitivas sobre determinado assunto, pois mesmo dois sábios podem ter posições absolutamente opostas sobre um mesmo tema, embasados em ótimos argumentos para fundamentar suas posições. Argumentos estes igualmente válidos. Nesse caso, Pirro nos aconselha a suspensão do juízo e a manutenção da mente tranquila (ataraxia). Ao invés de enfrentarmos o desgaste de acalorados debates que não produzirão certeza alguma, devemos manter silêncio (apraxia) e preservar uma atitude de suspeita diante de qualquer tipo de certezas ou dogmatismo....

Estima-se que Pyrro de Elis (Πύρρων ὁ Ἠλεῖος) tenha vivido por volta de 365/360 até 275/270 a.C. Pirro era de Elis (Élida, Elide ou Élis) (uma das três unidades que se divide a periferia da Grécia ocidental situada na costa ocidental do Peloponeso Περιφερειακή ενότητα Ηλείας), no mar Jônico.

El provavelmente era um membro do Klytidiai, um clã de videntes em Elis que interpretava os oráculos do Templo de Zeus em Olímpia. Pirro serviu ali como sumo sacerdote. Os Klytidiai eram descendentes de Klytios, que era filho de Alcmaeon e neto de Amphiaraus. No seu livro Python, o aluno de Pirro, Timon de Phlius (Τίμων ὁ Φλιάσιος: Tímōn ho Phliásios), descreve o primeiro encontro com Pirro nas terras de um Amphiareion, ou seja, um templo de Amphiarau, enquanto ambos estavam em peregrinação a Delfos. Diógenes Laërtius, citando Apollodoro de Athenas, diz que Pirro foi inicialmente um pintor e que quadros seus foram exibidos no ginásio de Elis. Mais tarde, ele foi desviado para a filosofia pelas obras de Demócrito e, de acordo com Diógenes Laértius se familiarizou com a dialética megariana por meio de Bryson, pupilo de Stilpo.

Pirro, junto com Anaxarchus, (Anaxarco) viajou com Alexandre o Grande em sua exploração do Oriente, "de modo que ele chegou até os Gimnosofistas na Índia e os Magos" na Pérsia. Essa exposição à filosofia oriental e, em particular, à filosofia budista, parece tê-lo inspirado a criar sua nova filosofia e a adotar uma vida de reclusão e solidão.

Voltando para Élis, viveu em situação precária, mas foi muito honrado pelos Elisanos, que o fizeram sumo sacerdote, e também pelos atenienses, que lhe conferiram o direito de cidadania.

Os princípios de sua filosofia são expressos, em primeiro lugar, pela palavra acatalepsia, que define a impossibilidade do homem de se conhecer a própria natureza das coisas.


Acatalepsia, em grego clássico, α̉-καταλαμβάνειν, a-katalambanein, em filosofia, é a incompreensão ou a impossibilidade de compreender ou conceber uma coisa. Os pirrônicos tentaram mostrar, enquanto céticos da Academia Platônica uma acatalepsia absoluta; todas ciências ou conhecimentos humanos, de acordo com eles, não vão além das aparências e verossimilhança. Na Antiguidade, doutrina dos filósofos céticos, segundo a qual o conhecimento humano não passa de probabilidade e nunca chega à certeza; adiaforia, adiaforismo.
É a antítese da doutrina estoica de catalepsia ou apreensão. 

Segundo os estoicos, a catalepsia era a verdadeira percepção, mas para os céticos, todas as percepções eram acatalépticas, ou seja, não tinham nenhuma conformidade com os objetos percebidos, ou, se suportavam qualquer conformidade, nunca poderias ser conhecidos.







Qualquer afirmação pode ser contraditada por argumentos igualmente válidos. Em segundo lugar, é necessário preservar uma atitude de suspensão intelectual, ou, como Timon expressa, nenhuma afirmação pode ser considerada melhor que outra. Em terceiro lugar, devemos aplicar esse conhecimento na vida em geral. Pyrro conclui que, dado que nada pode ser conhecido completamente, a única atitude adequada é a ataraxia ou "despreocupação".

