12.4.21

DOMÍNIO BACTERIA INTRODUÇÃO

BACTÉRIAS:
TITÃS DA NATUREZA

Acredita-se que cerca de metade da biomassa do planeta seja constituída pelos microrganismos, seguidos das plantas (35%) e animais (15%). Estima-se que 1g de solo contenha cerca de 1 bilhão de microrganismos (especialmente bactérias, fungos e protozoários. (Reinos: Eubacteria, Fungi e Protoctista) distribuídos em 10 mil espécies. Deste total, 90% da diversidade permanecem desconhecidos, ou seja, virtualmente não sabemos nada sobre eles, quem realmente são o que fazem como vivem...
As bactérias são as formas de vida microscópica mais antigas em nosso planeta, com registros fósseis de 3,8 bilhões de anos (estromatólitos).
Estromatólito é uma rocha formada por um "tapete" ou camadas de bactérias (seres procariotos do reino Bactéria) que vivem no fundo de mares rasos, que foram morrendo e misturadas com sedimento formou uma camada que sedimentou. Seus corpos e o resto de sua alimentação se acumulam até formar uma estrutura semelhante a um recife. Os estromatólitos, por serem os primeiros organismos a realizarem fotossíntese, são responsáveis pelo oxigênio do ar.
Logo, esses organismos unicelulares tornaram a atmosfera do planeta respirável há cerca de 3,5 bilhões de anos atrás. Sem eles todo o oxigênio estaria ligado a metais formando óxidos e hidróxidos.
Esses microrganismos têm ampla capacidade de adaptação em ambientes extremos de temperatura, umidade e pressão, motivo de sua versatilidade evolutiva (extremófilos).

As bactérias são responsáveis por 90 a 95% de toda a ciclagem de nutrientes, ficando evidente a importância da diversidade bacteriana para o funcionamento dos ecossistemas.

É verdade que as bactérias são conhecidas por sua capacidade de causar doenças (tuberculose, cólera, botulismo, Hanseníase, sífilis, gonorreia, carbúnculo, meningite etc.), mas felizmente uma maioria delas vivem em simbiose com animais e plantas, executando serviços extremamente importantes para o planeta.
EXEMPLOS DE SIMBIOSE ENTRE 
BACTÉRIAS E OUTROS ORGANISMOS


SIMBIOSE
Simbiose: do grego = σύν = syn "junto, com" + βίωσις = biosis = βιος = bios = Vida). 
É um tipo de relação ecológica estabelecida entres duas entidades biológicas que é mutuamente vantajosa para dois ou mais organismos vivos de espécies diferentes, gêneros diferentes, até reinos diferentes, i.e., ambos obtém vantagem por coexistirem e cooperarem, podendo habitar em ambientes antes inóspitos para ambos.

1. Bactérias e nosso intestino
No intestino humano há uma diversidade de bactérias que auxiliam na digestão de alimentos, na produção de vitaminas D, K e B12, na regulação do sistema imunológico e no controle de microrganismos prejudicais à saúde.

2. Produção de queijos, leite fermentado, bebidas alcoólicas e vinagre 
As bactérias também são importantes para a indústria alimentícia, através da produção de vinhos, cervejas, pães, vinagre, queijos e laticínios (iogurte, leite fermentado).


3. Industria farmacêutica
Na indústria farmacêutica, com a produção de substâncias antibióticas, e se usarmos como exemplo os organismos modificados podemos obter a produção de Insulina entre outros compostos de importância econômica e medicinal.


4. Raízes das plantas e Rhizobium sp
Rhizobium é um gênero de bactérias  gram negativas que vivem no solo e fixam nitrogênio, transformando-o em amônia, sendo assim essenciais no ciclo do nitrogênio. As bactérias do gênero Rhizobium são endossimbiontes e vivem nas células das raízes de leguminosas. As plantas em troca da amônia obtida das bactérias fornece a elas compostos orgânicos como a glicose e polissacarídeos.