A maioria das fontes concorda que o objetivo principal da filosofia de Pyrro era alcançar um estado de ataraxia (ἀταραξία = a: não (negação) + tarachê: perturbação, problemas), (freedom from mental perturbation) portanto, geralmente traduzida como "imperturbabilidade", "equanimidade" ou "tranquilidade", frente ao mundo e as proposições; ou a libertação de qualquer perturbação mental. Ele observou que a ataraxia poderia ser provocada evitando crenças (dogmas, certezas) sobre pensamentos e percepções.
No entanto, a própria filosofia de Pyrro pode ter diferido significativamente em detalhes do pyrronismo posterior.

A impossibilidade do conhecimento, na visão de Pyrro, mesmo em relação à nossa própria ignorância ou dúvida, deve induzir o homem sábio a resguardar-se, evitando o stress e a emoção que acompanham o debate sobre coisas imaginárias. Este ceticismo radical é a primeira e mais completa exposição do agnosticismo na história do pensamento ocidental.
O resultado da ataraxia pode ser comparado com a tranquilidade ideal dos estoicos e dos epicuristas.

O ceticismo é qualquer atitude de questionamento para com o conhecimento, fatos, opiniões ou crenças estabelecidas. Filosoficamente é a doutrina da qual a mente não pode atingir certeza alguma a respeito da verdade. Essa doutrina impossibilita o conhecimento de qualquer realidade o que foi solucionado quase dois mil anos depois por Descartes (1596-1650) com o seu método para conduzir nosso pensamento evitando os erros cometidos pelo juízo.

A maioria das interpretações das informações sobre a filosofia de Pyrro sugere que ele afirmava que a realidade é inerentemente indeterminada.
Esse ensinamento do Pirronismo (de nunca aceitar dogmas, e que nada pode ser conhecido) é percebido por Sexto Empírico, como uma crença dogmática negativa (no sentido de que jamais aceitar dogmas já seria um dogma em si).

Os alunos de Pirro incluíam Timon de Phlius, Hecataeus de Abdera e Nausiphanes, que foi um dos professores de Epicuro. Ele também exerceu uma grande influência sobre Arcesilaus que, ao se tornar estudioso (scholarch) da Academia Platônica, transformou seus ensinamentos para se conformar com os de Pyrro. Isso deu início ao ceticismo acadêmico, a segunda escola helenística de filosofia cética.

O próprio Pyrro não deixou nenhum escrito. Suas doutrinas foram registradas nos escritos de seu discípulo Timon de Phlius. Infelizmente, a maioria dessas obras se perdeu. Pouco se sabe com certeza sobre os detalhes da filosofia de Pyrro e como ela pode ter diferido do pirronismo posterior. Muito do que conhecemos hoje como pirronismo vem através do livro Esboços do Pyrronismo escrito por Sextus Empiricus mais de 400 anos após a morte de Pirro.



Um resumo da filosofia de Pyrro foi preservado por Eusébius, citando Aristocles, citando Timon, no que é conhecido como a "passagem de Aristocles". Existem interpretações conflitantes das idéias apresentadas nesta passagem, cada uma das quais leva a uma conclusão diferente quanto ao que Pyrro queria que significasse.

“Quem quiser viver bem (εὐδαιμονία = eudaimonia) deve considerar estas três questões: primeiro, como são os pragmata (questões éticas, negócios, tópicos) por natureza? Em segundo lugar, que atitude devemos adotar em relação a eles? Em terceiro lugar, qual será o resultado para quem tem essa atitude?"

Deve-se portanto perguntar-se três questões. Primeiro deve-se perguntar o que são as coisas e de que são constituídas. Segundo, como estamos relacionados a estas, que atitudes devemos tomar em relação a elas. Terceiro, perguntar qual deve ser nossa atitude em relação a elas.

Sobre o que as coisas são, podemos apenas optar que não sabemos nada. Sabemos apenas de sua aparência, mas somos ignorantes de sua substância íntima.