Ciclo do nitrogênio na natureza 

As bactérias colonizam células dentro dos nódulos radiculares das raízes da planta, onde elas convertem o nitrogênio atmosférico em amônia (NH4) (este processo é denominado fixação do nitrogênio, ou amonificação e é um processo anaeróbico), em seguida as bactérias fornecem compostos nitrogenados orgânicos, como glutamina ou ureídeos para a planta. As planta por sua vez fornecem às bactérias compostos orgânicos produzidos por meio da fotossíntese.  Este relacionamento denominado mutualismo (associação entre dois seres vivos de espécies diferentes, até mesmo reinos diferentes, na qual ambos são beneficiados pela associação, resultando frequentemente em dependência mútua), é benéfico e ocorre com toda a ordem Rhizobiales  do qual o gênero Rhizobium é um exemplo típico.

Plantas leguminosas e seus Rhizobium mutualistas

HISTÓRIA 

No final do seculo XIX, Martinus Beijerinck, foi o primeiro a isolar e cultivar um microrganismo a partir dos nódulos de plantas leguminosas. Ele os chamou de Bacillus radicicola, atualmente essa espécie está descrita no manual de bacteriologia determinativo de Bergey, no gênero Rhizobium.

A primeira espécie de Rhizobium, R. leguminosarum, foi identificada em 1889. 

A palavra Rhizobium deriva do Grego, ῥίζα, "rhíza" que signifca raíz, e "bio" que significa vida.

Outras têm a habilidade de colonizar tecidos de plantas assimilando nutrientes como o nitrogênio, que é o constituinte essencial para produzir aminoácidos, proteínas e ácidos nucléicos de todos os seres vivos.


Fixação do nitrogênio do ar 

Além de todas essas utilidades, algumas bactérias também são capazes de fixar nitrogênio do ar (transformando-o em nitritos e nitratos), esses compostos são oriundos do nitrogênio do ar absorvido por algumas plantas e fixados em seus tecidos (na forma de proteínas e aminoácidos). Os animais ao se alimentar de plantas sequestram proteínas e as usam para construir seus próprios tecidos. Quando morrem esse animais e plantas são decompostos e esses nutrientes são degradados e voltam para o seu ciclo correspondente.

(Nitritos e nitratos são compostos químicos liberadas para o solo por alguns tipos de bactérias. São sais ou ésteres do ácido nitroso (HNO2) ou ânion desse mesmo ácido. Em conjunto com os nitratos, os nitritos são também utilizados para conservar a carne, mantendo a cor e inibindo o crescimento de microrganismos, no entanto os nitritos podem formar nitrosaminas que são cancerígenas, as bactérias se livram de algo que é prejudicial a elas mas que é indispensável às plantas.
O nitrato de sódio é usado também para se produzir a pólvora, invenção dos chineses da dinastia Han. A descoberta foi feita por acidente por alquimistas que procuravam pelo elixir da longa vida, e as primeiras referências à pólvora aparecem como avisos em textos de alquimia para que não fosse misturados certos compostos uns com os outros. Por volta do século X a pólvora começou a ser usada com propósitos militares na China, na forma de foguetes e bombas explosivas lançadas de catapultas.)

NITROGÊNIO
Esse gás está presente na atmosfera numa proporção de 78% do ar que respiramos. Todavia, o N2 da atmosfera esta numa forma que é impossível para os seres vivos usarem-no como matéria prima para construção de suas proteínas.
Captar o Nitrogênio do ar requer um grande gasto de energia de fontes não renováveis como o petróleo e o carvão mineral (o que gera muitos poluentes). 
Entretanto as bactérias executam esse trabalho de graça e sem nenhum gasto para o meio ambiente.

COMPOSIÇÃO DA ATMOSFERA TERRESTRE

O ar atmosférico seco contém, em volume, cerca de 78,09% ou (78%) de nitrogênio, 20,95% ou (21%) de oxigênio, 0,93% ou (1,0 %) de argônio, 0,039% ou (0,4%) de gas carbônico, e pequenas quantidades de outros gases. O ar contém uma quantidade variável de vapor de água equivalente em média a 1,0%.