A resposta de Pyrro é que:

"Quanto as pragmata (coisas, questões éticas, negócios, tópicos), são todos adiaphora (indiferenciados por uma diferenciação lógica), astathmēta (instável, desequilibrado, não mensurável) e anepikrita (não julgado, não fixo, indecidível).

Portanto, nem nossas percepções sensoriais, nem nosso doxai (visões, teorias, crenças) nos dizem se é verdade ou mentira; desse modo, certamente não devemos confiar nelas. Em vez disso, devemos ser adoxastoi (sem visões), aklineis (não inclinado para este ou aquele lado) e akradantoi (inabaláveis ​​em nosso recusa de escolha), dizendo sobre cada uma que não mais é do que não é ou a ambos é e não é ou nem é nem não é. (...saying about every single one that it no more is than it is not or it both is and is not or it neither is nor is not).

A mesma coisa aparece diferentemente a diferentes pessoas, e assim é impossível saber qual "opinião" é a correta. A diversidade de opiniões entre os sábios, como entre os leigos, prova isso.

A cada afirmação pode-se contrapor outra contraditória, mas com base igualmente boa, e qualquer que seja minha opinião, a opinião contrária é defendida por alguém que é tão inteligente e competente para julgar quanto eu. Podemos ter opiniões, mas certeza e conhecimento são impossíveis. Daí nossa indecisão frente às coisas (a resposta à terceira pergunta) deve ser a completa suspensão do julgamento. Não podemos ter certeza de nada, mesmo quanto às afirmações mais triviais.

A saída para essa dúvida cética é conseguida pela ciência com seu método cientifico que consegue nos informar de modo objetivo o que são as coisas (reais) de que são constituídas e como seguirão seu caminho no tempo.


"Cogito, ergo sum".
Je pense, donc je suis.
Penso, logo existo.


O limite da dúvida é pôr em dúvida tudo que existe,
mas ao pôr tudo que existe em dúvida
não se pode duvidar do próprio ato de pensar
nem duvidar da existência do pensamento.


René Descartes (1596-1650)

René Descartes (1596-1650) em sua obra “Discurso do método” publicado em 1641 ele, resgatando o pensamento de Platão sobre o conhecimento, nos lega um método para bem conduzir nossos pensamentos. Dessa forma ele deu origem ao racionalismo moderno baseado no raciocínio dedutivo, onde se parte de proposições e afirmações gerais até chegar nas proposições particulares.

O método dedutivo já era utilizado na antiguidade. O filósofo grego Aristóteles contribuiu para sua definição por meio do que ficou conhecido como lógica aristotélica, que por sua vez, está pautada na doutrina do silogismo. Isso porque desde de Aristóteles, são encontradas condições necessárias para as proposições verdadeiras, para que, por fim, obtenham-se conclusões verdadeiras.
Esse método geralmente é usado para testar hipóteses já existentes, chamadas de axiomas, para assim, provar teorias, denominadas de teoremas.

Por isso, ele é também denominado de método hipotético-dedutivo. No método dedutivo o argumento é feito do maior para o menor, ou seja, de uma premissa geral em direção a outra, particular ou singular. As conclusões encontradas nesse método já estavam nas premissas analisadas anteriormente e, portanto, ele não produz conhecimentos novos. já no método indutivo (que parte do particular para o geral) o raciocínio vai do menor ao maior ou de uma premissa singular ou particular para outra, geral.
Diferente do método dedutivo, onde a conclusão está implícita nas premissas, aqui, a conclusão vai além desses enunciados. Assim, o método indutivo é mais amplo sendo muito utilizado nas ciências, o que permite estudarmos um organismo de uma espécie e postular que o que descobrimos para aquele ser particular acontece com todos.

Segundo o método de Descartes para alcançarmos a verdade devemos seguir os seguintes princípios básicos:

Princípio da evidência, não admitir algo como verdadeiro se não tivermos evidências suficientes para considerar como tal.
Princípio da análise, dividir os problemas em tantas partes quanto forem possíveis para que melhor possam ser resolvidos.
Princípio da síntese, estabelecer uma ordem de relação entre nossos pensamentos, solucionando primeiro as questões mais simples e depois as mais complexas. E finalmente o
Princípio de controle, fazer constantes revisões de todo processo para ter certeza de que nada foi omitido.

“O bom senso é a coisa do mundo melhor partilhada: pois cada um pensa estar tão bem provido dele, que mesmo os mais difíceis de contentar em qualquer outra cosa não costumam desejar tê-lo mais do que o têm. Não é verossímil que todos se enganem nesse ponto: antes, isso mostra que a capacidade de bem julgar, e distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o que se chama o bom senso ou a razão, é naturalmente igual em todos os homens; e, assim, que a diversidade de nossas opiniões não se deve a uns serem mais racionais que os outros, mas apenas que conduzimos nossos pensamentos por vias diversas e não consideramos as mesmas coisas.” (Descartes)

Segundo Francisco Porfírio, professor de filosofia, O racionalismo encontra-se assentado nas ideias inatas. Para Descartes, todo tipo de conhecimento que não tivesse uma fonte racional (o conhecimento empírico é um deles, pois baseia-se na experiência prática para adquirir elementos para a constituição das ideias) era duvidoso e poderia ser enganoso. Somente o conhecimento racional, baseado nas ideias inatas e fruto das deduções, era suficientemente claro, distinto e absolutamente verdadeiro.

Para ter-se um conhecimento claro, distinto e verdadeiro, era necessário estabelecer um método. O método cartesiano estava, primeiramente, calçado na dúvida metódica e hiperbólica. Esse processo de dúvida era metódico por ser ordenado, organizado por um método, e hiperbólico porque deveria estender-se a tudo e a todos exageradamente. Surgia aqui o ceticismo moderno que, diferente do ceticismo helênico, não suspendia os juízos do conhecimento por completo e absolutamente, mas por hora, até que se chegasse a um conhecimento seguro.
O primeiro passo para isso era a negação do conhecimento empírico e do senso comum.

As regras para o método cartesiano são as seguintes:

Evidência: nunca aceitar como verdadeiro um conhecimento duvidoso, aceitando apenas aqueles conhecimentos claros e distintos, sem possibilidade de erro.

Análise: dividir o problema filosófico que se quer estudar em quantas partes forem possíveis, pois assim a sua compreensão e resolução são facilitadas.

Síntese: após a divisão, sempre começar resolvendo os problemas menores e menos complexos, pois a junção da resolução das partes menores pode resultar na resolução de um problema mais complexo.

Enumeração: enumerar todas as partes, pois assim se tem uma maior facilidade de organização. Também faz parte dessa regra a necessidade de revisão de cada parte após a sua conclusão.

Algumas sentenças de Descartes

Cogito, ergo sum.
Je pense, donc je sui.
Penso, logo existo.

Os homens que se emocionam com as paixões são capazes de ter mais doçura na vida.

As paixões são todas boas por natureza e nós apenas temos de evitar o seu mau uso e os seus excessos.

Daria tudo que sei pela metade do que ignoro.

Não existem métodos fáceis para resolver problemas difíceis.

Viver sem filosofar é o que se chama ter os olhos fechados sem nunca os haver tentado abrir.

O bom senso é a coisa mais bem dividida no mundo: todos pensam ter em abundância.

Além do nosso pensamento, nada está realmente sobre nosso controle.

Conquiste você mesmo, não o mundo.

A dúvida é a origem da sabedoria

Nada vem do nada.

Tomei a decisão de fingir que todas as coisas que até então haviam entrado na minha mente não eram mais verdadeiras do que as ilusões dos meus sonhos.

As melhores mentes podem ter as maiores virtudes ou os maiores vícios.

Apenas desejo a tranquilidade e o descanso, que são os bens que os mais poderosos reis da terra não podem conceder a quem os não pode tomar pelas suas próprias mãos.

Basta ajuizar bem para bem fazer, e julgar o melhor que nos seja possível para fazermos também o nosso melhor.

A filosofia que cultivo não é nem tão bárbara nem tão inacessível que rejeite as paixões; pelo contrário, é só nelas que reside a doçura e felicidade da vida.