A esse processo de associação entre planta e bactéria dá-se o nome de Fixação Biológica de Nitrogênio. Em espécies de plantas da família das leguminosas, como a soja, o feijão, a fava a lentilha a ervilha e até árvores, como o mulungu, essa interação promove a formação de estruturas especializadas nas raízes denominadas nódulos. O interior dos nódulos representa para o rizóbio um nicho perfeito onde a bactéria fica protegida do ambiente externo e recebe alimentos liberados pela planta (como açúcares e sais e proteínas). Em troca, essas bactérias fornecem nutrientes para a planta, conseqüentemente beneficiando tanto a bactéria como a planta, através de um processo de simbiose.
(Rizóbio ou Rhizobium: bactéria heterotrófica com capacidade de formar nódulos simbióticos nas raízes de plantas, principalmente de plantas família das leguminosas, fixando nitrogênio atmosférico, em uma forma que a planta pode usar.)
No Brasil, um exemplo bem sucedido desse processo biotecnológico é a inoculação dessas bactérias nas sementes de soja e feijão, que supre as plantas do nitrogênio necessário sem a aplicação de qualquer adubo nitrogenado. Se os níveis de produtividade de grãos de soja fossem mantidos na atual área cultivada às custas da aplicação desses adubos, muitos importados, seriam necessários investimentos de cerca de R$ 15 bilhões por ano. Esse impacto financeiro seria desfavorável para a balança comercial e para o PIB brasileiro. Esse processo então é extremamente importante para a nossa agricultura. E contribui para que o Brasil seja o segundo maior produtor de soja do mundo sem muitos gastos com adubos.

SOJA
O Soja é um grão rico em proteínas, cultivado como alimento tanto para humanos quanto para animais (alimento humano: óleo e proteínas, farinha de soja, leite de soja, carne de soja, tofu etc). Além do alimento humano a soja fornece também: O óleo de soja é o mais utilizado pela população mundial no preparo de alimentos (para frituras). Outros produtos derivados do soja incluem: sabão, cosméticos, resinas, tintas, solventes e biodiesel.
A soja pertence ao reino: METAFITA, divisão: TRAQUEÓFITA, classe: ANGIOSPERMAE, e à família Fabaceae (ou leguminosa).

BACTÉRIAS AUXILIAM A RECUPERAÇÃO DE AMBIENTES DEGRADADOS

No entanto, para o desenvolvimento dessa biotecnologia torna-se necessário selecionar os parceiros ideais, encontrando na própria natureza as bactérias que são mais eficientes para fixação biológica de nitrogênio para cada espécie de planta, pois uma observação acurada da natureza mostra uma interação espécie-específica de planta leguminosa/espécie de Rhizobium.
Mas o uso desses seres invisíveis não se restringe ao aumento de produtividade do agronegócio brasileiro. Dados da FAO indicam que cerca de 25% das terras brasileiras encontram-se em algum estado de degradação e, desse total, mais de 70% foram causados por práticas agropecuárias inadequadas, como o fogo e o superpastejo animal. Essas bactérias também ajudam a recuperar esses ambientes.
Um exemplo claro é o do Vale do Paraíba, no Sul do estado do Rio de Janeiro. O café movimentou a economia local até meados do século XX. Com a decadência do café na região, iniciou-se a pecuária extensiva, com uso intensivo do fogo, superpastejo e sem preocupação com o solo. O reflexo de 150 anos de exploração predatória é um quadro onde afloram voçorocas por todos os lados. Voçoroca significa “terra rasgada” em língua indígena e não poderia haver definição melhor. Uma única voçoroca de 2000 m quadrados e cerca de 10 m de profundidade perdeu o equivalente a mais de 2000 caminhões de sedimentos, que certamente foram parar em algum curso de rio, causando assoreamento e enchentes. Quando considera-se que há centenas de voçorocas como essas na região, constata-se que o quadro é devastador.
A Embrapa Agrobiologia e Solos e o Colégio Agrícola Nilo Peçanha, em Pinheiral, desenvolvem um projeto de recuperação desses ambientes com a plantação de bambu, e o uso de bactérias e fungos.


CLASSIFICAÇÃO DAS BACTERIAS QUANTO A NUTRIÇÃO





Cultivo de bactérias para estudo 


CIANOBACTÉRIAS, ALGAS AZUIS OU CIANOFÍCEAS 






Trabalho de divulgação científica realizado pela 
Fundação Zoobotânica do Estado do Rio Grande do Sul.


A seguir um pequeno trecho do livro  "Conceitos e Métodos para a formação de profissionais em laboratórios de saúde". (O referidio livro  traz informações muito úteis sobre a microbiota do nosso corpo; e quem desejar se aprofundar mais nesse assunto importantíssimo, deve adquirir o livro). 



A MICROBIOTA BACTERIANA EM NOSSO CORPO


O conceito de microbiota autóctone ou, como antigamente era conhecida, "flora normal" se refere aos microrganismos que habitam a pele e as mucosas de pessoas normais e sadias. A microbiota normal se origina inicialmente do ambiente, no momento do nascimento e da alimentação, podendo haver relativa variação entre indivíduos com o passar do tempo, mas que geralmente engloba microrganismos frequentemente encontrados em determinado local, e numa determinada idade, entre indivíduos saudáveis. Sua presença não é essencial à vida, porém, ela desempenha um papel bem definido na manutenção da saúde e das funções normais. 
Os microrganismos membros da microbiota podem ser extremamente benéficos existindo como mutualistas, protegendo o hospedeiro, competindo pelos nichos onde se encontram e pelos nutrientes, de forma mais eficiente que os microrganismos externos, inibindo e dificultando a colonização de outros microrganismos, produzindo nutrientes importantes (síntese de vitamina K e B) e também contribuindo para o desenvolvimento do sistema imunológico).

Na grande maioria, a microbiota se compõe de comensais, quando mantém associações aparentemente neutras sem benefícios ou malefícios 
detectáveis. Contudo, em algumas ocasiões, esses microrganismos podem agir como oportunistas, quando causam doenças em indivíduos imunocomprometidos (portadores de AIDS, pessoas que utilizam terapia imunossupressora, quimioterapia, radioterapia, que possuem queimaduras extensas, etc.). Ainda existem os casos em que se os microrganismos normais forem retirados por algum motivo do local onde são considerados comensais, e introduzidos em outro ambiente corpóreo, eles poderão agir como patogênicos, já que neste outro nicho eles não fazem parte da microbiota. 

A microbiota normal pode ser classificada em dois grupos:

A) A microbiota residente, que é considerada fixa de uma determinada área em 

determinada idade, e que, se perturbada, prontamente se restabelece. 

B) E a microbiota transitória, proveniente do meio ambiente, que pode permanecer no indivíduo por algumas horas ou até mesmo semanas. 

Geralmente, se a microbiota residente se mantém intacta, a microbiota transitória não apresenta maiores problemas, principalmente porque ela não se mantém de forma permanente. Porém, se houver algum distúrbio com a primeira, os microrganismos transitórios poderão colonizar o local e, posteriormente, caso sejam patogênicos ou oportunistas, virem a produzir doenças. 
A existência de microrganismos residentes em determinado local do corpo vai depender de diversos fatores ambientais, como temperatura, umidade, pH, secreções, presença de lisozima, oxigênio, etc. 


Existem ainda os locais de nosso corpo desprovidos de microbiota, como o cérebro, a medula espinhal, os rins e os pulmões, onde qualquer microrganismo detectado deve ser considerado com cuidado.


Cavidade oral 
A composição da microbiota oral se altera com a idade, hábitos alimentares, hormônios, fluxo salivar, condições imunológicas e outros fatores, como higienização e ingestão de álcool. 
Todavia, de um modo geral, a alta umidade, o pH próximo da neutralidade, a temperatura constante (entre 34 e 36°C) e a disponibilidade de nutrientes da boca possibilitam o estabelecimento de uma microbiota bacteriana bastante complexa que habita as diversas áreas da cavidade oral. 
Entre as bactérias mais comuns, podemos identificar os Lactobacillus spp., os Streptococcus spp., os anaeróbios e as espiroquetas. 
Muitas dessas bactérias podem estar associadas à formação de cáries e à ocorrência de doenças periodontais. 

Nasofaringe 
A faringe aprisiona a maioria das bactérias que são inaladas. Muitas bactérias orais também podem ser encontradas neste local. O trato respiratório superior é a porta de entrada para a colonização inicial por muitos patógenos. 
Na nasofaringe podemos encontrar portadores sadios de vários gêneros bacterianos de importância médica, com Staphylococcus Neisseria. Já o trato respiratório inferior (brônquios e alvéolos) é normalmente estéril, porque partículas do tamanho de bactérias não conseguem atingi-lo prontamente. 

Esófago 
Quando está anatomicamente normal e sadio, o esófago é um órgão praticamente estéril e, se presentes, as bactérias da saliva e alimentos são apenas transitórias. Apesar disso, condições patológicas podem alterar a anatomia do esófago e predispor o órgão ao estabelecimento de uma microbiota residente constituída de microrganismos potencialmente patogênicos.