Agnosticismo


Termo cunhado por Thomas Henry Huxley, biólogo inglês em 1869. Ele afirmava que o termo significava simplesmente que um homem não deve dizer que sabe ou acredita naquilo que não tem base científica para professar saber ou acreditar.

Investigações de pensadores e escritos anteriores a Huxley, promoveram pontos de vista agnósticos. Entre eles, podemos citar Protágoras de Abdera pensador grego do século V a.C., o "mito da criação Nasadiya Sukta" do Rig Vega.

O agnosticismo é a visão filosófica de que a veracidade de certas proposições é desconhecida ou incognoscível. A palavra "agnóstico" vem do grego: ἀ+γνῶσις =
a-gnósis, ou seja, não-conhecimento, aquele que não conhece.
Para o agnosticismo, a razão humana é incapaz de fornecer bases racionais suficientes para justificar a existência ou não de uma divindade. Tanto a afirmação de que uma divindade existe, quanto a afirmação de que não existe, são igualmente prováveis. Não havendo nenhuma evidência que suportem a existência ou a não-existência de tal entidade.

Na medida em que se defende que as crenças são racionais se forem suficientemente apoiadas pela razão humana, a pessoa que aceita a posição filosófica de agnosticismo terá o entendimento de que nem a afirmação de que uma divindade existe, nem a afirmação de que uma divindade não existe são racionais. Já que a razão só pode chegar a uma conclusão através de evidencias claras e incontestáveis.

O agnosticismo pode ser definido de várias maneiras; às vezes, é usado para indicar uma dúvida ou abordagem cética a determinadas perguntas. Em alguns sentidos, o agnosticismo é uma posição sobre a diferença entre crença e conhecimento.

Dentro do agnosticismo, podemos perceber que existem duas correntes de pensamento. Uma delas é representada pelos ateus agnósticos que são aqueles que acreditam que Deus ou Deuses não existem; mas não tem o conhecimento ou evidência para corroborar sua crença.
Já os teístas agnósticos acreditam na existência de uma ou mais divindades mas não tem evidências para corroborar sua crença.


Empirismo

Empirismo é uma corrente filosófica, referente à teoria do conhecimento, que tem suas origens na filosofia aristotélica. O termo empirismo advém da palavra grega empeiria, que significa experiência. Na Modernidade, quando a possibilidade do conhecimento tornou-se central para a produção filosófica, a corrente empirista foi impulsionada por filósofos como Thomas Hobbes, John Locke e David Hume. Estes se opunham aos racionalistas, que defendiam que o conhecimento é puramente racional e não depende da experiência. Os racionalistas eram, consequentemente, inatistas, pois defendiam a existência do conhecimento inato no ser humano, ou seja, que o conhecimento já está inserido no intelecto humano.
Basicamente, o empirismo defende que todo o conhecimento advém da experiência prática que temos cotidianamente, ou seja, que as nossas estruturas cognitivas somente aprendem por meio da vivência e das apreensões de nossos sentidos. O empirismo defende que toda a nossa estrutura cognitiva é formada com base na experiência prática, de modo que, quanto mais vastas, intensas e ricas as nossas experiências, mais amplo e profundo torna-se o nosso conhecimento. Aristóteles já defendia que o conhecimento advém da experiência, contrariando as teses platônicas, que eram essencialmente inatistas. John Locke, um dos principais empiristas da Modernidade, afirmou que o ser humano é uma tábula rasa. A tábula era um instrumento romano de escrita, feito com cera. As pessoas escreviam na cera com uma espécie de estilete e, quando queriam apagar, bastava raspar ou derreter esse material.





καὶ τὸ φῶς ἐν τῇ σκοτίᾳ φαίνει, καὶ ἡ σκοτία αὐτὸ οὐ κατέλαβεν.(João 1,5)

A luz φῶς resplandece φαίνω nas ἔν trevas σκοτία, e καί as trevasσκοτία não οὐ prevaleceram καταλαμβάνω contra ela αὐτός.

φῶς
phōs (foce) de uma forma arcaica pháo (brilhar ou tornar manifesto, especialmente por emitir raios.




Bibliografia





























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