Trato gastrointestinal 
Devido às rigorosas condições ambientais, no estômago, os microrganismos são comumente transitórios e sua densidade populacional é mantida baixa. A quantidade de bactérias imediatamente após as refeições é estimada em aproximadamente 1000 a 100000 bactérias por grama do conteúdo estomacal, sendo após a digestão praticamente indetectável. 
Todavia, quando consideramos as porções posteriores desse trato, sabemos da existência de grande quantidade e variabilidade de espécies bacterianas habitando esses ambientes. 
A quantidade e o número de espécies presentes em dado segmento do trato gastrointestinal são afetados pelo pH e pelo tempo de retenção de seu conteúdo. 
Como já foi dito, o baixo pH do conteúdo estomacal e o fluxo rápido de conteúdo do intestino delgado tende a inibir o crescimento de muitas bactérias. Por outro lado, o pH relativamente neutro e a prolongada manutenção do conteúdo ingerido no intestino grosso permitem o desenvolvimento da grande diversidade microbiana comentada anteriormente. 
As bactérias residentes do trato gastrintestinal contribuem para a dieta fermentando carboidratos indigeríveis, como a celulose em ácidos graxos, que são fontes de energia para as células do epitélio intestinal e facilitam a absorção de sódio e água, além de sintetizarem proteínas e vitaminas K e B.

Vagina
A microbiota vaginal varia de acordo com o indivíduo, a idade, o pH local e os níveis hormonais. As maiores alterações acontecem quando ocorre umainfecção bacteriana vaginal. 
As bactérias que colonizam a vagina formam um grupo multi-específico e complexo de Gram-positivos e Gram-negativos, com predominância de anaeróbios. Prevalecem, no primeiro mês de vida, as bactérias do gênero Lactobacillus, mantendo o pH vaginal ácido em torno de 5. 
A partir deste estágio até o início da puberdade, a acidez vaginal diminui elevando o pH para 7, onde predominam Staphylococcus epidermidis, Streptococcus spp. e Escherichia coli
Entre a puberdade e a menopausa, devido à ação do hormônio estrogênio, ocorre produção de glicogênio e a microbiota passa a ser predominantemente de membros dos gêneros Lactobacillus, Corinebacterium, Staphylococcus, Streptococcus e Bacteroides. Devido à prevalência da espécie Lactobacillus acidophilus, o pH do trato vaginal decresce novamente e se estabelece em torno de 5. 
Após a menopausa, com a diminuição da produção de estrogênio, a secreção de glicogênio diminui e o pH vaginal se eleva novamente para chegar em torno de 7, neste período a composição da microbiota volta a ser aquela característica da pré-puberdade.

Pele
Vários nichos ecológicos diferentes estão disponíveis na superfície da nossa pele já que possuímos regiões mais secas e mais úmidas, apresentando menores ou maiores quantidades da microbiota. 
Nas regiões mais secas predominam Staphylococcus epidermidis e Propionibacterium acnes. Nas áreas mais úmidas, como virilhas, axilas, espaços interdigitais, genitália e períneo, predominam Staphylococcus aureus e Corynebacterium sp. Nesses locais, as condições ambientais, como umidade, maior temperatura e abundância de lipídios cutâneos, favorecem o crescimento bacteriano. 
De modo geral, ocorre a predominância das bactérias Gram-positivas na superfície corporal, já que estas possuem um alto grau de especificidade na adesão às superfícies epiteliais e nem todas as bactérias possuem esta habilidade.

Conjuntiva 
A região da conjuntiva, apesar da sua constante exposição ao ambiente externo e, consecutivamente, à contaminação microbiana, apresenta mecanismos de proteção bastante eficazes. 
A ação de remoção da sujeira e dos microrganismos que entram em contato com a conjuntiva pelas lágrimas através dos movimentos das pálpebras é um deles. A lágrima, além de ser um meio de cultura pobre, possui em sua composição imunoglobulinas (IgG), que inativam vários microrganismos; além disso, possui lactoferrina, que atua sequestrando o ferro (essencial para o metabolismo bacteriano). 
A lágrima possui também lisozima, que é uma enzima que dificulta a formação de paredes celulares bacterianas. Como já explicamos, quando ocorre o desequilíbrio entre a microbiota residente e a transitária, pode haver o desenvolvimento de doenças. No caso da conjuntiva, o uso indiscriminado de colírios contendo agentes antimicrobianos ou corticoides pode levar a esse problema.




­­­EXERCICIOS DE REVISÃO 


1) Descreva três características de cada um dos seis reinos dos seres vivos

Eubactéria, Archaea, Protoctista, Archaeplastida, Metazoa, Fungi

Eubactéria: Unicelulares, Parede de peptidioglicano, sem organelas

Archaea: suportam ambientes extremos, estrutura genica semelhante a eucariotos, quimiossintetizantes

Protoctista: unicelulares, eucariotos, auto e heterotrófico

Archaeplastida: clorofila a e b, endossinbiose primária, reservam amido no cloroplasto

Metazoa: eucarioto, heterotrófico, apresentam blástula

Fungi: parede celular com reforço de lignina, membrana plasmática com ergosterol, hifa e micélio, digestão extracelular, extracorpórea, as hifas segregam enzimas hidrolíticas que lançam sobre o alimento, ocorrendo ai a digestão extracorporal. As moléculas complexas ou insolúveis são decompostas em moléculas simples e solúveis que, posteriormente, são absorvidas via transporte ativo ou difusão facilitada.

2) Sabemos que, considerando-se os sistemas mais recentes de classificação, o Reino Protista não é mais válido. Originalmente esse reino englobava que organismos? Desenvolva uma explicação para as afirmações contidas nessa questão.

Para substituir o Reino Protista que originalmente continha apenas organismos exclusivamente eucariontes e unicelulares, foi proposto por Linn Margulis um novo reino: o Reino Protoctista.  Este reino foi proposto como uma alternativa didática para receber uma grande quantidade de táxons eucariontes unicelulares e multicelulares que não se encaixavam na definição de animais, plantas ou fungos. É, portanto, um Reino artificial, isto é merofilético. (Um grupo Merofilético: consiste em um agrupamento artificial onde os organismos não descendem de um ancestral exclusivo a todos eles. "Reptilia" e "Peixes" correspondem a grupos merofiléticos e, portanto, não fazem sentido na sistemática biológica moderna.)

Assim, o novo reino Protoctista passa a englobar organismos unicelulares como Protozoários patogênicos e de vida livre,  algas unicelulares e algas pluricelulares.

3) A classificação dos seres vivos em três domínios foi proposta por Carl Woese em 1977, baseado em aspectos evolutivos a partir da comparação de sequências de rRNA. Com isso os organismos procariontes foram divididos em dois domínios e os eucariontes em um domínio único. Em qual domínio estão incluídos os animais e porque estão incluídos nesse domínio?

Eukarya, estão incluído nesse domínio pois apresentam núcleo com carioteca.
 
4) De acordo com a classificação em três domínios e seis reinos, cianobactérias, cogumelos, euglenas e seres humanos fazem parte, respectivamente, de quais reinos? Dê uma característica para cada um desses reinos.

Cianobacterias: reino Eubactéria.
Características:
Algumas espécies de cianobactérias produzem células diferenciadas chamadas de 
heterocistos, especializados na fixação de nitrogénio, e acinetos, especializados na acumulação de substâncias de reserva (por exemplo, o amido cianobacteriano).
A parede celular é uma estrutura com quatro constituintes, que cora como uma bactéria Gram-negativa:
Uma camada fina de citoplasma por fora da membrana celular;
Uma camada rígida composta de mureína que é um peptidoglicano;
Duas camadas de polissacarídeos; e, por vezes,
Uma camada espessa e gelatinosa, que agrega as células em colónias (ou filamentos rígidos). As cianobactérias não possuem flagelos, mas algumas podem mover-se com a ajuda de fibras em espiral na parede celular. Na maior parte das espécies, a "maquinaria" fotossintética encontra-se em pregas da membrana celular, chamadas tilacóides. Algumas podem realizar quimiossíntese a partir de matéria orgânica usando sulfeto de hidrogénio, como fazem outras bactérias, geralmente em ambientes abissais marinhos onde não há luz solar. 
Quanto aos pigmentos fotossintetizantes, encontramos duas formas desses pigmentos nas cianobactérias: a maioria possui clorofila a juntamente com várias proteínas chamadas ficobilinas, que dão às células a cor típica azulada; alguns gêneros, no entanto, não possuem ficobilinas e têm clorofila b além da clorofila a, o que lhes confere uma coloração verde brilhante. Originalmente, estas últimas formas foram classificadas num grupo denominado "proclorofitos" ou "cloroxibactérias", que aparentemente desenvolveram-se em diferentes linhas de cianobactérias. É característico também das cianobactérias o carboxissoma, uma estrutura proteica que concentra CO2 para aumentar a eficiência da RuBisCO (enzima ribulose-1,5-bisfosfato carboxilase oxigenase); possui, portanto, um papel análogo ao do pirenoide de Anthocerophyta (musgos). Algumas cianobactérias produzem cianotoxinas, entre as quais anatoxina-a, anatoxina-as, aplisiatoxina, cilindrospermopsina, ácido domoico, microcistina LR, nodularina R e saxitoxina, algumas destas sendo de ação hepatóxica e neurotóxica, podendo ainda causar gastrointerites em mamíferos, inclusive na espécie humana. Isso ocorre apenas quando estão em proliferação, e o ambiente se torna favorável a ela. Em ambientes com condições especiais como nos ambientes salinos ou hipersalinos, onde estes organismos geralmente não encontram predadores, precipitam carbonatos, principalmente de cálcio (CaCO3), sobre a comunidade cianobacteriana. Quando esta comunidade inicial morre por não receber mais luz por causa da camada de carbonato precipitado, outra comunidade de cianobactéria se forma por cima desta camada de carbonato. Após sucessivos ciclos de precipitação-morte-ressurgimento forma-se a esteira microbiana, que apresenta camadas claras e escuras, sendo respectivamente de carbonato e comunidade cianobacteriana em decomposição. Com o passar de muitos anos estas estruturas passam a apresentar maior altura, podendo apresentar variadas formas, sendo então chamadas de estromatólitos. Estas estruturas são a maior prova da ocorrência de cianobactérias no final do proterozóico, há mais de 600 milhões de anos.

Cogumelos: reino fungi, hifas, micélio, parede celular com reforço de quitina, membrana plasmática com ergosterol, digestão extracelular e extracorpórea, absorção dos nutrientes via transporte ativo e difusão facilitada

Euglena: reino Protoctista, fotossintetizantes, flagelo, amigo como reserva nutrituriva.

Homem: Metazoa, blástula.

6) Sabemos que toda a vida em nosso planeta pode ser dividida de acordo com certas características em seis reinos. Coloque V se a sentença for correta e F se for falsa.

( V ) Os fungos estão agrupados no reino Fungi, que é representado por eucariotos que podem ser unicelulares ou ter o corpo formado por filamentos (hifas e micélios).

( V ) A classificação biológica, ou taxonomia, distribui os seres vivos em agrupamentos genericamente chamados de táxons, tem como base as semelhanças existentes entre eles.

( F ) No reino Animalia (Metazoa) estão os organismos procariotos pluricelulares heterótrofos por absorção.

( F ) O reino Plantae atual Archaeplastida é representado por procariotos autotróficos fotossintetizantes.

( F ) As bactérias são os únicos representantes atuais do reino Monera, já que são organismos unicelulares eucarióticos quimiossintetizantes.

( F ) No reino Protoctista estão contemplados os organismos unicelulares ou pluricelulares que não se enquadram nos demais reinos, sejam os eucarióticos, sejam os procarióticos.

( V ) No reino Archaeplastida estão as Glaucophytas, as Rhodophytas, as Chlorophytas Carophytas e as Embryophytas.

( V ) As embriófitas correspondem somente às plantas que invadiram a terra e posteriormente conquistaram um modo de vida independente da água para a reprodução.


7) Algas e fungos são seres vivos colocados em reinos diferentes por apresentarem características citológicas bastantes distintas. Caracterize cada um deles quanto a parede celular, habitat e nutrição.

ALGAS: Parede celular de celulose e ágar, ambiente aquático, nutrição autotrofica.

FUNGOS: Parede celular de quitina, ambiente aquático e terrestre, heterotróficos por absorção.


8) Um organismo filamentoso e multicelular, cujo corpo é formado por um talo, foi isolado da casca de uma árvore. Esse organismo apresenta membrana plasmática formada por ergosterol e na parede celular reforço de quitina, não possui cloroplastos, mas possui uma relação simbiótica com cianobactéria e/ou algas e  uma levedura basidiomicota. Que organismo é esse? E qual sua função ecológica?

Liquens. Na medida em que produzem ácidos orgânicos que consomem rochas, eles progressivamente beneficiam a boa formação do solo, porque acima de tudo eles produzem sais minerais. Eles são considerados pioneiros porque são os primeiros organismos descobertos em certas regiões. Nessas regiões, onde as condições são melhoradas a partir da sua presença, é propiciado um melhor desenvolvimento para espécies posteriores. Além disso, os liquens não são capazes de suportar a poluição. O fato de sobreviverem apenas em locais que estejam em bom estado ambiental faz com que eles sejam bioindicadores.

9) Linnaeus foi um marco na taxonomia e sistemática dos seres vivos pois em seu livro de 1753 estabeleceu critérios para se classificar todos os seres vivos. Considerando o conhecimento da taxonomia, coloque V se verdadeiro e F se falso.

( V ) o gênero deve ser escrito com inicial maiúscula.

( F ) para se referir a várias espécies de um gênero, pode se usar “spp.”, após a denominação da família.

( F ) pode-se escrever o nome da espécie sozinho quando o gênero não for conhecido.

( F ) ambos os nomes relativos ao gênero e à espécie devem ser escritos em grego antigo.

( V ) ambos os nomes relativos ao gênero e à espécie devem ser escritos em latim ou latinizados, itálico e sublinhados.

( V ) o nome das famílias de vegetais devem possuir terminação em aceae como em Rosaceae.


10) Explique como as bactérias adquirem resistência a antibióticos.

A resistência ocorre, principalmente, em virtude do surgimento de mutações que conferem às bactérias proteção contra os antibióticos. Essas mutações ocorrem ao acaso, entretanto, com o uso incorreto de antibióticos, elas acontecem com maior frequência, ou seja, o processo torna-se acelerado. Alem disso as bactérias fazem um tipo especial de reprodução chamado de conjugação que transfere plasmídios com fatores de resistência a muitos tipos de antibióticos. A falta de higiene, e saneamento básico também contribui para o surgimento de doenças bacterianas que são resistentes a antibióticos.

11) Observe a figura a seguir

Vários são os possíveis alvos para os agentes antimicrobianos. O conhecimento dos mecanismos de ação destes agentes permite entender sua natureza e o grau de toxicidade seletiva de cada droga. Na embalagem de um antibiótico, encontra-se uma bula que, entre outras informações, explica a ação do remédio do seguinte modo: Este medicamento atua através da inibição da síntese da parede celular bacteriana. Explique sucintamente a ação deste antibiótico.
Assim como os outros antibióticos betalactâmicos, a penicilina age impedindo que as bactérias formem sua parede celular, na divisão por cissiparidade o que resulta em morte das bactérias. Algumas bactérias produzem enzimas que podem inativar os antibióticos betalactâmicos.


12) Dieffenbachia seguine é o nome científico de uma planta que pertence à família Araceae. Essa planta é popularmente conhecida como comigo-ninguém-pode, aninga-uba ou bananeira-d’água, sendo muito cultivada como planta ornamental em todo o Brasil. Ela contém princípios ativos tóxicos, que estão principalmente nas folhas, no caule e, em menor concentração, nas flores e nos frutos. Uma pessoa que mastigue parte da folha ou do caule pode ter vômitos, náuseas, problemas respiratórios graves, entre outras complicações, podendo até chegar à morte. Assinale a alternativa que indica, em ordem decrescente de hierarquia, os níveis taxonômicos da planta descrita no texto.

A) Angiospermae → Araceae → DieffenbachiaDieffenbachia seguine

B) Dieffenbachia seguine → Dieffenbachia → Araceae → Gimnospermae

C) Gimnospermae → Araceae → Dieffenbachia → Dieffenbachia seguine

D) Araceae → Dieffenbachia seguine → Dieffenbachia → Angiospermae

E) Angiospermae → Dieffenbachia seguine → Dieffenbachia → Araceae






Bibliografia


http://www.rets.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/arquivos/biblioteca/volume_4_c.pdf

http://www.cnpab.embrapa.br/

http://www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/artigos/fbnl_inocula_feijoeiro.html

http://agribusinessnews.wordpress.com/2008/05/30/brasil-sera-o-maior-produtor-de-soja-do-mundo/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Soja

http://rindoshikitamo.blogspot.com/2009/04/utilidades-das-bacterias.html

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www.facebook.com/apoiofzb

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cyanobacteria

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